Na manhã do acidente, Yukimura estava caminhando pelo colégio, quando ouviu um burburinho vindo do andar de baixo. Ele foi verificar e percebeu uma aglomeração de pessoas no pé da escada. Todos estavam preocupados e conversavam nervosamente. Eles pareciam estar em volta de alguma coisa. Ele abriu caminho entre a multidão e chegou ao centro do círculo. Lá, deitado de bruços, estava Usui Takumi, por muitos, conhecido como o galã do colégio e atual namorado da presidente do Conselho Estudantil.

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— Caramba! — exclamou Yukimura — O que aconteceu aqui?

— Parece que ele tropeçou na escada e caiu de cabeça no chão.

— Ih! — disse Yukimura — Acho que a Kaichou não vai gostar de saber disso... E agora? — ele se perguntou levando as mãos à cabeça — O que eu faço? Tenho que manter a calma! Etto... (não faço a mínima ideia do que devo fazer...) Vocês aí! — disse ele apontando para uns três garotos que estavam por perto.

— Nós? — disseram os três em uníssono.

— Ah! São os três idiotas! — e, ignorando os gritos de “não nos chame assim!” — Vocês poderiam leva-lo à enfermaria?

— Hã?! E por que faríamos isso? — disse Shirokawa, o que parecia ser o líder do grupo.

— Etto... — Yukimura juntou as mãos espalmadas na frente do peito e se curvou para frente — Onegai! A Kaichou não vai gostar de encontra-lo atirado aqui no chão e não quero que ela fique preocupada.

— Bem — respondeu ele desviando o olhar — se a Kaichou não vai gostar, podemos fazer isso. Afinal, não queremos que ela fique preocupada também.

Os outros dois sorriram e balançaram a cabeça afirmativamente.

Shirokawa se agachou, de costas para Usui, e os seus colegas colocaram Usui, ainda apagado, nas suas costas. Então eles seguiram para a enfermaria, mas foram parados por um grupo de alunas que pareciam fazer parte do fã clube de Usui. Eles trocaram algumas palavras e os Três Idiotas passaram Usui para elas. Yukimura foi correndo para a sala do Conselho Estudantil.

— Kaichoooou! — gritou ele, abrindo a porta da sala — Usui-san sofreu um acidente!

Ela levantou-se rapidamente da cadeira na qual estava sentada e exclamou:

— Como assim? Explique-se, Yukimur-kun!

— Eu estava vindo para a sala do conselho quando ouvi um barulho vindo do andar de baixo. Então fui verificar o que estava acontecendo e o vi estirado no chão no pé da escada.

— E então?

— Algumas alunas histéricas se aglomeraram ao redor dele e o levaram até a enfermaria.

A Kaichou saiu rapidamente da sala, deixando Yukimura sozinho. Ele pensou em acompanha-la, mas ela havia disparado na frente. Ele soltou um suspiro e se dirigiu à enfermaria. Ele percebeu que a notícia já havia sido espalhada pelo colégio e todos os alunos comentavam sobre o ocorrido. Quando ele chegou à enfermaria, ele abriu a porta e viu que Usui já estava acordado. Todos o encararam quando ele entrou na sala. Usui parecia particularmente interessado e Yukimura sentiu o calafrio usual de quando seus olhares se cruzavam, Isso o fazia lembrar-se do seu primeiro beijo, roubado pelo garoto que se encontrava na maca da enfermaria.

— Kaichou, está tudo bem? — perguntou Yukimura preocupado.

— Não creio, Yukimura-san, Usui-san parece estar com amnésia...

— Quem é essa pessoa? — perguntou Usui interrompendo Misaki — Tão lindo... Parece-me familiar... Perdoe-me mas, nós já nos beijamos?

O rosto Yukimura ficou vermelho como um vulcão em plena erupção. Ele emitiu um gemido envergonhado e começou a tremer com se tivesse Parkinson.

“Esse garoto...” pensou Yukimura “Ele é, certamente um pervertido que rouba inconscientemente, o primeiro beijo dos outros, seja homem ou mulher.”

A Kaichou também ficou chocada com o que acabara de ouvir e simplesmente ficou boquiaberta. Ela, provavelmente já sabia o que iria acontecer, Usui apenas manteve sua calmaria usual, mas com um leve toque de curiosidade pelo seu rosto.

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— Perdoe-me novamente — Usui quebrou o silêncio — Mas, nós somos um casal? Qual o seu nome?

Sem conseguir se controlar, Yukimura emitiu um ganido e lágrimas saíram de seus olhos. Ele deu meia-volta e saiu correndo da enfermaria. Então ele foi ao banheiro para se recompôr. As pessoas olhavam curiosas enquanto ele cruzava o corredor chorando, mas ele não deu atenção a elas.

Quando entrou no banheiro, ele foi à pia e lavou o rosto. Ele estava enxugando sua face quando ouviu uma voz familiar à suas costas.

— Bom dia, Yukimura-san.,.

— Kanou-kun! — disse Yukimura virando-se — O que faz aqui?

Kanou Soltou uma risada.

— O que uma pessoa costuma fazer no banheiro? Então, por que está chorando?

— Etto... Nada de mais...

— Vamos, pode confiar em mim...

— É que... Aquele Usui fica me perturbando. Já não basta ele ter me beijado, ele ainda tem que ficar me importunando com isso... Ainda mais na frente da kaichou.

— Ah, não se importe com isso. Onde eles estavam?

— Na enfermaria.

— Enfermaria? — indagou Kanou, franzindo as sobrancelhas — Algo grave aconteceu?

— Não sei exatamente... A Kaichou falou algo sobre ele estar com amnésia. Ele caiu de cabeça na escada.

— Nossa! Isso parece preocupante. Ayuzawa-san deve estar arrasada. Queria poder ajudar de alguma forma... Ah! Eu tenho minha hipnose.

— Mas você não disse que ela não funciona no Usui-san?

— Isso é uma questão de psicológico. Se ele está com amnésia, eu posso conseguir hipnotiza-lo. Se eu não conseguir, posso tentar4 outra coisa. Já li sobre amnésia, é bem interessante, em minha opinião.

— Bem, se você acha que pode ajudar... Eles ainda devem estar na enfermaria. Se não, procure-os pelo colégio.

— OK, estou indo. Até mais.

— Até mais.

“O que mais vai acontecer comigo hoje?” pensou ele.

*

Kanou seguiu diretamente para a enfermaria. No caminho, ele pensava:

“Quem diria, o Usui beijou o Yukimura. Pergunto-me como é beijar alguém. Ainda mais a boca tão delicada do Yukimura...” Ele passou a língua pelos lábios, imaginando a cena. “Epa! O que eu estou pensando?! Tenho que me concentrar em ajudar a Ayuzawa-san e não em ter esses pensamentos estranhos...”.

Ele se encaminhou à enfermaria, mas nem a Kaichou nem Usui estavam lá. Ele, então, deu meia-volta subiu para o corredor do segundo andar.

Ele encontrou um trio de garotas no corredor e ouviu que elas comentavam sobre Usui.

— Etto... — disse ele tentando chamar atenção — Olá, vocês saberiam me dizer onde estão o Usui-kun e a Kaichou?

— Da última vez que os vimos — disse uma das garotas — eles estavam na enfermaria.

— Isso até Misa-chan nos expulsar de lá — disse outra garota fazendo um biquinho.

— Mas eu acho que eu os vi seguindo para o terceiro andar... — disse a terceira garota, pensativa.

— OK. Thank you — disse Kanou virando as costas e seguindo para as escadas.

Ele procurou a dupla por todo o corredor do terceiro andar, mas não os encontrou. Por fim, ele foi ao terraço. Assim que abriu a porta que dava para o topo do colégio, ele viu os dois na beirada conversando. Ele pensou ter visto Misaki um pouco corada, mas devia ser impressão dele.

— Kaichou! — disse ele — Eu soube de tudo pelo Yukimura-kun. Creio que eu possa trazer a memória de Usui-kun de volta com a minha hipnose!

— Etto... Ayazawa-san — disse Usui — quem é esse cara mesmo?

— O nome dele é Kanou Soutarou, já me deu uns problemas, mas agora está tudo bem...

Kanou ficou meio envergonhado com isso, mas Usui não pareceu perceber.

—Ah, entendo. Olá, Kanou-kun, me chamo Usui Takumi.

— Er... Eu sei disso... —disse Kanou. Então se virou para Misaki e disse baixinho — ele está mal mesmo, não?

Ignorando o que ele disse, Misaki pensou um pouco na possibilidade de permitir que Kanou faça uma sessão de hipnose no Usui.

“Misaki-san deve estar triste com a amnésia de Usui” pensou Kanou “Espero que eu consiga fazê-la feliz ao ajudá-la!”.

— Muito bem, Kanou-san. Acho que não é uma má ideia hipnotizá-lo. Então, vamos para a minha sala!

*

“Que dia chato...” pensou Igarashi Tora enquanto andava pelo Colégio Miyabigaoka com um grupo de quatro pessoas. “Mesma rotina de sempre, com os mesmos bajuladores me seguindo.”.

— Que atividade eu tenho agora? — perguntou Igarashi ao seu secretário.

Um garoto que segurava uma agenda abriu o livro e deu uma olhada nas atividades do dia.

— O senhor tem treino de hipismo agora. Creio que o caminho mais rápido é passando pelo campo de beisebol.

— Eu conheço muito bem meu colégio, obrigado.

O garoto fez uma careta e olhou para o chão.

O grupo seguiu em direção ao campo de hipismo. Porém, enquanto cortavam caminho ao redor do campo de beisebol, eles ouviram alguém gritar:

— CUIDADO!

Logo depois, houve um baque seco e o Presidente do Conselho Estudantil do Colégio Miyabigaoka estava desmaiado no chão.

A comitiva logo entrou em pânico.

— Kaichou!

— O senhor está bem?

— Levem-no para a enfermaria.

— Mas ela está fechada.

— Como assim está fechada?!

— O Presidente fechou o lugar depois que um estudante foi parar lá com suspeita de gripe A.

— Então vamos leva-lo ao hospital.

— Preparem a limusine.

O grupo seguiu para o hospital e Igarashi, ainda desmaiado, foi colocado no quarto, onde recebeu curativos para a cabeça. Ele acordou uma hora depois e percebeu que o vice-presidente ainda estava na sala.

— Diga-me o que aconteceu. — disse Igarashi ao acordar.

— O senhor recebeu uma bolada de beisebol na cabeça no colégio. Como a enfermaria estava fechada, o trouxemos para o hospital.

— Entendo. Há quanto tempo estou aqui?

— Há uma hora, mais ou menos, senhor.

— OK. Providencie a minha saída imediata. Odeio hospitais.

— Mas, senhor, o senhor não se recuperou ainda.

— Eu estou bem. E quero sair daqui.

— Mas...

Ele parou quando percebeu o olhar de desprezo que Igarashi lhe lançou.

— Imediatamente, senhor — disse o vice-presidente fazendo uma continência e abrindo a porta do quarto.

— Mais uma coisa, vice-presidente.

— Sim, senhor?

— Expulse o aluno que me acertou.

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— Mas não sabemos quem foi.

— Então expulse todo o time de beisebol do colégio.

— Sim, senhor. — e saiu do quarto.

Alguns minutos depois, Igarashi recebeu alta. Ele saiu do seu quarto e foi para a porta do hospital. Lá, ele se surpreendeu ao encontrar alguém que ele não esperava: Usui Takumi e Ayuzawa Misaki.

*

Na tarde do mesmo dia, Kanou e Yukimura estavam na sala do Conselho Estudantil. Yukimura, como único representante do Conselho presente, estava substituindo Misaki como presidente, já que ela estava ajudando Usui a recuperar a memória.

— Então. Yukimura. — disse Kanou quebrando o silêncio — Me conte sobre o seu beijo com Usui.

Yukimura largou imediatamente a caixa de documentos que estava segurando e corou.

— Q-que tipo de conversa é essa, Kanou? — disse ele — Você não tem nada melhor para falar não?

— Estava só curioso...

— Bem, foi uma experiência bem traumática para mim... Ter meu primeiro beijo roubado por Usui.

— Hum... E você não gostou nem um pouco?

— Claro que não! — disse Yukimura corando ainda mais — Você iria gostar se eu te beijasse do nada?

“Bem, até que o beijo não foi tão ruim assim...” pensou Yukimura.

Kanou buscou algo em seu bolso. Ele tirou sua moeda atravessada por um cordão.

— O que você está fazendo, Kanou? — perguntou Yukimura.

— Nada, nada... Só preciso que você olhe para essa moeda...

Depois que Yukimura já estava hipnotizado, Kanou começou o interrogatório.

— Você me dirá a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade — e, depois de um sinal afirmativo de Yukimura em transe — Você beijaria Usui Takumi novamente?

— Sim.

— Você é gay?

— Não tenho certeza.

— Você me beijaria?

— Provavelmente.

Então Kanou debruçou-se para frente e tentou beijar Yukimura. Mas, repentinamente, Yukimura despertou da hipnose e soltou um grito agudo, se jogando para trás e se afastando de Kanou, que olhou curiosamente para ele.

— O-o-o-o q-q-quê você está fazendo? — perguntou Yukimura completamente assustado e corado.

— Eu estava tentando te beijar...

— AAHHH! — Yukimura gritou enquanto saía em disparada da sala do conselho. Ele correu até o banheiro e se trancou numa cabine.

Kanou soltou um suspiro e pensou “tão perto...”. Ele ficou observando o pôr do sol e refletindo sobre sua sexualidade. Então ele lembrou-se do que Usui dissera na sessão de hipnose, pegou seu celular e mandou uma mensagem para Misaki, avisando-a que não iria falar de seu beijo com Usui para ninguém.

*

Nesse meio tempo, os Três Idiotas estavam no Maid Latte, com suas caras sorridentes, tomando um café. Eles já estavam pedindo a conta, um pouco chateados por não ser o dia de trabalho de Misaki, quando Aoi Hyoudou apareceu.

— Aoi-chan! — os três exclamaram em uníssono.

— O que vocês querem? — perguntou ela, lançando um olhar de desprezo — Me deixem em paz, vermes!

Isso somente deixou os Três Idiotas mais serelepes. Porém, eles não lhe dirigiram mais a palavra.

“Estranho...” pensou Aoi “Não vejo meu Usui por aqui. Ele sempre vem nesse horário...”.

— Hey, vocês! — disse ela para os Três Idiotas, que já estavam de saída — Por que Usui não está por aqui hoje? Algo aconteceu?

— Etto... Hoje não é expediente da Misa-chan, então duvido que ele venha para cá — disse um Idiota.

— E ele também sofreu um acidente ao cair da escada — disse outro Idiota.

— E está com amnésia, então não deve se lembrar desse lugar — disse o terceiro Idiota.

Aoi ficou preocupada por um momento, mas logo um plano maligno pintava em sua cabeça.

“Eu posso usar essa chance para trazer o Usui para mim e livrá-lo das garras daquela empregada pobre!”

Ela(e) começou a rir e as pessoas ficaram encarando-a. Mas ela não se importou e saiu rapidamente do Maid Latte. Ela tinha muitas coisas a fazer...