“Senti sua falta.”

Os olhos azuis e dourados eram tristes, enquanto os lábios sorriam. “Também senti, acredite. Mas não posso vir quando quero. São regras que não cabe explicar agora, e talvez eu mesmo as entenda pouco. E por isso não gosto delas.”

Kyrion riu sem entusiasmo. Estava um pouco farto de mistérios.

“Vim aqui para dar uma mensagem. Talvez não lhe seja tão clara agora, mas é preciso que receba mais uma peça do quebra-cabeça.”

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O mendeva conseguiu conter os olhos que iam girar, exasperados, mas não teve a mesma eficácia com as sobrancelhas, que lhe fecharam o semblante. Ele não queria mais um mistério. Definitivamente. Foi com um cansaço resiliente que as palavras lhe saíram da boca, mais para o chão que para seu amigo. “Vá em frente. Diga qual é a mensagem.”

“Muita coisa já foi realizada aqui, mesmo que não esteja ciente disso.” “O que quer dizer?”

“A maior parte de sua missão por aqui já está cumprida.” O tom de voz era ameno, mas aquela frase era muito pesada para ser confortável. Uma rocha aveludada que pesava demais.

“Mas... não fiz quase nada! Fiz... alguma música, explorei Kadamon, e amigos... mas ainda assim há tanto! Prometi tocar num terraço... e ia pedir a Nokto que fizéssemos algo no jardim...” as frases se atropelavam, aflitas, como se houvesse um incêndio para expulsá-las. “Há ainda o espelho! E quem quer que esteja nele. E o sonho... as casas brancas, o templo, tudo!”

Kyrion sentia que se fosse embora, tudo aquilo poderia sumir no ar. Tudo estaria pela metade. Inclusive ele mesmo. Alguém que tinha um passado tão mistificado, fragmentos espalhados e cobertos por bruma, e cujo presente era tão frágil... Só havia aquilo para ele. Kadamon e o que fizera desde que chegara. Não se havia passado nem um ano. Era tudo o que tinha para viver!

Mesmo silenciados, seu lábios não se fecharam; apenas desistiram da ingrata tarefa de traduzir toda a sua dor e confusão. Seus olhos devem ter sido mais eloquentes, porque o amanhecer ao seu lado sentiu profundamente esse sentimento.

“Eu não disse que é o fim. Por favor, não entenda dessa forma!”

Kyrion ergueu os olhos involuntariamente, pois uma surpresa maior que sua dor o distraiu. Não tanto pelas palavras ditas, mas por sua maneira. Nunca imaginara o outro sofrendo.

“Ouça: a vinda de um mendeva, em qualquer plano de existência, promove mudanças e atinge a vida dos outros à sua volta. E quando esse ciclo encerra, ele deve partir, ou as mudanças que gerou poderiam se perder de alguma forma. Pense em nós como semeadores... uma vez lançadas, as sementes já não estão mais sob nosso poder.”

Kyrion quis protestar, mas a intensidade daquele olhar tragou sua dor egoísta, transbordando carinho. O amor ao outro sobrepujou o amor a si mesmo.

“Isso não significa que sua ligação com Kadamon acabou. Além de semear novos começos, um mendeva tem outra missão: a mesma que cada espírito em luz e verdade tem. Aprender. Crescer. E isso você pode fazer.”

A voz de Kyrion soou frágil, perto da imponência daquele ser iluminado que tanto sabia. “Como vou aprender, se devo partir?”

“Precisa descobrir. Precisa saber, antes de partir. Nunca pensou em ir além de si mesmo? Além do mendeva? Quando o mais é menos, e o menos é mais...”

Um tremor sacudiu o corpo cinzento, numa onda de angústia e fúria. Cada pelo em seu corpo parecia eriçado e seus cabelos tremularam como fios de teia de aranha, agitados por um vento funesto, presságio de tempestade.

“Não está bastante claro que estou farto de enigmas? Pois estou! E se parece saber de tudo, deveria saber disso!” num esgar nervoso, Kyrion lembrou pela primeira vez que tinha presas, e rosnou como um animal selvagem “Chega! Se vão tirar o pouco que tenho, e me dar só mais um mistério de troco, então se poupem! Economize os mistérios para quem os quiser! Se bem que são tantos que nunca devem acabar!”

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Seu corpo tombou novamente na cama; nem se lembrava de ter levantado.

A calma do outro era enervante. A tristeza em seus olhos era enorme, mas não por mágoa. Ele não iria revidar, gritar de volta, ir embora intempestivamente, não! Maldito anjo! Ele ainda transbordava uma insuportável compaixão.

Então subitamente toda a tempestade cessou. A raiva se dissipou e se esvaiu como a chama de uma vela soprada por um vendaval. Toda a angústia foi substituída por uma sensação bem mais simples, quase ridícula. Kyrion olhou para baixo, porque sentiu a mão do outro pousar na sua. Ela era morna, pesada. Uma mão grande, maior que a sua própria, com garras curtas, arredondadas, que pareciam cegas. Era uma mão enorme e gentil, incapaz de ferir. E acima de tudo era real.

Uma parte no coração de Kyrion ainda acreditava que aquele ser era uma visão, um sonho, um devaneio. Uma assombração, um desejo, uma loucura. Uma memória. Um mistério. Mais um mistério.

E agora era real.

A enorme mão se recolheu imediatamente, como se atingida por um poderoso choque elétrico.

Os olhos do amanhecer reluziram certa culpa. Ele atravessara uma barreira que não deveria.

“Sei que pode parecer infernal, mas vai dar certo. Confio em você, e que irá descobrir. Peço que confie em mim.”

Kyrion baixou os olhos. Já sentia falta daquela mão que tão rapidamente fizera tudo mudar. Aquela mão poderia lhe dar coragem para seguir, para qualquer destino. Ela seria uma fonte de coragem e acolhimento.

Mas o que estava pensando? Era justamente isso que o outro lhe pedira. Que confiasse nele. Que acreditasse que aquela mão estaria ali para ele, mesmo quando não a sentisse. Que ela era uma daquelas que teciam seu destino, e talvez a única que lhe prometia algo de bom nessa imensa e caótica tapeçaria.

“Sim. Eu confio em você.”

Quando ergueu os olhos, estes já não encontraram ninguém.

***

Aquela noite era assombrada por uma chuva particularmente ruidosa e de ventos cruéis. Mesmo as pesadas janelas rangiam, parecendo cansadas de deter aquelas furiosas bestas de ar, água e gelo, os monstros sob o jugo do inverno.

O mendeva insone olhava pelo vidro, nem um pouco assustado por essa violência do clima. Na verdade, quase desejava que o vento lhe arrombasse a janela e o sacudisse inteiro, para livrá-lo daquele torpor culpado.

Sua respiração embaçava ritmicamente o vidro. Dez, cem, mil vezes. Um dedo magro tocou a superfície fria, fazendo uma viagem errática. Só ao final, os olhos desvendaram o significado, que parecia fugir à mente.

“sinto muito”

O hálito quente atingiu as palavras, avivando-as mais uma vez contra o vidro escuro, rodeando-as em seu halo branco. Pulsando.

“sinto muito sinto muito sinto muito”

Dez, cem, mil vezes. Em algum momento esquecido pela noite, aquele corpo rendeu-se e foi tragado por uma exaustão negra, vazia de sonhos.

***

A primeira sensação foi a de dor.

Seu corpo estava dolorido, as costas e as pernas pareciam coladas à forma da janela. As juntas precisavam de aposentadoria, a cabeça pedia férias. Sua orelha direita estava dormente porque sua cabeça ficou sobre ela, comprimindo-a no vidro.

A segunda sensação foi outra dor.

Trazendo a mão lentamente, porque estava também dolorida, dobrada na mesma posição por algumas horas, Kyrion apalpou a coxa. Sentiu uma leve fisgada, diferente da dor generalizada e da dormência. Deslizando a palma por baixo das vestes de inverno, sentiu uma delicada linha irregular, dolorosa ao toque. Era sangue seco em meio aos pelos cinzentos.

Suspirou. Era superficial, mas incômodo. Passara tanto tempo sem viver qualquer sentimento negativo de grandes proporções, que se esquecera dessa confusa condição, de ferir-se fisicamente quando seu coração perdia a guerra. Mais um mistério. Fez uma careta.

Começou a árdua tarefa de se desenformar da janela. Quando estava quase lá, percebeu o vidro e parou. Quase caiu o resto do trajeto.

O dia acabava de nascer, ainda úmido e com uma leve garoa, mas o sol aparecia em uma nesga entre as nuvens. O reflexo em sua janela foi o que chamou sua atenção. Contra todas as possibilidades, o vidro ainda estava embaçado no mesmo lugar.

Estava escrito “tudo bem”.

***

“Dormi na janela.”

Essa frase desculpou Kyrion da pergunta perspicaz de Nokto por notá-lo cansado. Justificou à observadora Aciru o fato de ele ter cuidado ao pisar. Explicou as várias caretas que deu ao longo do dia, e o ar cansado e distraído de seu semblante.

Só não foi muito eficaz para explicar por que, às vezes, sorria gratuitamente.

***

Os primeiros dias ferozes de inverno tornaram-se semanas, trazendo neve e alterando a natureza que habitava Kadamon em todos os níveis. Enquanto muitos arbustos estavam desnudos, com uma aparência triste e debilitada, outras plantas expunham uma nova aparência para a ocasião. Vários ostentavam folhas brancas ou prateadas, que ficavam particularmente belas quando o sol aparecia e derramava seus raios. Outras habitantes de terras geladas ousavam até mesmo florir, debochadas da tristeza e aparência simplória de suas companheiras mais sensíveis.

A torre continuava fervilhando de atividade; os passantes costumavam andar em grupos, procurando se aquecer, ou espalhavam-se nas áreas descobertas para absorver o suave calor do sol quando este saía. Em toda parte lareiras eram acesas, e todos os locais de banho foram guarnecidos com água quente em pelo menos dois horários do dia.

Aciru estava particularmente atarefada na última quinzena, olhando dossiês e perfis de vários recém-chegados, encaminhando-os para diversas funções e andares de acordo com seus particulares. Não bastasse essa intensa produtividade, cobria o cargo de uma colega que precisava de um tempo para resolver pendências de ordem pessoal (“Ela detestou que o ex-companheiro tenha sido promovido. Ela vai reclamar com alguém. Lembre, Kyrion, ainda existe egoísmo em Kadamon”). Estava temporariamente organizando não só a chegada, como também a partida de alguns habitantes, que tinham missões a cumprir em outro lugar.

Kyrion não conseguia ter muita atenção para si, pois no momento Aciru folheava uma pilha de papéis que lhe alcançaria a cintura se estivesse no chão. Ela aceitou acompanhá-lo para fora do escritório, desde que pudesse continuar adiantando seu trabalho. Kyrion levou a grande pilha nos braços, mas se acostumara aos períodos frenéticos da amiga, acompanhando com um educado silêncio sua concentração. Sua presença ainda era apreciada.

Seus dedos faziam a colher passear lentamente pela xícara vazia, mas ainda fumegante de sua bebida, traçando linhas na espuma. Mas algo um pouco mais interessante chamou sua atenção, quando viu um jovem desconhecido aproximar-se contornando as mesas, com as feições afogueadas, mas olhar determinado, rumando para o peitoril da varanda como quem se dirige a um corredor, e não a um precipício.

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Logo vários ocupantes das mesas olharam para o jovem, com maior ou menor interesse, e assim continuou quando este subiu no parapeito e se atirou no vazio.

Kyrion teria gritado. Mas quando conseguira tempo para juntar fôlego e superar a estupidez gerada pela cena insólita, percebera que ao invés de cair, o desconhecido subira. Tomado por um impulso absurdo, este alçou a borda de outro parapeito muito acima de onde estavam, local de outra varanda – onde muitos varais de uma lavanderia ficavam eternamente estendidos – se projetava no enorme vão formado no interior de Kadamon, com seus andares díspares e torres confusas. Saltando este parapeito com agilidade, o estranho logo sumira atrás de grandes lençóis azuis, imperturbável.

Kyrion buscou ao seu redor alguma prova do que vira; alguém estupefato, de olhos arregalados e expressão idiota, como ele mesmo, por mais que tentasse disfarçar. O melhor que conseguiu foi um par de sobrancelhas erguidas, e em outro rosto uma expressão de desdém que parecia dizer “Que falta de educação praticar saltos tão enormes em público”.

Aciru continuava lendo seus papéis, muito absorta. “Ah... Desculpa interromper, Aciru...”

“Pode falar, Kyrion, não se preocupe.”

“Você viu aquele rapaz...”

“O mensageiro? Minha nossa, como se lê esse nome?... Sim, o mensageiro, que tem ele?”

“Esse mensageiro... pulou desta para a outra varanda. Como quem pula uma cerca. De horta”

“É o que mensageiros fazem. E daí?” Aciru circulou um nome com sua caneta e virou a página.

A princípio, Kyrion se frustrava quando não compreendiam a dimensão do que estava dizendo. Agora já se acostumara com a ideia que as coisas tinham, de fato, dimensões diferentes do que estaria acostumado.

“O que ele fazem para... saltar um precipício?”

Aciru baixou lentamente a folha que cobria seu rosto, revelando sua expressão de ‘Você está com preguiça de pensar?’.

“Eles entregam mensagens. São mensageiros. Sabe? Men...sa...gens...” Ela disse bem lentamente, abrindo enormemente a boca.

Foi a vez de Kyrion fazer uma careta, estirando a língua “Mas como ele salta tudo isso? E mensagens de quem?”

“Ele tem pernas fortes. E talvez uma pequena ajudinha. E pela pressa, a mensagem deve partir de, ou chegar a Atticus.”

“Mas como ‘pernas fortes’? Não vemos ninguém fazendo isso em qualquer lugar!”

Aciru soltou um suspiro e baixou os papéis de uma vez por todas, aparentemente vencida pela ingenuidade de seu interlocutor. “Veja, mensageiros são escolhidos por sua capacidade de mover-se rápido, para levar as mensagens no menor intervalo de tempo possível. Especialmente os de mensagens urgentes, embora mensagens desse teor tenham outras formas de transmissão.” A pequena abanou a mão, mostrando que aquilo não tinha relevância. “Por ‘mover-se rápido’, quero dizer inclusive ‘pegar atalhos’, chegando mais depressa do que seria comum a alguém que usasse as escadas.”

“Não vemos mensageiros com frequência porque costumam ser mais discretos. Várias pessoas que vemos por aí, parecendo apenas apressadas, são mensageiros em missão ou entregadores. Este jovem deve ter algo muito importante para entregar, de forma que sua indiscrição deve ser perdoada por seu patrão. Em geral, são seguidas normas bem restritas sobre trajetos permitidos e proibidos, já que ninguém gosta de pessoas correndo por entre suas mesas e saltando como loucos pelos parapeitos.”

“É interessante pensar que alguém tenha tamanha força de impulso... e mira, ou resistência.” Kyrion pensava nas possibilidades, com a mão apoiada no queixo.

“Há uma característica comum a todos em Kadamon: ninguém voa. Sem asas úteis, ou levitação, transporte instantâneo, nada. Saltadores são muito úteis, portanto, pois cobrem grandes distâncias. São treinados para que atinjam o maior controle possível, e maior eficácia.”

Kyrion se perdeu no conflito de duas ideias que nunca lhe ocorreram antes, e precisou de alguns instantes para eleger uma.

“É verdade que nunca vi ninguém voando em Kadamon... mesmo que todos sejam tão diferentes. Há somente pássaros, insetos, mas ninguém... com consciência.”

“Pois é. Há uma norma sobre isso. Há vários critérios que permitem a chegada e a permanência de alguém em uma das torres, como lhe expliquei há muito tempo atrás. Inclusive para garantir relações saudáveis e seguras. Quem garantiria a privacidade se alguém voasse e espiasse as janelas? Se alguma infração fosse cometida, como pegar o infrator se este voa? E se este se distanciasse demais da torre, que seria dele, perdido no espaço enorme? Não, isso não pode acontecer, então, ninguém voa. Há poucos alados, mas todos de asas inúteis para essa função. Não é por acaso que muitos se espantaram quando você chegou planando, e pousou. Isso nunca aconteceu antes.”

Do fundo de sua precisa e preciosa memória, Kyrion viu brotar a frase anônima

‘Quem é ele? Veio do céu. É um dos alados.’

Na hora, seu corpo e mente estavam por demais esgotados para dar qualquer importância ao que era registrado. Mas ainda assim aquela voz ficara gravada, eternizada naquele momento confuso, cheio de toques estranhos, olhos fixos, dor e cansaço. Somente agora, tantos meses depois, pudera dimensionar aquele espanto, aquela constatação de um desconhecido maravilhado com ele. Sua chegada rompera com muitas crenças, leis e tradições. Ele esperava, do fundo de seu coração, que pudesse, mesmo aos poucos, oferecer algo que pagasse pelo caos que semeara.

Voltando a si, deparou-se com Aciru olhando ternamente para ele, esperando pacientemente que fizesse mais perguntas, e enfim a liberasse para continuar seu trabalho. Tinha a sua frente uma nova bebida que ele não vira ser pedida ou entregue.

Afinal, a outra ideia que lhe perturbara a mente retornou. Organizou fatos e pensamentos, e tentou colocá-los de forma lógica no que ia dizer. “Você mencionou que os mensageiros são treinados.”

“Sim.”

“Uma das razões é evitar acidentes desagradáveis.”

“De fato.” A voz foi enfática.

“Já notei que há enfermarias em Kadamon, espalhadas em vários locais. Cuidam de pequenos incidentes e auxiliam em alguns cuidados. Pouco se adoece por aqui.”

“É verdade.” A voz estava mais que enfática. Estava seca.

“Nunca vi algo sério. Um acidente grave.”

“Já sei onde quer chegar.” Aciru talhou-o.

“Mas acontecem acidentes assim?”

Aciru tinha os olhos fixos nele. Estranhamente vazios, quase falsos. “São raros. Muito raros. Mas já se ouviu algo assim.”

“... acidentes fatais?” Kyrion arriscou. Queria entender a estranha mudança que se operava em Aciru. Parte dele queria que ela voltasse ao normal, num piscar de olhos. Ela poderia fazer isso. E ele se sentiria melhor. A outra parte queria ver até onde poderia chegar.

“Sim. Mesmo acidentes fatais.” Estava irritada? Nervosa? Era difícil dizer. Seus olhos estavam fixos em Kyrion, mas sem vê-lo. Soava calma, e estava assombrosamente imóvel; mesmo assim emanava tensão, como um pião equilibrado sobre uma agulha. Tinha que estar imóvel, pois qualquer movimento, o menor, faria tudo ruir.

“E os que não são... acidentes?”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.