Júnior - J&of

Cap VI: Mais sonhos e mais lembranças


POV Julie

~Flashback on~

“– Escuta a-aqui... – Era a voz do Daniel. Ele estava totalmente embriagado e parecia dizer diretamente para o Martim, que não estava muito diferente dele. – Ela... é minha. ‘Tá me ouvindo? E-eu não vou deixar voc-você ganhar e-essa. – disse com dificuldade, empurrando de leve o ombro do loiro.

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– Você.Que.Pensa. – disse pausadamente, na mesma dificuldade para articular as palavras. – Você ainda vai ver. Eu vou ficar com ela. Ela vai ser minha namorada, não sua. Eu... Vou fazer de tudo pra ela ficar comigo. – Martim pronunciou, agora com firmeza.

– Não se... Atreva. Você jamais vai gostar de-dela como... Eu.

– Não sejam tolos. – Félix se intrometeu no meio dos dois. – Ela vai ser é a minha namorada, não de vocês. Apenas deitem e chorem.

– Aahh. – Daniel e Martim resmungaram irritados, empurrando e cotovelando Félix sem dó.

Eu estava olhando essa cena ao longe, me perguntando internamente “Do que tanto eles falam?”. De uma coisa eu tinha certeza: eles provavelmente estavam gostando de uma mesma garota. Mas quem seria ela? Confesso que fiquei um pouco com ciúmes do Daniel. Fiquei louca de curiosidade para saber quem era a garota sortuda por quem ele suspirava. Mas a curiosidade não iria me satisfazer. Eu devia perguntar e descobrir.

[...]

Foi em direção ao bar buscar outro copo de bebida e lá encontrei com o Martim. Ele sorriu em forma de cumprimento, eu retribui.

– Então... – comecei puxando assunto, enquanto eu pegava no balcão meu copo e dava um gole. – Você gosta de alguém?

– Ah, Julie. Eu gosto de muitas pessoas. Meus pais, meus amigos, meus... – o interrompi.

– Sei disso, Martim. Mas eu tava te perguntando se você gosta de alguém em especial. Gostar mesmo. Como um homem gosta de uma mulher.

A princípio, ele deu uma grande golada na sua bebida, enquanto arqueava bem as duas sobrancelhas, com os olhos arregalados. Até ele me responder:

– Eu... Bom... Eu não gosto de ninguém assim. Ainda não encontrei ninguém por quem eu pudesse me apaixonar. – finalizou dando de ombros.

– Serio? Bom... É que eu tenho a impressão de ter ouvido você dizer que gostava de alguma menina em algum momento durante a festa. Devo ter entendido errado. Estou certa? – eu disse me fazendo de desentendida.

Martim deu uma tossida forçada, limpando a garganta. Eu fingi não ter nem percebido. Depois de uns segundos de silêncio virei meu olhar para ele, à espera da resposta.

– Você disse certo. “Gostava”. Não gosto mais. Tava comentando que eu vi essa menina há alguns dias atrás. Só comentei isso, não quer dizer que eu ainda goste dela. – ele disse, mas eu senti que ele estava mentindo. Eu o conheço e ele não consegue mentir. Pelo menos, não para mim. Deixei passar desta vez.

[...]”

~Flashback off~

Acordei pela manhã assim. Depois de uma longa noite sem sonhos, eu acabei me lembrando de outros fatos da festa da Thalita. Eu ainda tava muito confusa com tudo. Minha memória ainda falhava e as lembranças eram desconexas e incertas. Eu ainda não tinha certeza de nada. Dificilmente eu conseguiria me lembrar de tudo. Talvez só daqui um tempo eu consiga me lembrar. Espero não esquecer nada e me lembrar o máximo que conseguir.

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– JULIE... JULIE. – meu pai me gritava do lado de fora.

– O que é? – perguntei tentando manter minha voz calma. – O que quer? Acabei de acordar.

– Por isso mesmo. Você sabe que horas são, mocinha? Já são quase 11 horas. Levanta logo dessa cama e vem me ajudar com o almoço. E não se esqueça que hoje é o seu dia de lavar a louça. – ele finalizou seu discurso dando uma, única, e forte batida na porta, logo se afastando. Eu pude ouvir o som dos seus pesados passos sumindo pelo corredor.

Bufei entediada e emburrada e me levantei contra minha vontade. Minha cama continuava muito convidativa e eu ainda queria muito ficar nela. Mas tive que levantar.

Tirei o pijama que eu vestia e coloquei uma outra roupa. Uma camiseta branca, um shortinho jeans e um chinelo. Bem básico. Fui em direção à cozinha e ao entrar, recebi um olhar reprovativo de meu pai que estava em frente ao fogão. O ajudei com o almoço e logo depois almoçamos todos juntos. Meu pai, Pedrinho e eu.

[...]

Eu não acredito que o tio Raul continua com essa implicância com os garotos. – Bia disse. Conversávamos pelo celular.

– Pois é. – bufei. – Ele está mais chato do que de costume. Eu estava conversando com eles só por internet ou por telefone. Pessoalmente não. Ontem eu ia sair para ir vê-los, mas meu pai me perguntou aonde eu ia e me proibiu de sair. Acho que dá próxima vez não vou nem pedir permissão nem contar onde estou indo, só para o meu pai não me impedir. – pausei. – Mas é capaz do meu pai querer limitar minhas saídas... No caso de eu querer ir ver os meus amigos.

É... Isso é um problema. – pausou. – Mas... Sei lá... Você devia tentar conversar com o seu pai sobre isso. Sabe? Tentar provar para ele que os rapazes são de confiança e tentar ter credibilidade com seu pai. Conquistar a confiança do seu pai é a “alma do negócio”. – Bia finalizou rindo no final.

Neguei com a cabeça, rindo. – Só você para me fazer rir. – Suspirei. – Bom... Até que não é uma má ideia, mas... Não vai ser nada fácil. Pro meu pai, qualquer garoto que seja não é de confiança para ele. Meu pai não quer a “princesinha” dele andando com uma criatura que tenha um pênis no meio das pernas. – disse rindo e ouvindo a risada da Bia do outro lado da linha. – Acredite: Meu pai me disse isso exatamente com essas palavras. – me justifiquei. – Ele quase me matou de vergonha nesse dia.

Bia ainda ria. – O tio Raul é uma comédia mesmo. Não sei como eu ainda me surpreendo. – pausou. – Olha vou ter que desligar aqui. Minha mãe ‘ta me chamando para ir ao supermercado. Tchau e beijo na bunda. – terminou rindo.

– Eca Bia. – ri. – Tchau. Beijo. – desliguei e coloquei o celular na cabeceira e me joguei na cama.

POV Daniel

::: Sonho on :::

“– Vocês não deviam ter bebido tanto garotos. – ouvi uma voz adulta masculina e desconhecida.

Forcei minha visão e vi um homem com um terno preto. ‘O motorista da família da Thalita’ Pensei. Levantei com dificuldade a cabeça e olhei em volta. Estava em meu carro. Ou melhor, estávamos. Porque, além de mim, tinha o Félix, o Martim e a Julie que dividiam comigo o espaço no banco traseiro do meu carro. Nós quatro estávamos totalmente “chapados”.

Não me lembrava de entrar no meu carro. A bebida fazia um efeito amnésico e me deixava desorientado. Só consegui perceber que o motorista nos levava para a casa da Julie quando ele abriu a porta do banco de trás e nos tirava de lá de dentro e nos ajudando a entrar na casa.

Já dentro de casa, o motorista disse uma outra coisa nos repreendo e saiu pela porta.

– Eu... – Martim começou a falar, mas foi incapaz de continuar a falar. Estava bêbado demais.

– Onde-como-eu-posso-ir-se-for-ir-dormir? – eu disse palavras desconexas. Eu estava tão ou até mais bêbado quanto os demais. Por incrível que pareça, os outros entenderam perfeitamente o que eu disse.

– Vem. – Julie disse apenas. Cambaleou pela escada e nós a seguimos.

[...]

– Pro quê voxê ta assim? – perguntei para o Martim, falando errado.

Ele tinha tirado a camisa e estava com metade da calça vestido, ou seja, só com uma perna vestida.

– Calooor. – ele respondeu. Dei de ombros e fiz à mesma coisa que ele.

[...]”

::: Sonho off :::

E acordei, fiquei alguns minutos pensando no bendito sonho, que na verdade era uma lembrança daquela noite. Provavelmente, dos fatos importantes, fui eu quem lembrou mais. Preciso contar para Julie depois o que eu lembrei.

POV Martim

Estava em casa e uma lembrança da festa me veio à cabeça.

~Flashback on~

“– Senta aqui. – eu disse para Julie.

Ela ia se sentar na cadeira ao meu lado, mas agarrei sua cintura e a coloquei em meu colo.

– Martim! – ela me repreendeu. Apenas dei de ombros, nem ligando.

Levei o nariz ao pescoço da Julie, o deslizando por aquela pele branca e macia. Ela se arrepiou um pouco. Não me aguentei e distribui alguns beijinhos castos naquele local. Eu senti a pele dos meus lábios formigarem pela sensação de tocar pela primeira vez aquele pescoço feminino, ali, tão exposto para mim.

Ainda com a mão em sua cintura, eu comecei a apertar minha mão ali. Fiquei ora apertando, ora massageando. Tracei um caminho dos beijos, que estavam no pescoço, pelo queixo, bochecha e estava bem perto da boca. Quando beijei o cantinho da boca dela, ela virou o rosto, me privando de continuar. Ele se levantou do meu colo e cambaleando voltou para a pista de dança. Bufei em decepção.”

~Flashback off~

Não acredito que estive tão perto, mas não consegui beijá-la. Acho melhor pensar duas vezes antes de contar o que me lembrei.

POV Félix

~Flashback on~

“– Que foi, ‘ta triste? – Julie me perguntou doce.

Sorri. Eu adorava ver ele preocupada comigo. Alegrava-me, iluminava meu dia. Minha esperança se acendia e eu sentia que podia ter chance com ela.

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Aproximei-me e a beijei. Na verdade foi um selinho de cinco segundos, bem casto e inocente. Separei os lábios. Ela levou isso como uma demonstração de afeto e carinho entre dois melhores amigos e sorriu. Sorri de volta e a abracei forte.

Meu coração tava tão acelerado, como nunca esteve antes. Ah, eu precisa dela pra mim. Ela tinha que ser minha.”

~Flashback off~

Eu, com certeza, sou o que menos está conseguindo se lembrar da festa. Acho que não vou falar do que lembrei para a Julie. Quero guardar essa lembrança só pra mim. Pelo menos nas lembranças consigo ter meus desejos realizados.