Just Another Summer Love

If love be blind, it best agrees with night


Às vezes me pergunto como eu consigo ser tão idiota.

Um dia tia Susan me contou sobre seu primeiro amor. Ela me disse que nunca se esquece de como ele a tratava, ou de como ele se parecia, como ele falava. Ela me disse do quanto ela o amava, e como ele a fez feliz. Como os dois foram felizes, mesmo nunca estando tão próximos. Tia Susan só teve um namorado, e não foi seu primeiro amor. Desde que terminara, ela fugiu de todos os resquícios de compromisso que sua vida amorosa lhe dava, e ela nunca esteve tão solitária quanto agora. Quando comecei a namorar William, tia Susan sempre me dizia para tentar me entregar ao máximo nesse relacionamento, para aproveitar cada pedacinho de amor que Will me dava. Eu sempre contava para ela dos mínimos detalhes da nossa relação, mantendo-a atualizada até por telefone. Mesmo depois de nossas brigas e discussões, ela disse que William e eu teríamos que tentar superar nossas diferenças para que o namoro desse certo. "Não cometa o mesmo erro que cometi", ela dizia.

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Foi quando a violência começou que minha tia ficou preocupada. Depois que o pai faleceu, Will se transformou em outra pessoa. Quando ele me beijava, parecia estar jogando todo o peso que segurava em suas costas para cima de mim. Quando falava comigo, não se importava se eram palavrões, insultos ou juras de amor, e não se importava se me ofenderia. Mas foi quando Will me levou para cama que tudo começou a mudar. Acho que nunca passei um medo tão grande quanto naquela noite. Relembrá-la me dá arrepios. William estava bêbado, eu estava confusa. Seus braços estavam pesados, sua mão era violenta, seus movimentos eram bruscos. Por minha parte, houve resistência no começo de tudo. “Will, você está bêbado demais,” eu dizia, e ele grunhia e me empurrava contra a parede. Houve um consentimento, é claro, mas me arrependi no momento em que me deitei naquela cama. Não foi carinhoso, não foi romântico, não foi nada. Não senti nada além do prazer biológico que ele me fez sentir na hora H.

No dia seguinte, fui para casa chorando. Me olhando no espelho, contei cinco hematomas em meus braços, dois em minhas pernas. E eu nunca havia me sentido tão podre até aquele dia. Fiquei sem dormir por duas noites, com a cabeça cheia de pensamentos. Eu não consegui contar para Nat, tia Susan ou até mesmo Riley até três dias depois. Até hoje, só as três sabem do ocorrido, e juraram nunca contar a ninguém. Naquele dia, Will me mandava mensagens de hora em hora, perguntando o porquê de eu não ter o respondido, se eu estava me sentindo bem. E eu simplesmente não conseguia responde-lo sem me afogar em lágrimas.

Terminei o namoro uma semana depois. Tia Susan me ajudou a passar pelas semanas que prosseguiram aquela noite. Não posso dizer que fiz aquilo contra a minha vontade, mas meu arrependimento e meu medo persistem até hoje, com lembranças assustadoras que me caçam todas as vezes que eu encaro Will nos olhos. Nada me faz odiá-lo mais do que minhas memórias da nossa primeira e única noite juntos. E ainda assim, eu mandava mensagem para ele, preocupada. Não sei o que eu tenho com esse cara, mas eu simplesmente não consigo ignorá-lo, esquecê-lo ou fingir que não me importo. Não sei como tirá-lo da cabeça, e não sei o que fazer para esquecer que um dia eu o amei.

Eu só posso ser uma idiota.

><

Acordo em um súbito desespero, sentindo minhas mãos suarem frio. Sinto a maciez dos cobertores sensibilizarem meus dedos do pé e estremeço. Está escuro, e a única luz do ambiente é meu relógio digital que piscava 2 e pouco da manhã. Apesar do frio, minha blusa está encharcada. Sinto meu peito doer ao respirar e por um segundo penso que estou prestes a enfartar. A sensação ruim passa depois que respiro fundo 3 vezes, e meu sono de repente se esvai. Suspiro, cansada. Quero, de repente, acordar William com uma ligação e pedi-lo para sair da minha vida, sem nenhum “por favor” ou “obrigada”.

Levanto-me da cama e vou até o banheiro tateando a parede até que meus olhos se acostumassem com a escuridão. Abro a torneira da pia e não espero a água esquentar, acumulo um bocado de água fria nas mãos e jogo sobre meu rosto, sentindo gotas de meu suor quente se misturarem com as moléculas gélidas de H2O. Aproveito para trocar a blusa de meu pijama por uma mais fresca, mesmo com o termômetro marcando 3 graus lá fora. Será que eu não estava enfartando mesmo?

Quando volto para meu quarto, ouço barulhos vindo de minha janela, como se alguém estivesse batendo no vidro com as unhas, as vezes arranhando-o. Por um segundo, paro e respiro fundo mais algumas vezes, de olhos fechados. Eu não estava ficando louca... ou estava? Coloco uma das mãos no peito, meu coração parece estar voltando ao normal. Vou até as cortinas e as afasto com cautela, depois passando a mão pelo vidro embaçado e espremendo meus olhos para enxergar o lado de fora. A neblina estava grossa, e alguns flocos de neve se acumulavam nos cantos da janela. Então vejo um vulto vindo em minha direção e me assusto, dando um pulo para trás e me segurando para não soltar um gritinho. O ruído de “unhas” se faz novamente. Abro as janelas lentamente, para não fazer tanto barulho.

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—Você é louco!? –Digo, baixo, para um Connor agasalhado que se encontrava na calçada de minha rua, com um tanto de pedrinhas brancas nas mãos.

—Aleluia... –ele suspira, jogando as pedras no chão e batendo as mãos umas nas outras para tirar os resquícios de neve. Fumaça densa sai de sua boca quando ele fala. – Achei que teria que ficar aqui a noite toda até quebrar sua janela com esses granizos.

O frio entra em meu quarto e apesar de meu corpo estar quente, me arrepio.

—Não era mais fácil ter me mandado uma mensagem? -Murmuro, franzindo a testa.

—Vai me deixar congelando aqui fora? –Connor diz, um pouco mais alto, e eu coloco o dedo sobre minha boca pedindo silêncio.

—Natalie está dormindo. –Eu digo, logo em seguida fechando a janela e as cortinas e indo até o corredor na ponta dos pés. Desço as escadas e atravesso a cozinha para ir até o Hall. Antes de abrir a porta, acendo o abajur alto da sala.

Connor nem pede licença, ele apenas pisa em meu tapete e bate os pés de leve, depois tirando sua botina e a deixando ao lado da porta de entrada. Coço meus olhos para me acostumar com a luz do abajur.

—O que...—

Connor me interrompe com um beijo, assim que fecho a porta atrás dele. Em primeiro instante, me assusto com o movimento rápido e solto um murmúrio que deve ter soado esquisito. Sinto os lábios de Connor sorrirem no nosso beijo e passo meus braços por seu pescoço gelado para aproximar ainda mais nossos rostos. Suas mãos voam até minha cintura e me puxa para a dele, e o contato físico entre nossos corpos me faz arrepiar. Nossas bocas ainda estão unidas, e seus lábios acariciam os meus com certa pressa e desejo. Nossas línguas parecem dançar juntas e seu rosto, antes gélido, começa a esquentar. Ouço um fraco gemido rouco escapar de sua boca e sinto meu corpo arder em chamas. Eu só podia estar ficando louca. Connor empurra meu corpo e encosto minha cintura na porta da sala, mas não tenho coragem de pedi-lo para parar.

—Tá tudo bem? –Consigo dizer, entre beijos. Estou ofegante e minha voz tende a falhar.

Sua mão agora está em meu ombro, e a outra subiu para meu rosto. A sensação do toque frio de seus dedos na minha pele é maravilhosa, e eu desejo mentalmente que ela nunca acabe.

Shhh...- ele sussurra. –Natalie está dormindo, lembra?

Ele pressiona seu corpo contra o meu com mais força, e sinto que vamos acabar derrubando algo caso ele continuasse assim. Desço minhas mãos para seu peito e seguro o moletom verde que ele usava como pijama, depois girando meu corpo para conduzi-lo até o sofá, calmamente. Ele resmunga quando me descolo dele, mas volta a sorrir depois que nos acomodamos em cima das almofadas. Connor senta ao meu lado e já procura minha mão para entrelaçar nossos dedos. Com sua outra mão, acaricia minha bochecha e me beija lentamente, como se não houvesse outra coisa para se preocupar no mundo. Me perco em seus lábios macios e imagino como seria acordar todos os dias com um beijo desses. Afasto-o com uma das mãos em seu peito, o suficiente para que eu consiga respirar.

—Eu precisava te ver. –Connor se explica, ofegante e com um sorriso no rosto. Seu nariz gelado toca minha testa e eu estremeço com sua voz rouca. –Não sei o que você tem, ou o que eu tenho, mas não consigo ficar longe de você.

Coloco minhas mãos em seu rosto e meus dedos circundam seus lábios. Ajoelho-me no sofá e viro-me de frente para ele, ambas as mãos percorrendo as extremidades de seu rosto, circundando cada pinta, cicatriz ou imperfeição que sua pele tinha. As duas pintas que ele tinha do lado direito de seu rosto, perto do nariz, tinham a mesma forma circular, e ele possuía uma pequena cicatriz irregular na têmpora esquerda. E ainda assim ele era perfeito. Encosto meu nariz no dele e deixo minha boca a poucos centímetros da sua. Consigo sentir o ar quente que ele exala pelo nariz bater em meu rosto. Sua mão aperta meu quadril com firmeza quando roço meus lábios nos dele de propósito.

—Você me deixa louco. -Conn sussurra, sua voz rouca e um tanto arrastada. Eu sorrio e mordo meu lábio inferior. Me afasto para conseguir encará-lo nos olhos.

—Você jura que está bem? -Fico séria por um instante. Minhas mãos seguram seu rosto com leveza.

Percebo os olhos de Connor correrem por meu rosto e seu olhar cai, de repente.

—Não sei...

Passo meus polegares por seu rosto e respiro fundo para encará-lo.

—Sabe que pode conversar comigo... -Eu murmuro.

Connor sorri e suas mãos vão até meu pescoço. Ele beija meus lábios levemente. Uma. Duas vezes.

—Eu sei. -Ele me beija mais uma vez. - Mas hoje, minha boca realmente não quer conversar sobre isso.

Seus lábios encontram os meus em um gesto romântico. Ele acaricia meu rosto como se acariciasse um tecido aveludado. Nosso beijo é lento, único. Uma de suas mãos aperta meu quadril e desce até minhas coxas. Seus dedos traçam um caminho lento por minhas pernas, e então, ele passa por aquele lugar.

— Conn! – Me afasto dele com um pulo, empurrando-o levemente pelos ombros. Tampo minha boca com uma das mãos, percebendo o quão alto eu tinha falado. Aquele lugar, mais ou menos 4 dedos abaixo da linha do quadril em minha coxa direita, começa a latejar, como se o hematoma de meses atrás voltasse a se manifestar ali, no mesmo lugar, com a mesma intensidade. Mordo meu lábio inferior quando volto a encarar Connor.

—Me desculpe... -Ele sussurra, preocupado. Suas mãos tentam me alcançar, mas eu me esquivo delas mais uma vez.

—Não! Quer dizer... você não fez nada de errado. – minha voz é falha. – É só que...

Minhas mãos começam a tremer. Respiro fundo para não gaguejar.

—Podemos só... ir com calma hoje? – Eu pergunto, de olhos cerrados, bem apertados. Desejo mentalmente que tudo o que eu estava sentindo sobre William pudesse desaparecer. Meu medo, minhas angústias, minhas lembranças, minhas cicatrizes de um passado não tão distante. Connor percebe minha atitude e se senta corretamente no sofá, puxando uma almofada para seu colo e me olhando com preocupação. Ele umedece os lábios e atinge o fundo dos meus olhos.

Quero gritar, sair correndo pela rua e nunca mais parar.

Seguro minhas mãos com firmeza esperando que elas parassem de tremer. Connor fica quieto, somente o barulho de sua respiração preenche o ambiente silencioso.

—Bela, você tá bem? -Ele quebra o silêncio com a voz macia, levando suas mãos de encontro com as minhas e as embrulhando, como uma concha.

—E-eu... – Gaguejo. – Ah, Conn, eu realmente não quero falar sobre isso, tá legal? -Tento ser gentil. -Não hoje.

Connor então “desembrulha” minhas mãos e as afasta de mim. Seus olhos me observam com preocupação, então tento encará-lo o mínimo possível. Sinto seu corpo relaxar ao lado do meu.

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—Me desculpe, eu... – Tento me explicar. Conn contrai os lábios e os umedece.

—Bela, tá tudo bem. -Ele coloca sua mão em meu ombro. Sua voz é doce, suave, e me deixa mais calma quando pronuncia meu nome.

Eu olho para ele com pena. Queria lhe contar sobre Will, sobre o que eu sentia, sobre meu passado com ele. Queria me abrir para Connor aqui, agora, e deixar todos as minhas angústias e preocupações irem embora com o abraço que ele me daria assim que eu terminasse de falar. Quero beijá-lo, abraça-lo, e deixar que ele me toque. E ainda assim, mal conseguia encará-lo.

—Obrigada por entender. – Eu respiro fundo, alcançando sua mão e a segurando com sutileza.

Hey... – Ele diz, sorrindo. -Você sabe o que eu sempre digo, não sabe? “Não importa o quê, tudo vai ficar bem”.

Eu sorrio, aliviada. Sento-me e jogo minhas pernas em cima das dele, utilizando seu colo de apoio. Ele dá uma risada baixa e coloca uma almofada por debaixo de minhas pernas. Mantenho meu corpo em postura, logo em seguida levando meus braços ao seu pescoço e aproximando nossos rostos. Connor passa seu braço por minhas costas e me abraça. Sua outra mão vai até minha bochecha e seu polegar, agora quente, movimenta-se circularmente em minha pele.

—Vai ficar tudo bem... – ele murmura mais uma vez, quase em um sussurro. Seus lábios encontram os meus novamente, mas com um receio que antes não havia. Percebo que ele está cauteloso, preocupado. Sinto-me péssima por isso, e penso em contar a ele sobre Will.

—Conn... eu... –

Um barulho de porta vindo do andar de cima atrapalha nosso momento, e Connor e eu nos entreolhamos no mesmo instante.

—Natalie...- eu sussurro, já me levantando do sofá. Conn dá um pulo silencioso e corre em direção à porta, escorregando no meu chão com suas meias grossas e me fazendo querer rir.

Espero ele colocar suas botas e mordo meu lábio em um sorriso. Olho por cima de meu ombro e vejo que a luz do corredor está agora acesa. Quando me viro de volta para Connor, sou surpreendida mais uma vez com um beijo apressado. Ele me puxa para si de novo, e seu corpo se choca com o meu desesperadamente. Ele passa suas mãos pelo meu quadril e sou obrigada a empurrá-lo gentilmente para longe.

—Saia, já! -Sussurro, tentando soar autoritária, mas com um sorriso no rosto.

Conn sorri de lado, depois descendo as escadas da varanda em um sopro, no mesmo instante que fecho a porta. Ouço os passos de Natalie se apressarem nas escadas e corro até a cozinha, alcançando o primeiro copo vazio que encontrei em cima da pia e enchendo-o de água da torneira.

—Bela...? -Natalie segura o corrimão da escada e me olha com a testa franzida. – Você me assustou...

Me engasgo com a água que tinha colocado na boca e me curvo sobre a pia, tossindo.

—...desculpe. – Falo, depois de me recuperar. – Estava com sede.

Nat coça os olhos, com sono. Sinto meu coração querer sair pela garganta e pigarreio.

—Hmm... -Ela murmura, se virando para subir as escadas. -Boa noite.

—Boa noite! -Eu digo, entusiasmada demais. Pigarreio de novo. Natalie some de vista depois de subir as escadas e tento respirar fundo.

—E apaga esse abajur! -Ela grita, do andar de cima, me assustando. Mordo meu lábio em outro sorriso e vou até a sala de estar com mais calma, puxando a corda do abajur laranja para voltar ao quarto com muito mais calor do que eu poderia imaginar.

E quando me deito na cama, ouço meu celular vibrar.

“Amanhã quero te mostrar um lugar. Minha casa, 10:00 AM. Traga Música. Música Boa. Durma bem. ~ C.”

><

Acordo no domingo com o alarme que coloquei para as 9:30. Checo meu celular rapidamente, e vejo 3 mensagens não lidas de William. Respiro fundo e fecho meus olhos, tentando me acalmar. Decido que vou ignorar as mensagens e pulo para fora da cama, indo até o banheiro para lavar o rosto e colocar uma roupa quente. Lá fora, a temperatura marca 2 graus Celsius. Só de pensar no frio, estremeço. Me visto com jeans pretas e um moletom bordô quentinho por cima de duas outras blusas. Passo um lenço branco pelo meu pescoço e coloco uma touca de lã no bolso, para o caso de esfriar mais ainda. Calço uma bota de cano curto cor-de-mel e assim que termino de escovar os dentes, sinto o celular vibrar no meu bolso com uma mensagem de Connor, me lembrando de “levar música”. Antes de descer as escadas, abro a primeira gaveta do meu criado mudo e tiro uma caixinha de som de lá, conferindo a bateria antes de enfiá-la no bolso do moletom.

Deixo um bilhete escrito para Nat sobre a mesa da cozinha, avisando-a que estava com Connor e que voltaria mais tarde. Saio para a varanda e logo sinto o frio me atingir como uma faca. Coloco as mãos nos bolsos da calça e atravesso a rua em passos largos, parando em frente à porta dos Jacobs. Dou três batidas leves na porta e a Sra. Jacobs me atende quase que imediatamente.

—Oi Bela, querida! – Ela me puxa para um abraço quente. -Como vai?

—Vou bem, Sra.... ahn, Stacey. -Me corrijo assim que ela me lança um olhar de reprovação. Ela sorri com minha atitude. -Connor está?

—Ah! Ele te espera na garagem, querida. -Ela aponta para o bico do carro preto de Connor que está pra fora da garagem coberta. -Divirtam-se!

Agradeço à Stacey antes de me dirigir para a garagem, e quando vou virar para entrar, trombo no garotinho de olhos verdes que sempre alegrava minhas visitas.

—Liam! -Me agacho em sua frente e abro meus braços para que ele me dê um abraço. -Você me assustou, danado!

O garotinho dá risada e me abraça apertado.

—Você é que não sabe olhar pro chão. -Ele brinca, se desgrudando de mim e se virando para correr até a porta traseira do Audi a5 de Connor.

Hey. -A voz dele vem de trás, e me viro em um giro rápido para encará-lo. Ele usava um casaco verde-musgo que ressaltava seus olhos, e tinha uma cesta grande de piquenique em sua mão. Seus cabelos estavam penteados em seu topete usual, e seu rosto parecia mais branco que o normal por causa do frio. – Trouxe o som?

Tiro a caixinha preta de meu bolso e chacoalho no ar, depois dando um passo à frente até encostar meu nariz em seu lábio inferior. Levo minhas mãos para trás das costas e levanto meus olhos para ele.

—Pra quê precisamos de música? -Eu pergunto, em um murmúrio.

Connor sorri e roça seu lábio na ponta de meu nariz, depositando um beijo ali.

—Você... –

—Ei! Vamos logo, se não a gente nunca vai chegar! -Liam grita, de dentro do carro, logo em seguida fechando a porta do carro preto com um baque.

Mal dá tempo de questioná-lo quando Connor solta uma risada e entra no banco do motorista. Assim que eu entro, coloco o cinto de segurança e olho para Liam no banco de trás.

—Quer me dizer pra onde estamos indo? Por que eu já desisti do seu irmão. -Digo, recebendo um soco leve de Connor no ombro como resposta.

Liam dá risada da atitude do irmão.

—Conny não me deixou contar... -Liam dá de ombros, segurando seu boneco do Hulk nos braços. – Mas espero que tenha trazido música boa, porque quero me divertir de montão!