~Pensamentos de Letícia Dowell

Matheus estava parado na porta da minha casa, ele estava com uma calça jeans escura, uma blusa de mangas compridas meio avermelhada. Ele me olhava com uma cara séria, com um misto de preocupação e vergonha.

Parei meio segundo para me avaliar, eu não estava esperando nenhuma visita, então eu estava usando um short jeans muito curto e uma regata azul claro, meus cabelos estavam em um rabo de cavalo e estava sem nenhum tipo de maquiagem, fiquei com vontade de me esconder de baixo do sofá, porém ignorei essa vontade.

“Como diabos você conseguiu o meu endereço?” Disse ainda surpresa dele está ai e ainda mais dele me ver nesse estado. “Andou me seguindo?”

Ele deu um sorriso safado que me dava ânsia de vomito.

“Fiz meu dever de casa.” O desgraçado parecia está se divertindo com a minha confusão. “Nós temos que falar sobre o que aconteceu.”

Ele bem que poderia dar um desconto para a pessoa que tinha acabado de ter uma visão com uma pessoa que queria mata-la.

“O que aconteceu? Quero dizer, quando eu estava desmaiada.” A explicação que a Júlia tinha me dado realmente me deixou confusa.

“O sol simplesmente desapareceu.” Matheus falou entrando na minha casa “E você falava coisas sem sentido, digo até para mim foram sem sentido, Letícia eu que devia perguntar: o que aconteceu?”.

Ele parecia mesmo preocupado, então eu contei para ele da visão eu tive. Eu sabia o que essas visões significavam, um dia, eu estarei lá junto com o dono daquela voz.

“E você está bem?” Ele perguntou aparentando estar realmente preocupado.

“Sim, não foi nada de mais.” Tentei parecer o mais confiante possível, mas como eu sou a Letícia, isso não deve ter rolado.

“Você não parece tão bem quanto diz.” Ele estava me olhando com desconfiança. “Eu fiquei preocupado... Er... quer dizer todos ficaram você viu o estado da Julia? Letícia o que realmente aconteceu?”.

Eu acho entendi onde ele realmente queria chegar, ele queria saber o que significava filha de Hermione e o terminar como os filhos de Tiestes, ele queria saber da maldição.

“Você vai me dizer?”

O assunto que ele escolheu não foi do melhores, ele não poderia escolher o aquecimento global? Temos que nos importar com o nosso futuro, poxa!

“Matheus, você não vai querer saber de tudo.” Disse o mais séria que eu poderia ser e não pareça surpreso, eu consigo quando eu quero.

O problema é que na maioria das vezes eu não quero.

“Eu preciso” Ele fala me olhando nos olhos “Quero poder te ajudar, somos uma equipe agora”.

Ok, como não sorrir com esse idiota.

Odeio ele por estragar meu momento de seriedade.

“Você não vai poder fazer nada Matheus, ninguém pode.” Parei de sorrir de novo.

“Mas eu vou estar ao seu lado, posso tentar arrumar um jeito que te ajude”.

Idiota. Idiota. Idiota.

Quero ver se ele vai continuar a falar comigo depois que eu falar, por favor, é sempre assim.

“Não, por favor...” Não olhei para ele, não ia deixar ninguém me ver chorando.

Mas nem sempre acontece o que nós queremos, porque nessa hora, ele me olhou surpreso ao ver-me daquela maneira.

“Eu sempre vou estar do seu lado, pode confiar em mim”.

Suspirei um pouco mais alto do que o necessário, ele não ia deixar eu não falar e minha paciência não é tão grande assim (ler-se não existente), então foda-se.

“Se você quer mesmo saber tudo bem, mas se você pensar em falar sobre meu quase choro de agora, eu te vaporizo.” Falei revelando o meu lado bastante gentil.

Falaram que compenso a minha dor com piadas, tudo mentira.

“Tudo bem” ele riu um pouco.

“Já ouviu falar da Casa de Atreu? O cara que cozinhou os filhos do irmão porque ele o traiu e pegou o reino dele? E ainda o fez comer eles?” Ele assentiu e pediu que eu continuasse. “Com isso, surgiu à maldição da Casa de Atreu, você deve pensar que ela acabou há muito tempo não é?”.

Ele pareceu pensativo, achei que ele não estivesse prestando atenção, já ia começar a brigar com ele, mas ele disse:

“É, mas não acabou?”

“Só se eu tivesse morrido.” Ele pareceu entender. “Acontece que isso vai acontecer logo, eu estou viva a mais tempo do que eu deveria.”.

“Você... a Maldição... por deuses.” Eu achava que ele iria embora, mas ele fez alo que eu não esperava.

Ele me abraçou.

“Porque você fez isso?”

“Não sei, senti que você precisava de um amigo.” ele sorriu.

Devo está parecendo um pimentão, socorro.

“Enfim, eu passei hm... alguns anos no cassino lótus, depois me tiram de lá. Fui para o Rio encontrar meus pais adotivos, depois fui a Fortaleza por causa de um ataque de uns monstros atrás... de mim, eu acho. E depois eu vi meu pai, ele me explicou isso tudo.” Falei sem dar nenhuma pausa dessa vez. “E minha mãe é Hermione, uma das ultimas da maldição... sim, isso me faz ser um pouco velha.”

Ri um pouco, parecia que ele analisava para ver se eu realmente tinha 15 ou 15000 mil anos.

“Você não parece nada velha.”

“Eu não sou velha, cala a boca.” Era a primeira vez que eu contava isso para alguém, até que me sentia... Hm, bem? “Eu só nasci em um tempo distante.”

“Certo vovó, nós não vamos falar mais da sua idade.”

Dei um soco de brincadeira na sua cara, ele riu um pouco mais.

“Hm, Matheus, você sabe o que isso significa não é?”

Ele pareceu um pouco triste, mas assentiu.

“Podemos dar um jeito nisso, sei que vamos conseguir.”

Fiquei com vontade de chorar de novo, para mim era fácil, mas como eu faria para não deixar as pessoas que se preocupavam comigo mal por causa disso.

Por isso eu não queria contar isso para ele, é isso que dá não me escutar.

“Tipo? Matheus, não dá, eu já me conformei com isso, você tem que se conformar também.”

Ok, essa era definitivamente a parte ruim de ter contado aquilo.

Ele também parecia que ia chorar, mas como ele tem o seu jeito “machão” de filho de Marte, ele não ia me deixar perceber isso.

“Confia em mim, nós iremos dar um jeito. Não cai antes de ter dado o seu melhor.” Eu tentei sorrir, mas não queria deixar ele iludido em relação aquilo.

“Ó idiota, todos os monstros e tudo sempre vai fazer favor de querer me matar, você acha que eu tenho chance de alguma coisa?” Eu ri tentando parecer conformada “Nem namorar eu posso... Quero dizer, não posso me apegar a ninguém e ninguém pode se apegar a mim, por isso se afastam de mim”.

Eu não sabia o que fazer, havia se instalado um silencio mortal na sala. Ninguém parecia ter coragem de falar uma palavra, por medo de o outro interpretar mal.

Olhei pra ele e na mesma hora, ele me olhou também, ficamos assim por um tempo. Do nada ele se aproximou de mim, eu podia sentir o halito de hortelã dele, a boca dele estava quase encostando à minha quando...

O meu maldito telefone tocou.