Jogos apenas

Apenas um mês de férias de você


Rose havia combinado de encontrar o Puddlemere pela manhã. Às sete. E ela tinha plena noção de que, se faltasse, não jogaria no domingo. Além do quê, ela tinha que mostrar para o treinador da equipe e para a capitã dela, Joanne, que ela estava 100% e que a batida no dia anterior não era motivo de preocupação.

A Weasley espreguiçou-se na cama e olhou para o despertador. Eram seis e meia da manhã. Ainda.

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Ela poderia dormir mais um pouquinho. Só mais dez minutinhos, entretanto, antes que Rose cobrisse a cabeça de novo, seu celular começou a tocar numa altura que deveria ser proibido àquela hora da manhã.

— Que droga de pessoa está me ligando nesse maldito horário? – exclamou Rose, antes de pegar o telefone, e ver que era apenas o alarme.

Ela grunhiu e decidiu tomar um banho, tentando se animar.

xxx

Scorpius não queria acordar cedo naquela manhã porque não iria sair para correr antes do treino, entretanto abriu os olhos assustado quando sentiu algo pingando em seu rosto. Olhou para cima e quase caiu da cama de tanto susto.

— Só me diz que isso na minha cara não é baba, seu cachorro. Se for, minta, você é bom nisso.

— É assim que você cumprimenta o seu melhor amigo? – perguntou-o Zabini segurando um copo de água com rodelas de limão.

— O meu melhor amigo é o Josh – falou Scorpius, sentando-se na cama.

Carl Zabini fez cara de ofendido.

— Nós crescemos dentro das barrigas de nossas mães juntos, e você me trocou por um americano ridículo? Eu cortaria relações com você, mas...

— Eu te pago muito bem, então, vamos deixar por isso mesmo.

— Eu ia dizer que sou uma pessoa benevolente, portanto eu te perdoo.

O Malfoy revirou os olhos e pegou o copo de que o amigo-agente segurava.

— Só tem água, gelo e limão. Do jeito que você gosta, campeão – disse Zabini antes que o loiro perguntasse. – Olha, até rimou.

Scorpius bebeu um gole e engasgou.

— Você se esqueceu de mencionar a vodca.

Carl ficou surpreso ou fingiu-se surpreso.

— Ah, então eu devo ter trocado os copos e, deixado a sua água na cozinha – explicou ele enquanto o loiro se levantava, apenas resmungando.

— Eu não consigo decidir que tipo de pessoa bebe nesse horário da manhã. Doente ou à toa.

— Em qual definição você encaixaria seu avô?

— Lucius?

— Você tem algum outro que está aqui? – perguntou Zabini virando o copo.

— Será que aconteceu alguma coisa? Ele só bebe às sete depois de uma noite em sociedade para curar resseca, ou quando tem um problema dos grandes.

Carl não respondeu, só se jogou na cama e bocejou.

Scorpius decidiu tomar banho e sair para correr. Não queria saber o que estava perturbando o líder do clã Malfoy, pensou ele com ironia.

xxx

Rose conseguiu chegar com apenas 15 minutos de atraso ao treino. Tanto que um dos treinadores comentou:

— Caiu da cama, Weasley?

— Quase isso – respondeu a morena antes de bocejar.

— Já que estamos todos aqui, eu vou repassar os planos para o jogo de domingo. Você está dentro, Weasley? – perguntou Joanne.

— É claro que sim – respondeu Rose, olhando bem nos olhos da capitã.

— Então, no campo, nós vamos ver o que seu braço direito está aguentando.

A Weasley apenas balançou a cabeça em concordância. Ela tinha dado uma olhada no ombro mais cedo, depois de tomar banho, e apesar de roxo, os movimentos estavam praticamente normais e ela não estava sentindo nenhuma dor. Aquela poção para ferimentos que a avó dela havia ensinado quando conseguiu seu emprego no time fazia milagres.

Os três treinadores do time (o United tinha bons patrocinadores, ou seja, muita grana) deram umas passadas nas jogadas que o time estava preparando para o jogo de domingo e todos se dirigiram para o campo.

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— Fez uma boa jogada ontem, Weasley – disse Schneider. – Estão até dizendo que você pode ganhar a medalha do Daí. Mas não foi tão perigoso assim. Quando eu ganhei...

— Olha aqui, capitã, não estou com um pingo de paciência para seus monólogos, ok? Vamos jogar que eu tenho que encontrar o time de Inglaterra hoje ainda – falou Rose.

— O que aconteceu com você? Está mais rabugenta que o normal.

A Weasley só suspirou e pegou uma das vassouras reservas. Ela não conseguia parar de pensar nas coisas que o Malfoy tinha dito, e estava crescendo dentro dela aquela vontade de esfregar na cara dele como estava errado.

— Hey, Weasley, você deu uma olhada no jornal hoje? Você e o Malfoy estão na primeira página de fofocas – comentou um de seus colegas.

Rose bufou e respondeu:

— Não quero saber, vamos treinar que o tempo rende mais. Além do quê, não estou com paciência para nenhuma das seguidoras da Skeeter.

Os jogadores se dirigiram ao campo e se dividiram em dois times. Era para ser um treino mais leve, com a intenção de fixar as jogadas nas mente de cada jogador, mas Joanne estava tentando acabar com Rose. Ela estava sempre mandando bolas curvas e sempre do lado direito, o lado que estava roxo.

Um dos treinadores, Félix Werneck, chamou a atenção de Joanne para isso. Para que ela usasse mais o lado esquerdo da Weasley, poupando o direito.

— Mas todos no time vão esperar que a gente faça isso. Então é melhor trabalharmos na surpresa.

— Você vai trabalhar no que nós quisermos, Schneider – exclamou Charlie, outro treinador, considerado o mais nervoso dos três. – E não está nos nossos planos impossibilitar a Weasley de jogar no domingo. Pagamos bem para ver as duas jogando, entendeu?

— Impossível não entender depois dessa – resmungou Rose, dando uma olhada no relógio enorme que ficava na em cima da entrada dos jogadores.

— Não acredito no que eu acabei de ouvir – exclamou Joanne. – Você está me colocando no mesmo patamar que ela? Sou muito melhor!

Edward Pevensie revirou os olhos e disse:

— Não, tecnicamente, você não é melhor que ninguém aqui. Somos um time, lembra?

Edward era o treinador que Rose mais gostava. Ele estava na casa dos quarenta e tantos anos, e ainda pensava sempre no espírito de equipe e em levantar a moral de todos. A Weasley achava que isso era devido ao tempo que ele tinha passado treinando o Chuddley Cannons. O time alaranjado não tinha melhorado muito com os treinos de Edward, mas era porque os jogadores não eram bons.

Enfim, ao contrário de Rose, Joanne ficava nervosa com o jeito de Pevensie, achava-o um canastrão e falso entusiasta. Ela quase desceu da vassoura para discutir algumas coisas com ele, mas se conteve. Apenas continuou com as jogadas, evitando o braço direito da Weasley, e aproveitando o tempo que eles teriam antes de Rose precisar sair.

xxx

Scorpius estava sentado à mesa na Mansão comendo o café da manhã reforçado que a sua mãe tinha ajudado os elfos a prepararem. O seu avô continuava bebendo e ninguém parecia se importar, como se isso fosse completamente normal.

— Está acontecendo algo que eu não sei? A gente está perdendo dinheiro, por acaso? – perguntou Scorpius, começando a se preocupar.

– Por que a pergunta? – questionou Draco.

— Porque desde pequeno eu fui ensinado que o meu avô só bebe de manhã quando tem um problema dos grandes.

— Ou para curar ressaca, Scorpius – disse Lucius, deixando o copo de Whisky e pegando uma xícara com café que Narcissa havia acabado de colocar para ele. – Se algo acontecer relacionado à sua fortuna, você será avisado.

— Eu não quis dizer... – começou o jogador, porque não era no dinheiro que seria dele, especificamente, que Scorpius estava pensando.

— Nós sabemos, querido – interrompeu seu avó, olhando para o marido com seriedade. – Olha, seu avô apenas bebeu um pouco demais ontem com o seu pai. Os dois não gostaram de ir ao estádio para te ver perder.

— É. Eu também achei o jogo uma puta merda – exclamou Carl, com os olhos fitos em um smartphone configurado com atualizações do mundo bruxo.

Narcissa arregalou os olhos e falou, um pouco abismada:

— Não foi isso que eu disse, Carl.

Scorpius, Astoria, Draco e o Zabini riram.

— Mas foi ruim mesmo, vó. O Carl só não tem a decência de dizer isso sem falar palavrões – disse Scorpius.

— Ao contrário, colega. Eu só digo o que todo mundo estava pensando – comentou Zabini, antes de comer um pãozinho.

Scorpius viu que avó ia retrucar, provavelmente dizendo que não tinha sido culpa do capitão do time, ou seja, dele, entretanto o loiro se pronunciou:

— Bom, jogos ruins acontecem, e também não foi a primeira vez que eu perdi, e nem vai ser a última. Acho melhor se acostumarem.

— Eu nunca vou me acostumar isso – afirmou Carl. – Se você começar a perder muito, você pode ficar sem contratos, e estou olhando por patrocinadores e um time inglês. Então, não perca. Se perder, eu perco dinheiro. E eu amo dinheiro.

Draco revirou os olhos.

— Eu vi isso, tio – disse Carl.

— Até parece que você precisa de dinheiro – exclamou Astoria. – Sua família é tão rica quanto a gente.

— Não tão rica – adicionou Lucius.

— Tia Astoria, eu não disse que preciso de dinheiro. Eu disse que gosto de dinheiro, e vou te contar, quando vem com nosso esforço, dá um gosto diferente ao gastar – disse Carl com um sorriso de lado. – Além do quê, vicia.

Scorpius deu uma risadinha. Carl era um mercenário, mas ainda assim, gostava dele.

Os Malfoy e o Zabini agregado continuaram tomando o desjejum, quando a elfo Netty trouxe duas edições do Profeta, e entregou uma para Lucius Malfoy sentado à ponta da mesa e outra para Draco, que abriu logo na parte de economia.

— Passa esportes para mim, pai. Quero ver quem joga contra o United no domingo – pediu Scorpius.

— Eu quero a coluna de fofocas, por favor – falou Zabini, e todos na mesa olharam para ele.

— O que foi? – exclamou Carl. – Preciso saber o que estão falando sobre o meu cliente.

— Eu estou na seção de esportes, caso você não tenha notado – comentou Scorpius, pegando o jornal que seu pai estava passando.

— E na de fofocas. É claro que a Jackie Rabnott deve estar falando de você, afinal é o novo gostoso do time.

Novamente, todos na mesa olharam para o Zabini com as sobrancelhas franzidas ou levantadas.

— Vocês sabem que eu não sou gay, só estou reproduzindo o que a nação pensa do Malfoyzinho.

— Talvez você tivesse mudado – comentou Narcissa. – Tudo bem, não ligamos.

— Claro que não mudei. Sra. Malfoy, lembra o show que eu dei em uma das suas festas de natal?

Scorpius segurou o riso quando a avó negou. Ele olhou para a própria mãe e Astoria estava segurando una risada também.

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— Eu estava com uma neta da amiga da senhora vinda da França quando a senhora resolveu mostrar os quartos da Mansão...

Narcissa colocou o cotovelo na mesa, tremenda falta de etiqueta, apertou suas têmporas com o indicador e o polegar da mão esquerda e disse:

— Quando eu finalmente consigo esquecer o ocorrido, você me faz o favor de lembrar. Muito obrigada, Carl.

— Eu que deveria estar agradecendo. Eu me diverti muito naquela noite – comentou o Zabini, sorrindo satisfeito.

Draco encerrou o assunto entregando à Carl a parte do jornal destinados a variedades, ou fofocas, e pôde perceber que tinha uma foto de Scorp e na primeira página.

A coruja da família trouxe uma carta para Lucius e ele saiu da mesa. Logo Narcissa fez o mesmo e se dirigiu ao seu quarto na casa.

— O que estão dizendo? – perguntou Astoria curiosa, de repente, esticando-se para o lado de Carl para poder ver o jornal. – Você sabia? – perguntou ela com os olhos nas fotos divulgadas.

— Não tinha a mínima ideia. Eu achava que ela fosse careta, tia – falou Zabini, passando os olhos pela reportagem.

— Quem diria que os dois teriam isso em comum – comentou Astoria. – Bom, eu achei bonitinho.

— É pequena – falou Carl.

— É delicada, como deveria ser – discordou Astoria.

— Talvez você tenha razão. Mas como conseguiram foco para essa foto tão perfeita?

— E você acha que eu sei?

Scorpius trocou olhares com Draco. Os dois loiros sabiam que Tori e Carl estavam fazendo aquilo de propósito para chamar a atenção dos outros na mesa.

— Tudo bem, nos rendemos – disse Scorpius.

— O que eles estão dizendo? – acrescentou Draco.

— O Profeta está te comparando com Rose Weasley. De novo – explicou o agente de Scorpius.

— Ninguém merece. Se é isso, não ligo para o que dizem – disse Scorpius, levantando-se da mesa. – Achei que fosse um grande furo.

— E é – falou Astoria. – Ela tem uma tatuagem com o sobrenome, exatamente como a sua, e ninguém sabia disso.

Antes de sair do salão de jantar, Scorpius respondeu:

— Eu sabia. Vi ontem.

Os seus pais e Carl viraram-se surpresos para onde ele estava, mas Scorpius já estava subindo as escadas de dois em dois degraus em direção ao seu quarto, para se arrumar para o último treino antes de voltar para os Estados Unidos.

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Scorpius se arrumou rapidamente e saiu sem falar com seus pais ou Carl. Ele estava sem tempo de discutir algo sobre a Weasley, já que passaria o resto do dia aguentando-a.

Malfoy entrou no estádio e só viu Chris Rodrigues, correndo ao redor do campo. O batedor acenou para o loiro ao vê-lo e continuou correndo.

Lucas Hill aparatou atrás de Scorpius com um sorriso estampado no rosto, e novamente fez o sonserino se perguntar por que ele parecia sempre feliz e animado. Será que ele tinha problema? Algum distúrbio mental?

— E aí, capitão? O que a gente tem para hoje? – perguntou ele.

— Não sei dizer, Hill. Como nosso próximo jogo é somente no início de abril, o treinador deve apenas querer fazer algumas recomendações e críticas – respondeu o Malfoy.

— Mas isso não quer dizer que a equipe não vai ter que suar um pouquinho, não é? – comentou Lucas apontando Chris com a cabeça.

— Eu acabei de chegar, e obviamente o Rodrigues sabe que tem que ter trabalhar em sua resistência física.

— Você percebeu alguma falha? – perguntou Hill, começando a descer as escadas até o campo.

— Ele é muito bom no que faz, mas o batedor precisa sempre melhorar.

— Todos nós temos que melhorar se quisermos manter nossos empregos – riu Lucas. – Nós fomos muito mal ontem, não é?

— Poderia ter sido pior – respondeu Scorpius, com um meio sorriso. O cara era estranho e, feliz demais para virar amigo próximo de qualquer sonserino, mas seu humor era meio contagiante.

— Sempre pode ser pior, Malfoy. Isso não é exatamente um consolo – comentou Lucas, ainda com vestígios de riso na voz.

— Acho que eu vou ter que concordar com isso – comentou uma voz feminina atrás deles, e a Longbottom entrou em seus campos de visão.

— Bom dia, meninos – cumprimentou ela.

Scorpius levantou as sobrancelhas e questionou:

— Meninos?

— Não reclame, loiro. Sou mais velha que você – falou Alice.

— Isso não é exatamente uma desculpa, já que me formei dois anos antes de você, colega – falou Lucas e Scorpius estranhou.

Hill era três anos mais velho que ele? Sério? Se bem que o Malfoy não se lembrava dele em Hogwarts, então até que fazia sentido.

— Só que você parece mais novo que eu e a Longbottom, colega— disse Scorpius.

— Exatamente – concordou Alice, levantando a mão para bater na palma do Malfoy.

— Mas isso é tão injusto – falou Lucas, cruzando os braços e imitando uma criança contrariada.

Alice riu e abraçou-o pelos ombros tentando consolá-lo, enquanto Scorpius balançava a cabeça, negativamente, tentando não sorrir.

— Muito bonito. Nós perdemos feio ontem, e vocês ficam aí, se divertindo – Jones vinha das arquibancadas à direita deles, com cara de poucos amigos.

— Ele é muito irritante – sussurrou Lucas Hill, com a cabeça encostada no ombro de Alice.

— Bom, se você tivesse pegado o pomo, nós teríamos ganhado – disse Scorpius, com um olhar superior.

— O que você quer dizer com isso, Malfoy? – retrucou Jones, cruzando os braços e parando em frente ao loiro.

— Eu quero dizer que o desempenho de todos nós deve ser melhorado. Temos que aprender a trabalhar como um time, se alguém erra, todos perdem – disse Scorpius dando um passo à frente para que ficasse cara a cara com o apanhador. – E, que se você tivesse pegado o pomo, nós teríamos ganhado.

Jones fuzilou Scorpius com o olhar, enquanto a Longbottom ria.

Lucas entrou colocou uma mão no ombro do Malfoy e outra no ombro de Jones, afastando-os e pediu:

— Vamos fazer como o Chris, gente. Vamos gastar nossas energias treinando um pouco, tudo bem?

— Claro – respondeu Jones, antes de descer o resto das escadas até o campo. – Se eu fosse você, ficava de olhos abertos, Malfoy. Porque eu vou ficar sabendo de qualquer deslize que você cometer.

Scorpius, Alice e Lucas se entreolharam e o Malfoy piscou duas vezes antes de dizer:

— Ele acabou de me ameaçar? Ele não sabe que nós, sangue-puros sonserinos, somos vingativos?

— Essa criatura não bate muito bem, os flashs das câmeras devem ter afetado o cérebro dele – opinou a Longbottom. – Vamos nos aquecer, que é melhor.

Lucas seguiu Alice pelas escadas, mas ela ainda se virou para falar:

— Você é meu novo ídolo, Scorpius. Adoro quem põe o Jones o lugar dele.

Depois ela deu uma piscada para o loiro, desceu as escadas correndo e tirando a jaqueta de moletom vermelha, que, por um acaso, tinha um leão desenhado nas costas, jogou-a em um dos bancos separados para os reservas durante um jogo, e começou a correr em volta do campo.

Hill deu de ombros, mas se juntou a Alice, Robert e Chris.

Scorpius ficou para trás, era a primeira vez que alguém do time o chamava pelo primeiro nome. Tinha sido estranho, mas ao mesmo tempo, significava alguma coisa. O Malfoy ainda só não sabia o quê.

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Rose estava louca para encontrar com o pessoal do time da Inglaterra e ela nunca pensou que um dia pudesse sentir isso. Pelo menos, não por um time no qual ela não tinha amigos. Com a exceção da Alice, que era namorada do Jay e uma das melhores companhias da Rose, o fofo do Lucas, e Chris, que era seu colega de time no Puddlemere. Tá, tudo bem, ela tinha amigos ali, mas tinha um monte gente insuportável lá também. O Jones e o Malfoy disputavam o primeiro lugar da lista.

Ela entrou no campo e parecia que todo mundo ali já estava cansado. O pessoal do time e os reservas estavam sentado nos bancos bebendo água, suados e respirando pela boca. Que tipo de treinamento eles tinham feito?

E cadê o bendito do treinador deles?

— Bom dia, pessoas – cumprimentou Rose. – Belezinha?

— Boa tarde, né, Weasley? – implicou Scorpius porque ele não aguentava.

— Boa tarde, Malfoy – respondeu ela, olhando para o loiro. – Vai que nesse fuso horário esquisito seu já estamos na parte da tarde.

Scorpius ia retrucar, mas Chris falou primeiro, tentando evitar conflitos:

— E aí, Rose? Como foi o treino do Puddlemere hoje? Vai dar pra você jogar no domingo?

— Uhum. E já estamos cantando vitória, querido.

— É assim que se fala, garota! – elogiou Lucas, aproximando-se de Rose e abraçando-a de lado. Scorpius franziu a testa um segundo para a cena, já tinha percebido que Lucas parecia ser próximo da Weasley, mas o Malfoy não tinha conseguido descobrir que tipo de relação eles tinham.

Não que ele se importasse, porque ele estava pouco se lixando. Mas que aí tinha alguma coisa, ele podia apostar que tinha.

O pessoal ali estava comentando que estavam apenas fazendo um aquecimento, corrida e exercício no chão sem as bolas, porque o treinador Giacomini não tinha dado as caras ainda.

— Sério que ele não estava na sala dele quando vocês chegaram? – perguntou Chris.

— Não – respondeu uma garota do time reserva. – Eu, pelo menos, não vi ninguém.

— Quando eu cheguei, ele estava no vestiário conversando naqueles aparelhos trouxas, sabe?

— Celular – responderam Rose e Lucas ao mesmo tempo, depois sorriram um para o outro. O Malfoy agora tinha certeza que tinha uma história ali.

— Pois é, isso aí. Ele estava nesse conversando nesse negócio, e acho que não me viu. Mas o Giacomini parecia estar falando em espanhol, eu nem sabia que ele conhecia a língua. Vai que temos linhagens vizinhas, né? – brincou Chris, cujo pai era peruano.

— Acho que não. Você não é de algum lugar das Américas? – perguntou Jones, meio desdenhoso. – O Giacomini é espanhol, Rodrigues.

— O quê? – perguntou Alice – Mas ele nunca comentou nada com a gente... Estranho. E o Chris nasceu aqui, cara.

— É, deixa de ser idiota. Ele estudou em Hogwarts com a gente, lembra, não? – falou Rose, meio irritada com o jeito de Jones falar, como se não gostasse de estrangeiros. Coisa mais preconceituosa.

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— Deixa pra lá, Rose. Tenho muito orgulho das minhas origens. Só fiquei curioso porque o Giacomini nunca comentou nada, seria legal conversar com ele en español. Como você ficou sabendo disso, Jones?

— O quê? – questionou Jones meio surpreso. – Não lembro. Acho que li no Profeta. Sei lá, não sou obrigado a lembrar. Mas não queria falar mal da sua família, não, cara.

Jones falou isso bem rápido; ou ele tinha ficado sem graça porque a Weasley e a Longbottom meio que repreenderam ele, ou o Jones estava querendo mudar de assunto por algum motivo. O Malfoy até pensou que ele pudesse estar escondendo algo, mas deixou pra lá. O Jones era um babaca que não lhe interessava nem um pouco quando o assunto não era os jogos que precisavam jogar como um time.

— Tá, sem problema, Jones – respondeu Chris, e Scorpius perguntou de onde a família dele era, porque ele tinha jogado com o All-Star em alguns países da América Latina. Apenas o pai de Chris tinha nascido em Lima, cidade que o Malfoy já tinha visitado pra competir, e ele teve que reclamar da altitude, que era horrível para quem não estava acostumado. Os dois entraram numa conversa sobre os principais times peruanos e sul-americanos, e como estava indo o campeonato por lá.

Depois que todos se alongaram mais um pouquinho, inclusive Rose, Giacomini resolveu dar o ar da graça e algumas orientações ao time. Ele cobrou mais resistência dos batedores, deu outras dicas para melhorar o desempenho do time e encerrou o treino pouco tempo depois dos jogadores titulares e os reservas treinarem as mudanças sugeridas. Não falou nada a respeito das novas jogadas que o Malfoy tinha sugerido, nem comentou o desempenho contra os EUA.

Todos se dirigiam para o vestiário, mas o treinador chamou Scorpius para discutir como ficariam os treinos enquanto o Malfoy estivesse jogando no All-Star no mês seguinte. Apesar de louco por um bom banho, o loiro seguiu Giacomini até a sala dele, sem saber que estava se tornando o assunto dos jogadores no vestiário.

— Ai, ai. – suspirou uma das artilheiras reservas. – Esse loiro é uma delícia até de costas, né, gente? Olha esses ombros largos...

Rose revirou os olhos porque não aguentava Carolina sempre falando que o Malfoy era isso ou aquilo.

— Pena que ele não gosta de mulher, né, Carol? – comentou uma tal de Louise que era a mais nova ali no time.

— O quê? – exclamaram juntas Rose e Alice.

— Qual é, meninas? Vocês estavam em Hogwarts junto com ele e não sabiam disso? – questionou a garota nova com um sorrisinho.

— Exatamente por termos ido à escola com ele, é que sabemos que o Scorpius não é gay – respondeu Alice, enquanto Rose fazia careta ao lembrar de quando viu o Malfoy aos beijos com a Joanne num dos corredores do sétimo andar. Parecia que eles estavam almoçando um ao outro; foi tão traumático que a Wealsey pensou por um tempo que teria que fazer terapia de choque para esquecer a cena.

— É, Louise – falou Carolina. – Todo mundo sabe que ele namorava umas modelos trouxas famosas nos Estados Unidos. Saiu até foto e tudo no Semanário teen.

— Você lê essas coisas, Carolina? – riu Chris Rodrigues. – Fala sério, aquela parece ser o tipo de revista que só tem fofoca e sem provas concretas. Agora sobre o Malfoy, eu só lembro da minha irmã ter comentado que ele estava pegando a namorada do agente dele uma vez.

— Credo, que baixaria. O agente do Malfoy não é amigo de infância dele? – perguntou Jones como se estivesse horrorizado, mas Rose sabia que o apanhador só queria que o capitão ficasse mal na frente de todos.

Não, é claro que ela não estava defendendo o Malfoy, mas a Weasley também se lembrava de como o loiro idiota andava o tempo todo com o Zabini na escola, e ela apostava que um pegar a namorada do outro era uma grande violação no código de amizade dos bros espalhados por aí.

— Eu li isso em algum lugar também, mas a notícia falava que ele deu una amassos na namorada de um dos colegas de time dele na mesma semana – comentou Louise.

Alice revirou os olhos e riu:

— Mas você não acabou de afirmar com toda certeza que o Scorpius não gostava de meninas?

— Eu só estou dizendo o que eu li, okay? – respondeu Louise na defensiva. – Ou vai dizer que você nunca viu no Profeta que o Malfoy saía para festas com uns cantores trouxas e chegava a usar drogas com eles?

— Gente, essas histórias que vocês estão ouvindo e lendo por aí estão ficando cada vez mais absurdas. E o pior, vocês estão falando coisas do Scorpius sem ele estar aqui para se defender. Só porque a pessoa é diferente e se sobressai, todo mundo lembra ou comenta um caso e inventa mentiras só pelo prazer de acabar ela.

Nessa hora, todos ficaram calados e olharam para o Lucas, afinal não tinha motivo para defender o Malfoy e todo mundo comenta fofocas, mas quase ninguém realmente acredita, então por que ele estava tão sério sobre o assunto?

Rose era a única ali que sabia que as pessoas já tinham falado muitas coisas ruins sobre Lucas Hill porque ele era nascido-trouxa e que os maiores problemas dele não haviam sido sangue-puros arrogantes, então ela suspirou e disse:

— Lucas tem razão, isso tudo é uma idotice.

— Mas se não tivesse um fundo de verdade, as pessoas não estariam comentando, Hill – insistiu Louise. – Igual, vocês viram aquela vez que saiu num tablóide que o Malfoy chegou a ter um irmão, sei lá se era gêmeo ou mais novo, mas aí o Scorpius se livrou dele pra não ter que dividir a herança? Eles perguntaram isso numa entrevista para mãe dele, eu lembro...

Lucas deu uma risada incrédula e foi para os chuveiros dizendo:

— Bando de babacas.

Carolina e Louise deram de ombros e sorriram uma para outra, afinal sempre acharam que a postura “sou legal” de Lucas era fachada e que ele era um idiota que se achava melhor que todo mundo. Agora elas tinham plena certeza disso.

— O que deu nele? – perguntou Mike Jackson.

— Ele é só uma lufano muito gente boa que não gosta de injustiças – explicou Rose. – E que, como todo mundo, perde a paciência com gente idiota.

— Ai, Weasley, como se a gente não soubesse que você só fala isso porque é louca para ficar com o Lucas e fazer todo tipo de coisa com o cara, mas ele nunca se interessou.

— Nossa, Louise, e eu achava que estava escondendo tão bem... – falou Rose como se tivesse acabado de ser rejeitada e rindo depois junto de Alice, Mike e Chris.

Enquanto Louise falava, Scorpius tinha se aproximado do vestiário, então ouviu o que a Weasley disse e, com isso, as suspeitas dele a respeito do Hill e da Weasley estarem envolvidos se esvaíram, afinal ele conhecia o desdém na voz de Rose como conhecia os time de quadribol da Inglaterra, mesmo que ainda achasse que havia uma história ali entre os dois.

Claro que, com a chegada de Scorpius, o assunto do dia, todos se voltaram para o anúncio de Giacomini que os treinos ia continuar mesmo com Scorpius Malfoy nos Estados Unidos.

Rose sorriu ao ouvir a notícia. Ela ficaria 30 dias, trinta, sem ver aquela cara pálida do Malfoy, e teria a chance de melhorar no jogo e esfregar na cara daquele sonserino que ela era a melhor artilheira que ia cruzar o caminho torto dele.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.