Jogos Vorazes - Glimmer

Capítulo 8 - Eu odeio o Distrito 12 ainda mais


O dia seguinte é o dia da avaliação individual.

Marvel é o primeiro a demonstrar suas habilidades. Como somos do Distrito 1, seremos os primeiros a exibir o que sabemos para os Idealizadores, que darão uma nota de zero a doze para cada tributo.

Na maioria das vezes, os Carreiristas ficam com notas de oito a dez, enquanto a nota dos outros tributos ficam por volta de cinco. Como sou Carreirista, provavelmente terei vantagem e minha nota pode chegar facilmente até doze.

Marvel sai do lugar confiante, todo feliz da vida.

— Sua vez agora, Glim. — diz ele.

Ando silenciosamente até o lugar onde serei avaliada. Sorrio para os Idealizadores, que aparentam estar felizes com a minha presença.

— Glimmer Ellis, Distrito 1. — me apresento.

A primeira coisa que faço, obviamente, é pegar um machado. Escolho o de aparência mais cruel para mostrar que sou forte e habilidosa. Corro em direção a alguns bonecos de treino. Decapito um ou outro e consigo cortar com o machado algum ponto em que o impacto seria fatal. Comecei muito bem, sinceramente falando.

Já que não posso só me concentrar no machado, corro para pegar um arco. Mesmo que não seja muito boa com ele, preciso mostrar que tenho habilidade em diversos tipos de armas.

O que fiz foi um erro. As flechas não atingem qualquer ponto fatal, e a maioria se crava no braço ou na perna do alvo. Talvez os Idealizadores tirem um ponto da minha nota por culpa disso, mas nada muito sério.

Depois de provar que sou boa com facas, espadas e zarabatanas, sou finalmente liberada do lugar.

— Foi bem, Glimmer? — pergunta Silvia, que aparentemente estava esperando-me em uma mesa.

— Sim, fui ótima. — respondo confiante.

***

Cashmere, Marvel e eu sentamos no sofá para ver a divulgação das notas. Sinto minha mão ficar trêmula com o nervosismo e discretamente agarro a mão de Marvel.

O primeiro rosto a aparecer na tela é de Marvel. O número nove brilha na tela.

— Parabéns, Marvel. — parabeniza Cashmere. Sorrio para ele e Marvel faz uma pose heróica, o que me faz rir.

Em seguida, o meu rosto aparece na tela, revelando minha nota: um belo nove.

Se eu não atirasse aquelas flechas, será que minha nota seria maior? Que seja, um nove é mais que ótimo.

Cashmere me parabeniza e voltamos a assistir as pontuações dos outros tributos. Cato e Clove conseguem um dez, Silvia tira a nota oito, a Raposa do Distrito 5 pontua cinco.

A menininha do 11 incrivelmente consegue um sete, mas o grandalhão de seu Distrito, Thresh, consegue uma nota maior que a minha: um dez.

E é então que a Garota em Chamas aparece e o número onze pisca abaixo de sua foto. Como assim ela tirou onze? Sua nota foi maior que a de todos os tributos e o que ela faz? Apenas amarra alguns nós?

Marvel reage da mesma maneira de quando ela pegou fogo no Desfile. Só que agora, certamente a situação é pior. Além de a Garota em Chamas atrair a atenção da maioria dos patrocinadores, também provou que pode ser mais habilidosa que eu ou até Cato.

Dessa vez, junto-me a Marvel em nosso ataque de raiva.

Cashmere vai para seu quarto e ouço-a batendo a porta com força. Até ela está assim, surtando de raiva.

Depois de um tempo socando uma almofada, decido que é melhor parar de descontar a minha raiva.

— Marvel, acalme-se. — digo a ele, pousando a mão em seu ombro. Ele se acalma rapidamente.

— Desculpe-me, Glimmer.

— Pense pelo lado bom, Marvelous. Nós continuamos a ser mais lindos que ela.

Ele ri comigo e me ergue no ar. Em seguida, ele me coloca em seus braços, me carregando em direção ao quarto.

— Vamos ir dormir, princesa.

Marvel me deixa na cama. Levanto-me e pego um pijama e coloco ali mesmo, sem me importar com Marvel. Aliás, ele é meu namorado, não devo ter vergonha dele.

— Pode dormir aqui comigo, hoje? — pergunto.

— Mas é claro que sim. — ele me empurra na cama e se deita ao meu lado, cobrindo-nos com o cobertor.

— Glimmer, amanhã já é o último dia antes de entrarmos na Arena. Quero ficar ao seu lado até entrarmos lá.

— Por mim tudo bem. Eu te amo, Marvelous.

Dou um beijo nele, mas esse é certamente o melhor de todos: o mais intenso, o que me faz desejar por mais. Envolvo Marvel com meus braços e ficamos ali, unidos.

— Quero ficar ao seu lado para sempre. — digo.

— Eu também quero, mas infelizmente amanhã será o último dia antes da arena. O último para podermos nos abraçar tranquilamente.

Beijo-o pela última vez antes de dormirmos e adormecemos rapidamente.

***

A Equipe de Preparação finalmente termina de arrumar meu cabelo, maquiagem e unhas. Hoje é o dia da entrevista com Caesar Flickerman, e também é o último dia que temos antes de entrarmos na Arena. A maioria dos tributos passará a noite em claro, porque todos ficam nervosos para o dia de amanhã.

Lyla me orientou a ser simpática e mostrar minha beleza ao público quando eu estiver falando com Caesar, mas como sou boa em ser uma pessoa doce, não será nenhum desafio. Farei com que reparem em mim, e não na Garota em Chamas. Não há dúvidas: a noite será minha.

Magnus fez para mim um belíssimo vestido dourado transparente, que faz com que eu fique mais bela, mais atraente. Visto-o e admiro minha imagem no espelho até Magnus me entregar um par de sapatos prateados e colocar o anel de Gary em meu dedo.

— Estou fantástica. — digo a ele, que me guia até o lugar onde os tributos esperam para ser entrevistados.

— Brilhe mais que qualquer um hoje. É a sua noite e você sabe disso.

Me separo dele e vejo os outros tributos. Marvel está bonito em um terno azul. Silvia, que está vestida com um traje cheio de rosas me cumprimenta de longe.

Sou a primeira a ser chamada para ir ao palco. Não estou nervosa, então subo confiante e caminho até Caesar Flickerman.

— Está linda, Glimmer! — exclama ele, depositando um beijo em minha mão.

— Obrigada, Caesar. Você também está! — ele faz uma expressão confiante e a plateia vai à loucura quando mando beijos à eles.

— E como você acha que se sairá nos Jogos? — pergunta ele.

— Vou vencer, é claro! — digo, confiante. Posso sentir que há uma ponta de dor em minha voz quando lembro-me de Marvel.

— Tem certeza disso? Quer dizer, já viu o tamanho dos outros tributos? — pergunta Caesar em um tom de dúvida.

— São grandes, mas consigo dar um jeito.

— E o que está achando da Capital? — pergunta ele e a multidão se anima, curiosos para saber o que acho deles.

— São todos lindos, eu gosto das cores e da animação das pessoas daqui. — todos gritam animados. — Sem falar que gostei muito do cabelo daquele rapaz da plateia! — digo, apontando para um garoto com o cabelo verde, que quase desmaia quando mando um beijo a ele.

— Você está adorando, pelo visto.

— Adorando é pouco, estou é amando o pessoal daqui!

— Glimmer, infelizmente seu tempo acabou. — diz Caesar, triste. — Senhoras e senhores, essa foi Glimmer Ellis, nossa linda tributo do Distrito 1!

Despeço-me de Caesar enquanto ouço os aplausos animados da multidão. Ouço todas as outras entrevistas entediada, até que Peeta, o garoto do 12, declara seu amor pela Garota em Chamas na frente do país. Sinto meu rosto ferver com a raiva.

Esses tributos do Distrito 12 estão realmente pedindo para morrer.