Estava esperando Eileen Lee dizer quem tinha sido sorteada, até que ela disse bem alto o meu nome. Foi andando para frente e todos abriram caminho para eu passar, não sentia vontade de chorar, nem de gritar, me sentia normal, tentava mostrar isso para todas as pessoas a minha volta.

Enquanto andava ouvia gritos da minha mãe e choro também, senti vontade de chorar naquele momento, não por ter sido sorteada, mas pela minha mãe, se eu morrer ela vai sofrer muito, eu não quero isso para ela.

Vou até o palco e Eileen faz a minha saudação. Tentei ficar o mais séria possível, mas não conseguia com minha mãe chorando tanto, queria gritar para ela ficar tudo bem, mas eu não conseguia.

Não consegui prestar atenção no nome que Eileen tirou, mas subiu um garoto bem alto e bonito também, ninguém se voluntariou por ele, mas parecia que ele não queria, ele não parava de rir.

Alguns pacificadores deram um soco bem na cara da minha mãe para ela de acalmar, ela acabou desmaiando, não consegui olhar para Eileen nesse momento nem para ninguém. Só ouvia a voz de Eileen Lee naquele instante dizendo: "Clove, Clove, acorda! Olha para cá, aperta a mão do Cato, Clove! Clove!" Mas eu olhava fixamente para frente, enquanto Eileen me dava uns tapinhas no braço para eu acordar.

Olhei bem devagar para o lado, com uma lágrima escorrendo no meu rosto. Aperto a mão do tal Cato e sigo Eileen para falarmos com nossos parentes dentro do Edifício de Justiça.

Entro dentro de uma sala grande e toda decorada com móveis antigos, pareciam ser bem caros, me sentei em uma cadeira do lado de Cato.

–Sou Cato.-ele disse estendendo a mão.

–Eu sei.-digo friamente.

–Você parece bem legal.-ele ri.

Apenas olho para o lado porque a porta se abriu, parecia ser a mãe de Cato. Eles se abracaram e em seguida entrou um cara alto que parecia ser seu pai.

Depois os dois saíram e entrou uma menina, parecia ter a minha idade mais ou menos. Eles dois pareciam ser bem próximos, porque ele dizia toda hora no seu ouvido: "Eu te amo muito"

Até que um pacificador entrou e a tirou de lá, ela ficou gritando pois não tinha terminado de se despedir dele, então o sorriso que estava em seu rosto se apagou. Ele deu um suspiro e sentou do meu lado.

–Seus parentes não vão chegar?-ele pergunta.

–Minha mãe está inconsciente, não sei se meu padrasto virá. Então acho que não.-falo.

–Eu entendo.-diz ele.

Até que meu padrasto entrou na sala e eu fui cumprimentá-lo.

–Clove, eu sei que não falo direito com você, mas eu quero te desejar tudo se bom, não quero que você se machuque...

–Eu vou me machucar.-digo.

–Não, você não vai! Eu juro, você ganhará!-diz ele.

–Eu sei que vou, mas com certeza me machucarei, ninguém volta da arena cem porcento bom, todos voltam com ferimentos graves. Eu apenas estou triste por causa da mamãe, queria muito poder falar com ela, mas fora isso eu vou ganhar sim, claro.

Olhei para Cato e ele revirou os olhos.

–É assim que você deve agir.

–Nunca tive medo dos Jogos Vorazes, sei que sou mais forte que muitos que estarão lá, não tenho pena, matarei sem dó, pois farei de tudo para poder ver minha mãe novamente.

Ele sorriu.

–Fui treinada para isso, sou carreirista, desde meus 12 anos foi treinada, aquilo não foi à toa, não sou mais uma menininha, posso matar gente e eu vou.

–Está falando como uma assassina!-ele ri.

–Me tornarei isso quando eu ganhar-digo.

–Clove, não se torne uma assassina, você está fazendo isso pela sua mãe, não por vontade própria, entendido?

–Nunca mataria alguém sem um motivo.

–Me promete uma coisa?

–O que?

–Não se torne uma pessoa má, cada vez que matar alguém, pense na sua mãe, estaremos torcendo por você. Ah, é volte com vida.

–Pode deixar.

Eu o abracei e um pacificador apareceu e o tirou de lá.

Nunca tive um momento assim com ele, nunca ficamos tão próximos.

Me sentei e dei um suspiro.

–Olha, não pensei que estivesse tão confiante.-ele disse.

–Eu estou, claro. Não sou dessas de chorar fácil. Sou forte, Cato. Muitos vão que se aliar a mim.

–Também sou forte, sabia? Eu também consigo vencer, não pense que todos lá são fracos.

–Cato, eu não perco, lembre-se disso.

–Falar é fácil, Clove.

–Não me subestime, eu sou muito ágil, treino sozinha em casa porque eu pensava que um dia chegaria a minha vez. É chegou.

–Nunca vi uma menina tão determinada!-ele sorri.

–Eu já sabia disso.-sorrio.

–Acho que vou querer você como aliada, mas nunca vi você agindo então não sei se você é tão forte quanto diz.

–Quem disse que eu vou querer você como aliado?

–Só acho que posso ser mais forte que você, tenho mais músculos.

–Posso não ter músculos, mas sou boa com armas, principalmente afiadas.

–Tudo bem então.-ele diz.

Eileen entra é nos encaminha até o trem. Quando entramos, ele era muito lindo, muito lindo!

–Bem, a viajem demora mais ou menos umas 13 horas, então vocês podem ir para os seus quartos, nos vamos fazer um lanche daqui a pouquinho.-ela sorri.

–Eu irei para o meu quarto.-digo.

–Eu também.-diz Cato.

Fiquei um tempo no meu quarto deitada, não tinha nada para fazer mesmo.

Até que Eileen bate na porta e eu abro.

–O que foi?-pergunto.

–Queridinha, o lanchinho já está servido! Você está aí a duas horas, sendo que não tem nada de bom para fazer, a menos que você estivesse dormindo, mas parece que não! Então vamos ao lanchinho, vamos!-ela diz e então dá um sorriso.

–Só estava pensando um pouco Eileen!-disse.

–Vamos ao lanchinho, chega de pensar!

Foi para a mesa e lá estava Cato e um outro homem que eu não conhecia. Me sentei ao lado de Eileen, e comi bastante coisa, eu realmente estava com fome. E eu descobri, que o homem se chamava Hector e era nosso mentor.

Depois do lanche Hector nos ensinou um pouco como sobreviver aos Jogos.

–Olha, sempre ensinei aos meus tributos carreiristas que eles devem ir para cornucópia, porque vocês são carreiristas e todos tem medo de você, tentem colocar medo neles, que sairão com vantagens.

–Todos que vão para cornucópia se dão mal.-digo.

–Menos os carreiristas, se vocês se aliarem aos outros carreiristas vão poder matar os outros juntos e claro que vão se dar bem.

–É apenas colocar medo nos outros tributos?-Cato pergunta.

–Não apenas isso, você não pode dar mole, qualquer tributo pode te matar, então é melhor você andar sempre junto aos carreiristas do distrito 1 e a Clove, se tiver mais alguém forte o suficiente,vocês deve se aliar a ele.

–Vai ser um bom jogo.-diz Cato.

–Acho que procurarei as facas, sou boa com elas, posso acertar qualquer pessoa com aquelas belezinhas!-sorrio maliciosamente.

–Ótimo, procurem as armas que vocês saibam lidar. Clove é boa com facas e você Cato é bom em algum?

–Bom, especificamente não.-diz ele. -Você terá tempo para treinar Cato.-diz Hector.

Ficamos um pouco discutindo, só que eu foi dormir pois estava cansada de tudo isso. Quando eu acordasse já estaríamos lá.