Nas horas antes do anoitecer nós preparamos tudo para o banquete, temos sorte por sempre carregamos nossas armas, se não teríamos as perdidos na explosão. Clove tem uma enorme coleção de facas, me pergunto onde ela arrumou isso, mas acho que aquilo nunca saiu de perto dela desde quando a garota pegou na cornucópia, ela mantinha aquilo consigo como se fosse um tesouro. Eu dessa vez escolho uma lança para enfrentar a luta de mais tarde.

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- Como Peeta ainda não morreu? – Pergunta Clove treinando arremesso de faca.

- Ele vai morrer. Katniss deve ter o colocado em cima de uma árvore, e está tentando curar seus ferimentos.

- O que será que vai ter na bolsa dela?

- Acho que um remédio para o conquistador.

Sobre uma coisa eu tenho certeza, Katniss vai estar nesse banquete. Peeta não deve ter condições de andar, eu não vejo a garota do distrito 5 desde do banho de sangue e tem o garoto do 11. Ele tirou uma nota muito boa, Marvel me disse que tentou convencê-lo a se juntar conosco, mas ele não aceitou. Pior para ele.

Conto para Clove sobre Katniss e seu arco e flecha, como ela tem a vantagem de poder matar a distância e nós dois concordamos que o que mais precisamos é algo para nos defender de suas flechas.

Observo o céu esperando um oponente a menos ao amanhecer, mas ninguém aparece hoje à noite. Amanhã haverá rostos lá no alto. Banquetes sempre acabam em fatalidades.

Começa a esfriar, a mudança de temperatura é bem rápida. Entro na cabana feita de esteiras com Clove. Como todos devem estar descansando para amanha não é preciso vigias, nós ficamos abraçados para nos aquecer esperando a hora do banquete.

Penso em como as pessoas devem estar reagindo a isso tudo. Mudança nas regras, minha aparente relação com Clove e nossos planos para sermos vencedores. Muitos devem estar fazendo apostas, as pessoas do distrito 12 devem estar à loucura. É muito raro um tributo desse distrito passar do banho de sangue, quanto mais chegar entre os oito finalistas.

As apostas devem estar crescendo muito, todos devem estar animados para ver o banquete, juntos em suas casas ou até em praças torcendo por seus prediletos nos jogos. As aulas devem ter sido suspensas e as crianças que um dia iram se voluntariar não desgrudam da televisão. Logo isso tudo vai acabar, Clove e eu vamos estar na Capital e voltaremos para casa como vencedores.

Clove acaba adormecendo, mas eu não durmo. Não por medo de alguém invadir nosso acampamento de noite, mas não posso arriscar perder a hora. Apenas fico deitado ao seu lado.

Através de uma pequena abertura da barraca observo a lua cruzar o céu. Agora que, de acordo com meus prognósticos, faltam três horas para o amanhecer.

Acordo Clove para nós terminamos os preparativos, desmontamos a barraca, só temos um óculo de visão noturna de modo que eu o coloco e combino com Clove que posso guia-la pela escuridão, pego uma pequena mochila e a encho de comida e uma garrafa de água e escondemos o resto. Não temos como leva-los seria peso demais para carregar em uma luta, mas não queremos que os outros encontrem, por isso colocamos tudo em cima de uma árvore. Voltaremos aqui depois para pegar as nossas coisas, ou talvez nem precise, pois o jogo pode acabar ali mesmo.

- Vai dar tudo certo – Digo, e beijo os lábios macios e quentes de Clove.

Minha respiração produz pequenas nuvens brancas ao atingir o ar. Está tão frio quanto uma noite de novembro no distrito 2. Uma noite que, como sempre, vou treinar, mas não antes de passar pelos cuidados de minha mãe. Ela sempre dizia que devo colocar um casaco ou para deixar o treinamento para quando o sol nascer. Acho que no fundo ela deve gostar de mim, ou apenas deve ter se arrependido de me ter feito essa máquina de matar.

Pegamos o caminho do rio e passamos pelas fogueiras, nós movemos o mais rápido que podemos, seguro os braços de Clove a guio. Os óculos são realmente fantásticos!

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A floresta de noite é sempre diferente, mas já a conheço bastante para chegar rapidamente à cornucópia. Ainda está escuro quando vemos o enorme chifre dourado.

- Cato, eu quero fazer isso – Diz Clove.

- O que? – Digo assustado – Não, você fica aqui e me espera voltar!

- Não acha que eu possa mata-los?

Clove tem uma enorme habilidade, depois do que vi a garota fazer no banho de sangue acredito que ela possa matar qualquer pessoa.

-Se deixar Katniss por minha conta vou dar um show inesquecível ao público, prometo – Diz Clove dando aquele seu sorriso irônico que eu não vejo há muito tempo.

Percebo que não sou só eu que estou feliz com a perceptiva de matar alguém.

- Certo, eu vou ficar aqui e matar os que conseguirem escapar. – Digo quando o céu começa a Clarear. – Você promete que vai voltar? – Eu sei que não se podem fazer promessas assim já que isso não depende de Clove, mas a garota parece muito confiante quando responde:

- Eu prometo.

A arena já está suficientemente iluminada para que eu possa retirar os óculos. Ouço os pássaros da manhã cantando. No instante em que o primeiro raio de sol reluz na cornucópia dourada, ocorre um distúrbio na planície. O chão na frente da boca do chifre se divide em dois e uma mesa redonda revestida com um tecido branco como a neve surge na arena. Sobre a mesa se encontram quatro mochilas, uma pequena cor de laranja marcada com o número 12, uma verde tamanho médio com o número 5 e duas pretas grandes com os números 11 e 2.

E nesse péssimo momento que eu resolvo falar.

- Clove! – A garota olha pra mim. Não sei como demonstrar sentimentos, nunca fiz isso antes. Não posso dizer tudo agora dessa forma, eu terei outro momento para falar não terei? Quando voltarmos para casa seremos vizinhos. Poderei falar com ela e até lá ter certeza por tudo que eu sinto. Como não crio coragem para falar nada agora apenas digo: - Volte logo!

- Pode deixar.

Katniss aparece correndo em direção à cornucópia, Clove corre em disparada atrás dela, mas antes para alguns segundos e grita:

- CATO! A RUIVA!

Olho para o lado esquerdo e vejo uma garota ruiva correndo segurando uma mochila verde. Corro atrás dela, cada vez mais me afastando da cornucópia, ela por ser pequena é bem ágil. Nunca tinha reparado nela no centro de treinamento. Acho que ela ficava mais nas estações de sobrevivência, deve optar mais para o lado da defensiva, ou seja, se eu conseguir alcança-la poderei mata-la bem facilmente. Mas esse é o problema, alcança-la.

Corro tão rápido que temo acabar tropeçando em alguma coisa, à garota tem as penas longas, mas da mesma forma consigo chegar ao seu alcance. Quando estou cerca de dez centímetros de distância dela dou um salto e agarro suas pernas.

Caio no chão junto com ela, que não para de se debater e usa uma pedra pontuda para me atingir. Não levo muito tempo para imobilizar a garota. Como já havia percebido antes, ela não deve ser muito boa de luta corpo a corpo.

- Acho que o distrito 9 não terá um vencedor dessa vez. – Digo pegando minha lança.

- CATO! – Escuto um grito.

Paro e olho para a garota abaixo de mim, ela está apavorada, mas sua boca não se mexeu. Esse grito não veio dela.

- CATO! – Escuto o grito novamente e dessa vez consegui reconhecê-lo. É o grito de Clove.

Automaticamente saio de cima da garota e começo a correr em direção da cornucópia.

- CLOVE! – GRITO EM RESPOSTA

Não devia ter me afastado tanto assim, eu tinha que ignorar a garota ruiva e ficar vigiando Clove, ela pode ser a garota mais durona que eu conheci, mas também tem seus pontos fracos. A garota com coração frio que não tem pena de matar é a mesma que tem pesadelos durante a noite e chora por causa deles.

- CATO!

- CLOVE! CLOVE! EU ESTOU INDO!

Sei que é completamente burrice gritar dentro de uma arena, qualquer um pode saber minha localização agora, mas eu não me importo só quero chegar até Clove.

-CLOVE! –grito temendo a falta de resposta.

As folhas me machucam devido à velocidade, elas parecem pequenas laminas que entram em meu corpo cada vez que dou um passo, mas eu não paro de correr.

- CLOVE – Grito novamente, mas agora encontro dor em minha voz.

Clove está no chão, vejo o garoto do distrito 11 correndo para a planície e Katniss entrando na floresta.

Ignoro completamente a opção de correr atrás dos dois e corro diretamente para onde Clove está deitada.

Eu me ajoelho ao seu lado ainda com a lança na mão. Ela não está sangrando, mas sua cabeça está virada de uma forma estranha e ela está encolhida. Mas ainda há algum sinal de vida nela. Dá para ver pelo movimento do peito, pelo gemido baixo que lhe escapa dos lábios.

- Fique comigo – Digo segurando sua mão e sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Ela não me responde. – Por favor, você prometeu!

Olho para Clove e vejo como ela parece tão pequena encolhida daquela forma. Como fui burro o bastante para deixar que aquela garotinha enfrentasse tudo isso. Começo a lembrar de muitas coisas. Do boneco recheado de facas com meu nome escrito. Da sua carta em minha carteira da escola. Do dia da colheita. Clove no centro de treinamento arremessando facas. Nossa guerra de comida. Quando ela estava experimentando um vestido azul cor do mar e como estava linda. A garota me levando para a enfermaria quando machuquei minha mão depois de socar a mesa. A primeira vez que nos beijamos no centro de treinamento, mesmo não sendo um beijo de verdade. As palavras de Leoni. Quando eu disse a clove que nunca fingiria amar alguém para ganhar os jogos. A vez em que salvei Clove da arena em chamas. Todos os nossos beijos. Nossa dança a melodia dos pássaros. A vez que ela disse que me amava. Quando eu a abraçava em meio aos seus pesadelos e a protegia. Agora eu posso dizer que realmente sinto, Clove tinha razão sobre tudo o que disse. Não dá para explicar, não é algo tão simples ao ponto disso. Não tenho mais dúvidas. Não preciso mais esperar para dizer. Tenho total certeza do que sinto e sei que é real.

- Eu te amo, minha pequena.

Então escuto um tiro de canhão.