Três dias e quatro noites se passaram. Três dias e quatro noites eu me preocupei com o meu futuro. Três dias e quatro noites eu esperei por qualquer coisa, mas nada veio. Sonhei com o rosto de Adam me procurando pelo escuro, sonhei com a nossa morte, a de ambos. Esperei, foi o que eu mais fiz. Eu só descia para beber gelo e comer cascas de árvores. Eu passei todo o tempo sobre as árvores sem nenhuma esperança, apenas que Adam morresse antes e eu conseguiria voltar para casa.

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Eu estava na quarta noite sem esperar por nada e aí eu escutei o vulcão. Parado dez do primeiro momento que eu cheguei na arena e agora estava a ponto de explodir. Aquele era o final, se Adam ou eu não morrêssemos, aquilo iria nos reunir. Eu desci da árvore e me machuquei com os galhos me puxando e implorando que eu parasse para ficar.

Eu comecei a correr e vi os outros animais correndo ao meu lado. Eles facilmente me ultrapassaram. Eu corri para o lago, corria com os pulmões querendo explodir e precisando de ar. Eu sentia os meus pés doendo e com bolhas, mas eu não parei. Parei alguns segundos para observar a lava transbordar da boca do vulcão.

Meu coração saltou e eu pensei que ele fugiria por minha boca. Corri mais e achei o lago. Vi a ilha, a pequena ilha que me salvaria, se eu conseguisse chegar nela.

Comecei a correr sobre o gelo, mas ele derretia a meus pés até que eu caí na água.

Senti o líquido gélido penetrar no meu nariz e me fazer rezar por ar. Senti meu corpo se paralisando mas eu nadei, nadei porque estava a pouco da ilha e eu ainda tinha chance. Nadei pela minha vida.

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Eu estava na beira da lagoa. Minha respiração estava pesada e meus pensamentos estavam embasados, eu tentava levantar, consegui, mas me apoiei em uma árvore esquelética. Minha espada e minha zarabatana permaneciam ali, apesar de eu apenas possuir minha lâmina.

Eu olhei o horizonte. Vi a lava entrar na água que antes tinha lambido meu corpo e senti o vento gelado passar as mãos por meu rosto. Suspirei e uma voz falou atrás de mim:

-Agora sou só eu e você.