Ivy Greene
Capítulo 15
Meu relógio biológico me despertou. A salinha, antes escura, agora recebia um pequeno filete de sol que entrava pela janela fechada e coberta por uma densa cortina empoeirada. Minhas costas doíam por ter dormido no sofá pequeno e velho, mas meu coração sorria, e a dor física de nada se comparava com a felicidade emocional daquele momento, pois encostado-se a meu do meu busto, estava Draco Malfoy dormindo docemente.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Doce. Acho que essa é uma das muitas palavras que não se encaixam na pessoa que eu dizia conhecer e odiar tanto. Mas que era perfeita agora. Eu sentia seus braços encostados de leve em torno da minha cintura e me trazendo uma sensação incrível de aconchego. Imaginei se toda essa loucura no mundo bruxo não estivesse acontecendo.
O que seria de nós dois? Ainda nos odiaríamos, ou a rivalidade com Harry não existiria e seríamos apenas desconhecidos que se esbarram nos corredores de Hogwarts?
Mas se em uma pequena porcentagem disso tudo estivéssemos da forma como estamos agora? O que não ajuda muito, já que não sei, realmente como estamos. Juntos? Apenas nos distraindo? Ou sabe-se Merlin o que... Imagino como eu o apresentaria aos meus pais, e se eles aprovariam a petulância e orgulho desse loiro.
Meu coração doeu. E a bolha em que eu estava, alegre e saltitante, estourou. Tudo veio como um baque e o loiro deitado em cima de mim se tornou um peso que meus pulmões não puderam agüentar.
Comecei a hiperventilar. Meu peito descia e subia fortemente e começou a doer. Eu precisava de ar.
- Dra... co. – eu chamava fracamente, a falta de ar estava impossibilitando minha fala.
Mas apesar da minha intensa necessidade biológica por ar. A única coisa que tomava minha mente era meus pais.
Eles estavam com os seqüestradores. E eu precisava buscá-los. Agora!
Cutuquei o loiro, mas ele dormia igual uma pedra. Balancei mais forte seu corpo e ele despertou assustado, quase caindo do sofá e me levando junto.
Por um momento ele quis me xingar, mas quando me viu sentar e percebeu que eu não conseguia respirar uma expressão de desespero tomou seu rosto.
- Ivy, o que aconteceu?
- Eu não... Eu não... – coloquei minhas mãos em meu pescoço e me levantei.
Não me importei com minha nudez e fui direto para a janela. Estava emperrada e meus dedos se desesperaram na tranca.
Malfoy apareceu atrás de mim e, com sua varinha, abriu a janela. A lufada de ar que meu rosto recebeu foi revigorante.
Fechei meus olhos e inspirei o máximo de ar possível. Eu precisava me acalmar e pensar racionalmente. Eu tinha que estar na minha inteira razão para poder recuperar os meus pais.
Precisei de alguns minutos para minha respiração, junto com meus batimentos cardíacos, se estabilizarem.
A mão quente de Draco encostou em meu ombro e me fez abrir os meus olhos.
- Está se sentindo melhor? – sua voz estava carregada de preocupação.
Apenas assenti.
Ele me virou vagarosamente e percebi que ele já tinha vestido sua calça e minha nudez voltou a me incomodar. Abaixei o rosto tentando esconder a vermelhidão que se tornou meu rosto e me soltei de sua mão para me vestir.
Estava colocando a calça e procurando minha blusa quando suas mãos tomaram minha cintura.
- O que você está fazendo? – ele perguntou rente ao meu ouvido.
- Procurando a minha blusa, que você jogou sabe Merlin onde. – falei me esforçando ao máximo para minha voz não falhar.
Ele riu baixo. E me soltou indo para o lado do sofá e pegando minha blusa escura de botões.
Sorri agradecendo e peguei de suas mãos o tecido. Ele me ajudou a colocar os botões em ordem, mas não levantei meu olhar para o dele.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Não faço idéia do por que, mas uma timidez enorme tomou conta de mim.
- Está se sentindo melhor mesmo? – ele pegou em meu queixo e me forçou a olhá-lo.
- Estou. – sorri de leve.
Ele aproximou nossos lábios e me deu um selinho demorado e cheio de significado.
- Ontem foi a melhor noite da minha vida. – sussurrou quando separou os nossos lábios.
Um sorriso maior tomou os meus lábios. Tomei sua nuca e encostei nossas testas, ficamos longos segundos aproveitando nosso último momento de paz.
- Também foi a melhor noite da minha.
Nos separamos, mas não deixamos de manter nossos olhos grudados um no outro.
- Ivy... Você não era virgem... Era? – ele perguntou acanhado.
Sorri de lado e balancei a cabeça.
- Não. Isso te incomoda?
Ele levou sua mão até sua nuca e demorou alguns segundos para responder.
- Não... Talvez... Com quem...?
Ri.
- Por que isso importa? – levantei uma sobrancelha.
- Por que... Não sei... Só, sei lá, curiosidade?
- Malfoy... você está com ciúmes?
Ele arregalou os olhos e tossiu tentando fechar a cara.
- Não!
Gargalhei. E tomei sua nuca com as mãos. Beijei de leve seus lábios e me afastei para poder falar.
- Não importa com quem já dormimos. Só importa o que nós tivemos ontem, que foi a coisa mais especial que já aconteceu comigo.
Ele sorriu, mas não seu normal sorriso irônico. Apenas um sorriso leve, que fez seus olhos cinza brilharem.
- É melhor nós irmos, Draco. – fechei meu rosto e fiquei séria outra vez. – Já está ficando tarde.
Ele também fechou a cara e assentiu.
- Por isso você teve um ataque agora a pouco?
Assenti e nos separei, indo pegar minhas coisas. Mas Malfoy me parou no meio do caminho e me fez olhá-lo pela segunda vez.
- Vamos conseguir, Ivy. – ele disse lentamente, me fazendo acreditar em cada sílaba. – Confie em mim.
Pequei em suas mãos que estavam em minhas bochechas e sorri de leve.
- Eu confio.
O tempo estava cinza. Densas nuvens tomavam o céu e impediam de seu habitual azul celeste se mostrar. Pingos começavam a cair e incomodavam meus olhos atentos à rua de terra a minha frente. A caravana com meus pais devia passar em alguns minutos. Seguindo essa mesma rua, após uma curva e um grande carvalho ficava a prepotente missão Malfoy. Só de pensar que eu estava a uma pequena distancia do monumento de pedras me dava arrepios. Porém não queria pensar nisso, precisava estar focada na minha missão, e concentraria toda a minha atenção e força à isso.
Meus ouvidos captaram um farfalhar não muito distante. Pareciam passos na terra. Eles estavam vindo.
- Acho que são eles. – o loiro agachado ao meu lado sussurrou próximo ao meu ouvido.
Me limitei a responder assentindo.
Eram cinco no total. Um tomava a retaguarda, dois seguravam meus pais amarrados e amordaçados e os dois restantes vinham empunhando suas varinhas e atentos a sua volta.
- O plano é o seguinte. – sussurrou ainda mais baixo o loiro. – Pegamos os dois com as varinhas. Depois de termos derrubado eles, você toma conta do da frente e eu cuido dos seus pais.
- Como você pretende tomar conta de dois deles sozinho? – sussurrei de volta.
- Não me subestime, Ivy. – disse mais sério.
Melhor não discutir com ele, principalmente agora. Meus pais precisavam da nossa ajuda.
- Ao meu sinal. – ele disse.
Assenti.
Eles estavam passando pelo ponto em que nos escondíamos nos arbustos. O que tomava a frente passou a centímetros da minha cabeça e segurei a respiração. Peguei toda a coragem que tinha e me vesti dela. Logo meus pais passaram sendo arrastados. Mais alguns segundos e atacaríamos.
Draco me cutucou, e ao cair meu olhar sobre ele, sinalizou para eu pegar o que vinha pela direita, o mais próximo a mim. Concordei e apertei mais minha varinha. Meus nós dos dedos já estavam ficando brancos.
Cinco segundos... quatro segundos... três segundos... dois... um.
Ataquei.
Estuporei com um feitiço não-verbal e seu corpo enorme e pesado atingiu o meu e me enterrando na terra. Fiquei alguns segundos esmagada antes de ouvir os barulhos de feitiços sendo lançados. Juntei todas as minhas forças e sai debaixo do sequestrador. Levantei rapidamente e vi Malfoy atrás de uma árvore enquanto era atacado pelos quatro seqüestradores restantes.
Merda.
- Petrificus Totalus! – gritei e acertei o que segurava minha mãe, usando-a de escudo, por pouco não acerto ela que caiu no chão se debatendo por cima do corpo do homem.
O que estava na frente teve um segundo de distração e foi estuporado pelo loiro que já havia saído de trás da árvore.
Corri até onde minha mãe estava e comecei a soltar seus braços e tirar sua mordaça.
- Sua varinha, onde está sua varinha? – gritei enquanto uma chuva de feitiços vinham em nossa direção.
Eu gritava contra-feitiços e nos protegia como podia. Mas ainda havia dois restantes e eles corriam por entre as árvores enquanto nos atacavam.
Minha mãe tateou as vestes do seqüestrador que eu derrubara e de lá puxou sua varinha. Logo estávamos em pé e tentando acertar os outros dois.
Meu pai estava caído perto dos meus pés e sua cabeça sangrava. Ele estava desacordado.
Por Merlin, que ele esteja vivo.
Abaixei-me e senti seus pulsos, embora fracos ainda havia batimentos. Me permiti relaxar, mas uma faísca passou a centímetros da minha cabeça e me pus de pé rapidamente outra vez.
- Avada Kedavra. – um seqüestrador gritou.
Senti um baque no meu corpo e atingi o chão lamacento. Gritei com a dor do ombro quando ele acertou uma pedra.
Ouvi a voz de Draco enquanto ele estuporava o meu atacante e ele caiu mole no chão. Restava um.
Olhei pra cima e o loiro me lançava um olhar desesperado enquanto me puxava para eu ficar de pé outra vez.
- Temos que sair daqui. – ele me disse e eu assenti.
Nos abaixamos perto do corpo do meu pai e, antes que o último seqüestrador nos lançasse um feitiço, aparatamos.
Fale com o autor