It's not a Fairy Tale

Amaldiçoado


Ao observar Pierre parado na porta congelei, porém ele simplesmente apontou para o banheiro e desapareceu adentro.

– John, preciso ir ao banheiro!- praticamente gritei.

– O que?- falou sem acreditar.

– Isso que você ouviu- destaquei desvencilhando-me dele.

– Tudo bem, se você insiste. Vou lhe esperar feliz- conformou-se.

– Eu já volto- falei forçando um sorriso.

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Peguei um roupão que estava jogado no quarto e entrei em disparada. Pierre estava lá no meio do banheiro, parado igual uma pedra.

– O que você está fazendo aqui?- sussurrei.

– O que você está fazendo? - sussurrou de volta.

– O que parece que estou fazendo?- devolvi.

– Foi você quem mandou eu vir- retrucou.

– É melhor você voltar outra hora- disse louca para voltar para John.

– Não, você queria respostas hoje, vai ter respostas hoje. Se eu for embora agora, pode esquecê-las. A decisão é sua.

– Idiota- disse aumentando um pouco a voz sem perceber.

– Mary está tudo bem? - gritou John do quarto.

– Ta sim querido, não se preocupe. Pierre começou a rir, e coloquei minhas mãos sobre sua boca para abafar o som.

– Então o que vai ser?

– Me dê alguns minutos- sussurrei.

– Vou esperar aqui- respondeu o cretino.

Sai do banheiro, pensando em como faria para despachar John sem parecer uma idiota, mas isso era impossível. Sentei na cama.

– Você está bem?- perguntou preocupado, acariciando meu rosto.

– Na verdade não, estou com muita dor de barriga- disse tentando imitar uma cara de dor-deve ser algo que eu comi.

– Vou atrás de um remédio pra você- prontificou-se.

– Não precisa. Eles devem ter alguma coisa aqui.

– Eu faço questão, deixe-me cuidar de você por essa noite- meigamente falava.

Arregalei os olhos. Foi tudo muito rápido, Pierre estava atrás de John e aplicou uma seringa em seu pescoço. Ele caiu na mesma hora.

– O que você fez com ele seu maluco?-questionei irritada.

– Já estava cansado de todo esse papo meloso de vocês, e tenho mais o que fazer da vida. Só acelerei o processo com um pouquinho de morfina, vai acordar logo.

– Esse direito não era seu.

– Agora já foi, sem drama.

– Então, comece a falar.

– Aqui é brochante, ainda mais com esse mela cueca aí.

– Não ouse falar dele assim.

– Ah é! O que você vai fazer pra me impedir- debochou.

Fiquei lhe encarando, pensando em minhas alternativas. Ele me olhava de volta astucioso. Não tinha muita coisa que eu poderia fazer agora, precisava obter respostas. Tentei me acalmar então.

– Vamos logo- disse derrotada e estendendo a mão para Pierre.

Ele pegou minha mão com um sorriso triunfante, o que me irritou mais. Pensaria em alguma coisa depois para dar-lhe o troco.

Assim que pegou a minha mão, fui invadida com a sensação de tontura, senti um frio na barriga e parecia que eu estava caindo. Isso não durou por muito tempo e já estávamos na floresta.

Sentei em baixo de uma árvore de frente para Pierre e esperei impacientemente.

– Você está tão linda apenas com esse roupão.

Arregalei os olhos, não esperava por essa. Corei.

– Não mude de assunto.

– É difícil me concentrar com você assim- falou com um meio sorriso, ciente do meu desconforto.

A verdade é que sai do quarto esquecendo o meu estado atual. Não pude evitar ruborizar.

– Eu não estava tentando mudar o assunto- continuou com um sorriso malicioso.
O fuzilei com os olhos por estar me causando tanto desconforto e ainda de propósito.

– Se você não falar logo eu vou embora- repliquei com raiva.

– Quem quer respostas é você. Caso contrário não estaria sozinha em uma floresta com um desconhecido, ainda mais a noite- ele me deu um sorriso sinistro. E foi a primeira vez que senti medo dele.

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Acho que minha cara estava expressando espanto, porque ele relaxou e riu descontraidamente. Na verdade ele tinha razão, a única coisa que eu sabia dele era que trabalhava para o meu pai. E olha onde estamos? Mas me toquei que essa era a frase chave "trabalhava para meu pai" e com isso me enchi de astúcia e até mesmo prepotência.

– Tu não ousarias fazer nada- desdenhei, apesar de sentir uma pontada de medo.

– Sou um amaldiçoado.

Olhei descrente pra ele sem entender o que queria dizer.

– Como assim? Tipo um filho bastardo? Ou algo do tipo?

– Eu preferiria que fosse isso, mas não. Por causa de uma coisa estúpida que um dos meus ancestrais fez todos os descendentes homens tiverem que pagar.

– E que maldição é essa?

– Eu não posso contar, faz parte, ou terei que te matar.

Cai na gargalhada, mas percebi que Pierre continuava sério. Talvez, suas palavras estivessem em sentido literal, então engoli em seco.

– E se teletransportar também faz parte?

– Sim, entre outras coisas.

– Tipo o que?

– Com o tempo você verá- falou.

– Você também não pode me contar?

– Posso, mas será mais divertido você ver.

Revirei os olhos pra ele.

– Agora tenho que deixar uma coisa bem clara. Só te contei isso pra você não correr o risco de se apaixonar por mim.

– A modéstia mandou lembranças.

– Estou falando sério.

– Eu também.

– Já está na hora de voltarmos- disse Pierre segurando minha mão.

Automaticamente fechei os olhos e senti novamente a sensação de estar caindo e um frio na barriga. Quando abri os olhos estava em meu quarto, porém Pierre havia ido. Sentei na cama observando John, o amanhecer chegava e logo ele acordaria. A verdade é que não tinha percebido o tempo passar, como se na floresta o tempo parasse. Senti uma tristeza por não ter aproveitado a noite ao seu lado.

– Bom dia princesa- murmurou John abrindo os olhos.

– Bom dia- respondi dando-lhe um beijo delicado.

– O que aconteceu ontem?- perguntou confuso.

– Você devia estar tão cansado da viajem que assim que deitou na cama dormiu profundamente me esperando- menti descaradamente, imediatamente me sentido culpada.

– Eu sinto muito- falou arrependido.

– Está tudo bem, só de você ter vindo me sinto a mulher mais feliz do mundo- respondi sorrindo.

John olhou para o relógio e começou a se levantar.

– Eu tenho que ir- falou triste- mas eu vou voltar assim que eu puder, prometo.

O abracei e após ele se arrumar o levei para a saída antes que todos acordassem. E mais uma vez meu coração se encontrava em ruínas por velo partir.