It's You

Tell me everything is gonna be Fine


Quando recebi o telefonema de Frost corri para meu quarto e troquei de roupa o mais rápido possível e corri até meu carro. Eu não sei ao certo do que se trata ou o que aconteceu com a Amélia, mas dirigi o mais rápido possível e fiz meu melhor pra não quebrar nenhuma lei de trânsito.
Ao chegar no local onde Frost disse que estaria, olhei para todos os cantos, a praia é um lugar grande e ele poderia ter sido mais específico de onde ele estaria né? Bufei e continuei andando na areia branca e fofa quando encontrei a silhueta dele na balça. Andei até lá o mais rápido que pude, mas não é muito massa correr na praia de tênis, então não me apressei muito. Quando subi no trapiche pude ver o semblante confuso do meu amigo, andei até sua direção e me sentei ao seu lado. Ele não se mexeu, sabia que seria eu ao seu lado. Apenas apoiou seus cotovelos nos joelhos e afundou seu rosto nas mãos, dando um bufo abafado. Eu sabia que ele tinha seu tempo, ele iria me contar quando conseguisse ajustar as informações na sua cabeça.

— Aqui é lindo. - eu disse contemplando a imensidão salgada. Tentando também acalmar Frost.

— Eu costumo vir aqui com a Amy - ele disse tirando as mãos do rosto e curvando seu corpo pra frente, relaxando um pouco.

— Ela é uma garota de sorte, Frost.

Ele se calou olhando fixamente para o mar, ele suspirou pesadamente.

— Ela foi na consulta.

Eu esperei para que ele continuasse, com medo de que se eu dissesse algo ele se assustaria e voltaria a ficar calado. Temi o que ele iria dizer, ao mencionar a consulta senti um arrepio em minha espinha, meu estomago embrulhando, temi que fosse algo sério.
— Ela está grávida - Frost disse finalmente olhando pra mim.

Eu fiquei sem reação, fiquei em choque e aliviada ao mesmo tempo.

— Eu não sei o que fazer, Jane.

— É seu?

— Óbvio que é meu! De quem mais seria? - ele disse insultado.

— Ei calma cara, to tentando ajudar aqui mas não sei o que te dizer.

— Pode começar dizendo vai dar tudo certo.

— Eu não posso dizer isso, não depende de mim se vai dar certo ou não. Depende de vocês.

— Eu não sei como ser um pai, Jane, não sei o que fazer. Vou ser um péssimo pai.

— Ei! Ninguém nasce sabendo dessas coisas, você tem um jeito com crianças, Frost, você sabe que tem. Vai ser um ótimo pai, você vai ver.

— Vou traumatizar a criança.

— Ela vai crescer cercada de detetives, isso já é o suficiente pra traumatizá-la.

— Ter você como madrinha é o que vai traumatizar mais.

Eu congelei. Serei a madrinha? Isso é bom ou ruim? É bom! É muito bom! Vou ser uma ótima madrinha... Quando eu tiver dinheiro, se não eu vou ser a tia divertida.

— Eu vou ser a madrinha? - pergunto com um sorriso que mal cabia em mim.

— Claro que vai, quem mais seria?

— Então você já está fazendo planos hum? Eu disse que seria um ótimo pai. - ele riu, e então olhou pra mim carinhosamente.

— Você acha mesmo que eu estou preparado?

— Não. Ninguém está preparado pra cuidar de um humano versão miniatura, mas você vai aprender, tem o jeito.

Ele sorriu, eu levantei e ele fez o mesmo.

— Agora vamos pra casa, porque está bem tarde.

— Obrigada, Jane, de verdade. - nos abraçamos fortemente.

As coisas estão mudando rápido demais e eu não sei se estou conseguindo acompanhar. Chego em casa e jogo meus sapatos em um canto qualquer, não faço questão de acender as luzes, me jogo na cama sem trocar de roupa, e então lembro de todas as vezes que Maura me repreendeu por deitar na cama com as roupas que usei no dia e sem banho tomado. Sorri, e procurei onde joguei meu pijama quando troquei de roupa rapidamente antes de sair. As memórias de Maura já não me trazem tanta dor, não me entristeço mais ao lembrar que ela foi embora, ainda sinto saudade, mas não dói, não mais.
Suspiro me jogando na cama novamente, dessa vez usando pijamas. Tento não pensar em tudo o que aconteceu para dormir mais facilmente, mas as notícias de Frost simplesmente grudaram na minha memória. Serei madrinha... Madrinha do filho de Frost. Quando foi que tudo mudou? Quando foi que nos tornamos adultos maduros tão rapidamente? Tudo mudou rápido demais, estou ficando pra trás, tenho que fazer mudanças. Fecho os olhos e o rosto de Maura me aparece, seu sorriso encantador, os olhos verdes brilhantes, o mar profundo em que me afoguei e estou me salvando aos poucos. Suas covinhas que fazem sorrir mostrando as minhas, deus cabelos dourados e ondulados moldando seu rosto lindamente, sua pele delicada com suas bochechas rosadas... Durmo com essa imagem em minha cabeça, e sei que terei uma boa noite de sono.