Invisíveis como Borboletas Azuis

Verso 24: Just One Day


Stella’s POV

Minhas mãos estão tremendo quando todo mundo vem me parabanizar pela viagem. Precisei de todo o oxigênio para pôr essas palavras para fora, estou até sentindo falta de ar. Mesmo assim, ponho no rosto o meu sorriso mais falso e dou atenção aos que se levantaram para me parabenizar (ou quase).

— Ah! Que inveja! Nos meus dias de trainee, eu mal podia comer o que eu queria! Imagina viajar! – Jimin fala de maneira arrastada, como sempre faz quando quer parecer fofo.

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Rio junto com eles, porém abre-se uma rachadura na minha máscara sempre que meus olhos se voltavam para o fundo e encontravam os seus, vazios. Aos chegar na cafeteria, tomei o cuidado de por as minhas amigas e o V entre eu e ele, justamente para tentar minimizar essa culpa que caí sobre meus ombros ao vê-lo. Sinto que não adiantou de nada.

— Sério, como você conseguiu isso? – Suga desconfia. – Não tive folga nem quando fiz o meu exame para entrar na faculdade! Você é realmente sortuda demais!

Sua reação é pior que qualquer pesadelo, que qualquer hipótese que a minha imaginação fértil pudesse imaginar. Do outro lado da mesa, ele nem se deu ao trabalho de falar, ele nem se deu ao trabalho de falar, ele nem se deu ao trabalho de ficar com raiva. Nenhum vestígio de ressentimento contra mim. Jungkook congelou no tempo.

— Eu até ficava me escondendo para pedir as comidas que eu queria, lembram? – Minha cabeça está tão tumultuada que nem dou atenção a quem está falando. – Stella, não quer trocar de lugar comigo? Eu faria de tudo para ver a minha família!

Por um segundo, olho de relance para Chae e Jazzie, elas parecem preocupadas, mas nada tão angustiante quanto a visão que tenho do Jungkook. Por mais que seu corpo esteja paralisado em uma expressão quase apática, seus olhos servem como uma janela para o que tem dentro. Eles já não me fitam, já não fitam qualquer coisa pertencente a esse mundo. Ele está longe, num lugar bem mais profundo. Mesmo assim, ele voltará a qualquer pista que eu der sobre isso ser uma brincadeira. Pena que isso não vai acontecer.

Seu corpo está paralisado, mas sua mente está em frenesi. Ele é a imagem da desolação.

— Ei, ei! – J-Hope interveem com um sorriso no rosto. – Parem dar uma de velhos reclamões! Vocês deveriam estar parabenizando a garota! Não é todo dia que se consegue algo assim! E então, Stella? Ansiosa para rever a família?

— É... Acho que sim. – rio a mentira mais dolorosa. O barulho que tanto abomino está saindo da minha boca.

Mentindo descaradamente, escondendo meus sentimentos dessa forma, magoando quem eu amo. Eu me tornei o que mais odeio agora.

Talvez não só agora.

— Parabéns. – Sam se aproxima para me cumprimentar.

Sorrio para ela em agradecimento, mas esta nem se dá ao trabalho de retribuir. Seus olhos estreitos parecem enxergar através de mim, vendo cada segredo que guardo. Ela com certeza sabe alguma coisa.

Deixa para lá. A última coisa que eu preciso agora é ficar paranoica pensando que todo mundo sabe sobre a minha situação familiar. Corro para desfazer o perturbador contato visual o mais rápido possível. Quando estou prestes a fazer com que Jungkook volte para o meu campo de visão, Tae aparece:

— Já que você vai para lá, você poderia trazer uma bola de futebol brasileira para mim! – Sorri cauteloso, apoiando sua mão no meu ombro. Num momento de distração do resto do grupo, ele vira para mim e gesticula “Fighting”.

Obrigada, Tae. Você está realmente me ajudando esses dias. Penso, mas meu orgulho me impede de falar (ou demonstrar).

— Mas qual é a diferença entre uma bola de futebol brasileira e uma coreana?! – reclamo.

— Você não entende de nada mesmo, hein! – Ele retruca. - Qual é a graça de uma bola de futebol coreana? Se eu tivesse uma de futebol brasileira, poderia me gabar para todos os meus amigos! Falaria que é uma réplica da usada por Pelé e Maradona no campeonato brasileiro!

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— Ninguém acreditaria em você. Principalmente porque o Maradona é argentino! E você sabe quanto custa uma bola dessas?

— Tá... – ele suspira, fazendo bico à minha resposta. – E Havaianas? Eu quero um par!

— Tá bom, vou ver um para você.

— Ah, e você poderia trazer alguma comida típica de lá? – O rosto de Jin se ilumina.

— Não sei como vou trazer comidas na mala, mas vou tentar!

— Pensei melhor e já sei o que quero que você traga: uma mulher bonita! – Tae volta à conversa.

Tem algo estranho... Não consigo imaginar o Tae traindo a namorada. Lembro dele ter passado semanas fora do ar, só pensando nela há algum tempo atrás.

— Ei, mas você não está namorando? – Jimin adverte o amigo. – Você não deveria dizer coisas assim!

— Ah é.

— Ela vai te matar se te ouvir falando isso!

— Na verdade, não. Ela não ficaria com raiva ou algo assim. Ela só... iria embora. – sua voz se enche de remorso.

— Como assim? Ela não gosta de você?

— Não é isso... Ela gosta de mim. Só que ela é muito boa, muito incrível. Uma garota como ela não perderia tempo com alguém que só faz bobagem. Ela não é desesperada por um namorado, ele é bem independente. Independente até demais. Eu ficaria feliz se ela dependesse um pouco de mim. Sempre tenho a sensação de receber bastante dela, mas não dar nada em troca. Tenho medo de fazer besteira e ela não gostar mais de mim. Acho que se ela estiver sem mim, ela não vai ter problema, mas eu gosto muito dela...

— É até estranho te ouvir falando assim. – Jimin comenta. – Você costumava pegar várias garotas diferentes, agora só fala em uma. Fico feliz que você tenha achado alguém que realmente goste.

— Eu não! – Ele ri. – Gostar de uma pessoa é muito complicado! Eu fico preocupado com coisas inúteis, e inseguro... E tenho menos tempo para vê-la... Eu devo ser masoquista por gostar disso mesmo assim.

Enquanto conversava, ele virou para mim rapidamente e piscou. É claro, Taehyung nunca ia pensar em trair a namorada, nem em brincadeira. Ele disse isso para mudar de assunto e me deixar mais calma. Por mais que eu tenha sentido que suas preocupações são verdadeiras... Obrigada, Tae. Eu realmente, realmente te devo muito. Fico feliz de, em tempos como esse, ter um amigo como você.

Mais alguns minutos permanecemos na lanchonete do Lotte World, depois finalmente caminhamos de volta para os dormitórios. E mais uma vez meus pensamentos voltaram a me assombrar.

Paro em frente à entrada do dormitório, ainda pensando no que me aguarda lá dentro. Provavelmente Jazzie e Chae vão querer explicações. Durante o caminho, deixei-as passarem a frente e fiquei para trás, apenas observando os outros, presa no mundo dos meus pensamentos Sinto alguém puxar o minha mão. Não é possível! Hoje é o dia das pessoas me puxarem! Que coisa chata. Vou adicionar à lista de coisas que me irritam junto com cutucões. Me viro e percebo aqueles familiares olhos me encarando com seriedade e preocupação.

Espero que ele fale alguma coisa, grite, esbraveje. Pelo contrário, ele apenas fica quieto, parado, me observando. Os passantes poderiam pensar que somos estátuas, se não fosse pelos vívidos olhos do garoto. Banhados em preocupação, eles parecem ter algo mais: estão tão pensativos que não consigo acompanhá-los. Pela primeira vez em muito tempo, não sei o que ele está pensando e isso arrasa o meu coração.

Acabam-se os poucos segundos que passaram se por uma eternidade. Toda a lentidão – ou melhor, paralisia – anterior é compensada com uma rapidez que não consigo acompanhar. Em um piscar de olhos, viro o rosto e ele me dá um beijo na bochecha. Depois disso ele desce, distribuindo beijos pelo meu maxilar e descendo até o meu pescoço, sua urgência vai aumentando cada vez mais.

Dessa vez, não sinto apenas o meu rosto queimar, mas meu corpo inteiro pegar fogo. Não me desprenderia dele mesmo se pudesse. Apesar de toda sua urgência, ele é gentil em cada toque, como se me enfeitiçasse para nunca mais sair daqui. Ser prisioneira porque quero. Tudo é tão rápido que minha mente não acompanha o garoto, tenho que retomar o controle da situação logo, não posso continuar assim por mais tempo. Sinto minha pernas bambearem, então, em busca de qualquer apoio, vou andando para trás. Porém, para a minha felicidade paredes existem. E lá vamos nós de novo.

O garoto me encurrala mais uma vez entre seus braços. Sinto a minha respiração pesada condensar no ar, mas não sinto frio. Ele aproxima seu rosto rapidamente, mas no último segundo uso todas as minhas forçar restantes para conseguir dizer:

— Se você continuar, você vai perder a aposta.

— Você acha que eu ligo para isso?!

Sua resposta é clara. Mal termina a frase e ele cola nossos lábios juntos. A gente já tinha dado um selinho antes, mas dessa vez eu não o empurrei para impedir disso virar um beijo. Dessa vez, não será apenas uma breve lembrança da sensação de seus lábios. Dessa vez, sinto que ele quer que eu deixe minha marca nele, deixe meu perfume, meu batom, um pedaço do meu coração. Ele quer uma memória vívida para quando ambos viajarmos, e eu vou dar isso a ele. Ele pede passagem e eu cedo.

Jungkook se movimenta com uma urgência que nunca imaginei antes. Sinto que se parar mesmo que por um instante, ele desabará. Suas mãos dançam pela minha nuca e pelas minhas costas, cada vez me puxando mais para perto. Já as minha subiram para o seu rosto, acariciando-o na tentativa de acalmá-lo.

Depois de muito tempo, ele resolve se afastar para respirar. Continuo com as minhas mãos em seu rosto, fazendo movimentos repetidos com os dedos. Pela maneira que ele encara meus lábios, suponho que ele logo volte a me beijar, mas Jungkook não o faz. Hoje, ele está me surpreendendo a cada instante.

Ao soltar o ar, ele vai se acalmando gradativamente. Agora percebo que o que ele estava encarando não eram os meus lábios, mas o nada. Ele está em seu mundo agora, pensando. Pelo menos uma das minhas previsões eu acertei: é nesse momento que ele desaba. Toda sua desolação voltou, desta vez mais expressiva. Uma de suas mãos desprende das minhas costas e pousa na minha mão, como se dissesse para mantê-la bem ali.

Quando finalmente desgruda sua visão da minha boca, ele encara profundamente minhas pupilas, como se pudesse atravessá-las e diz, com seus olhos marejados:

— Por quê?

Estou completamente atônita com a situação atual. Mesmo para uma pergunta de duas palavras, custam-me segundos para processá-la. Esse tempo já é o suficiente para ele engatar novas perguntas e embaralhar o meu cérebro todo de novo.

— Por que você vai? Por que agora? Por que quando estou viajando? Por que... – ele não completa a frase, mas eu sei muito bem o que ele quer saber.

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— Por que eu não te contei antes? – completo. – Estava com medo que ficasse preocupado, como está agora.

— Por favor, não tem como esperar só um pouquinho? Eu posso arrumar alguma desculpa, falar que estou doente ou algo do tipo, aí eu vou poder te levar até o aeroporto e te esperar na volta. Sei que a minha primeira pergunta foi idiota, você tem que ir para resolver tudo de uma vez por todas. Vai ser doloroso a princípio, mas vai melhorar com o tempo. Não gosto de te ver tão triste. Mas, não dá para adiar um pouco? Para quando eu estiver na Coreia e tiver mais tempo livre – ele revê todas as suas alternativas mentalmente. – Se o problema for dinheiro, eu pago a passagem.

— Não, Kookie, não é isso. Eu realmente tenho que ir agora. Se eu demorar mais, talvez eu não possa resolver. Meu pai está internado no hospital.

A notícia o atinge em cheio. Ele fica cada vez mais desesperado por uma alternativa e isso parte meu coração.

— Eu posso ir com você – ele afirma com (quase) convicção.

— Hã? Como assim?

— Não é uma viagem tão importante assim. Talvez se eu inventar uma desculpa, ele me deixem ficar e eu vou com você. Dinheiro não é o problema. As fãs não vão ficar sabendo e vou ficar menos preocupado. Já estou até de malas prontas! O que você acha?

— Eu sei que não se preocupar é impossível, mas você tem uma vida. Você tem uma carreira, você tem fãs, você tem um amor lindo pela música e pelo que você faz, e a cima de tudo, você tem a amizade do BTS. Essas coisas são mais importantes do que eu. Esses sentimentos são muitos maiores que qualquer pessoa no mundo. E as pessoas que te amam? Como você acha que elas se sentiriam se vissem você preocupado com uma trainee qualquer como eu? JungKook, não estou falando para você não se preocupar comigo. Apenas estou dizendo para você rever as suas prioridades. Eu sei que não sou uma delas, então, apenas tente se acalmar. Vocês vão viajar dentro de algumas horas. Aproveite para receber um pouco do amor dos meninos e dos seus fãs.

— Você é bem mais importante para mim que essas coisas. De que adianta ter tudo isso se quem eu amo está sofrendo sozinha?

— Tive uma ideia. Você pode me mandar mensagens sempre que puder. Eu vou responder todas, eu juro. Aí não vamos sentir como se estivéssemos longe.

— Mas e se eu não conseguir a tempo? E se você precisar de mim e eu não estiver lá?

— Eu confio em você, sei que você vai estar lá. Você é a pessoa mais confiável que eu conheço, não se preocupe. Eu gosto de você.

— Eu amo você. – ele responde tão rápido que eu tomo um susto. Meu orgulho me impede de responder à altura. – Quando a gente voltar pra Coreia, eu vou oficialmente te pedir em namoro! Esteja preparada!

— Meu Zeus, tão antiquado... – rio baixinho, fazendo-o corar. – Agora, me deixa saber de uma coisa: você acha que é o único que sabe provocar? – Sussurro mordiscando levemente o lóbulo da orelha do garoto. Seus pelos da nuca se eriçam levemente. Me fazendo sorrir, achei o ponto fraco dele! Roço meus lábios nos dele, não é o suficiente para ser considerado um selinho.

Afasto um pouco o rosto do dele, que ainda me olha atento as minhas ações futuras, ele com certeza não esperava isso de mim. Acho fofa a maneira que ele tenta manter a mesma atitude de antes, mas seu rosto hipercorado o entrega. Ele se arrepia a cada toque meu, tão atônito e bêbado nesse sentimento quanto eu estava antes.

Quando me aproximava de seus lábios, JungKook parece tomar alguma ação. Ele leva uma de suas mãos para o meu rosto, faz um leve carinho em minha bochecha, onde anteriormente ele havia depositado um beijo e começa a contornar os meus lábios com os dedos. Se isso fosse uma brincadeira, eu provavelmente morderia o dedo dele.

— Você promete mandar mensagem quando chegar lá? – ele pergunta ao pé do meu ouvido.

Odeio prometer qualquer coisa, mas sinto que apenas isso irá acalmar a sua preocupação.

— Sim.

Afasto-me um pouco e beijo-o com fervor, a fim de evitar mais perguntas, mas meu plano não dá certo e ele me afasta com cuidado antes que vire um legítimo beijo francês.

— Você promete mandar mensagem quando voltar? – ele diz ao colarmos testa com testa, sem nunca perdermos o contato visual.

— Sim.

E volto ao beijo, no entanto ele interrompe novamente.

— Você promete mandar mensagens quando estiver triste?

— Sim.

Mais uma vez, ele repete o ato.

— E quando você almoçar?

— Sim.

E beijo.

— E quando você jantar?

— Sim

E beijo.

— E quando você sentir minha falta?

— E você? Vai ficar nesse interrogatório até quando? – rimos de nós mesmos e (FINALMENTE!) nos juntamos para um beijo de verdade. Essa expressão alegre do Biscoito é bem mais atraente.

Junto nossos lábios de novo, levo minhas mãos para a sua nuca brincando um pouco com os seus cabelos. Ele por sua vez, coloca uma mão em minha cintura e me puxa para perto. Esse beijo é bem mais duradouro, não urgente, mas apaixonado. Sinto ambos de nós pegando fogo tanta proximidade. Puxo-o para mais pra perto, assim como ele o faz. Agora, não há Brasil, não há a minha “família”, não há o dormitório, não há treino, não há nada além de nós dois nesse mundo. Não quero sair de seus braços por nada, nem quero soltá-lo. Até reconsidero a minha viagem para o Brasil a fim de morar nesses braços calorosos ou suplicar para que ele vá comigo, mas volto à realidade assim que percebo que respirar é uma das necessidades básicas. Quebramos o contato novamente e nós sorrimos cúmplices.

Antes de embarcarmos em outro beijo, Jungkook interrompe (de novo!).

— Espera um pouco... Eu vou ter mesmo que passar um dia vestido de mulher quando voltar?

A simplicidade da pergunta me faz rir de felicidade. Afasto-me um pouco para ter uma visão completa do seu rosto.

— É claro que sim! Você perdeu a aposta! Tem que pagar!

— Isso não é justo! Você também vai!

— Hã?

— Primeiro porque eu não sabia dessa viagem e por isso você perde pontos. Foi culpa sua eu ter feito isso! – Jungkook faz birra como uma criança. – Segundo porque eu só vou cumprir se você cumprir também! – ri.

— Aigoo! Você não sabe brincar mesmo, hein! – reclamo. – Tá bom! Só porque eu estou te devendo por não ter contado antes.

Antes que possamos continuar onde paramos, meu celular toca. O indicador de chamadas denuncia que é a Chae. Ah é! As garotas! Eu ainda tenho que explicar para elas! Acabei demorando demais aqui, ela devem estar preocupadas!

— Tenho que ir, já está tarde.

Antes que eu possa fazer qualquer movimento, ele agarra a minha mão.

— Você tem mesmo que ir?

— Sim, a Chae e a Jazzie estão me esperando. Eu ainda não expliquei a situação para elas.

— Você sabe que eu não estou me referindo a isso.

Engulo a seco para responder a essa última pergunta.

— Sim, eu tenho que resolver isso. Não posso deixar que fantasmas do passado me assombrem mais. Essa história precisa de um ponto final. Quando eu voltar, vou ser uma namorada mais livre e leve em que você pode se apoiar!

— Namo-namorada? Mas nós ainda nem... – ele cora violentamente com o som da palavra. Para falar a verdade, até mesmo eu me sinto um tanto quando envergonhada de dize-la. – É só que...

— Não tem motivo para você ficar assim. Não é como se eu não fosse voltar.

— Eu sei, é que eu tenho medo que você se machuque lá. – ele revela, cabisbaixo.

— Eu não vou. Já sou uma menina bem grandinha que pode cuidar de si mesma, não preciso de babá.

Ele ri com a minha ligeira tentativa de aegyo. Está na hora de ir.

— Boa noite, Teh-ah. – JungKook diz alisando os meus cabelos levemente.

— Boa noite, Biscoitinho. – Digo após abaixar sua cabeça e pentear sua franja para o lado a fim de dar um beijo em sua testa.

Nos separamos e seguimos em direções diferentes. Quando eu entro no meu dormitório, fecho a porta e encosto na mesma. Escorregando até cair sentada no chão. O dia foi extremamente longo e eu estou morta de cansaço. As minhas amigas já devem estar no 12º sonho. Imagino que o Jungkook tenha que ir com uma blusa de gola alta para poder cobrir todas as marcas de hoje. Sorrio ao imaginar o quão fofa será essa cena.

O dormitório está iluminado apenas pela fraca luz do abajur que se encontra na cabeceira. Eu tomo um banho, tiro aquela roupa incômoda, coloco um pijama qualquer e finalmente me jogo na cama. Apago o abajur. Com essa simples ação um pensamento nada bom surge na minha mente... “ E lá se foi a luz que iluminava o meu caminho. ” Até que isso dá um bom trecho de música. Preciso anotar isso mais tarde.