Invisible

Capítulo 10


Charlotte on

Ganhamos. A “nerd” usou a inteligência de novo. E Chandler usou a boca e comeu tudo numa mordida só. Quando a aula acabou, todos me parabenizaram e se encaminharam para suas aulas. Annie e eu, por incrível que pareça, tínhamos o período livre. Então íamos para casa, se Annie não tivesse me impedido...

- Não podemos - ela começou de cara feia- Temos que esperar Damon e Connor para podermos fazer o trabalho na casa deles.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Por quê?- não estava com a menor vontade de passar a tarde olhando para aqueles misteriosos olhos pretos de Connor- Não podemos fazer outro dia?

- Pelo visto, não. Mas relaxa, nós fazemos rapidinho e deu.

Concordei com a cabeça e fomos para o estádio do nosso colégio. Hoje seriam os primeiros testes para o time de futebol, que foram divididos em dois dias. Hoje e amanhã. Eu só sei disso porque Carter ficou falando sobre isso por algumas semanas nas férias... Sentamos na arquibancada e comecei a ler meu livro. Cartas para Julieta. Annie ficou olhando Damon treinar, tentando disfarçar o olhar oscilando entre ele e Carter. Essa daí está mesmo apaixonada.

- Esse livro é bom?- escuto uma voz atrás de mim.

Me viro e dou de cara com Connor sorrindo. Fiquei olhando ele se sentar do meu lado e virar a capa do livro.

- É bom?- ele repetiu.

- Sim, mas acho que você não ia gostar - falei quase num sussurro.

- Por quê?- ele pareceu confuso, mas não parava de sorrir.

- Porque é um livro de romance, acho que não faz o seu tipo - falei com um tom irônico na voz.

Ele gargalhou e voltou a sorrir. Segurou meu queixo e me fez olhar em seus olhos. Aqueles lindos e brilhantes olhos, que hipnotizam com um só olhar.

- Todos precisamos de um pouco de romance, Charlie. Só nos falta encontrar quem nos dê esse romance.

Ele foi se aproximando do meu rosto. Seus olhos não saiam da minha boca. Sentia sua respiração muito próxima, e meu coração palpitava mais, muito mais rápido. Nossas testas se encostaram e ele sorriu. Nossos lábios estavam a centímetros, de distancia, quase se encostando. Minha boca estava entre aberta e ele mordeu o lábio. Ele estava muito lindo, principalmente assim, tão perto de mim. Tirou sua mão do meu queixo e passou levemente seu dedo pela minha bochecha. Segurou meu rosto com uma mão e com a outra afastou uma mecha de cabelo do meu rosto. Ele olhou nos meus olhos novamente e foi terminando com o espaço existente entre nossos lábios.

- GOOOL! DALHE! - Annie berrava do meu outro lado.

Me afastei de Connor, com certeza vermelha, e me endireitei. Ia começar a ler de novo, mas em vez disso, olhei para ele. Continuava na mesma posição, mas com os olhos fechadas e uma cara meio brava. Comigo ali, junto, deve ter sido uma cena fofa, mas ele sozinho, era engraçado. Abri um sorriso enorme e me controlei para não rir. Ele abriu os olhos e sorriu também, e, devo comentar, que sorriso lindo.

- Bem - ele falou meio sem graça- o que vocês estão fazendo aqui?

- Estamos esperando Damon- Annie falou rapidamente, sem tirar os olhos do campo.

- Damon? Por quê?- ele tornou a perguntar.

- P-porque vamos para casa de v-vocês fazer o trabalho de história - falei envergonhada, tentando não gaguejar, sem sucesso, claro.

Claro que depois daquela situação eu ficaria envergonhada. Ele abriu um sorriso maior ainda.

- Então quer dizer que as duas mocinhas vão lá para casa... Interessante... - ele falou e olhou para o campo.

Voltei a ler meu livro, mas não consegui ler duas páginas e Connor me chama de novo.

- Charlie, você... ahn... - ele parecia nervoso, como eu nunca tinha visto antes- Você... Nossa, não costumo perder a fala.

Sorrimos e ele levantou uma sobrancelha, como se estivesse confuso sobre o que falar. Abriu a boca para falar, mas logo a fechou de novo. Fez isso umas três vezes antes de chegar numa conclusão.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Você... - mas logo mudou de ideia, balançando a cabeça- perdeu um brinco, não é?

Meu sorriso desapareceu e olhei para ele com cara de desespero.

- Como você sabe disso? Sim, perdi... Você encontrou? Viu por aí? Como você sabe que eu perdi?- falei num fôlego só.

Ele levou uma mão ao meu furo vazio. Me arrepiei com seu toque e ele percebeu, pois sorriu.

- Você está sem, e não costuma tirar esse brinco... Faz anos que você não os tira - e depois de uma pausa, completou- Desde que sua mãe morreu, nunca mais vi você sem.

Estava tão chocada que não conseguia responder. Ele lembrava? Será que lembrava de tudo? Por que decidiu falar só agora? Olhei fundo nos seus olhos, tentando desvendar os mistérios por trás deles. Tinha que descobrir.

- Connor?- falei calmamente, tentando pronunciar as palavras.

- Sim, Charlie - ele olhou rapidamente para frente, mas logo pousou seus olhos em mim- O que deseja?

- Você...

- Meninas! Vocês viram o treino inteiro?- Damon chegou me interrompendo.

Droga Damon. Por que você tinha que interromper?

Annie on

Tentei, tentei mesmo. Mas não ficar olhando Damon lá no campo não era uma opção. E ele ainda chega sem camisa, todo suado, com seu corpo definido à mostra. Assim ele me mata. Estava sem palavras, e foi Charlie quem falou primeiro.

- Sim Damon, olhamos o treino inteiro - ela tinha uma ponta de irritação na voz. Por que será?

Damon sorriu, parecendo não perceber o tom de Charlie, e eu esqueci tudo o que eu estava pensando.

- E o que acharam?- ele perguntou olhando diretamente em meus olhos, como se minha opinião era a que realmente importava.

Abri a boca para responder, mas Connor falou.

- Eu achei até legal: um bando de gays correndo desesperadamente atrás de uma bola!- falou rindo.

Damon começou a estapear Connor e os dois começaram uma briguinha de criança. Tinha que bancar a “mãe”, senão aqueles dois iam acabar se machucando de verdade.

- Então, meus bebês - eles pararam e me olharam- Nós estávamos esperando vocês para irmos fazer o trabalho – dando ênfase no “trabalho”.

- É, ela tem razão - Connor começou- Olha papai, você encontrou sua mamãe.

Senti meu rosto queimar e Damon sorriu de orelha a orelha. Connor estava se matando de rir e Charlie se segurava para não gargalhar também.

- O quê? Não, para de falar bobagens garoto - falei me atrapalhando toda- Acho melhor irmos, não?

- Mudando de assunto sutilmente - Charlie resmungou.

- Sim, vamos. Eu tomo banho em casa - Damon falou e todos assentiram.

Quando estávamos passando pelo pátio, com grandes árvores e flores, encontramos alguém que poderia estragar meu dia.

- Hey meninos, por que vocês então com essas duas coisinhas?- Jay saiu de trás de uma árvore, cheio de marra.

Imediatamente nós paramos e Connor deu um passo para frente de Charlie. Ia falar, mas Damon começou antes.

- Jay, passa fora. Não queremos você por perto e não chame elas de coisinhas nunca mais, entendeu?

Damon falou sério e com um tom autoritário que eu pensei que Jay sairia correndo, estragando aquele moicano loiro. Mas em vez disso, ele riu. E muito alto. E por uns três minutos, eu acho.

- Você se acha o maioral, não é Damon? Fica aí andando com essas... Ah é, "não coisinhas"- ele gesticulou com os dedos- E essa daí - ele apontou para mim- é pior ainda. Se acha a revoltada com a vida, sempre protestando contra tudo...

Ele continuou falando, mas nem prestei atenção. Já ouvi aquilo tudo e estou acostumada. Olhei para o lado e Damon estava com a cara vermelha de raiva, a ponto de soquear Jay. Coloquei a mão em seu braço e ele pareceu se acalmar um pouco. Olhou para mim e sorriu. Já falei que o sorriso dele é lindo?

- ... e ainda por cima se acha a inteligente como essa muda retardada que não sabe fazer nada.- Jay completou, apontando para Charlie.

Ah. Esse. Vagabundo. Não. Falou. Isso. Ta. Pedindo. Para. Morrer. Segurem minha bolsa que hoje vai ter briga. Pode falar o que quiser de mim, mas falar da Charlie é pedir para morrer. Não aguentei e dei um soco na cara horrorosa de Jay. Ele cambaleou para trás e senti minha mão latejar.

- Ai, ai, ai que dor... Não sabia que socar alguém doía tanto - meu pulso doía demais e eu o sacudia de agonia.

Jay se recompos rapidamente, mas seu nariz sangrava.

- Você acha que pode me bater assim? Agora vai aprender...

Ele levantou a mão para me bater, mas Damon foi mais rápido. Segurou seu punho no ar e Jay ficou surpreso.

- Não se mete com a minha garota!- Damon falou, desferindo um soco em sua barriga.

Jay caiu no chão gemendo. Fiquei abismada. Damon me defendeu e me chamou de "minha garota". Por acaso, quando Damon chegou do futebol, eu morri mesmo e fui para o céu? Percebi que não tinha morrido quando senti a dor no pulso voltar.

- Annie, sua mão está inchada - Charlie falou, segurando meu braço.

- Vamo logo para casa, eu faço um curativo para você - Connor falou sorrindo.

Assenti e voltamos a andar. Adoro o quão perto a escola é de nossas casas. Logo chegamos e Damon correu para o banho.

- Sentem-se no sofá que eu já volto - falou Connor, largando a mochila num canto da sala- Vou pegar o kit de primeiros socorros.

E assim, saiu, deixando Charlie e eu alí sozinhas.

- Está doendo muito?- Charlie perguntou.

- Não tanto quanto eu esperava que doesse, mas sim - falei olhando para o roxo ao redor do meu pulso.

- Oh Annie, não deveria ter batido nele por minha causa - ela choramingou.

- Chalotte, nunca mais repita isso. Eu bateria até no Mike Tyson por você!- falei e ela soltou uma risadinha.

- Sua idiota.

- E além do mais, Damon me chamou de "minha garota" - falei e nós demos um mini chilique, mas comportado por causa do meu pulso.

- Eu achei a coisa mais fofa! O que será que ele quis dizer com isso?- Charlie era meio devagar.

- Sei lá, que eu devo pular de um prédio super alto e me matar - falei irônica.

Ela me deu um tapa e eu gemi de brincadeira.

- Meu pulso.

- Ai desculpa. Não queria ter acertado... - ela pensou por alguns instantes- Mas eu não bati no seu pulso!

Ri e ela fez uma cara de revoltada, mas logo começou a rir também.

- Voltei. Pronta para o curativo?- Connor chegou com uma maleta branca na mão.

- Vai doer?- perguntei.

- Vai – ele fez uma risada maléfica- Sou um médico terrível - ele falou e todos rimos.

Connor começou a tirar as coisas de dentro da maleta, mas logo parou e ficou olhando para meu pulso.

- O que foi? Está muito grave?- falei, ficando mais preocupada.

- Não, só que eu acho que você deveria lavar o pulso antes de enfaixarmos - ele falou, me acalmando - Sobe lá e deixa a água cair.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Mas Damon não está no banho?

- Sim, mas na suíte dele. É o único que tem - ele fez uma careta- Tem o banheiro que nós dividimos. Última porta do corredor.

Levantei e fui subindo a escada. Só não esperava o que tinha lá em cima para mim...