Intense.{ HIATUS }

Parte 1 - O possível começo de nosso grupo.


30 de Dezembro as 13:30

K.E.

Estávamos sentados na mesa do Budakah* há uns vinte minutos, fizemos nossos pedidos a dez. Minhas luvas estavam na ponta da mesa e minha bolsa na cadeira ao lado, havia prendido meus cabelos, que antes estavam em soltos em um rabo de cavalo frouxo. Finnick estava de frente pra mim, ainda me olhando incrédulo.

– Há! – exclamou Finnick como se não acreditasse no que eu estava falando – Você está me dizendo que terminou seu namoro na véspera de Natal, menos de uma semana atrás, e que já se considera amiga dele?

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Joguei minha cabeça para trás e dei uma risada, pois ouvindo os fatos saindo da boca de Finnick realmente parecia loucura. Mas era a verdade, eu e Darius estudamos juntos, nos apaixonamos, mas nos últimos meses estávamos distantes um pelo outro. Não poderia ficar culpando-o por se apaixonar por outra. Ele ainda era meu par nas aulas de química e biologia, nós tínhamos que organizar juntos o anuário e eu realmente gostava da companhia daquele ruivo.

Percebi que Finnick me olhou divertido e me dei conta de que minha cara deveria estar engraçada e que eu deveria ter ficado em silencio por algum tempo.

Nossos olhares se encontraram e eu voltei a rir dessa vez acompanhada por ele. Um garçom chegou, trazendo nossos pedidos. Fizemos um silencio momentâneo enquanto nos servíamos com o Falafel. Então novamente ficamos sozinhos a mesa.

– Ei Finnick – eu chamei, ele me olhou congelando o garfo na metade do caminho a boca – se eu te dissesse que após meu termino eu entrei em um bar, querendo beber na véspera de Natal, mas ao invés disso, eu conheci duas pessoas incríveis e eu tive uma das noites mais legais da minha vida.

Seu garfo voltou ao prato e ele me fitou por alguns instantes, então disse:

– Katniss Everdeen você realmente não existe.

Sorrindo, eu disse:

– Claro que existo meu bem! Em carne, osso e perfeição. – Completei com uma piscadela.

Finnick me deu um daqueles incríveis sorrisos dos quais eu me lembro bem sua mãe descrevendo naquele verão. Ele percebeu que eu o notava e seu sorriso mudou de arrasador para malicioso.

– Nem comece Finnick, nossa relação não passara de amizade. Lembro-me muito bem de sua mãe me contando como você era idêntico ao pai, mas com os olhos da mãe. Não se esqueça de que eu sei bem o suficiente sobre você para não me apaixonar.

Ele sorriu de lado, mas seu olhar era triste. Finnick até podia ter esse jeito de não se importar com nada e de ser um “vida loka”. Mas ele sentia falta da mãe. Isso era visível. Apesar de ele não notar.

– Você ainda não me disse como conheceu minha mãe – ele disse.

– Ah, Finnick, isso é uma historia longa, mas um dia de certeza eu te conto. Ok? – perguntei meio insegura, afinal Melanie era a mãe do cara, ele tinha todo o direito de saber tudo o que queria sobre ela.

– Tudo bem Katniss. – ele disse com um sorriso, mas dava para perceber que ele estava chateado.

– Mas me conta Finnick, o que o herdeiro Odair esta fazendo em Nova York? Achei que a District tinha sua sede em LA. – eu disse mudando o assunto.

– Ah Katniss, isso é uma historia longa, mas um dia eu te conto com certeza, ok? - Ele disse sorrindo, lembrando-me das minhas próprias palavras segundos atrás.

Passamos o resto do almoço conversando sobre nossas vidas. Descobri que Finnick estava matriculado em uma escola particular bem perto da minha, que ele surfava muito e que era do tipo baladeiro. Enquanto almoçávamos percebi que Finnick tinha mania de mexer em um anel que se encontrava no seu dedo indicador esquerdo e que ele era bem mais inteligente do que deixava transparecer. Percebi também o efeito dele sobre as mulheres, sentindo mais de uma vez, olhares furtivos de desconhecidas em nossa mesa.

Estávamos esperando nosso sorvete de manga, meu sabor favorito de sorvete, chegar. Eu estava checando umas mensagens de texto que havia recebido nas ultimas horas e que não havia lido, quando Finnick disse:

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– Katniss, sabe de alguém que esteja alugando apartamento perto da escola?

Não que eu me lembre Finnick, mas se você quer saber, eu estou atrás de alguém para dividir um apartamento – eu comecei – Não que uma Trinked precise dividir os gastos, longe disso. Mas eu odeio morar sozinha e o apartamento que minha mãe me deu é realmente bem grande e...

– Katniss... – ele me interrompeu.

– É eu realmente sou uma Trinked. Difícil de acreditar né? Não tenho nada a ver com a família da minha mãe...

– Katniss, você pode deixar eu falar? – Finnick disse calmamente.

Corei. Desde pequena eu tenho essa infeliz mania de atropelar as pessoas em diálogos, falar demais então abaixei a cabeça e apenas murmurei um “prossiga”.

– Eu estou atrás de algum lugar para morar no Upper East Side. Idéia de tia Mags. Ela não quer que eu atravesse os distritos todos os dias para ir a escola, ela acha que vai ser mais confortável para mim assim. – ele disse meio sem jeito. Dei um sorriso na hora.

– Perfeito! Você vai morar comigo Finnick! Já está decidido.

– Você me conheceu hoje e esta me convidando para morar com você?– ele disse.

– Eu conhecia sua mãe e apenas isso basta, alem disso acho que posso confiar em você, não posso? – olhei-o de maneira inquiridora.

– Mas é claro que pode gata – ele disse sorrindo.

– Então esta decidido gato, você se muda depois do ano novo. Ate lá teremos tempo para decidir os detalhes.

– Só pra lembrar, eu durmo do lado esquerdo da cama – ele completou com uma piscadela.

Eu apenas ri e disse:

– O apartamento é grande Finnick, tem um quarto pra mim, um pra você, um para a Greasy, e um para hospedes.

– Greasy?– Ele perguntou coçando a cabeça.

– Ela é o que você poderia chamar de babá. – eu disse meio constrangida.

– Babá? - ele perguntou gargalhando e atraindo alguns olhares das outras mesas para nós. – Katniss Everdeen tem baba.

Peguei uma das mãos de minha luva ao canto da mesa, fiz um bolinho e taquei em sua cabeça. Sua risada cessou, mas ele evidentemente ainda prendia um riso.

– Ela trabalha para minha família há anos, e quando eu resolvi me mudar para cá, pedi a minha mãe que á enviasse para morar comigo. Mas a uns meses atrás algumas coisas mudaram e eu pedi para que ela assumisse outra função, então eu quase não a vejo mais.

A expressão de Finnick se acalmou. Ele apenas assentiu com a cabeça. Meu celular vibrou.

1 NOVA MENSAGEM.

Peeta M.

Hey kat, acabei de chegar. Topa um Starbucks comigo e Annie? :]

Respondi rapidamente que sim. Estava com saudades de Peeta, o que era bem estranho já que há poucos dias tínhamos nos encontrado. Tudo bem que durante esses dois ou três dias de sua viagem nos não nos falamos, mas não era motivo para saudades. Ou era?

Voltei meu olhar ao Finnick e vi que ele também digitava, um tanto quanto freneticamente em seu celular. E pensar que o cara queria jogá-lo no parque. Quando seu olhar voltou ao meu, ele coçou a cabeça e disse:

– Err... Katniss surgiu um imprevisto e Mags precisa que eu vá encontrá-la no restaurante.

Rapidamente lembrei-me que ele me disse que Mags era sua tia. Assenti com a cabeça e sorrindo respondi a ele que também havia aparecido um compromisso para mim. Finnick, com eu jeito gala, pareceu aliviado em não ter que me deixar sozinha no restaurante, o que me fez sorrir.

Terminamos nossas sobremesas rapidamente e formos pagar a conta, mas não se antes eu ouvir alguns protestos do Finnick do tipo: “Finnick Odair nunca divide a conta.” “Você esta ferindo meu orgulho agindo assim Katniss” “Deixe essa postura feminista de lado e me deixe ser um cavalheiro”. Eu apenas pisquei pra ele quando o garçom, que nos olhava divertido, passava meu cartão na maquininha e completei dizendo:

– Você esta em Nova York agora, acostume-se com mulheres independentes e bem resolvidas.

(...)

A primeira coisa que percebi quando vi os irmãos Mellark em frente ao prédio de dormitório da Academia Constance de Ensino, foi como Peeta Mellark continuava incrível, mesmo com esse corte de cabelo diferente do que estava acostumada a ver.

Fazia pouco mais de 20 minutos em que eu havia posto Finnick em um taxi e em seguida eu mesma ter pegado um. Logo mandaria uma mensagem para e perguntaria se estava tudo bem. Afinal eu preciso ficar intima do cara, já que ele vem morar comigo.

Voltei a minha atenção aos irmãos Mellark. Annie que era da minha altura, ou seja: baixinha por volta dos 1.60 de altura, batia um pouco abaixo dos ombros do irmão, isso com sua botinha preta que devia lhe aumentar uns cinco centímetros. Era engraçado o contraste, que mesmo a uma leve distancia e com neve eu conseguia identificar. Ele loiro, ela morena. Ele com uma calça jeans de uma lavagem mais clarinha, moletom e casaco em dois tons de azul. Ela com uma meia calça de um preto bem forte, uma bata verde escura de mangas compridas e um sobretudo preto. Conforme íamos nos aproximando, notei que os dois estavam lado a lado, cada um mexendo em seu celular.

Quando o carro parou, os dois voltaram sua atenção para a rua e eu abri a porta do meu lado, afastando-me da janela do mesmo. Annie sorriu para mim, e aposto que ela estava lembrando-se da festa em que fomos a algumas noites antes. Peeta deu a volta no carro e abriu a porta sentando-se do meu outro lado.

– Oi Kat! – Annie disse me dando um beijinho no rosto.

– Oi Annie, – eu disse retribuindo, e logo completei – Peeta Mellark, o que você fez no cabelo?

Annie gargalhou ao meu lado e disse calmamente com um pouco de humor na voz:

– Príncipe eu falei que as pessoas iam perceber.

Ouvir Peeta bufar ao meu lado e finalmente resolvi olhar pra ele. Ele me olhou de volta e deu um sorrisinho de lado, que eu logo retribui, meio sem jeito. Eu estava mesmo nervosa perto dele?

– Oi pra você também Katniss. – ele disse com um sarcasmo saudável na voz.

– Oi Peeta – eu disse baixinho.

– Me diga o que você estava pensando quando pediu ao cabeleleiro por este corte.

– Na verdade fui eu mesmo que cortei – ele disse claramente orgulhoso. – Estava precisando mudar, um novo ano está chegando afinal... – ele concluiu.

– Mentira! – Annie disse em tom musical quase gritando, mas sem tirar os olhos do celular e Peeta a olhou visivelmente incomodado, talvez por Annie ter entrado no assunto. – Ele cortou porque o corte que ele usava antes, a Delly que tinha escolhido.

Delly? Quem ou o que diabos é Delly?

Annie deve ter percebido a confusão em meu rosto e tratou de me explicar:

– Delly, Dellyah Cartwright. A mais nova ex namorada do Peet. Né Peet? – Annie disse com um pouco de maldade na voz, o que não era de seu feitio. Talvez ela não gostasse da tal Dellyah.

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– Já chega bruxinha. – Peeta disse em tom de aviso levemente irritado, e eu decidi que era melhor mudar de assunto.

– Mas Peeta, me diga apenas qual foi sua inspiração para esse corte. – eu disse com um sorrisinho, fitando o loiro ao meu lado.

– Ah, você sabe e já viu que eu já usava meu cabelo com um topete, então eu estava me barbeando e resolvi que ficariam legais as laterais mais baixas, então fui passando a maquina. – ele disse, dando de ombros. Seu corte de cabelo consistia em basicamente em definir seu topete quase raspando as laterais, algo moderninho que eu achava que combivana com ele, mas ainda assim me incomodava, talvez pelo fato de eu não estar acostumada.

– Peeta Mellark! Você poderia ter estragado seu maravilhoso cabelo! – eu disse.

– Maravilhoso é? – ele perguntou me provocando. Corei e fiquei levemente irritada comigo mesma. Não queria ter dito aquilo, apenas dei de ombros e assenti com a cabeça, decidida a ficar calada pelo resto do caminho para evitar falar mais uma idiotice.

(...)

A.M.

30 de Dezembro as 16:20

Estávamos esperando nossos pedidos. Um capuccino para mim, e dois chocolates quentes, um para o Peet e outro para a Kat, pois ambos, por incrível que pareça, detestavam café. Malucos. Uma porção de brownies quentinhos, e mais uma dos tais pães de queijo que Katniss tanto falava.

– Bruxinha, a mamãe pediu pra dizer que chega ao país em uma semana. – Peeta disse me fazendo olhar para cima.

– Ok Príncipe – eu disse sorrindo e realmente feliz por poder aproveitar o resto de minhas férias na companhia de minha mãe, mesmo é claro que isso inclua Cinna.

Voltei minha atenção para a pesquisa que estava fazendo em meu celular: Escolas de dança em Manhattan. Desde o dia em que sai com Katniss, o desejo de aprender a dançar não me larga. E hoje pela manhã eu decidi que iria levar esse pensamento adiante. Minha atenção saiu novamente da tela do celular quando Katniss perguntou.

– Alguém pode me contar a historia desses apelidos, ou é alguma piada interna de irmãos?

Peeta me olhou sorrindo, e eu apenas retribuir antes de falar.

– Não é nada interno Kat. Na verdade é até meio bobo. Mas se você quer mesmo saber,te conto de boa:

Eu devia ter uns sete anos e Peeta oito. Era halloween e mais uma vez nossa mãe tinha nos fantasiado. Eu como sempre era uma princesa com mais um dos vestidos bufantes que minha mãe fazia para mim, mal eu sabia que esse hobby dela anos mais tarde a faria tão bem sucedida. Peeta estava de pirata, igualzinho ao nosso primo Wes. Então eu passei o dia incomodada com a idéia de ser uma princesa e quando nossa mãe a babá foram nos chamar para irmos, eu surtei e comecei a chorar.”

– Annie não saia do quarto de jeito nenhum, - Peeta disse se intrometendo - então minha mãe teve que convencê-la a abrir a porta, quando Annie saiu ela perguntou qual era o problema e a Annie, que estava entrando naquela fase “Esperando minha coruja de Hogwarts”, disse para a mamãe que queria ser uma bruxinha e quando a mamãe olhou para mim, perguntou o que eu queria ser e...

– Ele disse que queria ser um príncipe para salvar as princesas! – eu disse completando meu irmão.

Nos olhamos cúmplices por alguns instantes e eu vi o olhar de Katniss brilhar em nossa direção, e então rapidamente seu olhar se tornou melancólico, mas tão rapidamente como chegou, ele sumiu. E ela balançou a cabeça, como se afastasse lembranças e disse:

– Duas coisas: eu nunca vou sair da fase “Esperando a minha coruja de Hogwarts” – e virando-se para Peeta e apontando seu dedo indicador, completou – Quer dizer que você quer ser um príncipe para salvar as princesas?

– É essa a idéia Katniss. – ele disse – Matar o dragão e salvar a princesa.

– Meu pai me chamava de princesa. – Katniss disse em um tom melancólico que Peeta evidentemente não percebeu. Homens. Ele arqueou as sobrancelhas e então olhou para seu celular e disse:

– Eu mataria dragões por você Katniss.

O que aconteceu a seguir foi no mínimo surpreendente.

Os dois coraram muito, e ao mesmo tempo, e eu pensei que estava acontecendo algo que eu não havia percebido antes. Dei um sorriso involuntário e falei mentalmente para mim mesma:

“Chupa Delly”.

A garçonete chegou com nossos pedidos e os dois pareciam constrangidos em ter que olhar um para o outro. Tão fofos, pensei. Achei que eu era que iria ter que quebrar o silencio que se formou, mas fui surpreendida por Katniss.

– Fui criada para eu mesma matar meus próprios dragões Peeta. – ela disse olhando para seu gorro, que estava pousado na mesa há tanto tempo quanto nós estávamos no estabelecimento, derrepente achando-o interessante.

Peeta a fitou e quando ele falou, eu fui mais uma vez surpreendida naquele dia.

– Então eu lhe ajudaria a matar esses dragões.

Meu coração quase saiu pela boca. E mais de novo os dois coraram, mas dessa vez um ficou encarando o outro e eu desejei que eles se beijassem. Deuses. Isso é quase mais legal que Pretty Little Liars. Preciso saber quando isso começou. Seria melhor perguntar para Katniss ou para o Peeta?

Parei de devagar quando percebi que os dois não sabiam o que estava rolando, e não ia ser eu que iria estragar isso. Eles que descobrissem isso depois. Ainda mais agora que o Peeta enfim terminou com aquela vaca que ele chamava de namorada.

O silencio que reinava na mesa foi logo interrompido por Katniss, que mexendo em seu celular, abriu a câmera frontal e nos chamou para uma foto. Foi engraçado ver a expressão de Katniss quando Peeta aproximou-se dela. Era como se ela evitasse a sensação de seu rosto estar a poucos espaços do dele.

(...)

Estávamos na segunda porção de pão de queijo quando um celular tocou na mesa. Por reflexo, nós três pegamos, cada um o seu celular. Era o de Katniss e ela nos olhou como se pedisse permissão para atender.

– Fique a vontade Kat – eu disse sinalizando para ela.

Ela se levantou e Peeta a seguiu com o olhar, mas rapidamente ele pegou seu celular da mesa e começou a fuçar no mesmo.

Vi que era uma boa hora para voltar as minhas pesquisas sobre escolas de dança e também peguei meu celular. Minutos depois Katniss voltou na mesa com um sorriso culpado no rosto.

– O que foi? – eu curiosa como sempre, perguntei. Peeta apenas levantou seu olhar do celular para nós.

– Finnick me ligou e eu acabei por convidá-lo a se juntar a nós. Algum problema? – ela perguntou meio constrangida. Eu fingi uma voz superior e disse:

– Claro que tem problema Katniss! Como você simplesmente convida alguém para se juntar a minha companhia? – eu disse não conseguido conter uma risada no final. Peeta apenas a encarava sem expressão e eu poderia apostar que ele não estava gostando nada dessa conversa.

– Por acaso Finnick seria? – eu perguntei, atraindo a atenção de meu irmão para mim.

– Ele por acaso, Annie Mellark, vai morar comigo. – ela disparou chamando-me pelo sobrenome de minha mãe, o que me fez torcer um nariz um pouco. Preferia ser chamada de Annie Cresta, todos sabiam, mas pelo visto Katniss não. Nota mental de comentar isso com ela.

Peeta pareceu absorver a informação aos poucos. Desde que ele chegou, não parecia estar com paciência e estava se irritando muito fácil, talvez por toda a situação com Delly.Ele então falou com as sobrancelhas levantadas:

– Achei que você estava atrás de uma colega para dividir o apartamento Katniss! – ele disse frisando o “a” de colega.

Isso é ciúmes Peet?

Olhei para a grande janela que se encontrava a algumas mesas de distancia de nós. A neve enfim havia dado uma trégua. Nova York era uma ótima cidade, mas eu definitivamente não havia nascido para viver no frio. E ao contrario de Peeta eu podia trocar esse agito da grande maça por algo bem mais pacato Rosemary Beach.

Katniss que estava encarando como se decifrasse Peeta, recebendo o mesmo olhar de volta, respondeu:

– A mãe dele era uma grande amiga minha, e ele estava atrás de um lugar para ficar. Não podia não oferecer, já que eu mesma já estava desistindo de procurar alguém.

Peeta apenas bufou e disse baixinho, talvez ate sem notar:

– Se eu soubesse, eu teria me oferecido...

Coloquei a mão na boca para abafar uma risada. Katniss bufou ao meu lado. E murmurou algo que eu não consegui captar, então para quebrar o silencio chato e constrangedor que pairou sobre a mesa eu resolvi chamar a garçonete e pedir um pedaço da bomba de chocolate que estava numa vidraça atrás do balcão e que eu conseguia ver daqui.

(...)

30 de Dezembro as 17:50

P.M

É com a maior infelicidade do mundo que vós comunico que eu não tenho como competir com Finnick Odair, eu acho. Sempre fui considerado um cara bonito, nas minhas fotos do Instagram as meninas me chamavam de: lindo, sexy e as mais atiradas ousavam comentar que eu era gostoso. Mas Finnick Odair parecia ter um imã nas mulheres.

Peeta, seu gay.

Eu ouvir o cintilar do sino na entrada do estabelecimento em que nós nos encontrávamos. Annie estava fuçando em alguma coisa em seu celular e Katniss provavelmente editava as fotos que havíamos tirado a pouco tempo. Eu estava apenas pensando enquanto olhava para minha xícara de chocolate. O clima na mesa, entre mim e Katniss havia, de uma hora para outra, ficado levemente pesado. Há! E nenhum de nós dois fazia o menor esforço para mudar isso. Foi fácil minha atenção ser atraída pelo sininho irritante da porta.

Quando ele entrou, quase que uma garçonete derrubava a bandeja. As mulheres pareciam babar e eu secretamente rezei para ele se dirigir a qualquer outra mesa. Ele parou no hall de entrada e parecia procurar alguém, e seu olhar brilhou de alivio quando ele viu a cabeleira morena com mechas na ponta de Katniss, e ela, como estava de costas para ele não viu nada.

Ele veio andando calmamente ate a nossa mesa, no caminho tirou as luvas pretas que e usava. Colocou-as, dentro do bolso do casaco que vestia e, aproximando-se, colocou suas mãos sobre os olhos de Katniss, fazendo a mesma assustar-se e atrair a atenção de uma Annie que digitava freneticamente ao seu lado.

Enquanto Katniss batia na mão de Finnick tentando soltar-se, ele e Annie se encararam por alguns instantes, e então ela revirou os olhos e ele voltou sua atenção a Katniss. Estranho. Ela se levantou e o cumprimentou com dois beijos na bochecha e o apresentou para mim e Annie. Ele, como galanteador que deve ser cumprimento Annie beijando sua mão e quando chegou na hora de me cumprimenta, apenas acho que apertei sua mão forte demais.

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Os três entoaram uma conversa e durante alguns minutos resolvi parecer interessado no que Finnick dizia, estava encarando Katniss sem emoção e recebendo o mesmo olhar de volta, ate que me cansei desse joguinho que estávamos fazendo. Catei meu celular pela mesa e comecei a vasculhar meus arquivos, ate que uma das fotos da minha galeria me chamou atenção.

Ela havia tentado falar comigo, mas eu já estava cansado de suas manipulações. Em dois anos de namoro todas as vezes que brigamos ela fora sempre a vitima e eu o grande vilão. Dessa vez eu realmente não me importava em fazer o papel de mal, afinal ela realmente me fizera de idiota esses últimos meses não é mesmo? Enquanto eu me sentia culpado por achar outras garotas bonitas, ou ate mesmo recentemente quando conheci Katniss e me senti atraído... “Eu estou mesmo admitindo isso para mim mesmo?... Enfim, enquanto eu era fiel, nesses últimos meses ela estava agindo como se não tivesse namorado. Quando fiquei sabendo, quaisquer vestígios de uma paixão minha por Delly sumiram em um instante. Há tempos que eu tentava ignorar o quanto ela estava se tornando fútil e mudada. Quando descobri o que ela estava fazendo não hesitei em terminar.

Ela ainda tentava se desculpar e voltar comigo, é claro. Quem iria querer perder o partidão Peeta Mellark C. Snow?

“- O filho gato e idiota de nosso querido senador ianque.”

Ao me lembrar dessas palavras de Delly a sua amiga, a raiva me subia e eu tinha vontade de dar algumas tapas na garota de cabelos loiros. Como mesmo eu pude ser tão idiota mesmo?

Voltei minha atenção à mesa e percebi que Finnick estava falando comigo.

– Desculpa cara, eu não estava prestando atenção. – eu disse evitando ser rude, afinal eu mal o conhecia não é mesmo? Não poderia culpá-lo por estar interessado na Katniss nem muito menos descontar minha raiva de Delly nele.

– Pode crer cara, eu percebi. – ele disse balançando a cabeça e então continuou – Estava perguntando se Nova York é sempre assim tão gelada.

Então quer dizer que o cara não era daqui? Olhei para o outro lado da mesa onde Katniss e Annie que conversavam algum assunto que só interessava a elas, voltei meu olhar a Finnick e entendi que ele estava fugindo de um papo de mulheres. Dei um sorriso sincero, o que acontecia sempre que eu falava de NY, antes de responder.

– Claro que não. Quando o verão chegar, e você pode crer que ele vai chegar você não vai nem se lembrar da neve. Aguarde por Julho meu caro.

– Que Julho chegue logo. – ele disse visivelmente animado por não ter que ficar no frio o ano todo.

Finnick e eu meio que conversamos algumas banalidades, e eu ainda o achava um playboyzinho estranho por não gostar de Nova York. Ele passou parte de nossa conversa olhando para a ponta da mesa onde e Katniss e Annie conversavam, o que realmente começou a me incomodar muito depois de um certo tempo. Como se lesse meus pensamentos que buscavam uma forma de me livrar de mais algumas horas me sentindo desconfortável, Finnick me irritava e Katniss estava irritada comigo mesmo sem um motivo evidente e se sentia bastante feliz em monopolizar minha irmã, meu celular pareceu se compadecer da minha situação e acionou o lembrete do jogo do Real o qual eu já havia esquecido.

Respirei aliviado quando vi a notificação, que me dava uma desculpa para vazar dali.

– Err... Meninas ... – as duas viraram suas cabeças para mim ao mesmo tempo. – Bom, eu acabei de lembrar que eu tenho esse jogo do Real pra assistir, marquei com um colega em um bar não muito longe daqui...

– Você realmente vai me trocar por um jogo Peet? E deixar sua irmã sozinha? – Katniss disse me encarando.

Inferno de garota maluca, primeiro entra em um flerte comigo, depois me conta que vai morar com outro cara, fica irritadinha comigo, monopoliza minha irmã, me ignora e agora vem dizer que eu a estou trocando?

Ainda não tenho grau para agüentar isso.

– Sim eu vou Katniss. – eu falo visivelmente irritado e dirigindo-me a Annie completo – Não tem nenhum problema certo bruxinha? Você sabe que eu posso muito bem desmarcar e te acompanhar em ate a Constance não sabe? – meu instinto de irmão mais velho sempre fala mais alto.

Katniss parecendo-me bem incomodada e um tanto quanto frustrada interrompe minha irmã que nem começou a falar e diz:

– Ela vai dormir lá em casa Peeta – ela sabe que eu não quero que Annie ande sozinha na neve, ainda mais agora que já se estar escurecendo. – Mas eu recomendaria que você convidasse Finnick para ir com você, porem também acho que ele não vai se incomodar em uma noite das garotas e do Finnick, não é mesmo Finn? – ela fala dirigindo-se a Finnick mas mesmo assim me olhando como se estivesse me desafiando. Resolvo entrar no seu joguinho, e ganhar o mesmo.

– Claro que não. – eu digo abrindo meu melhor sorriso. E dirigindo-me a Finnick, que assim como Annie estava apreciando nosso pequeno bate-rebate na mesa, digo. – Você torce pro real, não é cara?

Ele retribui meu sorriso e apenas concorda com a cabeça.

Katniss ainda esta me olhando e meu espírito competitivo me forca a fazer uma ultima tacada nesse nosso joguinho de “Quem irrita mais quem”.

– Katniss, você definitivamente esta convidada a passar o ano novo comigo e com Annie. – eu digo, fazendo-a levantar as sobrancelhas e olhando para Finnick, que agora não me parece a pessoa mais irritante da mesa, completo. – Você também cara.

– Aonde iremos? – ela pergunta petulante.

– A Times Katniss – Annie responde em tom abrandante – e provavelmente Peeta vai nos arrastar para alguma festinha depois.

– Nisso eu posso ajudar, – Finnick diz – o restaurante de Mags vai dar uma super festa de Ano Novo. Podemos ir a Times, e logo depois emendar com a festa, que tal?

– Perfeito! – eu digo olhando desafiador para Katniss.

– Perfeito! – Katniss diz me fuzilando com o olhar.

Como conseguimos ficar com raiva tão fácil um do outro? A menos de cinco dias atrás nos conhecemos e estávamos cantando Bom Jovi deitados no chão do meu quarto, e hoje estamos assim?

No momento eu não quero entender Katniss Everdeen, só quero sair daqui e esfriar um pouco a minha cabeça.

– Pronto pra ir Finnick? – eu perguntei pondo uma nota de cinqüenta dólares na mesa sendo seguido por Finnick que repetiu o gesto, apesar de não ter consumido quase nada. A gorjeta da garçonete vai ser boa hoje.

– Claro que sim Peeta. - Finnick falou recolocando suas luvas e catando seu celular que estava sua frente na mesa. Dei um beijo na testa de Annie e um em Katniss, apenas para irritá-la mais. Esperei Finnick se despedir das duas e me encaminhei ate a porta para pedir um taxi. Finnick veio em meu encalço.

Estávamos dentro do carro, em silencio, quando ele me surpreendeu dizendo:

– Você sabe que não rola nada entre mim e Katniss, não sabe?

– Por que você acha que isso é da minha conta Finnick? – eu o fitei. Ele gargalhou.

– Você esta de brincadeira, não está? – quando ele viu que eu não estava ele completou. – É mais do que evidente a tensão que emana de vocês, Peeta. E eu realmente não quero nada com ela e nem ela comigo, somos apenas amigos. E eu acho você um cara legal, então da pra parar com essa gayzisse de evitar gostar de mim, por que eu sei que ninguém resiste aos meus encantos loira, e tu parece ser um cara legal. – ele terminou piscando.

Foi a minha vez de gargalhar.

– Conheço ela há poucos dias, acabei de terminar um namoro e ela realmente conseguiu me deixar louco da vida hoje cara. – eu disse com um suspiro.

– Meu conselho sobre garotas que valem à pena: de tempo ao tempo. E se isso não adiantar, leve-as para um fim de semana em Rosemary Beach e tudo se resolve facilmente.

Rimos e entoamos um papo sobre a vida. É talvez minha primeira impressão sobre Finnick tenha sido errado, e só talvez também ele seja um cara legal.

30 de Dezembro as 20:30

F.O.

Peeta e eu estávamos sentados em uns bancos em frente ao grande balcão do bar. Esperávamos um amigo seu, em pouco mais de vinte minutos de conversa eu descobri que Peeta era realmente um ianque de nascença e que era apaixonado por essa cidade. Ele curtia festas, assim como eu, mas ao contrario de mim as festas que ele freqüentava tocavam rock e musica alternativa, ao contrario de mim que era dado a raves e grandes baladas. Peeta visivelmente fazia sucesso com as mulheres apesar de não perceber, eu acho. Talvez um pouco mais de convivência comigo mudasse isso. Quando ele pegou seu cartão para abrir uma conta no bar não pude deixar de notar seu nome.

Peeta Mellark Cresta Snow.

Peeta porque o seu sobrenome não me é nenhum um pouco estranho?

– Bom, provavelmente você já ouviu falar dos meus pais – ele disse meio encabulado. – Minha mãe é Portia Mellark, uma das diretoras criativas da Louis Viuton. – ele disse cheio de orgulho e satisfação na voz – e o meu pai – seu tom mudou – é Colarianus Cresta Snow ,senador de Nova York.

Ele definitivamente não gosta do pai. Não comentei nada apenas assenti com a cabeça e peguei minha carteira que estava no bolso interno de meu casaco.

– Finnick Eric Odair – ele disse lendo meu documento que tive que fornecer ao cara do bar. – esse sobrenome não me é estranho também...

– Indústrias Odair da Costa Leste, culpado. – eu disse levantando um pouco a mão.

– Filho de Cedrick Odair, o surfista? – ele estava realmente impressionado.

– Culpado novamente – eu disse com um sorriso. Depois de um silencio pensativo de ambas as partes eu falei em um tom mais baixo:

– Sabe cara, acho que a gente esta no mesmo barco. O meu pai está morto, e o seu pelo que pude constatar no seu tom de voz, não foi lá um pai presente. Somos os homens de nossas casas. Posso ver como você cuida de Annie, era a mesma forma de que como eu cuidava da minha mãe.

– Exatamente Finnick. – ele diz sorrindo e então levantando a garrafa preta em minha direção.

– Aos homens da casa. –ele diz.

– Aos homens da casa – eu retribuo o gesto.