Depois do que eu pensei terem sido milhões de gritos do meu pai, lagrimas da minha mãe, azarações da tia Gina e risos potencialmente irritantes dos meus primos, meu pai enfim se acalmou.

Nesse momento eu já estava tão atordoada que parecia ter ingerido uma alta quantidade de algum tipo de droga alucinógena.

Meus olhos estavam inchados e minhas bochechas marcadas com lagrimas de puro desespero.

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Eu realmente nunca havia visto meu pai daquela maneira, ele não estava só com raiva, ele estava magoado, magoado comigo, por que eu sabia que ele considerava isso como uma traição de minha parte.

─ Tudo... Tudo bem... Harry, eu estou bem! ─ ofegou meu pai, depois de tia Gina lançar-lhe uma azaração para impedi-lo de sair correndo de a pé mesmo, até a mansão Malfoy.

─ Você quer ouvir a sua filha agora, Ronald? ─ perguntou minha mãe, com a voz histérica.

─ Tudo bem, fale Rose. ─ disse ele, me encarando.

─ Olha pai, eu sei que você está me odiando muito nesse momento, por mais que não admita em voz alta... Não, não me interrompa! ─ falei quando ele fez menção de falar. ─ Eu sei que sempre odiei os Malfoy, tanto quanto você queria que eu os odiasse, mas papai, eu o conheci, esse preconceito que eu tinha foi quebrado, por que eu vi que ele não é traiçoeiro, que ele não é amargo, e muito menos mal. ─ Meus tios e minha mãe me olhavam com admiração, enquanto meu pai apesar de ter suavizado a expressão, ainda mantinha o olhar frio e vazio. ─ Eu conheci o verdadeiro Scorpius Malfoy, e eu não estou nem ai se o pai dele é Draco, pois eu o amaria mesmo que fosse filho de Voldemort, por que ele sim papai, ele sim me amou sem olhar para o meu sobrenome, sem me ver como a “filha de Ronald e Hermione Weasley” e isso é o que mais importa para mim!

Assim que terminei de falar, o silencio reinou na pequena sala de estar dos Weasley’s, e eu nem sequer sabia da onde haviam saído aquelas palavras, talvez do meu desespero para que tudo se acalmasse novamente?

Esperei anciosamente, como todos os outros, meu pai se pronunciar, e depois de alguns instantes, ele o fez.

─ Admito que fui um pouco imaturo em relação a isso Rose, mas realmente me pegou de surpresa. Eu admiro isso filha, admiro que você tenha conseguido vencer o ódio, por que eu não consegui. ─ disse ele.

─ Mas... Pelo menos tente papai, por favor, tente conhecê-lo de verdade... Por mim. ─ supliquei à ele.

Nesse momento minha mãe já chorava abertamente e era consolada por um Alvo muito divertido. “Tudo bem tia, passou, passou” dizia ele ─um tanto debochado, creio eu─, dando tapinhas de leve em suas costas.

Olhei para o meu pai, e quase pude ver as engrenagens de seu cérebro trabalhando em avaliar a minha proposta, mordi o labio enquanto ele pensava.

─ Tá bom, tá bom! ─ disse ele, e eu suspirei de alivio. ─ Mas o que você pretende? Que eu e seu... Namorado vá ao parque passear e conversar? Ou então que nós assistamos ao jogo dos Chudley Cannons juntos? ─ perguntou ele sarcástico.

─ Eu só queria que ele viesse jantar aqui. ─ sussurrei.

─ Jantar aqui? ─ repetiu ele, como se avaliasse a questão. ─ Tá marque com o filhote de... Digo, com o seu... Bom, marque com o garoto, para que jante aqui qualquer dia desses. ─ disse ele relutante.

─ Pode ser amanha? ─ perguntei sentindo meu coração mais leve.

─ Mas já? Quero dizer... Amanhã? ─ ele olhou para minha mãe, que lhe lançou um olhar de “para com essa infantilidade de uma vez ou então dorme no sofá pelo resto do século” e enfim disse. ─ Bom, tudo bem então! Façam como quiser, eu vou tomar um banho e relaxar... Estresse demais, estresse demais... ─ resmungou ele, se levantando e indo em direção as escadas.

─ Nossa, essa foi difícil. ─ disse tia Gina, se jogando no sofá, assim que meu pai desapareceu no patamar de cima.

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─ Viu gente, deu tudo certo no final. ─ falou James sorridente.

─ James, não se esqueça de que eu ainda estou pensando em acabar com a sua vida lenta e dolorosamente, okay? ─ falei sarcástica, sem encará-lo.

Meu tio riu pelo nariz.

─ Que isso priminha, eu só facilitei as coisas, oras. ─ disse ele calmamente.

xx-xx

O dia seguinte chegou rápido demais para o meu compreendimento, eu já havia mandado uma coruja à Scorpius marcando o jantar e contando todo ocorrido, e para a minha satisfação, pela primeira vez ele pareceu com medo.

Esfreguei os olhos ainda deitada, pensando no longo dia que me esperava.

─ É, fortes emoções para hoje, Rose Weasley. ─ falei comigo mesma e fui me vestir.

Logo eu estava sentada a mesa, me deliciando com as torradas da minha mãe.

─ Então, preparada? ─ perguntou ela, colocando mais uma bandeja de torradas na mesa.

─ Não tanto quanto gostaria. ─ respondi soltando um risinho de nervoso.

Então meu pai e Hugo desceram as escadas e se juntaram conosco.

─ Bom dia. ─ falou meu pai se sentando.

─ ‘Dia. ─ respondemos em coro.

O café-da-manhã foi silencioso como nunca havia sido antes, e o motivo era bem obvio, todos estávamos com medo de falar algo errado e que meu pai começasse a surtar novamente.

Assim o dia todo passou, papai jogava video-game ─presente de natal de vovô e vovò Granger─ na sala com Hugo, enquanto eu e mamãe providenciávamos o jantar.

Quando deu sete horas, o cheiro de comida empreguinava a casa toda, haviam vários tipos de comidas na mesa, e eu estava arrumada com as minhas melhores vestes. Minha mãe também estava muito bonita, porém com uma aparência um pouco severa ─creio que para passar o respeito de “sogra”─ e papai estava com vestes velhas e gastas, como se quisesse dizer com todas as letras “sua visita é menos do que insignificante para mim” Assim que deu sete e meia ─horário que eu marcara com ele─ eu e minha mãe nos dirigimos aflitas à lareira, que seria seu meio de transporte, enquanto papai ficou sentado na maior poltrona da sala, e Hugo rondava a mesa onde o jantar estava posto.

Logo uma luz verde-esmeralda se apossou das chamas e certo loiro cheio de cinzas saiu dela. Assim que eu o encarei, meu sorriso se abriu instantaneamente.

Ele se chacoalhou para tirar as cinzas a sorriu vindo em minha direção.

─ Olá Rose. ─ cumprimentou ele, dando-me um rápido abraço e um beijo no rosto. ─Ouvi meu pai resmungar em desgosto, na poltrona as minhas costas─

Nós dois queríamos mais do que aquilo, mas ambos sabíamos que não era possível.

Então ele olhou para minha mãe, que estava ao meu lado, abriu seu melhor sorriso e estendeu a mão.

─ Prazer Sra. Weasley. ─ disse ele, no que eu imaginei ser o seu tom mais galante.

E tenho que admitir, ele sabia bem como fazer isso.

─ Olá Scorpius, muito prazer. ─ disse minha mãe sorrindo.

Hugo apareceu ao meu lado, abriu um sorriso de pura diversão e o cumprimentou.

─ Eae Scorpius. ─ disse meu querido irmão, apertando a mão do mesmo.

Então, chega a pior parte, a parte em que meu pai salta da poltrona e joga um crucio em Scorpius.

Admito que por um momento eu pensei que ele fosse fazer isso.

Quando Scorpius se dirigiu para a poltrona, a expressão de meu pai era tão voraz, que eu não achei nada impossível que ele fizesse exatamente aquilo.

Porém ele se manteu impassível, apenas o fuzilando com o olhar.

Scorpius se aproximou da poltrona, estendeu a mão, e disse ─tentando manter a voz firme, creio eu─

─ Prazer, Sr. Weasley.

Então, para minha surpresa, meu pai aceitou sua mão estendida, mas pela expressão de Scorpius ele certamente colocou uma força desnecessária no aperto.

Minha mãe, percebendo também, decidiu interromper.

─ Então, o jantar já está pronto, e todos devem estar morrendo de fome, por favor, venham. ─ disse ela, nos chamando para a cozinha.

No caminho até lá, Scorpius me lançou um sorriso e entrelaçou nossos dedos.

Para a minha total infelicidade, meu pai percebeu este pequeno detalhe. Ele se aproximou de nós com um sorriso falsamente amigável, pigarreou e disse:

─ Com licença. ─ então simplesmente desuniu nossas mãos.

Minha mãe lhe lançou um olhar reprovador e nós no sentamos à mesa.

Continua...