Infinite

Galaga


Felizmente, não há muitos infinites na parte que foi atingida, que não é nem muito importante. É um compartimento de munições. Tá, um pouco importante no momento, mas fique feliz em saber que existem bem mais deles. Decido soprar na equipe de emergência.

“Duas pessoas feridas no local”.

– E agora? – Pergunta Anne, completamente desesperada.

– Fique calma – Diz Liam. – Eu vou falar com Seiji agora. Precisamos muito das esferas Galaga.

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– Liam, não é melhor esperar? Seiji deve estar ocupado tentando resolver o problema.

– Eu sei. E eu vou ajuda-lo. Agora que temos uma guerra a caminho, há muito o que fazer.

Liam sai da sala, nos deixando completamente perplexos.

– O que fazemos? – Pergunta Caleb.

– Agora – digo, tentando manter a calma, - temos que evitar o pânico. Tudo o que podemos fazer é ir para os quartos e esperar por notícias.

Eu e Anne vamos para nosso quarto, enquanto os três meninos seguem para seus respectivos dormitórios. Anne fica andando pelo quarto, completamente nervosa. Já eu, fico quieta em minha cama captando Liam. Algum tempo depois, Anne percebe o que estou fazendo.

– Está lendo o pensamento dele?

– Sim. Ele entrou na Sala de Controle há alguns minutos. Está explicando tudo a Seiji. Mas ele já estava alarmado o suficiente com o acidente. Como eu esperava. Agora, não consegue se concentrar no que Liam diz.

– Você poderia projetar uma imagem mental da nova esfera e mandar pra ele. Liam saiu tão desesperado... Poderíamos ao menos ter feito o projeto.

– Tem razão. Vou fazer isso.

Tento fazer o que Anne diz. Imagino uma esfera infinite coberta de água e com armas embutidas, e mando para Seiji. Ele fica paralisado, talvez pela surpresa de receber o pensamento, talvez porque a ideia lhe causou espanto.

– Conseguiu, Amy?

– Sim.

– O que aconteceu?

– Seiji concordou com Liam. Está dizendo... Que vai mandar o laboratório fazer um projeto computadorizado da esfera, e produzir em grande escala.

– O que você considera uma grande escala?

– Pelo que ele diz... Imagino uma quantidade suficiente para todas as Divisões que estiverem disponíveis. Agora ele vai transmitir uma mensagem anti-pânico.

Segundos depois, ouvimos a voz de Seiji soar.

– Meus infinites, acalmem-se. Não há motivo para pânico. O impacto que vocês sentiram não causou grandes danos à nave, e já está sendo reparado. Daqui a alguns minutos, vamos aumentar a altitude, por precaução. No entanto, o que recebemos não foi apenas um impacto. Foi uma declaração de guerra dos humanos. Mas, insisto, não há motivo para pânico. Vocês, cidadãos normais da Nave Nyah, não sentirão essa guerra. Mas peço a todos os combatentes, de todas as Divisões, que se preparem através de treino intensivo. Precisaremos de toda a Tropa trabalhando com força total, porque os humanos também estão se preparando. Em breve, vocês conheceram o novo modelo de esfera, que usarão na guerra, a Esfera Galaga. Todas as instruções serão passadas aos seus comandantes. A guerra está prevista para começar ao amanhecer.

– Ao amanhecer? – Pergunta Anne.

– A Sala de Controle recebeu uma mensagem dos humanos. Eles reconheceram o incidente da Casa de Chás como uma grande ameaça, um grande insulto. E declararam guerra. Disseram que será ao amanhecer.

– Eu quero ajudar.

Fico em dúvida se eu ouvi direito. Anne quer ajudar?

– O que disse?

– Você sabe. Eu sempre quis fazer parte da Tropa, mas faltava coragem. Agora, precisam de mim.

– Está muito em cima, Anne. Entendo sua vontade de ajudar, mas não sei se vão deixar.

– Mande um pensamento para Liam agora.

Entendo a urgência e não discuto. Liam está quase saindo da Sala de Controle.

“Anne quer ajudar. Diga a Seiji”.

Alguns minutos depois, temos um resultado. Seiji ficou um pouco receoso, mas Kori o aconselhou e disse que, nas atuais circunstâncias, toda a ajuda era bem vinda. Assim, Seiji pediu que Anne ajudasse na monitoria durante as batalhas. Ela, claro, ficou feliz. Pouco depois, Liam convocou a 7B para ir ao Salão de Treinamento.

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– Seiji já convocou todos os comandantes e explicou o que vai acontecer. A guerra acontecerá com todos os combatentes dentro das esferas, sem exceção. Ele contou que o laboratório já está criando um jeito de fazer uma camada uniforme de água circundar a esfera. O laboratório sugeriu que as armas e o anel sejam cobertos com uma fina espuma não inflamável. O que podemos fazer agora é treinar nas esferas normais.

Apenas uma hora depois, vários simuladores das esferas Galaga – sim, o nome pegou – foram enviados ao Salão. Combatentes das Divisões se revezavam. Mais simuladores chegavam a todo minuto. Não é difícil de fazer, é só adicionar os controles das armas. Fazer a esfera propriamente dita é um pouco mais complicado. Mesmo assim, o projeto não demora a ficar pronto. A alta tecnologia foi capaz de produzir o primeiro modelo e enviá-lo ao salão para que os combatentes se familiarizassem. O laboratório entendeu que produzir simuladores era um pouco mais importante, para o treino. As esferas Galaga poderiam ser produzidas na madrugada, mas o treino não poderia acontecer a essa hora. Mais tarde, Anne aparece uniformizada, junto com a equipe de controle.

– Olha só quem apareceu! – Digo, feliz em vê-la.

– Pois é, minha amiga. Finalmente estou fazendo alguma coisa pela população infinite.

Não tenho muito o que contar. Foi treino, treino e treino. Quando o sol se pôs, preocupação. Receio. Até medo. Eu e Liam passamos a noite na subconsciência. Eu admito meus sentimentos.

– Eu tenho medo do que vai acontecer.

– Você tem medo do desconhecido. E eu também. Os humanos declararam guerra, mas não sabemos o que prepararam para nós. Eles também não sabem o que fizemos. Não podem nos prever. Ninguém pode prever, se preparar. O problema é esse.- Você acha que eles têm novidades? Eles nos surpreenderam com as armas de fogo, mas... Será que isso foi tudo.

– Não tem como ter certeza. Mas, seu eu tiver que dar um palpite, digo que eles têm surpresas. Esse canhão que atingiu a nave, já é uma novidade. Se eles conseguirem reverter isso para nossas esferas, eu nem sei o que vai ser de nós. Às vezes penso que podíamos simplesmente sumir daqui.

– De Tóquio?

– Do Japão. Desse lado do mundo. Temos ele inteiro, temos uma grande nave, mas ficamos presos aqui, onde tudo começou. Eu não sei porque, mas Seiji acha que tem que ser assim. Ele tem esperança de que possamos voltar para o chão.

– Entendo.

As palavras de Liam ecoam em minha cabeça. Não tem como prever. Mas eu previ. Eu previ as armas de fogo, mas se eu tentar agora? Tento, e é em vão. Plantas sentem a ameaça através de uma parede. Eu consigo sentir a nave toda, mas o chão está longe demais. Não consigo sentir os humanos e suas intenções a essa distância. Mas Liam sente que eu estou tentando. Ele sente minha frustração quando eu não consigo.

– Estamos alto demais – ele diz.

– Eu sei. Simplesmente não consigo senti-los.

– Não precisa senti-los agora. Sinta-os na hora da guerra, quando precisarmos prever um ataque.

– Vai ser difícil. Muitas funções. Pilotar, atirar, e ainda tem a parte da telepatia.

– Amanda Cole, nós vamos precisar de você. Sabe disso, não sabe?

– Vou dar meu melhor, pode ter certeza, meu amor. Agora, é melhor descansarmos. Amanhã será um dia cheio.

O toque de acordar soa bem antes nos dormitórios de comandantes, combatentes, controladores e resgatadores. Afinal, não dá pra esperar o amanhecer. Bem antes disso, os corredores estão cheios de combatentes já uniformizados. A nave está agitada, mesmo que a maioria de seus habitantes esteja em sono profundo, ou apenas temendo o que irá acontecer.

No Salão de Treinamento, as Divisões de 1 a 12, excetuando a 7 e a 8, estão agrupadas e posicionadas. A maioria dos combatentes olha para nós, o menor grupo. À frente de todos, está o próprio Seiji. Kori Hime está ao lado dele. Todos nós nos surpreendemos quando Kaline aparece no Salão, como se não tivesse passado por nenhum acidente. Ela se junta a nós.

– O que está fazendo aqui? – Pergunta Liam, mantendo sua posição. – Deveria estar descansando.

– Estou muito bem, Comandante, obrigada. E eu vou lutar nesta guerra.

– E quanto aos outros? – Pergunto.

– Alguns quiseram vir. Não autorizei, nem mesmo aos Comandantes da 8.

– Bem... Estou feliz que volte a ser nossa Comandante – diz Liam.

– Não, obrigada. Quero que você seja o Comandante da Divisão nesta missão, senhor Henz. Estou disposta a lutar, mas não a comandar. Além disso, você liderou a única Divisão que não se prejudicou no ataque. Acho que confio mais em você do que em mim para esta tarefa.

As palavras de Kaline ficam soando no ar, chocando a todos nós. Kaline está de volta, mas apenas como Combatente. Liam está completamente lisonjeado com a confiança nele depositada. Seiji começa a falar.

– Comandantes e combatentes. Bom dia a todos. Agradeço imensamente pela disposição e coragem. No fundo, sabíamos que esse dia chegaria, mas sempre nos pareceu um momento distante demais. Agora, finalmente lutaremos pelo espaço de nossa raça no mundo, e vingaremos todos aqueles que perderam suas vidas por conta dessa diferença. Infinites, humanos... Seres Vivos. Eu poderia falar muito mais sobre nossos ideais, mas tudo o que vivemos até aqui fala por si só. Nossos sentimentos acerca de nossa história e de tudo o que os humanos fazem conosco representam muito mais do que qualquer coisa que eu diga. Então, basta que sejamos corajosos, e tenhamos em mente o quanto esta luta é necessária. Bom, agora, as ordens. A Sala de Ejeção não foi construída para ejetar todas as Divisões ao mesmo tempo. Existem vinte e dois ejetores, feitos para ejetar vinte combatentes e dois Comandantes por vez. As Divisões se organizarão por pares. Os primeiros onze ejetores são para as Divisões ímpares, e os outros onze para as Divisões pares. Para que tudo corra bem, vocês devem se alinhar de acordo com essas coordenadas. – Um painel com marcações aparece atrás de Seiji. - Os círculos no topo, marcados de 1 a 22, são os ejetores. Os ejetores 1 e 12 são destinados aos Comandantes ímpares e pares, respectivamente. A partir desta linha de círculos, seis linhas serão formadas. 1-2, 3-4 e assim por diante. – Percebo que, na linha 7-8, os lugares de seis em diante estão representados com um X. – Vocês serão levados à Sala de Ejeção pelas colunas. Ou seja, primeiro, os comandantes ímpares, depois os primeiros combatentes ímpares, segundos, terceiros e assim por diante. Podem se organizar. – Com um pouco de dificuldade, todos assumem suas posições. A falta de dezesseis combatentes causa uma certa confusão. Mas tudo é concertado. Em seguida, Seiji torna a falar. – A Sala de Ejeção já está equipada com as esferas Galaga. Eu estarei na Sala de Controle, coordenando tudo. As ordens foram passadas aos seus Comandantes, mas as ordens básicas são: Primeira, não sair da esfera em hipótese alguma. Segunda: Matar todos os humanos que encontrarem. – Olho para Liam, preocupada, mas ele mantém sua feição inalterada. – Terceira, obviamente, obedeçam seus Comandantes. Tendo em mente isso, creio que estamos prontos. Boa sorte, Tropa. Não se esqueçam de fazer isso por nossa população, nossa história, e por tudo aquilo que já perdemos.

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– Primeira coluna, dirija-se à Sala de Ejeção em fila. – Diz Kori Hime.

Liam sai do meu lado, seguindo a coluna. Pouco depois, a segunda coluna, que é a minha, é levada à Sala de Ejeção, ao segundo ejetor. Aos poucos, toda a Sala está preenchida com os combatentes. As Galaga começam a surgir nos ejetores ao mesmo tempo. O primeiro de cada fila entra. A esfera fecha e é ejetada. Logo, novas esferas surgem, e tudo acontece de novo. Isso se repete várias e várias vezes. Ao meu lado, Liam diz:

– Vou estar em contato com você o tempo todo. Você tem um poder que ninguém mais tem, Amy. Por isso, todos os outros dezesseis lugares são compensados. Nosso sucesso e segurança depende de você.

– Obrigada por colocar pressão. Eu nem estava nervosa.

– Temos que ser realistas, meu amor. Eu preciso de você. Você sabe disso.

– Eu sei. Eu vou dar o meu melhor.

Chega a vez das Divisões 7 e 8. Apenas os seis primeiros ejetores são ocupados. Eu entro na esfera e a fecho. Ela é diferente e engraçada em comparação a uma esfera normal. Mas eu já sabia como ela era, por causa dos simuladores. Os simuladores da nave contam com uma tecnologia tão avançada que quase não se sente diferença entre esfera e simulador. O grande problema continua sendo o mesmo: não sabemos o que vamos enfrentar.

Nossas esferas são ejetadas. À nossa frente, várias outras esferas Galaga já estão a caminho de Tóquio. Assim que consigo, faço uma varredura nos pensamentos humanos, à procura de alguma surpresa. Suspiro de alívio.

– Amy, tem novidades?

– Felizmente, nenhuma. Eles contam com as mesmas armas de três modos. Bala, fogo e sonífero. O que tem de realmente novo é o canhão, mas ele é bem antiquado. Ele é fixo no chão. O ângulo pode ser mudado, mas não é muito amplo. Basicamente, atira para cima, não para os lados. Digo que será difícil que nos acertem em movimento. Mesmo assim, melhor manter distância. – Pego um mapa de Tóquio, marco a localização do canhão e envio para Liam. – Mande para o resto de Divisão e para os outros comandantes.

– Perfeito, Amy. Essa é minha garota. – Passa-se algum tempo em que vagamos por Tóquio, mas ela parece estranhamente vazia para uma guerra. – Amy... Cadê todo mundo?

– Os civis estão nos porões. Os soldados nos aguardam escondidos dentro das lojas. Eles acham que apareceremos a pé.

– Coitados. Bom, é pra lá que vamos. Vamos ver quem vai ser surpreendido.