Incompréhensible

La putain d'initiation


La putain d'initiation

Em algum dos dias seguintes.

Pansy Parkinson; 16 anos.

Cecília levantou sua cabeça e olhou o quarto, seus olhos pararam sobre um vestido preto que ela nunca vira na vida.

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Ela repousou a cabeça no travesseiro novamente, virando de lado, deu um grito abafado no mesmo.

Virou-se para a janela e via que chovia estrondosamente do lado de fora, parecia noite, trovões rugiam ao longe.

Ela levantou empurrando algumas caixas para abrir o caminho, todas se entulharam e ela precisava urgentemente arrumar suas tralhas no quarto.

Pegou o vestido e foi até o banheiro, ligou o chuveiro e se despiu. Deixou a água escorrer e teve esperança de que ela levasse consigo a dor e as lágrimas, já havia perdido as contas de quantas vezes havia chorado no banho com essa mesma esperança.

Saiu e colocou a roupa, era justo e bonito, mas muito, muito pinicante, as alças deixavam sua tatuagem na clavícula,only one has a rainbow after the storm”. Ela penteou o cabelo, colocou uma botinha com salto, passou alguma coisa na cara, na tentativa de parecer menos morta e desceu para o térreo, adentrando na sala.

A mãe estava em pé diante da lareira, queimando algum papel, provavelmente um carta.

— Que bom que desceu, vamos agora, só falta seu pai.- a mulher arrumava o sobretudo que usava enquanto dizia.

— Okay… - ela murmurou em resposta, era hoje, era hoje o dia em que ela iria ser associada aos Comensais da Morte. - Não tem nenhuma prova, como ele sabe que eu não posso ser um espiã ou coisa do gênero?

— Eu o assegurei que não é. - a mulher respondeu indiferente enquanto se servia um copo de bourbon.

— Você me vendeu, basicamente… - a outra iria responder mas no momento o pai entrou na sala.

— Vamos? - ele engoliu em seco.

Os três deram as mãos e Cecília sentiu sendo-se puxada pelo umbigo para algum lugar. Pousou em um corredor escuro em alguma casa.

Os pais começaram a ir andando pelos corredores da casa, que mais se parecia um labirinto, a casa inteira era fria e escura e tinha um ar macabro, que talvez se devesse aos quadros mau humorados e rabugentos que se seguiam pelas paredes.

Eles entraram em uma sala onde havia várias pessoas encapuzadas e vestidas de preto, sua mãoe foi até uma mulher loira com mechas pretas e se combrimentaram cordialmente, engatando uma conversa. O pai lhe deu um beijo demorado na testa e foi até um homem repleto de cicatrizes e pelos, uma aparência meio grotesca na verdade.

Sozinha, Cecília encolheu-se atrás de um vaso de flores enorme, tentando passar despercebida. Ela olhou através da janela para o jardim, repleto de pavões que constantemente se sacudiam e mostravam toda a sua beleza e cauda.

— Você está se escondendo ou ai tem uma visão melhor do jardim? - ela ouviu uma voz perguntar atrás de si, virou de supetão e quase derrubou o tal vaso, foi por um triz que ela não segurou o objeto, teve um mini ataque cardíaco, daqueles que você tem quando está se balançando nas pernas de trás da cadeira, ela ameaça cair e você quase morre por um segundo até conseguir se apoiar novamente.

— Ahh… ãnn, não eu…. Eu so tava…- ela gaguejou.

A outra deu um risinho.

— Sei… - ela esticou a mão livre para Ceci, já que a outra segurava um copo de whisky.- Sou Pansy, Pansy Parkinson…

— Cecília Morgenstein, acho que já te conheço de algum lugar…- ela o copo por um breve segundo.

— Quer um gole,ou um pra você? - a garota ofereceu seu copo na direção de Ceci.

— Não obrigada, você tem idade para beber isso Pansy?

— Não, não tenho, o que torna tudo mais interessante…- ela sorriu de canto.

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Cecília correu os olhos pela sala, mas seu olhar parou no antebraço de uma mulher. A marca negra. A serpente que saia da boca da caveira, um frio correu por sua espinha. Pansy seguiu seu olhar, depois virou-se para a outra.

— Tá tudo bem? - ela perguntou enquanto Cecília limpava a lágrima solitária que escorreu do canto de seu olho.

— Sim, eu só choro muito fácil, não se preocupe…- ela mentiu.

— É você não é?

— Eu o que?

— A garota que vai ser iniciada na reunião de hoje… - ela cochichou.

Ceci assentiu levemente.

Pansy pegou na mão da outra e a conduziu pelo corredor, entrando em uma sala deserta.

Ela serviu em um copo uma dose exagerada de bourbon.

— Toma. - ela entregou a bebida a menina que encostou-se perto da mesinha que lá havia.

— Acho melhor não, obrigada. - ela iria colocar sobre a mesa, mas Pansy empurrou o copo outra vez.

— É melhor com bebida, acredite, dói muito ser iniciada… - os olhos de Ceci automaticamente correram para o antebraço da outra. - Eu ainda não fui iniciada, mas pelo que sei dói muito…

A garota encarou o copo em sua mão, e virou-o de uma só vez na boca, o líquido foi queimando toda a garganta dela e deixando um gosto forte na boca.

— Mais três desse e você não sente nada demais quando te derem a marca negra! - Pan sorriu vitoriosa e ambas caíram na gargalhada.

— Aceito, por sinal…- ela ofereceu o copo a outra novamente, que o encheu outra vez.- Céus, estou bebendo com uma menor..!

— Não está não, eu não estou bebendo, já bebi…- ela disse enquanto sentou-se sobre a escrivaninha.- Você estudou em Hogwarts Cecília?

— Sim… dois anos… Fui para Beauxbaton…

— Por que?

— Não sei exatamente, continuar em Hogwarts só não parecia o certo, eu amava a escola, mas não as pessoas, só tinha uma amiga, minha melhor amiga, aquele ambiente se tornou tóxico com o passar do tempo, no começo pensei que era normal, primeiro ano, sabe como é, me diziam ser normal, mas eu percebi que não era… - ela bebericou o bourbon.

— Entendo… Você era da..?

— Lufa-Lufa, e você?

— Sonserina… - ela sorriu.

— Minha melhor amiga era de lá, talvez a conheça, Amélia?

— Acho que lembro dela....

Pansy fitou as mãos suas próprias mãos.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Já fez.

— Duas perguntas?

— Já fez a segunda também…- ela tomou mais uma goleada direto da garrafa, quase vazia.

— Posso fazer quatro perguntas?- sua expressão tornou-se zombeteira.

— Já fez quatro.

— Quando?

— Agora.- ela riu levando a boca da garrafa perto novamente.

— É sério…- Pan a empurrou de leve.

— Faz vai…

— Você não quer receber a marca negra não é?- ela perguntou num sussurro.

— E o que te faz pensar isso?- ela mudou sua expressão para uma levemente debochada.

— Você chorou vendo a marca negra cravada em uma pessoa… não a vê em seus pais?- ela parecia não ter coragem de olhar nos olhos de Cecília, e olhava para baixo.

— Meus pais escondem a marca em casa…

— Você não quer né?- ela levantou a cabeça e olhou para a outra.

— Você quer?- ela arregalou os olhos um pouco.

— Quero…- Pan começou a apertar os pulsos.

— Por que?

— Você não entende tá legal, não entende, ninguém entende nunca! - ela começou a segurar os pulsos como se quisesse destruí-los deixando as lágrimas escaparem de seus olhos claros.- Meus pais, eles não m-me aceitam… não me amam e ninguém me aceita num geral, eu quero ser aceita, e talvez aqui, talvez aqui eu seja aceita…

— Ei… - Cecília segurou as mãos da outra para que ela não se machucasse ainda mais.- Tá tudo bem!- ela abraçou a garota e a outra escondeu o rosto na curva do pescoço da outra.

— Não tá nada bem!- ela se debulhou em lágrimas.

— Ei! Ei, olha para mim…- Ceci segurou o rosto da menina com as duas mãos, a obrigando a olhar em seus olhos.- Está difícil, tá tudo muito difícil e complicado, mas você aguentou todos os dias, você aguentou a ontem e hoje e cada dia a mais que você aguenta te faz vitoriosa, você é incrível, e vai conseguir, não desista pois sua vida é preciosa demais Pansy, tudo bem não estar okay.- ela se aproximou da garota e beijou demoradamente sua testa, depois abraçando-a novamente.

Cecília ouviu algum barulho ao longe, ouviu passos se aproximando e pode ouvir claramente alguém a chamando.

— Droga!- ela murmurou puxando Pansy para detrás da escrivaninha, ela se agachou e quando a garota e abrir a boca para perguntar algo Ceci fez o sinal de silêncio com o dedo.

Pouco tempo depois elas ouviram a porta abrir atrás da mesa.

— Cecília?- ela ouviu uma voz desconhecida a chamar, poucos segundos depois a porta fechou-se novamente e ela ouviu sapatos ecoando ao longe.

— Por que se escondeu?

— Olha Pansy, tudo o que eu não preciso agora é que minha mãe me veja bêbada antes de receber a marca negra, e eu não sabia se era ela…- ela revirou os olhos e chamou Pan.- Você não vem?

A outra garota a seguiu pelos corredores desertos da mansão, ela parou Cecília em uma das curvas e apontou a direção oposta.

— Para ir para o salão é por aqui.

Ceci piscou algumas vezes e se virou naquela direção.

— Como conhece tanto esta casa?

— Cresci aqui, minha mãe e Narcisa Malfoy, a dona, eram e são até hoje colegas, eu cresci aqui brincando com Draco, com o tempo usávamos os caminhos que descobrimos para outras coisas…- ela riu meio maliciosa se lembrando de algo.

— Cruzes garota, quantos anos você tem?- Ceci balançou a cabeça rindo.

— 16, tínhamos catorze e quinze anos, eu quinze, mais velha e mais experiente.- ela sorriu.

Quando estavam para entrar pelos cantos do salão, Pansy a puxou e a prensou na parede arrumando seu cabelo.

— Se entrar lá desse jeito vão pensar que estava num bar Cecília, Merlim!

Elas viraram-se e disfarçadamente entraram no salão e ficaram nos fundos do mesmo, até que um ar pesado e frio recaiu sobre o recinto e uma porta pesada se abriu com um aceno, e uma figura encapuzada saiu atravessando o salão, parando bem no meio do mesmo. Uma cobra enorme e peçonhenta arrastava-se atrás da figura. O ser retirou o capuz e mostrou sua feição monstruosa, fendas no lugar das narinas e grandes olhos vermelhos que se assemelhavam ao de cobras. Todos curvaram-se para a figura, inclusive Pansy que incentivou Cecília a fazer o mesmo, ela repetiu meio atrapalhada, meio contrariada.

— Meus caros, hoje, antes de mais nada, quero anunciar a iniciação de uma jovem integrante ao nosso ciclo, quero que abram espaço para a jovem Cecília Morgenstein, Cecília, não se acanhe e venha até mim… - a voz soou rouca e fria, causando um frio na espinha da garota, Pansy a empurrou de leve na direção do Lord.

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Cecília foi cambaleando pela “fila” que abriu-se a sua frente a dando passagem, ela sentia olhares sobre sua nuca e sentiu uma súbita ancia, uma coceira e um pânico, ela parou a uns passos do bruxo.

— Venha criança, aproxime-se. - ele fez um gesto a chamando para perto.

Ela deu uns passos meio falhos, como se pisasse em falso, ele levou a mão na direção dela e ela pode sentir uma gota de suor escorrer no canto de seu rosto, ele pegou em sua mão e a mesma congelou, como se estivesse morta. Ele levantou o braço da garota e passou as unhas pelo antebraço da mesma, elas fizeram leves arranhões, saindo uma gota de sangue de uma das linhas traçadas e deixando em volta de toda aquela parte uma marca avermelhada.

— Não precisa ter medo, irá doer, mas será rápido, não se preocupe… - ele sussurrou antes de retirar a varinha das vestes.

Ele murmurou algo que a garota não pode identificar antes de uma dor imensa a consumir por inteira, a fazendo cair sobre os joelhos e torcer suas costas. Ela gritou de dor enquanto sentia cada linha da tatuagem ser cravada em seu antebraço esquerdo, era como se sua pele pegasse fogo, como se arame farpado rasgassem sua pele em brasa, mas a dor que invadia seu corpo se parecia com a dor de levar um crucio, ela sentia como se cada orgão seu fosse esmagado e cada osso quebrado, sentia as dores de levar chicotadas e a cada momento fosse espancada por dezenas de pessoas, às lágrimas escapavam sem pudor e ela não tinha o menor controle sobre as mesmas, sentiu-se sufocada e sem ar, sentiu-se a beira da morte, desumana e sem vida, por um segundo pode jurar que seu espírito saiu do corpo e depois voltou.

Ela se encolheu no chão e virou a cabeça para a direção de Pansy, ela pode ver que a menina tampava os olhos e seu nariz estava vermelho indicando choro.

Cecília sentiu alguém pegá-la no colo e depositá-la em uma espécie de poltrona, seu pai e sua mãe se aproximaram e examinaram seu corpo, procurando algum dano externo, a mãe olhou em seus olhos, eles estavam marejados mas ela logo tratou de disfarçar…

E isso foi a última coisa que ela viu, antes de desmaiar.