Inclinados a Amar

Capítulo 2 - Quem são vocês?


— O que pensa que está fazendo? Sequestro da cadeia viu, e eu vi seu rosto, não tem como escapar. – Falei tentando assusta-lo.

— Que ótimo assim fica segura, esse negócio de cadeia parecer ser eficaz contra humanos maus. – Falou ele bem satisfeito, ele parecia de outro mundo, era só o que me faltava.

— Mas estou falando de você seu idiota, você que pode ir para cadeia, me desce dessa moto agora. Onde pensa que está me levando?

— Eu nunca te faria mal. – Disse ele, e meu coração chega doeu com a verdade contida em sua voz.

Ele continuou dirigindo, eu estava atenta, passando duas ruas, e mais um pouco sabia que ia para casa, ele estacionou em frente de casa, fiquei boquiaberta, como ele sabia onde morava?

— Está entregue. – Falou e antes de responder ou interrogá-lo ele foi embora.

Entrei em casa, tomei um banho e deitei exausta para o dia de amanhã, que imagino eu, não ia ser nada curto.

Acordei disposta e animada, me arrumei rapidamente e fui para faculdade. Tive aulas com mais dois professores novos, e estava amando o ramo da medicina que escolhi. No intervalo das aulas, fui na lan house em frente tirar umas copias do meu currículo, enquanto Bia ia ver se conseguia alugar a casa ao lado da minha que estava fazia depois de um bom tempo de espera por nos duas, já que até hoje não conseguimos morar juntas ou perto o suficiente uma da outra. Depois o restante das aulas passou calmas. Na hora da saída, encontrei Bia com uma carinha de cachorro sem dono.

— Que foi Bia?

— A casa já foi alugada morena. - Disse ela fazendo um biquinho. - Vou esganar quem foi.

— Calma, fazer o que ne, vai ter mais oportunidades para frente.

— Vou viajar esse fim de semana com aquele peguete meu, vamos? – Disse ela, essa garota é louca, e muda de humor mais rápido que tudo.

— Eu não, já to cansada de ficar de vela para você senhorita Bia. – Falei lhe dando língua e logo depois nos despedimos.

Chegando em casa já vejo a mudança do novo vizinho chegando. Troco de roupa e saio para comprar carne para fazer no almoço. Fiz o almoço tranquila e sai durante a tarde para distribuir currículos. Foi uma tarde cansativa e devagar, apesar da cidade não ser grande, agora era esperar alguma ligação para entrevista. Parei para jantar na Rua do Lazer as 6 da tarde e fui para casa, chagando dou de cara com uma moto preta estacionada na casa ao lado, não devia me ser tão familiar assim já que só a vi uma vez, antes de fugir, o dono dela sai de dentro da casa.

— Você está me seguindo é? – Eu confesso que sou um pouco encrenqueira, mas duas vezes seguidas e muita coincidência ne destino? Além dele não ser o que digamos de normal.

— Convencida. Não estou te seguindo, só estou me adaptando cidade onde vou morar, o que inclui a casa que vou morar. – Diz ele apontando para a casa ao lado da minha.

— Sério? Acho que além de sequestrado você e perseguidor também. Além de a ter roubado da minha amiga. – Falei brincando.

— Como assim? Pelo que eu saiba eu aluguei ela com o dono. – Falou ele. Meu Deus tem hora que ele e muito inocente.

— Foi sim. – Disse rindo e fui explicar para ele. – O que quis dizer e que ela pretendia alugar aí, mas você chegou primeiro.

— Entendi, mas mesmo assim desculpa, mas cheguei primeiro.

— A propósito será que posso saber o nome do Sr. Cheguei primeiro? Quem é você?

— Ezequiel, e você a Ayla ne? – Disse ele com um sorriso de lado. Deus ele podia parar com esse sorriso, senão acho que meu coraçãozinho não vai aguentar muito tempo.

— E sim, mas lembrando bem você falou que me conhecia ontem né, da onde?

— Acho que te confundi. – Diz ele num ar divertido que não me convenceu muito, mas deixei passar, eu ainda vou descobrir.

— Duvido mais tudo bem.

— E Então amigos? - Falou ele me estendendo a mão.

— Vou pensar no seu caso. Aliás como sabia onde era minha casa? – Falei pegando a mão dele e certamente agora estava mais vermelha que tudo, decidi encurrala-lo com minha pergunta.

— Segredo. – Disse ele se soltando de mim e indo para sua casa, logo entrei também e tranquei a porta atrás de mim. Como um homem podia ser tão lindo, irritante e louco assim? Deitei e logo adormeci.

A faculdade hoje estava mais corrida, com várias aulas e trabalhos começaram um atrás do outro, já tinha dois para entregar próxima semana. Saído da faculdade, almocei e descansei pouco e resolvi arrumar a casa, já que não tinha arrumado fim de semana passada, pois Bia estava no modo festeira e me arrastou junto, e fim de semana agora pretendia fazer os trabalhos, liguei para a culpada exigindo sua ajuda e ela disse que em dez minutos chegava.

Vesti uma roupa confortável e separei tudo que precisaríamos, liguei o som e pus Havana de Camila Cabello e Young Thug, seguida por minha playlist pop e animada e comecei a tirar as teias de aranha, subindo nas coisas para a vassoura alcançar, seguindo para trocar as roupas de cama. Por sorte vi meu telefone tocando com o nome da Bia e uma foto dela fazendo careta, e atendi.

— Fala vaquinha.

— Abre a porta que já estou aqui, não ouve a campainha com esse seu som alto.

Desliguei e fui abri a porta para ela.

Ela entrou e foi direto para o meu guarda roupa pegar uma roupa confortável para ela vestir (abusada né), mas a muito tempo já adquirimos essa mania, e hoje não sabia mais nem o que era roupa minha e o que era de Bia. Logo estávamos limpando e dançando, outras vezes cantando e representando. Dividimos o serviço assim: eu varria a casa, lavava o banheiro e lavava e guardava as vasilhas, enquanto Bia limpava a casa, lavava a pequena área e tirava poeira.

Pouco depois das quatro tínhamos terminado e deitamos no sofá com pipoca de micro-ondas enquanto assistíamos Kong a ilha da caveira. Meu celular toca, pauso o filme, e olho não conhecendo o número então atendo desconfiada.

—Alô?

— Boa Tarde, nesse telefone falamos com a senhorita Ayla Ribeiro?

— E ela mesma.

— Aqui e o Fabricio da Tubular Moveis, eu estou ligando a respeito de uma vaga disponível e gostaria de saber se gostaria de vir fazer uma entrevista?

— Claro.

— Pode estar vindo agora as 17:00hrs perto da hora de fechar e conversamos.

— Ok, muito obrigado.- dei pulos de alegria e virei para Bia. – Consegui uma entrevista na Tubular agora as 17hrs, me deseje sorte.

Tomei um banho rápido, vesti uma blusa de ceda branca, com um blazer cinza por cima e uma calça social preta, um sapato de salto, preto, fechado, arrumei meu cabelo em um coque, peguei minha bolsa e estava pronta. Como já estava atrasada peguei um moto taxi e cheguei lá 5 minutos antes da 17. Anunciei minha chegada na parte administrativa da loja e me indicaram uns bancos onde deveria esperar e logo me chamariam.

— Senhorita Ribeiro. – Sou chamada para a sala e logo iniciamos a sessão de perguntas, como porque estou interessada em trabalhar na empresa, citar defeitos e qualidades minhas, porque sai do meu antigo serviço, como reajo a críticas e pressão, dentre outras. Respondi tudo da melhor forma que pude e apertamos as mãos numa despedida, e aguardaria o contato da empresa.

Saindo de lá avistei faróis e um barulho de freio forte em minha direção, virei rápido e dou de cara com uma BMW azul clara menos de 5 centímetros de mim, o cara do carro desce, e juro que se não estivesse perto do poste para me apoiar juro que tinha caído no chão de tanto que minhas pernas estavam bambas, ele era simplesmente lindo, bastante alto, moreno, com cabelos negros rebeldes, estava de calça jeans escura, uma blusa azul clara e uma jaqueta de couro preta por cima e um sorriso cínico na cara, os olhos castanhos escuro intensos.

— Você é louco? Está querendo me matar? - Falei apontando para o moreno.

— Desculpe estava tão distraída que não resisti, mas uma belezinha dessas não se pode machucar, não e mesmo? – Falou ele me pegando pelo queixo e se aproximando mais do que deveria.

Dei-lhe um tapa em sua mão, tirando-a de mim.

— Olha aqui seu maluco, primeiro não tem belezinha nenhuma aqui, segundo tire suas mãos de mim e sai da minha frente que tenho que ir para casa.

— Então a Aylinha sabe ser grossa e bravinha também. – Falou ele parecendo refletir para si mesmo.

— Ei como sabe meu nome? – Isso já estava me estressando será que era conhecida assim?

— E curiosa. – Acrescentou ele com deboche.

— Quer saber eu não quero saber tá, tchau e até nunca mais seu louco.

Sai andando para casa e não demoro muito a percebe que o babaca está me seguindo vagarosamente dentro de seu carro com aquele lindo sorriso cínico no rosto, fingi que não vi e continuei andando, e o idiota me seguiu até em casa.

Subi a calçada rápido e fui em direção a porta, mas ele foi mais rápido e me segurou pelo braço, me desequilibrando e ficando com os rostos a centímetros de distância.

— Me solta. – Falei, mas ele pareceu não me ouvir e continuou me encarando, foi então que percebi uma tristeza escondida lá no fundo dos seus olhos.

— Não ouviu ela falando? Solta. – Não tinha como confundir essa voz, era Ezequiel e parecia estar bravo.

— Ah fala sério, então o heróizinho já apareceu para acabar com a festa. – Disse ele provocando Ezequiel, e me soltando. – Até a próxima gatinha.- Falou dessa vez direcionado a mim, e como parece que inevitavelmente irei ter próxima, decidi perguntar:

— E quem e você? – Falei alto para ele ouvir já que já estava entrando no carro.

— Cain a seu dispor. – Disse ele e logo saiu em disparada, sumindo tão rápido quanto apareceu.

— Fique longe dele. Ele e perigoso. – Disse Ezequiel sério, e logo partiu para sua casa.

Entrei em casa totalmente aturdida, cansada tanto psicologicamente quanto fisicamente, só espero que consiga logo um emprego, e que esses dois malucos que me apareceram não compliquem minha vida.

Depois de tomar um longo banho, liguei para minha mãe enquanto comia um sanduiche que fiz com o que encontrei pela geladeira, contei a ela como estava a faculdade e sobre a entrevista de emprego, até chegar no assunto “garotos”, minha mãe achava que eu era encalhada e ia ficar para titia, disse para ela sobre os dois garotos que apareceram esses dias e como eram estranhos e pareciam me conhecer de algum outro lugar.

— São bonitos? – Perguntou mamãe com visível entusiasmo.

— Pior que são lindos os dois. – Confessei. Minha mãe até parecia desmiolada, mas ela solta tudo que lhe vem à cabeça, então se ela não gostar de alguém, ela fala logo na cara, e ela nunca erra em seu julgamento com as pessoas, por isso confio plenamente nela e até entro em suas brincadeiras.

Depois de desligar, Bia me liga querendo saber da entrevista, disse que fui bem e estava confiante, e aproveitei para fofocar dos garotos também, ela ficou brava com meu novo vizinho e também quis saber se eram bonitos, e depois de muita fofoca também desligados e fui dormi.

Acordei atrasada e fui direto para faculdade, a Bia já estava lá e seguimos cada uma para sua sala. As aulas passaram rápidas e tranquilas, tive duas aulas de Biofísica com a professora Miriam, não e nada rígida e é muito boa para explicar, dá para ver que ela gosta da matéria, e mais uma aula de citologia com a professora Patrícia. E no intervalo eu bebi um suco e cochilei (tentei cochilar) deitada na mesa, enquanto Bia tagarelava sobre sua viagem de fim de semana, o resto das aulas passaram tranquilas, e como não ia ter nada para fazer hoje à tarde convidei Bia para ir assistir filme e fazer brigadeiro lá em casa, combinamos as duas.

Acabou que a tarde passou com Bia e eu não assistindo filme algum, ficamos comendo, conversando e colocando alguns trabalhos da faculdade em dia, o bom de ter uma melhor amiga de outro curso e que você acaba se familiarizando um pouco com o outro curso também. Depois que Bia foi embora, eu tomei um banho demorado e deitei na cama com fone de ouvidos tocando Nickelback e nem vi quando adormeci.