O retorno dos X-Men vitoriosos em sua missão foi celebrado por todos os demais que os aguardavam. A mansão estava intacta e as estátuas que antes jaziam quebradas no jardim haviam sido reconstituídas e observavam a chegada dos mutantes impassíveis de seus lugares habituais. Era como se o ataque nunca tivesse acontecido.

Fera havia feito o almoço e o Homem de Gelo, Bob, gelava drinques para todos que pedissem. Jully foi examinada pelo Professor Xavier, que constatou que ela não estava ferida, apenas cansada. Todos entenderam quando ela dispensou o almoço festivo e retirou-se para seu quarto. Deitou-se em sua cama macia e cobriu-se. Observando a tarde ensolarada, rapidamente adormeceu, sem ligar para os barulhos dos demais mutantes do Instituto que se divertiam ao sol.

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“Jully estava perdida no deserto. Embora ela sentisse as pernas pesadas de andar, a paisagem mantinha-se a mesma durante o caminho e o único som que ela escutava era o vento chiando em seus ouvidos, indicando-lhe que não podia parar se quisesse sobreviver. Ela andou mais no calor enquanto o sol queimava sua pele e fazia seus olhos arderem até que fechou os olhos e se atirou ao chão, vencida pelo cansaço. Nesse instante, ela notou que uma brisa fresca com cheiro de grama úmida acariciou seu rosto. Ousou abrir os olhos e reparou que estava em uma floresta densa. Jully levantou-se e notou que seus jeans estavam sujos de terra. Ela bateu nos joelhos, mas a mancha permaneceu lá.

Decidida a seguir em frente mesmo assim, ela andou até uma cabana de madeira em meio à floresta cuja chaminé exalava fumaça e um cheiro delicioso. Bateu na porta e, não obtendo resposta, girou a maçaneta. À sua direita, Jully pode ver o que seria a cozinha da cabana, à sua frente a sala de estar e, à sua esquerda, separado dos demais ambientes apenas por uma cortina estampada, havia o quarto. Ela sentou-se no sofá e foi surpreendida com um homem saindo da cozinha com um prato de sopa. Era ele. Gambit estava lá, então ela estaria bem. Ele sorriu para ela um sorriso inédito e ela relaxou. Ele se aproximou dela e passou a mão em seu rosto. Ela sorriu para ele.

- Fico feliz que você esteja bem. Estava preocupado. – Ele repousou a outra mão na perna de Jully que pode perceber que suas calças estavam limpas novamente. – Gosto quando você volta para mim.

- Gosto de voltar para você.

Gambit sorriu mais uma vez e beijou Jully. Ela sentiu as mãos ágeis do cajun percorrerem seu corpo gerando vibrações no seu íntimo. Ela desejava que aquele momento durasse para sempre, mas algo os interrompeu. Alguém batia à porta. Jully não desejava separar-se de Gambit, mas o fez assim que ouviu seu nome. Era uma voz distante deles, mas uma voz conhecida. Jully foi sacudida.”

- Juliette, você está bem? - Jully abriu os olhos tendo seu sonho interrompido de susto. Scott franzia o cenho preocupado logo após tê-la sacudido. – Bati e você não respondeu, pensei que pudesse ter passado mal.

- Estou bem. – Jully coçou os olhos e viu que já era noite – Que horas são?

- São 20h. Pediram que eu checasse você, já que você não almoçou nem desceu para jantar.

- Está tudo bem. Eu não estou com fome. – Jully queria retornar ao sonho para saber mais sobre o homem, mas seu estômago entregou sua situação roncando alto.

- Você é muito misteriosa, mas algo é certo: é uma péssima mentirosa.

- Desculpe. Estou nervosa ainda.

Scott a observou por um momento com uma cara de intrigado.

- Nenhum som de nenhuma parte do corpo, acho que você está falando a verdade. - Ele estava sendo simpático e Jully sorriu em retribuição. – E então, quer descer para jantar?

Jully empurrou os cobertores da cama para longe de si e aceitou o convite. Os dois desceram as escadas e passaram pela sala de estar, onde Spike e Bob jogavam vídeo game com Kitty e Kurt e Jean tentava concentrar-se para ler um livro no sofá enquanto Hank corrigia algumas provas escolares. Chegaram logo na cozinha e Jully sentou-se à bancada enquanto Scott olhava para o conteúdo do interior da geladeira.

- O que você quer comer?

- Sobrou alguma coisa do almoço?

- Nah. – Ele passou a mão no cabelo – Hank fez bifes extras, mas nada é suficiente para alimentar Spike. Ele vive com fome.

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- Você vai preparar meu jantar então? – Jully sorriu. Estava com muita preguiça para comer qualquer coisa que gerasse esforço em seu preparo.

- Posso fazer sanduíches.

- Ótimo. Eu te ajudo!

Scott retirou os ingredientes da geladeira e Jully buscou o pão. Eles prepararam os sanduíches e sentaram-se à bancada para comê-los acompanhados de suco de laranja. Jully terminava sua torrada em silêncio enquanto sua cabeça explodia por informações. Ela não sabia se Scott as tinha, por isso resolveu questioná-lo:

- Sabe... Eu me sinto culpada por tudo o que aconteceu. Ouvi dizer que Magneto invadiu a mansão por minha causa.

- Você não deve se sentir assim. Não é sua culpa que ele tenha planos insanos.

- Planos? Que tipo de planos?

- O Professor nos contou que Magnus estava em busca de um anel, uma espécie de chave para liberar a tumba de um guerreiro lendário. – Scott suspirou – Lenda essa que nem sabemos se é real ou apenas fantasia.

- Ele conseguiu o que queria?

- Sim, ele roubou a peça. Mas também deixou claro que não era apenas isso que ele queria. Ele também precisava levar você.

Jully engasgou-se com o gole de suco que estava tomando e olhou para Scott. Por trás dos óculos escuros ela podia notar que o assunto era preocupante para todos por ali. Quando conseguiu retomar a respiração, desandou a falar:

- O que ele queria comigo? Por que eu seria importante para ele?

- Acalme-se, Jully. Você está protegida aqui. – Scott segurou a mão dela carinhosamente – Segundo as fontes dele, você é uma das poucas pessoas que poderiam desvendar o mistério se a lenda é real ou não.

- Eu? Ele sabe por acaso que sou uma inútil sem poderes? – Jully protestou.

- Você não é inútil, está se recuperando. O Professor falou que você tem aumentado seus níveis de energia de uma forma constante. É possível que em breve você esteja recuperada.

Jully apoiou o cotovelo na bancada e encarou a si mesma através do reflexo nas lentes vermelhas dos óculos dele. Scott apertou a mão de Jully e sorriu para ela que sorriu de volta. Apesar de Scott não ter gostado de sua chegada à mansão, ela já começava a sentir nele um amigo. Scott e Jully foram distraídos com a voz de Jean ao entrar na cozinha:

- Ah! Não sabia que vocês estavam aqui! – Scott soltou rapidamente a mão de Jully e ambos puderam notar que a voz de Jean estava alterada – Estava a sua procura, Scott. Logan quer discutir o plano de treinamento para amanhã.

- Ham... – Scott passou a mão nos cabelos pensativo – Eu já vou, a louça...

- Pode deixar que eu arrumo a cozinha. – Jully interrompeu-o.

- Mas...

- Sem mas. Eu arrumo. - Jully insistiu.

Scott desviou o olhar através dos óculos de Jean para Jully e de volta para Jean. Ele estava visivelmente confuso e Jean ajudou-o com o problema.

- Ela pode arrumar tudo, Scott. Logan não gosta de esperar.

- Tudo bem então.

Scott concordou, levantou e andou até Jean que se virou e saiu em direção à biblioteca, onde Logan os esperava. Antes de sair da cozinha desejou boa noite a Jully, que havia começado a recolher a louça. Ela colocou os pratos na pia junto com a louça dos demais mutantes que não eram muito chegados a afazeres domésticos, como Spike e Kurt e começou a limpar a área. Já não era mais surpresa para ela que seus pensamentos viajassem enquanto ela fazia tarefas habituais e, inevitavelmente enquanto ela lavava uma panela, pegou-se pensando em onde Gambit poderia estar e em como poderia fazer para encontrá-lo e agradecê-lo pela ajuda.