In Love With My Guitar

Capítulo 9 – I'm not thinking underage anymore


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– Não é a toa que você está encalhada. – Linda dizia, piscando descaradamente para um garoto.

– Que? O que você quer dizer com isso? – Hanna a encarava. Descrente.

– Faz mais ou menos meia hora que estamos aqui. Certo? – A menina de cabelos castanhos falava. Dando intervalos para beber uma mistura que o barman tinha feito especialmente para ela.

– E daí?

– Em meia hora, aquele hippie de dreads...

– É Samuel o nome dele. – Hanna corrigiu a amiga.

– Que seja. – Continuou Linda, inabalada. – Em meia hora ele desapareceu com a loirinha, Richard está dançando com uma turma que nem ele conhece, eu já tenho um gatinho para observar ali naquela mesa, Leo... – Ela virava a cabeça para poder ver se avistava o garoto – Bom. Ele deve estar pelos cantos com alguma menina... – Hanna percebeu que ao dizer isso, a amiga suspirou profunda e lentamente. Depois continuou: – E você? Que fez até agora?

– Eu disse que não queria vir. – A morena deu de ombros.

– Você não está preocupada com o fato de que o amor da sua vida pode estar aqui, e você está sentada nesse banco do bar, super maravilhosa, com seus jeans colados, sem dar atenção a ninguém?

– Se alguém quiser falar comigo. Venha até aqui. – Respondeu, pouco se importando com a cara feia que a amiga fazia para ela – Afinal, eu não estou aqui para dormir com qualquer um.

– Mas também não está aqui para ser babá de ninguém! – Retrucou Linda. – E se você não se importar, eu vou falar com aquele cara ali. Porque a pessoa que eu estava de olho, não está disponível. – E dizendo isso, a castanha levantou-se do banco.

– Quem? O Leonardo? – Perguntou Hanna, dando um sorrisinho metido.
Em resposta, a amiga colocou o dedo indicador nos lábios, fazendo sinal para a morena ficar em silêncio.

Logo após Linda sair, Hanna pediu um copo de uma bebida que era verde fluorescente. Não parava de pensar que em parte, a amiga estava certa. Ela não podia ficar a noite inteira ali, parada

**

Enquanto isso, Leo estava sentado em um canto bem afastado do olhar curioso de Linda. Em uma mesa que tinha pouca iluminação.

Ele viu que Samuel e Yara tinham saído pelos fundos. Sabe-se lá para onde.
O garoto sabia que tinha alguma coisa rolando ali.

– Posso me sentar aqui? – Leo desviou o olhar da multidão que dançava na pista e percebeu que uma garota estava parada na sua frente.

– Claro. – Respondeu ele, se endireitando na cadeira. Ela se sentou e Leo pôde perceber, por um feixe de luz que vinha da lâmpada mais próxima, que a garota tinha olhos castanhos, extremamente brilhantes e que seu cabelo era loiro. Bem loiro.

– Me desculpe te incomodar assim. Eu percebi que você estava muito ocupado, olhando as pessoas dançarem. – Ela sorriu, fazendo seus olhos se estreitarem um pouco. Leo não negou que a garota era linda.

– Qual seu nome? – Ela perguntou.

– Leo. E o seu?

– Camille.

– Camille? – Ele a olhou, confuso. – Já nos conhecemos? – E então, como uma luz, vieram as imagens de uma garota cantando sobre uma caipira que se aventurou no mundo. – Ah! Você é aquela moça que estava cantando no Fire Burning! Um pouco antes de eu subir no palco! – Ele sorriu. Lembrando como ela tinha uma voz linda.

– Então é você aquele garoto que saiu na revista Minutes? – Ela também sorriu.

– Infelizmente. – Ele respondeu, desanimado.

– Foi horrível o que aquela jornalista fez com você e com sua banda. – Ela falava com a voz meio distraída. – Mas não se preocupe. Aconteceu a mesma coisa comigo.

– O que ela escreveu sobre você? – Leo perguntou, achando praticamente impossível alguém colocar defeito nessa garota.

– Ela disse que eu não fazia a menor ideia dos absurdos que acontecem ao meu redor. Que meu futuro vai depender da maneira que eu amadurecer. Porque se eu continuar como nas minhas músicas, vazia e sem emoção nenhuma, era melhor eu voltar para a terra onde eu nasci. – Ela suspirou profundamente, depois encarou o garoto, sorrindo. – Disse também que os problemas da indústria da música, não se resolvem com um rostinho bonito.

– Aposto todo meu dinheiro que isso é inveja. – Disse Leo, sorridente, enquanto chegava mais perto, apoiando seus cotovelos na mesa.

– Bem que eu queria que fosse. – Ela respondeu. – Mas não se preocupe. Nenhuma gravadora se interessa por aquilo que a Mary Lesoure escreve.

– Mas ela não é uma jornalista importante?

Era. Até perder o marido e ficar horrivelmente revoltada com tudo e com todos.

Ambos sorriram. A conversa ficava cada vez melhor.

– Então... Leo. – Ela fitou os olhos azuis do garoto. – Embora eu não acredite em uma palavra do que aquela pessoa repugnante diz, não consigo tirar da cabeça uma coisa que ela escreveu.

– A é? O que?

– Aquela foto... – Camille nem precisou terminar. Leo sabia exatamente o que ela queria saber.

– Não. Ela não é minha namorada. – Ele sorriu bobamente. Pensando no alvoroço que um abraço tinha causado.

– Não? Porque parecia. – Ela dizia, meio desconfiada.

– Pode acreditar que não. – Ele riu fracamente – Ela não iria me querer.

– Ela é cega, então? – A loira na frente dele colocou um cotovelo na mesa, apoiando o queixo na mão. – Porque, sem querer ser atirada, mas... Você não é coisa que se jogue fora!

Ele sorriu.

– Obrigado... Eu acho... Isso foi um elogio, certo? – Ele riu.

– Sim. Foi sim. – Ela abriu um bonito sorriso, acompanhando-o.

– Foi por causa da minha beleza irresistível que você veio até aqui? – Ele falou com um tom brincalhão.

– Na verdade não. – Ela disse, rindo. Achou graça do comentário pretensioso do garoto. – Umas amigas minhas me prometeram uma bebida grátis se eu viesse falar com você.

– Eu valho uma bebida grátis? – Leo brincou.

– Bom. Eu acho que você pode valer muito mais. – Ela encarou profundamente os olhos azuis dele.

Ele chegou com seu rosto mais perto. Não se importaria se alguém estivesse olhando ou tirando fotos para uma revista. Aquela era uma noite para relaxar, e a linda menina que estava na frente dele era exatamente o que estava procurando.

Camille tinha se aproximado mais. Sentindo o cheiro forte e embriagante do perfume dele. Leo agora roçava seu nariz com o dela. Ele tirou uma mecha loira que caía levemente sobre o olho da garota, arrumando-a atrás da orelha. Aproveitou a deixa para passar a mão na nuca, aproximando-a mais.

Ela fechou os olhos. Seus lábios quase se encostavam. Leo fechou os olhos também, se preparando para beijar uma garota linda e impressionante.

**

Hanna tinha ido até Richard, que dançava descontraidamente junto com um grupo de adolescentes. Puxou o irmão e perguntou, elevando a voz por causa da música:

– Onde está Leo?

– Não sei! – O mais novo gritava, tentando sobrepor o som. – A última vez que eu o vi, estava sentado em uma mesa por ali – Ele apontou para o fundo do clube – conversando com uma garota!

– Tá! – Ela respondeu, saindo da pista. Indo para onde o irmão apontara.

Mal deu cinco passos. Parou. Leo estava a ponto de beijar uma menina que, até onde ela estava sabendo, ele nem conhecia.

Ela não mediu tempo. Correu até o DJ, aflita. Queria fazer de tudo para que Leo não beijasse aquela estranha:

– Oi. Você aceita pedidos?

**

Leo e Camille tinham finalmente encostado os lábios um no outro. Mas isso não durou nem cinco segundos. Ao fundo, ele podia ouvir uma música muito conhecida, mas não era a voz original que cantava. Era uma voz feminina.

**

Ela não sabia por que estava ali, no palco, com um microfone na mão. Esperando a música (que o Leonardo fez) começar. Mas ela sabia que era tarde demais para desistir.

[n/a: Tradução da música]

Tão cedo pra dizer que acabou

Vamos ver o que acontece a seguir

Eu tenho 16, o mundo acaba de se abrir para mim


Ela sorriu ao cantar essa parte.


Eu tenho um bolso cheio de trocado

Eu estou cansado de pensar como uma criança

Apenas corte o fio e me deixe voar

Dizer adeus

Dizer adeus


Hanna continuou cantando. Feliz pela sua voz não estar trêmula, diante de tanta gente olhando-a cantar.


Desculpe-me mãe e pai

Se a música os deixa triste


Ela riu novamente. Afinal, ela era a “mãe e o pai” ali.


Nada pode nos preparar

Quando os garotos crescem

E não perguntem, eles dirão

Eu encontrarei meu caminho

Eu estou cansando de ser tratado como criança

Cansando de ser tratado como criança

Eu não sou mais uma criança

Ao acabar de cantar o refrão, a morena conseguiu localizar um par de olhos azuis na platéia. Sorrindo para ela.


E eu sou o primeiro alinhado ao dmv

Eu te direi

Apenas me dê as chaves

Eu não tenho um toque de recolher em minha cabeça

A pequena Katie e eu (Kate? Ela perguntou. Fazendo alguns rirem)

Como pedras rolando

Ela ainda me mantém aqui

Não é como se nós estivéssemos correndo contra o tempo

Porque você irá chegar lá

Sim, você chegará

Hanna também percebeu que, atrás do Leo, havia uma garota loira. O que a desanimou um pouco.


Desculpe-me mãe e pai

Se a música os deixa triste

Nada pode nos preparar

Quando os garotos crescem

E não perguntem, eles dirão

Eu encontrarei meu caminho

Eu estou cansando de ser tratado como criança

Cansando de ser tratado como criança

Eu não sou mais uma criança


Assim como a gravidade

Os altos e baixos

Estarão sempre ok comigo

Eu estou acima de tudo que ser menor de idade possa significar

Hanna piscou para o irmão mais novo, que olhava boquiaberto para ela.


Então,

Desculpe-me mãe e pai

Se a música os deixa triste

Nada pode nos preparar

Quando os garotos crescem

E não perguntem, eles dirão

Eu encontrarei meu caminho

Eu estou cansando de ser tratado como criança

Cansando de ser tratado como criança

Eu não sou mais uma criança

Eu não sou mais uma criança

Eu não sou mais uma criança

Eu não sou mais uma criança


– É Leonardo. – Ela apontou para o moreno no meio da platéia, antes de descer do palco - Você não é mais uma criança. E sim. Eu presto atenção nas suas músicas.


E dizendo isso, Hanna desceu do palco, embaixo de aplausos, indo direto para o bar. Enquanto pensava:

“Eu fiz isso mesmo?”