Império

Uma noite no escritório + uma sirene


— OLHA QUEM VOLTOU!

Um único grito, fez com que o di Angelo se encolhesse e visse o desastre da revista passar diante de seus olhos.

— Por quê? — o chefe se virou para Rachel, que levantou os olhos do computador com uma cara culpada, entregando que tinha algo a ver com isso.

— A Rachel ligou para mim hoje de manhã, falando que eu estava de volta! – Thalia sorriu, se apoiando na mesa.

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Nico estava pronto para repreender a secretária, porém ela fora mais rápida e esticou um papel, quase esfregando na cara do chefe.

— Ah, claro! Eu não acredito nisso – ele murmurou, vendo que o dono da revista havia exigido que ela ficasse através de uma carta com letras de forma, como se estivesse gritando ou extremamente bravo.

— Pois é! Nem eu acreditei - a Grace observou o chefe suspirar derrotado.

— Vem cá, você conhece o senhor Olympus? – o di Angelo questionou, analisando todas as reações que a menina poderia ter diante do mencionado.

— Ele foi em uma palestra na minha faculdade, nós conversamos e ele gostou de mim. Só isso – ela retrucou, dando um aceno com a cabeça e saindo dali, rumando para a sala dele.

— Eu não sei se vou aguentar mais um dia perto dessa coisinha! – Nico confidenciou baixinho para Rachel, que soltou uma risada.

— Fica com ela que passa!

— Eu fiquei um dia inteiro com ela, não está bom para você?

— Não foi nesse sentido que eu falei de ficar – a ruiva respondeu, dando um sorriso malicioso.

O chefe arregalou os olhos e negou.

— O que foi, Rachel? Seu namorado não tá dando conta para você ficar tentando arrumar problema para os outros, não? – ele retrucou, fazendo-a rolar os olhos.

— Meu namorado faz o serviço muito bem, e você está precisando, né?

— Olha aqui...- ele apontou seu dedo para ela, a fazendo bater na mão dele.

— Não aponta o dedo para mim! – ela apontou para ele, ameaçadoramente.

— Eu vou trabalhar que ganho mais – Nico mostrou a língua para a secretária, um ato bem infantil, porém ambos deram risada, seguindo até sua sala.

Assim que abriu a porta, arregalou os olhos ao ver a Grace sentada em cima de sua mesa, olhando os papéis que antes ocupavam a mesa, um tanto pensativa, mordendo o lábio inferior.

— Eu to atrapalhando? – questionou, vendo-a pular.

— Chefe! Ex-chefe! Chefe! – Thalia se embolou ao falar, apertando as mãos que agora estavam atrás de suas costas em um ato nervoso.

O di Angelo suspirou, caminhando até ela e a pegando pela cintura, tirando de cima da mesa e depositando na cadeira, sentindo o corpo da garota ficar tenso com um simples toque casto.

— O que foi? – perguntou, vendo-a enrubescer.

— Você me dá medo...- murmurou, observando-o com seus grandes olhos azuis elétricos.

Ele semicerrou os olhos confuso, porém nada disse, apenas decidiu ignorar e dar a volta na mesa, sentando em sua cadeira.

— No que você estava pensando antes de eu entrar? Vi que estava bastante pensativa!

— Nada não – murmurou, olhando para suas mãos.

— Não é bom mentir para seu chefe, sabia? – ele questionou, quase sentindo o cheiro da mentira da menina.

— É só que, por muito tempo, a revista Olympus tem trabalhado da mesma forma e isso tem mantido ela no topo, porém, o mundo está mudando e quase ninguém tem o interesse de ler, principalmente com os sites online, ou seja, temos que fazer algo que chame atenção, porque, uma hora as pessoas vão cansar, então eu pensei em criarem um canal no Youtube, a empresa tem ferramentas para isso e é bem raro as revistas que tem algo online, portanto seriamos notados de modo diferente, o que atrairia a atenção de mais gente.

— E como você pretende fazer isso? Afinal, você deu a sugestão, então deve ter um meio. – ele apoiou os cotovelos na mesa, se interessando na ideia da garota.

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— Nós poderíamos usar o método de trailers, tipo, criar um vídeo exibindo as matérias que iriam sair na revista da semana, portanto toda semana iria ter um novo vídeo no canal. Daria trabalho, porém seria recompensador.

Nico se espreguiçou, se levantando.

— Vamos, temos que marcar uma reunião urgente para falar com o resto do pessoal.

Thalia se levantou, soltando um gritinho animado enquanto seguia o chefe, que riu e negou em reprovação.

Pediu a Rachel que convocasse todos os chefes para uma reunião urgente, entrando na sala e pegando o banquinho da menina, que o olhou sem entender, até que colocasse do lado dele.

— Eu vou sentar ali? – Ela questionou, e ele assentiu.

— Vai sim.

Em um segundo, Nico estava totalmente equilibrado, mantendo sua postura de sempre; no outro, estava quase caindo sentado ao ser abraçado pelo pescoço por Thalia, que se empolgou e se jogou para cima dele.

E para ajudar, Rachel abriu a porta no exato momento, dando um sorriso malicioso e voltando a fechar a porta devagar, fazendo o di Angelo a fuzilar e fazer gestos obscenos para a ruiva.

Thalia se soltou do chefe, se sentando em seu banquinho, dando um aceno animado para a secretária, que sorriu de volta.

— Você vai deixar ela sentada ali? – Rachel questionou, negando em reprovação, vendo o moreno se sentar em sua cadeira.

— Sim...- ele respondeu meio incerto – não tem outra cadeira.

— Tem seu colo – a ruiva respondeu de imediato, fazendo Thalia arregalar os olhos e assumir a vermelhidão, assim como Nico, que semicerrou os olhos xingando a de olhos verdes mentalmente de todos os nomes possíveis.

— Ah...- O di Angelo iria responder uma ameaça, porém a garota fechou a porta e os deixou sozinhos, ambos constrangidos e sem saber o que fazer para que a situação passasse.

O silêncio na sala se tornou presente, enquanto os dois miravam qualquer coisa que não fosse eles mesmos, até que Nico tomou a frente em falar com ela.

— Sobre isso...- ele começou, porém ela o cortou.

— Eu tenho namorado!

O chefe apenas deu dois tapinhas no ombro dela.

— Apenas ignora!

Ela assentiu, observando a porta ser aberta e os chefes começarem a entrar por ali.

Travis trazia uma cadeira, o que a fez sorrir e se levantar animada, ao saber que iria evoluir de um banquinho a uma cadeira de verdade.

— Obrigada! – agradeceu, se sentando ao lado do chefe, ainda vermelha.

— Aconteceu alguma coisa? – Leo questionou, vendo que ambos estavam corados.

— Não! – responderam em uníssono.

— Tá, vou fingir que isso não é estranho e começar: por que fomos convocados? – Percy questionou.

— Thalia, tome a frente – Nico ordenou, fazendo a referida arregalar os olhos e se virar para ele soltando um “que?” um pouco alto demais. Ele se afastou discretamente, já que ambos estavam lado a lado, e com o jeito que ela virou, ambos praticamente ficaram colados. – Você que teve a ideia, você que comanda a reunião.

O di Angelo se afastou com a cadeira, fazendo-a arregalar os olhos novamente e xinga-lo mentalmente. Suas mãos se juntaram em um ato nervoso, e ela engoliu em seco.

— Bom dia, gente...- murmurou – então, assim que cheguei estava sozinha no escritório do di Angelo, portanto peguei uns papéis e comecei a analisar tudo, chegando à conclusão que o que fazemos é bom, porém podemos melhorar e ainda por cima lucrar mais.

— Como? – Annabeth questionou curiosa, dando um sorriso incentivador quando a menina travou por alguns instantes.

— No século vinte e um, ou você se molda ao que o público quer, ou você acaba ficando para trás. E hoje, acima de tudo, estamos em um mundo técnico-cientifico-informacional, então nada melhor do que nos infiltrarmos em um dos sites mais populares entre jovens, que é o Youtube, portanto tive a ideia de criarmos um canal, para postarmos pequenos vídeos como se fossem trailers para o que vai ter na revista da semana, para atrair mais pessoas – ela finalizou sua ideia, mordendo o lábio inferior com força, desviando o olhar para Nico, que tinha um sorriso de canto enquanto a observava.

— Isso é genial! – Connor quase gritou entusiasmado, o que fez a garota arregalar os olhos e sorrir.

— Obrigada! – retrucou, respirando fundo.

— Mas como nós vamos cuidar disso e de todos os nossos trabalhos em uma única semana? – Reyna questionou. Nico torceu para que fosse o único a perceber a mudança que ocorrera em Thalia.

— Nada mais justo do que criar mais um setor, só para isso – ela argumentou, apoiando os cotovelos na mesa.

— Mas para criarmos mais um setor, teríamos que ter a autorização e disposição do senhor Olympus, algo que ele nunca tem para nós – Reyna rebateu, encarando a estagiária.

— Não custa tentar, não é mesmo? – a Grace finalizou a breve discussão, suspirando ao perceber que havia ficado um clima tenso na sala.

— Eu vou tentar ligar para ele agora, porque nós cuidamos disso nós mesmo até acabar essa semana, aí já trabalhamos no novo setor desde hoje para que semana que vem já esteja tudo pronto – Nico pegou o celular, se aproximando da mesa e deixando o eletrônico ali.

— Ele nunca atende mesmo – Reyna deu de ombros, esperando o que estava cansada de presenciar.

No primeiro toque, todos prenderam a respiração ao ouvir uma voz grossa do outro lado da linha:

— Senhor di Angelo!

Nico arregalou os olhos, surpreso com o fato do senhor ter atendido.

— Bom dia, senhor Olympus. Me desculpe por incomodar, mas queria perguntar uma coisa...na verdade pedir uma autorização para que...- antes que o moreno terminasse, o dono da revista o cortou:

— Senhor di Angelo, sabe por que eu nunca atendo suas ligações? É porque eu te deixo no comando para que você tome suas próprias decisões, portanto o faça – e assim, a ligação se encerrou.

Nico se levantou e arrumou a postura, esticando a mão para a Grace, que o olhou desconfiada, mas segurou mesmo assim, sendo puxada para cima.

— Então vamos ao trabalho! – ele sorriu, vendo a garota dar um pulinho e gritar “EEE”.

***

Fazia muito tempo que eles não trabalhavam tanto assim, tanto que nessas horas, Nico já havia abandonado o blazer e os sapatos, seus cabelos estavam totalmente bagunçados, porém ele não ligava, já que a maioria das pessoas estavam no mesmo estado que ele.

— Gente, eu sei que vocês estão acabados, mas eu preciso de vocês aqui comigo...então vamos fazer assim, voltem para suas casas para tomar um banho, vistam roupas confortáveis e voltem para cá. Agora são nove e meia?! Estejam aqui as onze, ok? Posso contar com vocês? – Nico discursou, vendo a equipe respirar fundo em conjunto e assentir, se dispersando o mais rápido que podiam.

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— Eu vou para casa, vejo vocês já, já! – Thalia acenou, rumando a porta com sua bolsa.

Rachel acenou para Nico, apontando para a menina que estava de costas, quase desesperada, mandando que ele falasse com ela e oferecesse uma carona, enquanto ele negava.

— Thalia? – chamou, fechando os olhos ao ouvir um grito de felicidade vindo da ruiva.

Hum? — a garota chamada se virou, observando o chefe.

— Você vai embora como?

— Na canela, por quê? – ela respondeu, juntando as mãos atrás das costas.

— Vamos, te dou uma carona – o di Angelo não deu benefício da escolha, já que a segurou pelos ombros e começou a guia-la até sua moto.

— Eu acho que vou cair disso! Não é uma boa ideia...- ela murmurou, mas ele já colocava o capacete em sua cabeça.

— Você vai se segurar em mim, não vai cair – garantiu, enquanto subia na moto e esperava ela ter a boa vontade de subir, o que não aconteceu. – Grace, não me faça sair de cima da moto para te colocar aqui.

— Eu vou para a casa do meu namorado...- ela murmurou constrangida, vendo-o rolar os olhos e ameaçar descer da moto, gerando uma reação rápida da garota, que colocou as mãos nos ombros dele e se impulsionou, subindo na moto.

Thalia se arrumou na moto, segurando na camisa dele de leve, quase nem o tocando direito, porém, o di Angelo bufou baixo e agarrou as mãos dela, firmando em seu corpo, fazendo-a enrubescer por completo.

— Onde seu namorado mora? – questionou, olhando-a pelo retrovisor.

— One Central Park South – respondeu.

O caminho até o local, foi silencioso, apenas sendo rompido quando Nico finalmente parou com a moto a frente do prédio, esperando ela descer.

— Como eu te trouxe até aqui, estarei aqui daqui a uma hora para te buscar, espero você aqui embaixo – ele disse, acelerando sem deixar ela escolher se poderia pegar carona ou não, deixando-a inexpressiva.

— Tá...- murmurou consigo mesma e entrou no apartamento.

Não demorou muito para que Nico estivesse na frente do prédio novamente. As horas haviam passado tão rápido que a menina nem teve tempo de pensar em alguma roupa descente para usar.

Assim que o chefe viu ela, não conseguiu acreditar e abaixou a cabeça, não sabendo se dava risada ou se matava ali mesmo.

Thalia usava uma camisola larga, que vinha depois dos joelhos, listrada de azul e roxo, enquanto a calça que trajava era vermelha. Não podendo esquecer das pantufas de patinho que ocupavam seus pés.

O pior foi quando ela começou a andar, e a pantufa fez um barulho de patinho a cada passo dado, uma sequência de “quack”.

— Que roupa é essa? – ele questionou, colocando a mão em sua cintura, parando-a antes que ela pudesse subir na moto, vendo seus cabelos negros, que estavam presos em maria Chiquinha, balançarem.

— Você disse para vestir algo confortável...- ela retrucou, hesitante – você tem sorte de eu não trazer o Marcel junto comigo!

— Marcel? Seu namorado? – o di Angelo arqueou a sobrancelha, sentindo-a trocar o peso do corpo de um pé para o outro, soltando a cintura dela.

— Não! Meu pato de pelúcia – ela retrucou, dando um sorriso tímido.

— Ah sim..., então, sobe porque vamos perder o horário – Nico se firmou na moto, pegando o capacete e entregando a ela, que colocou e se arrumou atrás dele.

Ambos rumaram até a revista, novamente o caminho foi silencioso, e Thalia evitou se mexer enquanto tinha as mãos rodeando a cintura do moreno.

Assim que pararam na empresa, eles desceram e a de olhos azuis arrumou sua vestimenta, enquanto analisava seu chefe.

— Vê para mim se a Rachel conseguiu falar com a Perséfone, para ver se conseguimos a autorização dela para usar sua imagem no vídeo – Nico pediu, vendo-a assentir e entrar antes dele, com suas pantufas estranhas gritando e anunciando que ela tinha chego.

Rachel estava digitando em seu computador, até ouvir o barulho de patinhos e chutar que a garota havia chego, subindo o olhar e dando de cara com ela sorrindo.

— Olá, Thalia! – cumprimentou.

— Olha meu sapato! – a Grace subiu a perna, mostrando sua elasticidade, fazendo a ruiva arregalar os olhos de leve e sorrir.

— Eu adorei! Eu usaria! – respondeu, suspirando – mas então, aconteceu alguma coisa?

Thalia não notou o sorriso malicioso no rosto da secretária, que agora estava apoiada na mesa interessada.

— O que?

— Você sabe...você e o Nico...ele te deu uma carona...- Rachel começou, fazendo Thalia arregalar os olhos e negar exageradamente.

— Não! Rachel...não!

A ruiva deu risada, negando em reprovação.

— Além dele ser meu chefe, eu tenho namorado...- Thalia suspirou, vendo a secretária assentir com um sorriso de canto. — O Nico pediu para falar com você, sobre Perséfone.

— Eu falei com ela, pode entregar para ele – a ruiva esticou um papel, deixando na mão da Grace, que sorriu e saiu dali, procurando por seu chefe.

***

O silêncio estava instaurado na revista, todos acabaram por sucumbir ao cansaço e cochilarem em cima de suas mesas ou até mesmo encostados na parede, já que era duro acordar seis da manhã e madrugar trabalhando. Porém, Thalia decidiu que eles deveriam continuar a trabalhar, portanto achou um jeito de acordar todos de uma vez.

Pegou sua bolsa, colocando em seu ombro e tirando um apito dali, começando a soar e pular, imitando uma líder de torcida, misturando o agudo do apito com chiado de patinhos.

— VAMOS ACORDAR GENTE!

— Mas que porra você está fazendo? – Percy murmurou sonolento, levantando sua cabeça da mesa para observa-la.

Antes que Thalia pudesse responder, foi interceptada por uma mão pálida que surgiu de suas costas, arrancando o apito de sua boca e jogando contra a parede brutamente, e mais tarde ela descobriu que era um Nico raivoso.

Seus olhos azuis se arregalaram com tamanha violência, mirando-o de perto.

— Tudo bem! Eu tenho isso! – ela sorriu vitoriosa, tirando uma sirene de dentro da bolsa e ligando-a, começando a correr.

— Thalia! Volta aqui, garota! – ele gritou, vendo-a se afastar cada vez.

— Não! – Thalia respondeu com um sorriso travesso.

— Eu não acredito que vou fazer isso...- o chefe murmurou consigo mesmo, começando a correr atrás da garota, que deu um gritinho agudo ao perceber que ele estava atrás dela, acelerando o passo.

— ACORDEM GENTE! – a Grace gritou, enquanto balançava a sirene de um lado para o outro – VOCÊ NÃO ME PEGA!

Rachel levantou a cabeça confusa, vendo dois vultos passarem correndo na sua frente, logo reconhecendo Thalia e Nico e negando em reprovação, mesmo tendo um sorriso de canto nos lábios.

— TÁ FUNCIONANDO, VIU? – ela gritou, notando que estava bem a frente, então dava tempo de entrar no elevador, que estava parado no seu andar.

Ela pulou dentro da máquina, apertando os botões o mais rápido possível, vendo a porta se fechar enquanto ele corria na direção dela. Porém, o que ela não previa, era que a porta fosse lerda o suficiente (e ele muito magro) para conseguir passar por uma fresta e entrar.

— Ih! – ela arregalou os olhos, grudando na parede, já que não tinha escapatória.

— Achou que iria se safar, é? – ele negou em reprovação, indo para cima da menina e tentando pegar a sirene, que parecia um tanto mais alta.

— Não, não, não! – a Grace mexeu os braços loucamente, desviando de todo ataque certeiro dele.

Nico segurou a cintura da menina, a prensando de leve contra o elevador e pegando a sirene, desligando-a.

A estagiária se encolheu para fugir do aperto dele, enrubescendo, o que também a fez xingar-se mentalmente por ser tão pálida.

O di Angelo olhou para ela e notou a situação que ambos se encontravam, soltando-a e se afastando, tentando ocultar o quão constrangido estava, assim como ela.

A porta se abriu, fazendo a menina pensar rápido e roubar a sirene da mão dele, saindo porta a fora a tempo de ela fechar e o deixar para trás, gargalhando no corredor e voltando a correr até o andar de cima, onde todos estavam.

Thalia se jogou em um dos sofás, quase atropelando Leo, se virando de lado e apoiando a cabeça em uma das mãos, cruzando as pernas em uma despojada.

— Você sobreviveu? – Connor questionou, vendo-a sorrir e dar risada.

— Eu despistei ele no elevador! – respondeu contente, arrancando risadas das pessoas acordadas.

Um pequeno tempo depois, Nico adentrou a sala com um pequeno sorriso no canto dos lábios, porém negando em reprovação.

— Como foi o passeio? – a estagiária perguntou, dando uma risada.

— Silencioso, uma maravilha! – o chefe retrucou, e ela deu de ombros.

O di Angelo olhou o relógio que ocupava a parede, suspirando e tendo uma ideia.

— Arranjem um lugar para dormir, nós damos um desconto e começamos a trabalhar as sete, então já ficamos aqui direto, o que acham?

Uns murmúrios de aprovação foram ouvidos, antes de cada chefe começar a se levantar e ir para seus respectivos escritórios, onde eles tinham suas mesas e sofás, poderiam muito bem se acomodar lá.

— Mas eu não to com sono...- a Grace murmurou, fazendo um bico.

— Vem – Nico chamou, pegando sua mão e começando a puxar para o seu escritório, onde a colocaria para dormir. Aquela garota solta poderia acabar com todo o trabalho já feito, não iria arriscar.

Ele fechou a porta atrás de si, caminhando até seu armário e tirando uma manta de pelinhos dali de dentro, jogando em Thalia, que se encolheu no sofá.

— Vai, deita aí! – pediu, vendo-a piscar inocentemente e deitar cautelosa, se aconchegando.

— Mas eu não durmo sem meu patinho! – ela murmurou, vendo-o arrumar a manta em cima de si.

Ele arrancou uma de suas pantufas, entregando para ela.

— Um pato!

Thalia apertou a pantufa, fazendo “quack”.

— Ok...- murmurou, mantendo os olhos abertos e o observando.

Nico semicerrou os olhos, levando as mãos até o rosto dela e fechando seus olhos azuis.

— Vai...dorme!

Ele caminhou até a porta, pretendendo sair dali, porém ela o chamou, fazendo-o se virar cansado.

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— Eu tenho medo dessa sala...- confidenciou, se encolhendo.

— Ótimo – o chefe resmungou, fechando a porta e voltando até o sofá, se sentando na ponta e pegando seu celular. – Durma.

— Tá...- ela murmurou inocentemente, enquanto fechava os olhos e apertava o pato contra seu corpo, pensando em como tirava as pessoas do sério.

Thalia ficou apertando o patinho, que fazia barulho, enquanto o Nico observava o celular, se irritando.

— Thalia!

— Eu disse que não estava com sono...- ela murmurou, abrindo os olhos e sendo cega, já que o moreno havia ligado a lanterna do celular e apontava para ela.

— O que o seu namorado faz para você dormir?

Foi inevitável não arregalar os olhos e corar, fazendo ele arregalar os olhos também.

— Ok, deixa para lá...- o moreno murmurou constrangido – o que eu faço para você dormir?

— Não sei, eu nunca dormi com você! Mas eu quero trabalhar...

— Então senta e vamos conversar.

Thalia se sentou, ficando confortável no sofá enquanto observava a silhueta de seu chefe, sendo iluminado apenas pela tela de seu celular.

Depois deles discutirem coisas referentes ao novo setor que iriam criar, a menina foi pegando no sono ao encostar no ombro dele, e Nico percebeu tarde demais o quão fofa ela ficava enquanto dormia, dando um pequeno sorriso de canto e se recostado no sofá, achando uma posição confortável e pegando no sono também.