As coisas em casa não estavam saindo como Hinata havia imaginado.

Seu “lar, doce lar” estava vazio. Em plena sexta-feira seu pai havia feito plantão e distribuído plantões aos outros integrantes da família, mas não manifestara em nenhum momento que estava chateado com ela ou o quanto, não que fosse necessário, depois de mal conseguirem se comunicar e dele distribuir tantos plantões pela família...

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Além de não ver o pai e o tio, que pelo que tinha conhecimento, passava mais tempo na casa do irmão que em sua própria casa, também não teve muito sucesso em falar com o primo. Neji havia apenas lhe mandado algumas mensagens misteriosas.

A morena não sabia se fica curiosa ou brava, pois parecia que estavam todos tentando tortura-la, a única exceção parecia ser Hanabi. Contudo, também não pode passar muito tempo com a irmã, já que ela estudava em período integral em uma escola super-rígida e já havia perdido praticamente dois dias de aulas desde a sua chegada.

Quanto a Neji, ainda na quinta-feira o primo-irmão havia lhe mandado duas mensagens.

A primeira dizia “Sempre que disser que sou corajoso, tente me imaginar sentindo o que estou sentindo, ao fazer o que estou prestes a fazer...”. Não era preciso nenhum poder especial para saber que Hinata, além de não entender nada, imaginou que o primo havia mandado a mensagem para a pessoa errada, apesar de acontecer em raríssimas e cômicas vezes.

A segunda mensagem veio muito tarde naquela noite, já se passavam das 23h00min e dizia: “Estranho... O que papai disse faz todo sentido agora...”

Sem entender nada a morena respondeu: “Nii-san, você está mandando mensagens para a pessoa certa? O.o” . Mas, não obteve resposta alguma.

A morena havia almoçado sozinha, pois até Ko parecia ter ocupações com as quais cuidar. Era isso ou ele estava desconcertado em almoçar à mesa com os membros do da família Hyuuga. Hinata apostava todas as suas fichas na segunda opção, pois ainda que considerasse o motorista e guarda-costas seu amigo e membro da família, ele nunca se mostrava à vontade nessa situação.

Depois do almoço, havia começado uma nova leitura. Enquanto estava muito envolvida no universo de “Inferno”, o penúltimo livro do autor Dan Brown, e sentindo-se tão perdida quanto o professor Langdon procurando resolver o mistério da vez, seu celular vibrou.

“Precisamos conversar. Hoje à noite, jantar comigo e com a Tenten”. Era Neji mais uma vez.

— Que tipo de pessoa manda mensagem dessas no meio da tarde? – A morena falou sozinha, indignada.

“Precisamos conversar”, na opinião indignada de Hinata, deveria ser proibido por lei mandarem mensagens assim.

“Nii-san... Você está muito estranho. Está tudo bem? Eu fiz alguma coisa?” - Respondeu a mensagem e para a sua surpresa, recebeu um áudio muito bem humorado do primo, que lhe passou a impressão de até estar sorrindo enquanto falava.

Ela teve que ouvir o áudio mais umas duas vezes, para certificar-se que não haviam vozes estranhas no fundo, que era realmente seu primo falando e no fim o “Dr. Hyuuga Neji, por favor compareça a emergência” que se repetia paralelamente as últimas palavras do moreno, não permitiu que ela conjecturasse nenhuma ideia louca, inspirada em sua leitura interrompida. Mas Hinata não se conteve e ouviu o áudio mais uma vez, pois o sorriso na voz do seu primo a deixava tão curiosa quanto feliz.

“Está tudo muito bem! A Tenten escolheu um restaurante e vai te mandar a localização mais tarde, mas não posso explicar nada agora, o dever me chama”

“Mal não devia estar mesmo”— Hinata pensou, pois nunca vira alguém que estava sendo chamado a atender na emergência com uma voz tão leve. Naquele áudio, Neji tinha perdido até mesmo a aparente e habitual frieza da voz.

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E o que em um primeiro momento havia despreocupado a morena, instalara outro mistério em sua mente. Não conseguiu retomar a leitura, pois ficou imaginando o que ele poderia querer falar para ela, junto com Tenten, depois de todas as mensagens loucas que ele havia mandado.

A mente dela viajou tanto, que já tinha começado a imaginar um novo membro para a família Hyuuga e mais além, se pegou imaginando as roupinhas que faria e daria para o sobrinho e afilhado, por que afinal de contas... “Neji não teria coragem de escolher outra pessoa para apadrinhar seu filho, teria? “

— Se-senhora? – A empregada da família a chamava pela quarta vez, um pouco amedrontada pela cara de brava que Hinata fazia agora. Mal sabia a pobre mulher, que nem havia um motivo real para aquela feição severa e fechadíssima. – Senhora? – A mulher falou mais alto, num rompante de coragem.

— Oi!? – Hinata disse saindo abruptamente de suas fantasias – Desculpe, estava aqui... Pensando umas coisas – Riu, recriminando-se, mas retomou uma postura mais séria ao ver a expressão da empregada – Aconteceu alguma coisa? – Falou preocupada.

— O Diretor da escola da senhorita Hanabi precisa falar com um membro da família, mas o senhor Hyuuga está indisponível... – Respondeu.

— Entendi. Me passe o telefone por favor, eu cuido disso. – Disse pegando o telefone das mãos da senhora, que saiu apressada da sala.

— Hyuuga Hinata falando, algum problema com minha irmã? – Perguntou – Hanabi está bem?

Do outro lado da linha apenas um suspiro foi audível.

— A senhorita Hyuuga está bem, mas sim, temos um problema. – O tom empregado pelo diretor a preocupou.

— O senhor pode adiantar alguma coisa?

— É preciso um responsável para vir busca-la e, então poderemos conversar pessoalmente – Ele disse ainda muito sério, aparentando estar contrariado, pigarreou antes de prosseguir – Como os senhores Hyuugas estão indisponíveis, pode ser a senhorita a vir. – Concluiu.

(...)

Naruto suspirou.

Reunia-se pelo segundo dia seguido com Sasuke e Shikamaru e estava exausto! Apesar do assunto sério que tinha a tratar, seus adorados amigos pareciam sempre achar – ou criar – uma brecha para lhe perturbarem. Não seria nada muito diferente do habitual, claro, se dessa vez a modelo Hyuuga não estivesse envolvida nessas provocações.

O loiro admitia que ela havia o surpreendido, mas perguntava-se secretamente se ele despertou realmente algum interesse nela. Lhe parecia pouco provável, contudo não podia estar mais agradecido pelos amigos não terem encontrado Konohamaru ainda, o garoto poderia acabar criando alguma expectativa.

— Vou ter que ser eu a pedir que tenhamos foco? Mesmo? – O loiro repreendeu.

— Acho que tocamos em um ponto sensível... – Sasuke comentou, ainda olhando para Naruto com certo ar de graça.

— Tsk.. – Shikamaru murmurou, como de costume.

— Eu já percebi o que estão tentando fazer. – Naruto cruzou os braços – Podem esquecer.

— Não seja mais idiota Naruto... – Sasuke disse – Apesar das brincadeiras, por que não manda pelo menos uma mensagem? Escrevendo o risco de você falar alguma besteira pode ser menor... – Completou zoando o amigo, novamente.

Sinceramente, Sasuke agradecia por Hinata não ser tão geniosa como alguém que ele conhecia, pois se fosse provavelmente o loiro teria ganhado pelo menos um tapa da Hyuuga, depois de tudo que o loiro relatou sobre a visita.

Shikamaru que até um momento atrás estava ajudando a criar situações para perturbar Naruto, encontrava-se enredado em pensamentos semelhantes ao do Uchiha, ainda que a pessoa geniosa com quem ele fazia sua comparação mental fosse outra. Acabou suspirando alto ao pensar na sua geniosa, atraindo a atenção dos amigos.

— Tsk.. – Pigarreou – Provavelmente ele sequer tem um aplicativo de mensagens instalado. – Disse, desviando a atenção para Naruto novamente, antes que tivessem a oportunidade de começarem as brincadeiras com ele também – Ainda nos falamos estritamente por e-mail e telefone, Sasuke...

— Não sou refém da tecnologia como vocês. – Naruto devolveu a crítica implícita, cruzando os braços atrás da cabeça como se estivesse muito à vontade com a situação.

Contudo a verdade era que ele realmente não tinha um aplicativo desse tipo instalado em seu aparelho, ou qualquer outro instalado por ele mesmo. O loiro prendeu o suspiro que quis soltar, ao perceber que provavelmente teria que pedir ajuda do filho para resolver isso e o garoto ainda estava contrariado pelo castigo que recebera.

- De qualquer forma – Naruto retomou a conversa – Não envolvam o Konohamaru nessas brincadeiras, vocês sabem como ele é fã dela e não quero que isso gere nenhuma expectativa.

Os amigos apenas acenaram positivamente, concordando. Eles tinham praticamente a mesma idade, mas nenhum tinha filhos e ainda que Shikamaru já tivesse uma afilhada, ambos admiravam muito o posicionamento e comportamentos que o loiro tomava, quando o assunto era o filho.

— Certo. – Sasuke falou, sério – Não vamos criar expectativas no Konohamaru... – Concluiu com o tom levemente malicioso e entediado.

— Desisto de vocês! – Naruto suspirou, abaixando a cabeça na mesa e escondendo um sorriso que surgiu por ter amigos capazes de serem tão bobos as vezes.

Shikamaru riu. Apesar de seus laços com Sasuke não serem tão estreitos quanto o que ambos compartilhavam com Naruto, ele sabia que o Uchiha possuía uma boa percepção sobre pessoas. E, ainda que o Nara não concordasse com a forma que ele usava essa percepção privilegiada, sabia que por trás das brincadeiras, o outro moreno também se preocupava com Naruto.

Estava tão surpreso com o rumo das coisas quanto ficara ao saber que Naruto tinha conseguido uma nova e tão importante colaboradora. Por trás de todas as brincadeiras, estava feliz pelo amigo.

— Mas o lerdo tem razão. – Sasuke falou, depois de ver as horas em seu relógio de pulso – Precisamos ter foco, se quisermos que dê tudo certo, já que não conseguimos te fazer desistir de participar desta operação.- Disse, encarando o loiro com seriedade.

— Nem eu, nem a Sakura... – O loiro lembrou.

Contrariado, o Uchiha não respondeu nada.

— Eu também discordo da participação de ambos, Naruto. – Dessa vez, foi Shikamaru a falar – Principalmente as vésperas do Evento anual, embora essa não seja a única coisa em jogo. Vai ser muito perigoso.

— Eu sei Shikamaru, mas como já foi dada a autorização para as crianças regatadas serem trazidas para cá, quero acompanhar tudo pessoalmente. Vai dar tudo certo. – Naruto falou, todo positivo, tetando tranquilizar os amigos.

“Tsk... ‘Não se preocupe Shikamaru...’ Que situação problemática”, Shikamaru pensava consigo. O Nara havia elaborado um plano suplementar ao da operação policial, para a segurança pessoal de Naruto, contudo, equilibrava-se sobre linhas finas, trabalhando dentro e a margem dos limites das permissões legais que lhes foram concedidas, nesse caso em especial.

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“Problemático” tornou a repetir para si mesmo, mentalmente. Havia criado ótimos planos e além de Sasuke, tinha conhecimento de outros conhecidos que participarão desta operação. Tudo daria certo, sim, mas uma operação no bairro da Névoa nunca seria segura o bastante.

— Sei que já providenciou tudo aqui, para recepciona-las, mas precisamos repassar algumas coisas sobre a segurança... – Shikamaru falou, começando a explicar os planos alternativos de segurança.

(...)

Hanabi estava na sala do diretor já havia alguns minutos. A sala era grande, com poucos móveis. Uns quatro livros antigos de título inelegível em uma estante, dividiam espaço com um vaso de flores murchas. A disposição dos móveis combinada com o tamanho da sala, dava aos passos do diretor um efeito irritante de eco.

A Hyuuga concentrou-se o quanto pode no único objeto de destaque da sala. Um enorme relógio de parede, localizado atrás e acima da mesa do Diretor, mas era uma tarefa difícil manter-se concentrada no objeto com o homem andando agitadamente e soltando alguns sermões inúteis.

— O senhor poderia fazer a gentileza de parar de andar de um lado para o outro, assim, por favor? – A voz de Hanabi praticamente ecoou pela sala do diretor.

O homem de meia idade que andava de um lado para o outro, repetidamente, parou ao ouvir as palavras da garota, olhando-a com incredulidade.

— Esse comportamento deixa transparecer seu nervosismo, e acaba me deixando ansiosa. – Hanabi esclareceu.

— Por acaso, a senhorita não gostaria de chá e biscoitos também? – Ele perguntou, com ironia, fazendo-a a erguer uma sobrancelha, ante ao comentário – É inacreditável e inadmissível tamanha desfaçatez em uma mocinha como você! – Ele disse exasperado, fazendo com que Hanabi respirasse fundo e pensasse duas vezes, optando por ficar calada.

Hanabi preferiu o silêncio pois sabia que a situação já não estava favorável para si, contudo, nada lhe impedia de ficar irritada e indignada. Por acaso a conduta dela seria tolerada se ela não fosse uma “mocinha”? Era o que ela se perguntava e a resposta que sua mente lhe ofereceu, em nada lhe agradou.

— Nunca houve nada do tipo nessa instituição! Compreendo que os Hyuugas nunca foram os membros mais simpáticos a passarem por esse colégio, mas uma moça utilizando de violência? - O diretor voltou a falar, andando novamente de um lado para o outro, Hanabi apenas cruzou os braços, buscando forças para controlar-se – Devia estar envergonhada e arrependida pelo seu comportamento. Nenhum membro da sua família jamais levou uma suspensão ou foi expulso desta instituição. Formamos os cidadãos mais ilustres! E agora, tenho que a primeira opção já é certa e a segunda precisa ser considerada! E você ainda olha para mim com essa expressão, menina! – Apontou o dedo para a morena, que apenas ergueu a outra sobrancelha.

— Na verdade, quero biscoitos sim, mas para o senhor, recomento apenas chá de camomila... – Hanabi falou, como se não tivesse ouvido as últimas palavras do homem a sua frente.

O diretor ficou vermelho de raiva.

— Como patriarcas tão ilustres como os Hyuugas perderam o controle de suas filhas dessa maneira? – Vociferou, Hanabi por sua vez não disfarçou o pequeno sorriso que lhe surgiu, pois naquele momento era a melhor forma de demonstrar sua raiva. – E ainda ri? Talvez seja omissão, já que nem ao menos puderam reunir-se comigo para tratar de sua educação. Inaceitável, completamente inaceitável! Agora, terei de tratar com sua irmã, outra que também não aproveitou a melhor educação que oferecemos... Modelo— Disse com desdém – Modelo, acaso ela que influência com essas suas ideias?

Hanabi controlava-se para não rolar os olhos.

— Por acaso, essas “minhas ideias” que o senhor se refere tem algo com o fato de eu não reagir em uma situação de assédio da forma que essa instituição que forma “excelentes cidadãos” espera de mim? – Perguntou levantando-se da cadeira, também exasperada – E mais uma coisa, a profissão que minha irmã escolheu não a diminui em nada nem tem relação com o que aconteceu aqui.

— Você deixou o pobre menino desacordado!

— Pois não me arrependo! – Disse e o encarrou, respirando fundo – E faria de novo, se necessário.

O diretor já ia falar novamente, mas foi impedido por duas batidas firmes na porta.

— Entre! –Falou, controlando-se para não gritar. Era sua secretária. – Diga?

— Senhor, a senhorita Hyuuga está aguardando para falar com o senhor.

— Pois mande-a entrar, imediatamente! – Disse, enfatizando a urgência para encerrar logo o assunto.

A secretária fechou a porta, mas alguns segundos depois, abriu-a novamente, conduzindo Hinata para dentro da sala. A morena mais velha entrou com cautela, observando rapidamente o ambiente, olhando do exasperado diretor de meia idade para a irmã.

— Senhorita Hyuuga! – O Diretor disse, com uma simpatia que não soube demonstrar em nenhum momento anterior, olhando Hinata de cima a baixo com atenção – É um prazer conhece-la pessoalmente, infelizmente nesta situação.

— O que está acontecendo? – A morena perguntou, sem devolver a mesma simpatia, pois não gostou do modo invasivo como o senhor a sua frente olhou-a.

— Sente-se, por favor. – Ele disse, indicando a cadeira ao lado da que Hanabi encontrava-se sentada, novamente.

Hinata ajeitou seu terninho azul petróleo, que usava sobre uma regata de branca, posando as mãos sobre os joelhos da jeans escura que vestia ao sentar-se.

Hanabi observou a irmã.

Ao entrar na sala, Hinata pareceu primeiro conferir o ambiente e seu estado físico, para então, com a mesma rapidez observar o diretor. Hanabi perguntava-se se a irmã teria ouvido a conversa exaltada que estava tendo com o Diretor, mas apenas pela expressão da morena não havia como saber. Hinata estava surpreendentemente séria.

— Então? – Hinata perguntou, percebendo que ambos os presentes a observavam e a mediam, mas continuavam sem informar por que lhe tiraram de seu livro. – Você me parece fisicamente bem Hana... - Disse, colocando uma das mãos sobre as mãos da irmã e sorrindo para ela – Qual seria o problema então? – Perguntou, ainda olhando a irmã, mas o diretor quem respondeu.

— A senhorita Hanabi, simplesmente, deixou um colega desacordado por quase uma hora!

(...)

Ebisu estava parada em frente à escola de Konohamaru, aguardando que o adolescente saísse. Sabia o motivo de estar praticamente de babá do garoto, mas não resistiu a brincar com ele, um pouco.

— Por que essa cara tão desanimada, meu jovem?

Konohamaru que vinha andando em sua direção tão animado quanto um zumbi o encarou sério, mas mantendo a expressão desanimada e olhar melancólico.

— E ainda pergunta? Parece que não sabe do meu castigo! – Disse contrariado, cruzando os braços, da mesma foram que Naruto fazia quando algo não lhe agradava.

Era engraçado para Ebisu, o modo como Konohamaru e Naruto compartilhavam tantos traços de personalidade e maneirismos, mesmo não tendo nenhuma ligação biológica.

— Mas você está saindo mais cedo, em uma sexta-feira! – Tentou animar o garoto, enquanto abria a porta do carro para ele.

— E estou sem celular, sem carro e proibido de sair este final de semana! – Disse entrando no carro – Não vejo nada animador pela frente.

“É, parece que vai ser impossível animar este aí...” Ebisu concluiu, ajeitando seus óculos escuros.

— E por que saíram mais cedo? – Perguntou, dando partida.

— Parte dessa semana e a próxima serão de palestras, quinta não tive aula, pois estavam arrumando a escola para alocar todas as palestras. Enfim, as palestras de hoje acabaram em menos tempo que o previsto... – Começou a explicar, ainda desanimado – De hoje até próxima quarta, teremos palestrantes convidados, mas quinta e sexta os alunos serão os palestrantes e valerá nota, para o semestre. Vai ter algumas apresentações artísticas também.

— Parece importante – Ebisu disse – Na minha época, a escola tinha métodos mais rígidos e menos inclusivos de ensino.

— Infelizmente, muitas escolas ainda são retrógradas assim... – O moreno afirmou, certa severidade pairando na voz – Tenho sorte, por ter acesso a essa escola.

O esguio motorista, percebeu a mudança sutil na intensidade das palavras do garoto, mas optou por não entrar no mérito pedagógico. Tinha conhecimento das opiniões firmes que pai e filho tinham sobre o assunto.

— E qual o tema desse evento todo?

— São vários temas, na verdade – Konohamaru encostou a cabeça no vidro do carro, sua expressão de pura derrota – E todos se relacionam pela cidadania... aspectos sociais, antropológicos, etc...

Ebisu segurou-se para não rir, ficando quase com pena do garoto. Não entendia o que o garoto estava sentindo, já que enquanto crescia as tecnologias não eram tão desenvolvidas, nem faziam parte da vida das pessoas como fazem atualmente.

— Ei, Konohamaru, podemos passar pela sorveteria no caminho, se quiser... –

— Claro!! – Konohamaru aceitou na hora, seu rosto iluminando-se novamente.

Com ou sem tecnologia, os adolescentes estão no meio de um caminho decisivo e difícil de lidar - por inúmeros motivos - que os conduzirá a vida adulta. Mas, apesar de tudo isso, Ebisu conclui, adolescentes ainda são crianças também.

(...)

— Hanabi! – Hinata olhou surpresa para a irmã, que até onde sabia era defensora da não-violência – Em que situação isso ocorreu?

— Sua irmã alega que o colega a assediou e...

— Eu estou afirmando! – Hanabi interrompeu o diretor – Não estou alegando irmã, estou afirmando. Já havia comunicado verbalmente um dos professores que fui incomoda pelo Daisuke hoje, mas ele me ignorou. Foi a primeira vez que reclamei a alguém, mas não foi a primeira vez que aconteceu. Não aguentava mais aquele garoto!

— Devia ter comunicado diretamente o diretor, na primeira vez, irmã. – Hinata disse – Imagino que o senhor tenha mais autoridade para evitar esse tipo de problema, não? – Questionou o diretor.

Hanabi quase riu.

— Pelo que eu pude entender da filosofia do diretor hoje, não teria adiantado... – Hanabi disse com sarcasmo e indignação - Mais um motivo para que eu não me arrependa. Eu só o golpeei porque não tive outra alternativa! E usei o estilo de luta da nossa família – Hanabi se defendeu.

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— Senhorita Hyuuga, entenda... – O diretor disse, dirigindo-se a Hinata – É uma coisa de crianças, estão na flor da idade... Ela não pode sair classificando qualquer elogio ou implicância juvenil como assédio ou reagindo com violência. A violência é algo intolerável em nossa instituição! Estou ciente que a senhorita é modelo, talvez não compreenda a gravidade da situação, ela aplicou alguns golpes que deixaram o garoto desacordado, poderia tê-lo matado.

Hinata respirou fundo e sorriu. Detestava quando alguém usava a profissão dela, para explicar para ela o motivo pelo qual tomaram a liberdade de “achar” que ela não tinha entendido uma situação. A situação em que isso estava ocorrendo, só tornava tudo ainda mais ridículo.

— A minha família é formada, praticamente toda, por médicos senhor. Médicos renomados e que desenvolveram técnicas próprias e conceituadas, cada um em sua área de atuação. – Começou a falar, muito serena – Minha escolha de me tornar modelo não me faz especialista em medicina, por óbvio, mas não me torna ignorante neste campo. E, assim como minha irmã, também fui iniciada nas mesmas artes maciais que o nosso clã passa de geração em geração. Asseguro que ela o domina com perfeição – Falou com firmeza, mantendo a voz gentil de uma forma que Hanabi sabia que jamais conseguiria manter.

Hinata queria poder dizer, que se Hanabi quisesse que o desafortunado que se atreveu a importuna-la morresse, ele não teria acordado, mas não era o mais sábio a dizer, neste momento. Segurou a mão da irmã com mais força, intentando acalma-la um pouco.

— Eu só o golpeei quando ele não me deixou outra alternativa! – Hanabi se defendeu, as mãos dela estavam muito geladas. – Ou alguém aqui vai ter coragem de me dizer que não é violência quando um menino mantém segura uma menina contra a vontade dela? Quando diz coisas que a desrespeitem? – Falou, completamente indignada, lembrando-se da forma que fora abordada por Daisuke, a pele muito branca de seu braço ainda estava tingida de vermelho.

— Sinto que é preciso deixar claro, que nem eu nem minha família somos complacentes com a violência física, ou qualquer tipo de violência. Não é louvável a atitude da minha irmã, mas pelo relatado não posso culpa-la, o que realmente me surpreende é não encontrar o tal garoto ou os pais dele aqui.

— Seja razoável senhorita. – Dito essas palavras pelo diretor, quem sentiu vontade de rir - de nervoso- foi Hinata - Mais que ninguém, você como modelo, que trabalha expondo seu corpo, deve saber como mulheres bonitas chamam atenção de homens... E nessa idade, bem, não podemos culpar o garoto pelo deslize...

— Vou poupa-lo da minha resposta, senhor – Hinata o interrompeu – Mas em retorno a minha gentileza, poderia ir direto ao ponto?

— Já conversei com os pais do garoto. – Afirmou o diretor – Ainda que eu tema pela segurança dos garotos dessa instituição, pois conforme sua irmã declarou, não se arrepende e repetiria seu ato, os pais de Daisuke não desejam prestar queixa contra sua irmã. – Contou, com ar pesaroso – Resolvido isso, é preciso acertar os termos da suspensão da Senhoria Hanabi e que fique claro, que caso esta desventura se repita, ela não será tolerada e providências mais sérias terão que ser tomadas.

— Providências mais sérias? – Hinata disse devagar – Como expulsão, por exemplo? Acredito que o outro aluno esteja sujeito as mesmas medidas, correto? – Questionou.

O diretor surpreendeu-se com a pergunta.

— Ora, mas tamanho o susto pelo qual o garoto passou, não vejo o porquê castiga-lo, quando sua irmã, passando por cima da minha autoridade já usou de força para fazê-lo.

Hinata riu, depois fechou a cara, ficando com uma expressão muito séria.

— Hanabi, pegue suas coisas e levante-se. – Hinata disse, levantando-se também e então encarou o diretor – Espero que o senhor como diretor compreenda, mas nessa situação também podemos tomar providências jurídicas, mas quanto a isso, nossos advogados podem informa-lo melhor do que eu, como modelo que sou. – Hinata disse e sorriu – Bem, é possível até que o senhor possa ler sobre assédio em alguma revista, onde alguma modelo aparece expondo o corpo... Pode ser que não saiba, mas há letras e todo um trabalho artístico-criativo e jornalístico envolvido nelas também.

O diretor arregalou os olhos ante a fala da mulher que entrou em sua sala com um ar doce e frágil, apesar de sério. Não esperava tais palavras, tão pouco, tal atitude vinda dela.

— Queria muito ter a oportunidade de falar com seu pai, certamente um homem entenderia melhor o meu posicionamento e do colégio e não nos constrangeria ou ameaçaria fazê-lo como a senhorita acaba de fazer.

— Eu não faço ameaças, senhor. – Hinata disse, começando a dirigir-se para a porta, junto com a irmã. – Tenho certeza que meu pai apoia qualquer decisão que viermos a tomar, referente a este assunto.

- Pense, seja razoável! – O diretor começou a caminhar atrás dela, ao vê-la abrir a porta. Pensou em para-la segurando seu braço, mas lembrou-se de quando a morena afirmou que ambas as Hyuugas eram instruídas na arte marcial que deixou um dos alunos inconsciente - Imagina se toda mulher tivesse essa reação ao receber um elogio no dia-a-dia? – Disse, depois que ambas haviam atravessado a porta, contudo, ambas pararam e lhe dirigiram um olhar irado.

— Talvez assim, os homens entendessem que não é um elogio quando desrespeita e não o fariam mais. – Foi Hanabi a falar.

— Se sua autoridade não inspira confiança, tampouco seu comportamento seria capaz de inspirar um comportamento diferente em seus alunos. – Hinata disse – O retorno da minha irmã para esta instituição provavelmente geraria mais insegurança para ela, que para qualquer um dos rapazes que estudam aqui.

— Mas senhorita! Eu...

Quando o diretor pensou em se desculpar, para tentar remediar a situação, apesar de continuar achando um absurdo o comportamento exasperado das Hyuugas, estas já tinham sumido de suas vistas.

Alguns alunos que saiam de treinos esportivos e da aula de educação física e estavam passando pela frente da diretoria olhavam para ele e cochichavam.

Contra a própria vontade, o senhor teve que admitir... A situação fugira completamente de seu controle devido a aguerrida, audaciosa e pouco razoável - segundo ele julgava -, manifestação de opinião de duas mulheres.

(...)

O caminho de volta para casa foi silencioso.

Hanabi ainda estava nervosa, era fácil perceber. Hinata resolveu deixa-la quieta por um tempo. A irmã tinha passado por mais de uma situação difícil no mesmo dia.

Ko, que embora não tenha ido levar Hinata ao colégio da irmã, devido a rapidez que ela saiu, motivada pela urgência, foi busca-las. Acostumado as expressões e humores de Hinata, até as mais sutis, percebeu facilmente o clima tenso das garotas, contudo, conteve sua curiosidade, mas não conseguiu conter sua preocupação.

Ao chegarem na residência Hyuuga, Hanabi foi sozinha para o quarto, afirmando que precisava de um bom banho e um pouco de descanso para sua mente.

— Tudo bem, mas ainda precisamos conversar! – Hinata falou mais alto, pois ainda estava na sala, quando a irmã já tinha chegado no andar superior!

— Ok! – Hanabi gritou de volta.

— Aconteceu algo grave? – Ko, que ainda estava na sala com Hinata, perguntou. Hinata lhe sorriu.

— Vai ficar Ko, vai ficar. – Afirmou – Mais tarde eu te conto o que houve, só preciso pensar em uma forma de contar pro papai antes. – Disse fazendo Ko assumir uma expressão muito surpresa – Mas não se preocupe... Aliás, prepare-se, mais tarde eu tenho um jantar com Neji e a namorada.

— E onde será, senhorita?

— Ahh, um momento, que eu vejo! - Falou, pegando o celular do bolso - Ela me mandou a localização quando eu estava indo buscar a Hana... Não acredito! – Riu.

— O quê?

— Vai ser no Ichiraku, conhece?

— E quem não conhece? Se tornou muito famoso aqui... – Ele riu, vendo-a fazer um bico – Ah, esqueci que a senhorita não conhecia, mas vai adorar, lá servem um excelente rámen!

— O melhor, eu sei! – Disse, surpreendendo Ko novamente – Eu explico isso para você mais tarde também. – Prometeu – Agora vai descansar até sairmos, que eu vou passar na cozinha e procurar algo gostoso para levar pra Hana, para anima-la um pouco, antes de eu ir me arrumar.

— Até mais tarde! – Disse se retirando.

— Até! – Sorriu e continuou olhando as mensagens, enquanto ia para a cozinha.

Nenhuma novidade... Muitas notificações nas redes sociais, mensagens de sua agente, alguns amigos do exterior, mas nenhuma novidade. Suspirou.

Nenhuma mensagem nova, nenhuma chamada perdida...

— Deseja alguma coisa senhora? – A cozinheira perguntou, toda simpática.

Ela já era uma senhora e estava sempre sorrindo. Hinata queria saber quem contratou a senhora, pois ela havia começado a trabalhar na casa depois que Hinata se mudou para o exterior. Talvez o responsável pela contratação fosse o tio... A personalidade dela parecia combinar mais com a dele, do que com a de seu pai.

— Eu quero água e se você souber e tiver algum doce ou algo que minha irmã goste muito por aqui, eu vou ficar muito feliz! – Respondeu.

Estava curiosa, mas não teve coragem de perguntar para a senhora sorridente quem a contratou.

— Tenho algo que ela vai adorar! – Sorriu, Hinata correspondeu, sentindo-se incapaz de não fazê-lo. – Mas preciso fazer, é uma torta de morangos e chocolate. É rápido, senhora, juro!

— Tudo bem! - Sorriu.

A senhora, que Hinata percebeu não saber que nome tinha, continuou sorrindo e foi procurar os ingredientes para a torta, cantando baixinho. “Que mulher alto astral!” Hinata pensou. Se a comida não desse certo, a morena já estava pensando em levar a cozinheira e deixa-la um tempo na frente de Hanabi, seria impossível que ela não a animasse também.

Hinata observou a senhora apenas mais um pouco, avisando-a em seguida que subiria, pedindo para avisar quando a torta ficasse pronta. Quando já estava quase em seu quarto, o telefone da morena começou a vibrar e tocar. Na tela os dizeres “número desconhecido” a deixaram muito animada.

— Será que é ele? – Perguntou a si mesma, correndo para o quarto, os passos que faltavam e se jogando na cama, como uma adolescente. – Como eu atendo? “Oi?”, “alô?” ou...não sei.... – Encarou a tela, sem uma decisão tomada, acabou atendo logo, com medo que quem estivesse ligando desistisse...

— Alô? – Ela disse cheia de expectativa.

— Tudo bem, Hinata? – Perguntou a voz masculina, do outro lado da linha.

— Ah, é você... – Disse revelando certo desanimo, fazendo o homem rir – Bem e você?

— Bem, mas percebi certa decepção na sua voz – Ele disse – Acaso esperava alguma ligação em especial?

— Huhn... não...

— Nem de um loiro para quem deu seu número? – Pode escutar um riso, depois da frase.

— Sasuke! Não sei porque ficamos amigos... – Hinata reclamou – Você tem prazer em me perturbar...

Do outro lado da ligação, Sasuke estava confortavelmente esparramado em seu sofá, aproveitando suas poucas horas de folga até o dia seguinte.

— Quando souber o motivo da ligação, me agradecerá...

— Eu fiz isso por um motivo social de causa maior... – Sasuke riu de novo com a desculpa da morena e ela acabou rindo também – Tá bem, você me conhece um pouco, aliás, foi bom você ter ligado, preciso de um favor... – Disse, deixando o moreno curioso, Hinata não era de pedir favores - Mas fala o motivo da ligação primeiro... - Pediu.

— Algum problema? – O moreno perguntou.

— Sim.

— Então, fala primeiro. – Sugeriu.

— Preciso do número do Nara...

— Nossa, Hinata, mas você está incontrolável! – Caçoou – E pensar que eu te liguei para de dar o número do teme do Naruto.

— O quê?

— Sim... – Sasuke afirmou – Meu amigo pode ser um pouco lento as vezes e tenho a impressão que vocês se dariam bem, mas pelo visto...

Do outro lado da linha Hinata estava de queixo caído. Perplexa. Um pouco envergonhada.

— Hinata? – Sasuke perguntou, depois que o silêncio se instalou na ligação – Você está aí? Não está vermelha, está?

— Sasuke! – Quase gritou, muito vermelha – Não seja abusado! Pelo visto já se desentendeu com seu “único e verdadeiro amor, mas eu não a mereço”! – Hinata parafraseou uma frase que o moreno havia lhe dito anos atrás, quando se conheceram. – Só não vá beber e comece a aceitar conselhos de tarados para se reconciliar, tá?

— Cada ano que passa, você fica mais cruel Hyuuga... – Reclamou – Você não era assim quando te conheci...

— Então estou errada, e você se entendeu de vez com ela e virou o conselheiro amoroso? - Questionou, erguendo uma sobrancelha para o quarto vazio.

— Quer ou não o número do loiro? – Sasuke perguntou, ignorando as perguntas sobre sua vida amorosa e principalmente, se recusando a admitir a Hinata que ela estava certa, pelo menos quanto a primeira afirmação.

— Quero. – Ela disse.

— E do Nara?

— Também, mas por motivos profissionais. – Ela respondeu e completou – Não que eu deva satisfações...

— Vou te mandar o número pessoal dele. – Disse, já enviando os números por mensagem – Pronto!

— Obrigada, Sasuke!

— Por nada, e falei sério sobre o Naruto...

— Imagino, mas me fala de você e da...

—Se precisar de algo, me liga. Vou te mandar meu número também – Disse, interrompendo a morena – Mas agora tenho que desligar, tenho uma operação muito importante amanhã! – Disse e desligou, sem ao menos se despedir.

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Hinata só balançou a cabeça negativamente, habituada a ver Sasuke fugir quando o assunto era essa mulher que mexia tanto com ele. Olhando para a tela do seu celular, encarou os números que o moreno havia lhe mandando, olhando especialmente e um pouco incerta para o número do loiro, decidindo que atitude tomar.

— Vou esperar mais um pouco! – Concluiu depois de alguns minutos, levantando-se da cama em seguida – E os outros assuntos, só resolvo depois do meu banho! – Disse, dirigindo-se ao banheiro.