Imagine Leonetta Casados
Sexagésimo sexto capítulo
– Violetta, volta aqui! Nós vamos achar um jeito de consertar tudo!
Tarde de mais. Violetta já estava em seu apartamento, batendo a porta e se trancando no banheiro. E lá estava Leon, berrando para ela no meio do corredor. Ele abriu a porta de seu quarto e entrou como um raio.
– Vilu, por favor - ele encostou o ouvido em uma das paredes do banheiro - Não fique triste. Venha aqui. Vamos falar com a Clarice, ou então com a empresa dela. Não sei o que devemos fazer nesse momento, mas vamos achar algum jeito de consertar. Abre a porta para mim?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Esperou alguns instantes para uma resposta, mas não houve nada. Apertou seu rosto ainda mais contra a parede e conseguiu ouvir um pequeno choro.
– Não chora - ele tentou consola-la, mas sabia que isso não daria certo. Ele próprio estava arrasado - Vem aqui. Vamos falar de novo com a Clarice. Ela precisa entender! Qualquer coisa, nós podemos...
– Eu sou uma idiota - Violetta fungou de dentro do banheiro - Que tipo de pessoa idiota não lê um contrato? Eu. Porque eu sou muito idiota.
– Não é culpa sua - Leon deu uma batida de leve na porta, como se pedisse para ela abri-la - A Clarice havia nos dito que era um contrato normal.
– E eu acreditei - ela insistiu - A culpa é minha.
Leon pode ouvir passos. O trinco da porta girou e, muito devagar, ela se abriu. Violetta tentou esconder seu rosto e abraçou-o forte.
– Eu não posso me separar de você - sua voz era chorosa
– E eu não posso me separar de você - ele terminou com o abraço - É por isso que vamos falar com a Clarice.
– Ela foi muito clara - só para variar um pouquinho, ela iniciou mais um abraço - E por mais que eu não queira admitir isso, ela tem razão. Eu assinei o contrato, agora estou presa a ele.
– Empresa nenhuma tem o direito de separar uma família. Precisamos falar isso para a justiça, ela vai ficar do nosso lado. Ninguém separa uma família - Leon deu ênfase a palavra “ninguém”
– Só um contrato que foi assinado por mim - ela enxugou uma lágrima
– Não Vilu, não vamos nos separar - ele forçou um sorriso seco e sem vida e segurou-a pelos ombros - Por mais que você esteja em Madrid, não estaremos separados. Temos tantos meios de comunicação... Computadores, telefones, celulares... E não pode ser que você vá passar o resto da vida na Espanha. No máximo algumas semanas. A não ser que a Clarice seja muito desnaturada.
Violetta correu até a cama onde havia jogado o contrato brutamente e analisou-o com cuidado. Via cada detalhe de cada página, procurando o tempo que precisaria passar longe da família. Quando conseguiu achar a tal data, jogou-se na cama.
– O que foi Vilu? - Leon correu até ela e afagou seu braço
– Dois anos! - seus olhos estavam marejados novamente
– O que tem dois anos?
– Leon, eu vou ficar lá por dois anos!
Ele sentiu suas pernas ficarem bambas e seus joelhos fracos. Suas mãos já estavam besuntadas de suor e estava perdendo o equilíbrio. Violetta tinha a mesma reação.
– Essa Clarice vai ver! - Leon já estava tentando passar por Violetta e correr para fora de seu quarto - Vou mostrar para ela o que acontece quando tenta nos separar. Ela vai se arrepender profundamente de ter feito você assinar aquele contrato.
– Leon, não! - Violetta o segurou pelos punhos - Nós dois teremos que fazer isso. O contrato está assinado. Não dá pra desfazer.
Ela começou a chorar. Leon abraçou-a forte.
– Sim, precisaremos fazer - ele tentou conter suas lágrimas
Violetta puxou-o para mais perto e abraçou-o com mais força.
...................................................................
"Última chamada pra o vôo 2741 com destino a Madrid. Violetta Castillo, favor comparecer ao portão 3 com seu cartão de embarque."
Já era a terceira vez que essa voz irritante chamava por Violetta. Mas ela não queria ir. Continuava sentada, com a cabeça apoiada sobre o ombro de Leon. Ela era a única passageira que faltava no avião.
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Ele forçou um sorriso e acariciou seu cabelo. Tinha o mesmo pensamento que ela: Violetta não iria. Ela não podia ir.
Passaram-se alguns minutos e, mais uma vez, aquela voz irritante a chamou:
"Violetta Castillo favor se dirigir ao portão 3. Última chamada."
– Eu não vou, Leon, não mesmo - Violetta enterrou o rosto em seu peito - Não vou. A Clarice nem mesmo está aqui, o que significa que eu não preciso ir. Ela disse que ia me encontrar.
– Não vamos nos separar - Leon segurou em seu queixo - Tenha certeza que não. Nenhuma Clarice do munda fará isso.
Ela abriu um sorriso que ia de orelha a orelha.
– A Castillo ainda não entrou?! - os dois ouviram uma voz familiar discutindo com uma comissária de bordo - Se eu pego essa menina! Ela vai ver! Não a viram em nenhum lugar?!
– Clarice - os dois gemeram em uníssono
– Castillo! - Clarice os avistou e dirigiu-se até eles, como se lê-se seus pensamentos - Disse para vir sozinha! O que ele faz aqui?
Ela apontou para Leon com desdém.
– Quer dizer que agora eu não posso nem mesmo me despedir?!
Toda a tristeza, solidão e mágoa de Violetta se transformaram em raiva, uma raiva que se voltava para uma única pessoa: obviamente, Clarice. Estava pronta para começar uma briga, mas Leon a impediu.
– Vilu, não - ele olhava fixamente para Clarice, que o ameaçava com os olhos
Ela olhou para ele já sentindo suas primeiras lágrimas começarem a rolar por suas bochechas. Sua raiva havia passado a ser, novamente, sua inicial tristeza.
– N-não - ela olhou fixamente em seus olhos, mas logo desviou o olhar. Aquilo só faria com que ela sentisse mais saudades
– Nossa, que momento mais fofo - Clarice revirou os olhos e tamborilhou os dedos em uma pasta que segurava - Agora será que dá pra ir mais rápido, Castillo? Nosso vôo já está atrasado.
Violetta olhou para ela e mostrou-lhe a língua. Infantil, mas um bom sinal para demonstrar que "eu faço o que eu bem entender".
– Não pense que estaremos separados - Leon estava chorando! Isso é raro! - Temos tantos meios de comunicação... A internet, aparelhos ceculares... Me prometa que todos os dias iremos conversar nem que seja por alguns minutos.
Ela assentiu com um sorriso forçado sobre os lábios. Em seguida, dirigiu-se até Letícia e Chris e depositou um beijo estalado sobre a testa de cada um.
– Mamãe... - Letícia segurou em suas mãos
Ela afastou-se e tornou a abraçar Leon. Olhou-o e, hesitando um pouco, começou a dizer:
– Dois anos... É muito tempo.
A expressão que se formou no rosto de Leon era aterradora. Ele sabia exatamente o que Violetta queria dizer com aquilo. Mas não estava pronto para ouvir.
– Vilu, não pense assim - ele tentou convence-la - São apenas dois anos. Somos casados e...
– Dois anos são muito tempo - ela enxugou uma de suas lágrimas
Ele abaixou a cabeça e esperou que ela falasse.
– Por mais que eu saiba que você nunca vai achar uma pessoa que te ame tanto quanto eu - Violetta começou com pequenos soluços - Eu te deixo livre para achar uma nova companhia.
– E por mais que eu saiba que você nunca vai achar uma pessoa tão legal como eu - ele disse também, provocando um pequeno riso vindo de Violetta - Eu te deixo livre.
Os dois se abraçaram e em seguida se beijaram. Ela correu para o avião tentando evitar o rosto de Leon. A saudade percorria toda sua mente.
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