I'm sorry

Um pequeno achado


ᨖ Kirito ᨖ

Quando o jogo finalmente abriu, percebi que ainda estava na floresta — de frente para o lago, mais especificamente. Minhas roupas já estavam secas e a vida recuperada depois do pequeno mergulho do dia anterior.

Por falar em dia anterior... Eu fiz dupla com aquela garota, mas nenhum de nós chegou a combinar um horário para se encontrar, muito menos um lugar. Que ótimo time somos.

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Abri a lista de amigos para tentar descobrir quando foi a última vez que ela entrou, mas fui pego de surpresa por ver o seu status atualizar para online e a jogadora aparecer na minha frente. A vi forçar a visão com a luz do sol, que conseguia passar em meio as árvores diretamente em seus olhos.

— Calma, não sou sua inimiga, lembra? — Ela, com um bom humor me chamou atenção quanto a minha postura. Antes que eu pudesse pensar, meu corpo havia reagido e já estava com a mão na barra da espada.

— Ah, desculpa... Instinto. Você me assustou, não esperava que fossemos entrar no mesmo horário. — E relaxei o corpo, voltando a uma posição normal.

— Não desculpo. Me ofendeu. — Colocou a mão no peito, fingindo ter tomado um tiro (eu acho, pelo menos. A atuação foi tão ruim que me deixou confuso).

— Me perdoe, vossa majestade. — Peço no tom mais formal que consigo fingir.

— Peça de joelhos.

— Aham, claro. Tá sonhando alto, hein?

— Mesmo com o deboche, sou misericordiosa e lhe concedo o perdão. Mas, me diz, pronto pra finalmente sair desta floresta desgraçada?

— Com certeza! — E acho que foram as palavras mais sinceras que eu já disse em muito tempo.

Falamos em sair da floresta, mas ficamos parados, olhando um para o outro, como tolos.

— ...Você lembra para qual lado a gente estava indo?

— ...Não.

E, ignorando todas as incertezas, partimos.

Até agora não havíamos feito uma caminhada longa, mas também não estava sendo fácil. Conversamos bastante, e percebemos que desde o primeiro dia, mesmo separados, não houve uma única vez em que não pensamos que acabaríamos mortos. E qual foi a nossa decisão sensata diante de tudo isso? Evitar o máximo de conflitos que conseguíssemos até chegarmos a algum lugar interessante.

Qual a melhor forma de fazer isso? Evitando caminhos habituais, como as estradas pré-definidas do jogo (as únicas que tinham um solo totalmente firme, independentemente do local em que estavam), e se escondendo de cada criatura que aparecia.

Só que, agora, sendo resgatado pela Asuki depois de ficar com as minhas pernas atoladas até a coxa em uma lama nojenta, acho que ter ficado e enfrentado os monstros teria sido mais fácil.

Diferente da floresta em que estávamos, este lugar era claramente um pântano. Se eu pensava que a luz do sol mal conseguia penetrar as folhas das grandes árvores no lugar em que estávamos antes, estava errado. Isso aqui era bem pior. Não era possível distinguir nem mesmo a cor do tronco das grandes e grossas árvores que nos rodeavam — uma paleta de cores que se resumia a preto e verde.

A pobre garota estava com os joelhos apoiados na parte firme da estrada principal e já estava ofegante com o esforço que fazia para tentar me tirar daqui. Depois de alguns minutos de insistência, os meus joelhos estavam livres.

— Tive uma ideia. Me solta, por favor — Falei, torcendo para dar certo. A sensação da ser engolido pela lama era desconfortável: não havia espaço para se mexer e ao mesmo tempo era um material molhado e molengo, praticamente todas tentativas de fazer força eram contidas como um soco em baixo d’água.

Peguei a minha própria espada e a cravei no solo firme, e utilizando toda a força dos meus braços, a utilizei de apoio para escapar dessa lama nojenta. Faltava pouco para o meu tornozelo ficar livre.

— Ah, cara. Sujei o meu vestido por causa sua de novo — Será que é errado me divertir com isso? Os seus braços cruzados em forma de birra, na realidade, destacavam mais ainda a lama na saia e nas pernas — Ei! Espera! Não se mexe agora! O que é aquilo?

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Ela apontou bem para a lama ao meu lado esquerdo. Não vi nada de diferente e acho que ela percebeu isso, porque me olhou como se eu fosse idiota e tentou me mostrar novamente.

— Ali — Ainda não havia visto nada — Você é cego? Tem um brilho dourado bem ali no fundo, soterrado. Não adianta me olhar com essa cara de tonto, não vou sujar meu braço por você também.

Mas eu não estava fingindo, pra mim aquilo era apenas uma lama escura e nada além disso. Talvez fosse o ângulo?

— Vamos fazer assim então: me guia, e diz quando eu devo colocar a mão. — Me apoiei no solo com um dos braços (não era uma areia movediça, mas a todo momento eu sentia inconscientemente que iria afundar) e posicionei o outro perto do suposto brilho. — Aqui?

— Não, mais para a esquerda. — Segui suas instruções — Não para a sua esquerda, para a minha, bobão.

— Você tá me magoando com tanta grosseria. O que eu te fiz? — Mexi o braço mais uma vez — Por aqui?

— Foi demais. Acho que estou um pouco estressada hoje, desculpa... Mais um pouco para a minha direita.

— Acertei?

— Aí mesmo! Acho que não vamos sair de mãos vazias desse lugar, hein.

Obedientemente, coloquei a mão e nada. Até minha mão esbarrar em algo de forma indeterminada, foi necessário colocar até o cotovelo. Não dava de saber o que era com tanta lama envolvendo, então peguei o objeto com todo cuidado possível e o entreguei na mão da garota, que já estava esticada esperando.

Enquanto eu me apoiava na espada e subia, a ouvi murmurar algo, mas não sabia se estava falando comigo ou consigo.

— O que vamos fazer com isso...?

Eu queria ter olhado na mesma hora em que me libertei, mas me sentei um pouco ofegante pelo esforço. Não bastava eu ser sedentário na vida real, precisava ser dentro do jogo também?

Antes que eu desviasse o olhar, ela trouxe suas mãos com o objeto para o meu campo de visão: objeto este que eu descobri que na realidade era um mini ser humano. Uma pequena garota com o cabelo rosa longo, usando pequenas folhas e flores como acessório — em algumas poucas partes limpas, era possível ver suas asas transparentes contornadas por um brilho branco. Ela por si só era uma pequena fonte de luz: não era possível nem definir a cor de suas roupas em meio a sujeira, mas a pequena fada (se é que ela não tem outro nome neste mundo) exalava um brilho próprio. Não dava de negar que era uma criatura diferente dos outros, só restava descobrir se ela tinha consciência ou era um NPC qualquer.

Enquanto nos hipnotizávamos com a atmosfera mágica que um único ser era capaz de criar, a pobre criatura agonizava. Aquela face tão doce e serena mudou no mesmo momento em que ela começou a vomitar lama em cima da mão que a segurava. Seus olhos abriram-se e fecharam-se várias vezes, assim como o seu delicado corpo se fechava em posição fetal com uma respiração que ficava cada vez mais curta.

Mas nenhum de nós tinha ideia alguma do que fazer.

Afinal, como se cura uma fada?

Acredito que pensamentos a mesma coisa, porque cada um olhou em uma direção diferente, procurando qualquer saída ou forma de salva-la a nossa volta. Sem escolhas, sugeri a primeira coisa que me veio à cabeça:

— Asuki — Obviamente, ela olhou para mim. Estava tão apreensiva quanto eu — Se ela mora neste pântano, deve haver alguma coisa que possa curar ela. Eu vou atrás, e você fica por aqui.

— Não quero ficar de babá. Também quero ajudar.

— Não temos escolha. Cada movimento que você faz com as mãos, ou cada passo que dá, é um terremoto pra ela. Todas as vezes que você se mexe, ela se contorce ainda mais. — Ela entendeu o que eu estava querendo dizer e me respondeu com um aceno de cabeça determinado — Se eu não voltar em quinze minutos, pode começar a pensar no que fazer.

E foi exatamente esse o tempo que eu levei para avistar ao longe várias luzes ainda mais brilhantes do que a da pequena fadinha. Algumas permaneciam estáticas, outras se mexiam de um lado para o outro.

...

Ao contrário da calmaria em que estávamos, até chegar aqui passei por um pequeno sufoco: quando encontrei outras fadas, perdi muito tempo desviando dos seus raivosos ataques até conseguir fazer com que elas entendessem que havíamos achado sua amiga. Quando finalmente acreditaram em mim, me seguiram relutantes até aonde as duas garotas nos esperavam — nos permitiram carregar a fadinha coberta de lama até o lugar em que elas moravam e por lá ficamos.

Era uma mini vila simpática, fiquei impressionado em ver que até mesmo um pântano se tornou agradável aos olhos no meio da criatividade destas criaturas. Fora da estrada, elas construíram cada detalhe: algumas haviam decorados troncos de árvores esburacados, outras, haviam construído sua própria casa com cipós — mas, sem exceções, todas as casas expressavam a personalidade de seus donos de sua própria maneira: algumas eram mais floridas, outras com retratos de animais pintados à mão, alguns eram com cores frias e por aí vai. Mesmo que elas pudessem voar, todas as residências estavam conectadas através de uma ponte, tão pequena que daria para dizer que a sua base era feita com palitos de dente. Apesar de ser um lugar tão detalhado, algumas coisas se destacavam de uma maneira especial, como o brilho que tudo aquilo exalava: o mesmo brilho que envolvia as fadas estava presente dentro de cada casa, até os postes de luz iluminavam a escuridão através dele.

Um ambiente totalmente diferente de qualquer outro que estivemos. Era encantador.

E mesmo com tudo isso, a beleza desta vila não se comparava com a dos seres que nos rodeavam. Eu estava sentado em um tronco caído de uma árvore antiga, bebendo chá com Asuki e prestando atenção em cada palavra que aquelas dezenas de fadas falavam tão espontaneamente. Inclusive, acredito que se alguém estivesse nos observando, acharia cômica a dificuldade que tínhamos para segurar uma xicara de chá menor do que as nossas unhas.

— ...e é por isso que as nossas luzes brilham tanto, entende? — Agradeci mentalmente delas se revezarem ao falar, porque suas vozes eram tão finas e semelhantes que não precisaria de muito para me dar dor de cabeça — Vocês têm mais alguma dúvida?

— Nossa, várias. — Como sempre, Asuki interagia mais. Eu ficava escutando em silêncio, sem saber o que dizer, mesmo tendo consciência de que seria difícil encontrarmos mais algum ser com consciência disposto a ser amigável — Como funcionam os biomas por aqui? Quer dizer, eu vim de uma planície e Kirito de um deserto, fomos parar em uma floresta, e desta floresta viemos para este pântano. São todos de climas e características tão diferentes... O que eu quero saber mesmo é se existe algum padrão, sabe? Não me parece fazer muito sentido tantos biomas juntos... E em tão pouco espaço.

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— Não precisava ter explicado tanto, era só fazer a pergunta diretamente... O que você quer saber é porque os biomas são do jeito que são? Não tem resposta e nem padrão. São gerados automaticamente conforme o avanço dos jogadores.

— E são individuais — Outra fada completou, com um olhar terno e com seus cabelos cinzas balançando por cima de seu ombro — uma hora você pode estar no meio de uma chuva em uma floresta e, do lado, ter um campo em que o tempo sequer está nublado.

— Entendi... Eu acho. Seria como no minecraft? — Me intrometi no assunto.

— ...? Desculpe, acho que não tenho acesso a este tipo de conteúdo.

— É um outro jogo, quem programou você não habilitou pesquisas na internet? — Ela negou com a cabeça — O mundo vai se expandindo conforme o jogador caminha e avança, inclusive, ele nunca chega ao fim. Falando nisso, isso aqui tem um fim?

— Não era você que tinha falado mal de minecraft?! — O deboche estava explícito na voz da minha companheira. Fui pego no flagra.

— Também não tenho acesso a essa informação... — Por um momento esqueci sobre o deboche para admirar como até mesmo um ser místico parece real neste jogo. A sua boca contraída e o olhar caído por não poder responder a minha pergunta me despertaram uma empatia que eu nem sabia que conseguia sentir por algo virtual.

— Não precisa se preocupar, vocês não têm culpa. É até mais divertido descobrirmos essas coisas por conta própria. — Asuki conseguiu anima-la novamente, e isso foi suficiente para que voltassem a tentar falar de mais mil assuntos aleatórios. Felizmente, uma fada que havia acabado de chegar voando as interrompeu para falar de um assunto mais importante.

— Acho que Sa’nea vai ficar bem, pessoal — Mas, sabe a parte mais estranha? Nenhuma delas tem uma cor de cabelo e sobrancelha fixa. Quando conheci Margry, a fada que acabara de falar, seu cabelo que alcançava seus ombros era da cor verde-limão, agora, havia virado violeta. Gotículas de suor escorriam por sua pele negra, e mesmo com um sorriso no rosto, dava de perceber a preocupação que tentava esconder— Mas foi muita sorte dela vocês terem a encontrado, mais um pouco e ela perderia seu brilho. Daí pra frente seria só uma agonia eterna de baixo da lama. — Meio sem saber o que dizer, eu e Asuki nos enrolamos um pouco nas palavras:

— Que bom que a achamos a tempo.

— Verdade, mais alguns segundos e ela teria morrido...

— Hã? Claro, vocês não sabem... Nós literalmente não morremos.

— Não?

— Não. Mas o nosso brilho vai se apagando conforme a dor que sentimos. Se vocês não tivessem tirado ela de lá, a Sa’nea iria ficar sentindo que está sendo sufocada pra sempre, sem contar a dor e o desespero. E nunca seria encontrada, já que vocês só conseguiram a achar por causa da luz — Ela falava tão naturalmente que nem parecia que se referia à sua amiga ficar fadada a uma agonia eterna — Só queria saber como ela foi parar ali, já que é raro nos afastarmos tanto da vila... Enfim, vocês aceitam bolo? — Em uma brusca mudança de assunto, apontava para outra fada que trazia duas tortas de chocolate maiores que a xícara, do tamanho da “cabeça” do meu dedão.

— Ahm... Aceito sim. Obrigado.

— Obrigada.

Nós dois colocamos o bolo inteiro na boca ao mesmo tempo e, nossa, eu nem sabia que esse jogo era capaz de te fazer sentir até o gosto dos alimentos. A primeira mordida que eu dei, o recheio doce explodiu na minha boca e, cada vez que eu mastigava, era como se um sabor novo aparecesse. E todos os que apareceram se encaixaram tão bem, juntos formavam algo que eu nunca havia provado. Não é à toa que existe a expressão “mãos de fada”.

Imagino que todas as fadas do vilarejo estavam ali, em nossa volta, fazendo uma multidão no chão e nos observando. Todos olhares curiosos voltados em nossa direção.

— E...? O que achou? — A mulher que havia pedido para as outras nos alcançaram o bolo foi a mesma que perguntou o que todas as outras queriam saber. Dava de sentir que haviam criado uma grande expectativa sobre a nossa reação, e eu definitivamente não as decepcionaria.

— Maravilhoso. É a melhor coisa que eu já comi. — Asuki foi mais rápida do que eu para responder, mas não demorei a expressar minha satisfação.

— Eu nem sabia que existia algo tão gostoso. Meus parabéns. — Imediatamente, as cores do cabelo da fada mudaram para um amarelo vivo e ela abriu um sorriso enorme.

— Que bom! Nossa, que alívio... Fizemos com tanto carinho.

E eu me perguntei quando foi que fizeram, se durante todo esse tempo nenhuma delas saiu de perto de nós.

Ainda sorridente, Margry voou diretamente para o meu ombro, ficando perto de mim e de minha dupla ao mesmo tempo. Sentada ali, começou a falar:

— Bom. Vocês salvaram nossa amiga. O mínimo que poderíamos fazer por vocês é agradecer, e óbvio que um bolo não seria suficiente. Então, temos um presente.

— Poxa, que gentil da parte de vocês. Agradecemos muito.

— Mas... — Sempre tem que ter um “mas”, né? — Não temos os materiais, e como somos um pouco frágeis raramente saímos da vila. Vocês precisariam ir coletar as coisas, todas são fáceis de encontrar aqui no pântano. Se não acharem que vale a pena, tudo bem. Vou enviar as informações dos itens para vocês.

Um menu cinza retangular apareceu na minha frente. Nele, dentro de um pequeno quadrado, estava uma espada negra, com bordas cinzas e parte do cabo formando uma meia lua. No meio de seu cabo e no início da lâmina, estavam quatro buracos vazios, que pareciam dificultar a maneira de segura-la. Abaixo da imagem, estava a descrição da espada.

«Elucidator»

Dano: 50 – 110

Alcance: Curto

Durabilidade: Eterna

Agilidade: +30

Força necessária: +10

Não pode ser vendida ou trocada.

A primeira coisa que fiz foi estranhar o fato de ser apenas uma descrição, sem qualquer história sobre o nome, ou uma frase de efeito como vemos nos outros itens. Talvez as fadas tenham decidido nos mostrar apenas os atributos?

Falando em atributos... Definitivamente não eram dos melhores. A espada que eu estava tinha o dano de 180 — 270, a agilidade era a mesma e a força mínima para poder equipa-la era de 40. A única coisa que valia a pena era a durabilidade, mas quando a minha estivesse perto de quebrar era só repara-la com qualquer ferreiro e tudo voltaria ao normal.

A única opção disponível era um X vermelho no canto direito do menu, e foi ali que cliquei. Já formulando uma desculpa educada para não aceitar o item, comecei a falar.

— Realmente é muito gentil da parte de vocês nos oferecerem algo assim, mas eu—

— Nós aceitamos! — Para variar, a garota de cabelos azuis me interrompeu. Olhei para ela um pouco incomodado, se ela quer aceitar o item dela fique à vontade, mas eu não sou obrigado a querer este pra mim também. Em questão de segundos, ignoramos completamente a fadinha em meu ombro e tivemos uma conversa por olhares. Eu a perguntava “por quê?” e ela apenas respondia algo que entendi como “depois te explico”.

— Ahh! Que bom que vocês vão querer! Faz tanto tempo desde que não fazemos um item para alguém. Mesmo que o jogo tenha sido aberto para o público agora, existimos desde os primeiros testes e ultimamente tem sido um tédio eteeeerno! Muito obrigada! — A criaturinha loira quase saltitava. Ela nos entregou uma lista feita por um papel amarelado e letra cursiva com três itens e quantidades que, por incrível que pareça, desta vez era do tamanho do meu dedo indicador. De onde ela tirou essa lista? Não faço ideia. — É só tocar no material que você quer ir atrás, que aparecerá um mapa indicando onde fica. Não tem erro.

— Quando foi que você pegou is—

— Não ouse perguntar.

— ...Tá bom.

Prontamente, Asuki ficou em pé e eu segui seu exemplo.

— Não temos mais tempo a perder. Vamos, então, Kirito?

Mais determinada do que estou acostumado. Gostei.

E entendo perfeitamente de onde veio toda esta proatividade. Eu também estava cansado de ficar tanto tempo sentado e conversando. Elas podem ser criaturas adoráveis, mas quando eu entrei no jogo esperando ação, e não passar uma hora (ou mais) tomando chá.

— Vamos. Mas antes eu preciso tirar uma dúvida, eu estive pensando nisso desde que cheguei e eu preciso muito saber.

— Fique à vontade, querido. — Como sempre falando mais do que as outras, a fada em meu ombro se pronunciou.

— Por que as cores do cabelo de vocês mudam a todo momento? Quer dizer, é pelo humor, ou o quê?

— ...C—como você tem coragem de perguntar uma coisa dessas?! — Não só ela, mas todas as fadas que estavam chão ficaram constrangidas. Algumas bochechas vermelhas, olhares desviados e mais cabelos mudando de cor. Ela voou para o chão e pigarreou, tentando se recompor. Então, disse baixinho — Isso não é algo que se pergunte...

Eu juro que fiquei tão envergonhado quanto elas, mesmo sem entender o porquê. Sabe aquele silêncio constrangedor que você só consegue pensar “fiz merda”?

Senti meu rosto esquentar, não sabia o que falar ou fazer.

— Ei.

Olhei para quem me chamava e vi Asuki já longe, com as duas mãos na cintura e batendo o pé.

— Vamos ou não?

— Ahm... Já vou!

Agradeci mentalmente por ela ter me tirado daquilo. Não sou bom em lidar com situações constrangedoras, eu até tento, mas sempre acabo piorando tudo.

Mas acho que o que importa agora é que saímos de lá e finalmente vamos conseguir voltar a participar de algumas aventuras.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.