Fui até a sala e pedi um momento para que eu pudesse falar, eles me deram o microfone. Então comecei a dizer tudo que estava guardado comigo há anos.

Eu era uma garota boa, de ótima família e muito estudiosa. Meus pais se orgulhavam de mim, para eles, eu era o 'Troféu Anne', eu tocava piano, guitarra e harpa, fazia Ballet, Jazz e natação, e nas férias eu me inscrevia para o volei. Nunca saia de casa, e quando saia com os meus poucos amigos voltava antes das 18h. A filha perfeita, no colégio onde eu estudava eram todos 'filhos de papai', fúteis, hipócritas e deploraveis no quesito afeto.

Um dia em um dos passeios com minhas 'amigas' pattys, em um shopping, eu decidi ver roupas, e elas estavam vendo perfumes, eu fui me distanciando delas, até que não as vi mais, procurei por horas, mas eu sabia que dali a poucos minutos o pai delas iria busca-lás, ou seja, eu estava perdida.

Eu entrei em desespero, e peguei meu celular para ligar para os meus pais. Ele estava descarregado. Oh, e agora? Eu comecei a chorar, e me sentei em um dos bancos da praça de alimentação do shopping.

Uma mão suave tocou meu ombro.

– O que aconteceu com você? Precisa de ajuda? -Me perguntou um garoto de aproximadamente 18 anos, olhos azuis, cabelo preto e sorriso impecável.

– Não aconteceu nada, eu estou bem. - Respondi limpando as lágrimas dos olhos.

– Se não estivesse acontecendo nada, você não estaria chorando, seja uma dama e me deixe te pagar um sorvete. - Ele sorriu e pegou minha mão.

Não resisti, e agarrei a mão dele, e retribui o sorriso.

Ele foi muito gentil comigo, e eu o contei todo meu problema, ele me contou toda sua vida. Seu nome era Leonardo, ele tinha 18 anos, e estava começando uma vida independende, solteiro. Ele me levou para minha casa, chamou meus pais, e explicou tudo, meus pais aceitaram bem melhor do que eu achei que aceitariam. Ele me passou seu telefone, e eu passei o meu. E eu fui dormir feliz, achando que encontrei o príncipe da minha vida. Foi o que achei.