I Need You

Explicação


— Por que nunca me contou que meu pai é um criminoso que estava preso em Azkaban?

Afrontada não só por uma Gina Weasley furiosa, mas também pelos seus três outros filhos, a Sra. Weasley tentava explicar o ocorrido diante da lareira acessa da sala de estar da Toca, sob o cheiro do peru de natal sendo assado no velho fogão a lenha e James colocando as galinhas para dentro do galinheiro. Gina não queria lhe dar essa tarefa logo em sua primeira noite como hóspede da Toca, mas precisou quando leu a notícia no Profeta Diário. Além do mais, o nome de Cho também era citado como o nome de um dos fugitivos, e ela não queria que ele escutasse isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Isso é humilhante - reclamou Percy, dando voltas no mesmo lugar - Ter uma posição tão alta no Ministério e ter um pai que acaba de fugir de Azkaban. Tem ideia do quanto isso sujou minha reputação, mãe?

— Ligamos para sua reputação tanto quanto ligamos para os gnomos de jardim, Percy - debochou Fred.

— O mais humilhante foi ler isso numa matéria do Profeta Diário - declarou Rony também dando voltas na sala - Junto com toda comunidade bruxa.

— Diga isso por você - completou Gina, também dando voltas - Quando você soube da matéria estava debaixo do seu próprio teto, e não numa loja de vassouras com diversos bruxos recebendo sua coluna diária sobre Quadribol e dando uma olhadinha na primeira página.

— Calma crianças, por favor - pediu a Sra Weasley, gesticulando freneticamente - Se vocês me deixassem explicar tudo...

— Explicar como nosso pai é um fugitivo? Como ele foi parar em Azkaban? Acho que em poucos dias quando ele for apanhado saberemos mamãe - falou Fred de forma irônica.

— Sim mãe, na época que ele sumiu tudo que você contou para mim e para o Fred foi que ele saiu numa viagem - bradou Percy.

— Vocês dois eram muito jovens, não entenderiam - defendeu-se a Sra. Weasley - Além do mais, Gina havia acabado de nascer, o aluguel estava atrasado, eu tinha outras preocupações na cabeça.

— Eu não acredito que meu pai será caçado pelo homem que me beijou na noite passada - falou Gina baixinho, roendo uma unha.

— O que? - perguntaram todos, em uníssono.

— Harry beijou você? O que ele pensa... - começou Rony.

— Temos problemas maiores, Ronald - cortou Gina sentindo o rosto queimando.

— Tudo bem, eu irei explicar - falou a Sra. Weasley - O pai de vocês e eu nos conhecemos em Hogwarts. Ele era fenomenal, e eu me apaixonei por ele logo de início. Era dedicado, atencioso, e um ótimo aluno. Tinha tudo para se tornar um bruxo excepcional, o pai de vocês - ela adquiriu um tom sonhador enquanto falava. Podia se ver claramente que a velha bruxa sentia saudades do marido - Desde aquela época ele mostrava interesse na cultura trouxa. Gostava de tudo que vinha da cultura deles. Interrogava nascidos trouxas querendo saber sobre a vida deles e o que eles faziam no mundo dos nãos bruxos. Eu achava tudo isso muito fofo nele.

"Depois de nos formarmos, ele conseguiu um trabalho na Seção de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas enquanto eu ficava em casa. Ele rapidamente cresceu no cargo, virando chefe da Seção, e como meus pais nunca aprovaram nossa relação, nós dois sem pensarmos e desesperados para sairmos de perto deles, compramos essa casa. Casamo-nos, eu fiquei grávida de Percy e tudo parecia perfeito. Foi quando, o melhor amigo de seu pai, John Dawlish, o envolveu num jogo sujo. Ele era envolvido com uma tal de máfia russa, criminosos perigosos do mundo dos trouxas, não sei ao certo sobre isso. O importante é que, seu pai começou a trabalhar com essa máfia junto com John e os dois começaram a ganhar dinheiro trouxa sujo que eles convertiam em dinheiro bruxo no Gringotes. Eu não aprovei isso. Pedi ao seu pai para que não se envolvesse com essa gente, que não eram pessoas boas, mas ele me garantiu que tudo estava bem. E o que vocês devem saber, é que sempre quando alguém diz que "tudo estava bem", nunca estava realmente.

"A cada dia que passava, o pai de vocês estava mais e mais envolvido com a tal máfia. Até que um dia, um dos grandes chefes dessa máfia descobriu que seu pai e o John eram bruxos. Ele usou os dois para fazerem trabalhos sujos... sequestros, roubos, essas coisas que saíram na matéria do Profeta Diário, e depois do trabalho, pegava a varinha dos dois e as guardava. Sem poder fazia magia, o pai de vocês estava frustrado, ele nunca quis nada disso, tudo que ele queria era garantir um bom futuro á vocês. Nessa época Percy deveria ter uns seis anos, Fred quatro, e Rony havia acabado de nascer. Com medo de que alguém descobrisse algo sobre seu envolvimento com o mundo dos trouxas, ele me proibiu de ter amigos, e foi quando eu perdi o contato com a minha melhor amiga de escola, Lilian Potter. No começo fui relutante quanto a isso, e ele, estressado por estar sendo usado, descontou em mim. Foi a primeira vez que ele me agrediu. A cada dia as agressões pioravam. Eu tinha medo de fugir com vocês e ele me perseguir, porém tinha mais medo ainda de continuar com ele. Eu estava desamparada, perdida, não sabia o que fazer. Quando eu estava grávida de Gina, o Ministério descobriu o que estava acontecendo. Trouxas sumindo diariamente, sequestros e roubos misteriosos, uma hora alguém iria juntar um mais um e descobrir. Seu pai pediu para que eu fugisse com ele, mas eu estava cansada e frustrada também. Recusei-me, e no momento em que ele ameaçou me agredir e tirar vocês de mim, foi que eu acordei e os defendi. Ele estava sem varinha e vulnerável. Então eu usei a minha varinha e o obriguei a sair de nossas vidas. Foi a coisa mais difícil que eu já fiz, eu o amava demais. Ele então foi, mas antes de partir levou todo o nosso dinheiro. A visão dele fugindo para a estradinha e aparatando é minha última lembrança dele." Finalizou ela com a voz embargada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O crepitar da lareira, o barulho do vento na janela e as gargalhadas de James do lado de fora eram as únicas coisas que podiam ser ouvidas após a história. Os filhos de Molly absorviam a trágica e triste história de vida da mãe deles. Após a confusão, apenas um sentimento fluía de Gina: raiva. Como jamais sentiu de mais ninguém. Era tudo culpa de seu pai. O fato de eles terem sido pobres por toda suas vidas, com sua mãe tendo que se humilhar a realizar trabalhos de Elfos Domésticos em casas de estranhos para assim conseguir alimentar seus filhos e pagar o aluguel. Toda as noites em que dormiram com fome pois, não conseguiram comer o tanto que queriam, foram culpa dele. Todas as humilhações por suas roupas e materiais de segunda mão na escola eram culpa dele. Suas vidas foram um inferno por culpa de Arthur Weasley.

E Gina não foi a única a perceber isso.

— Eu vou caçá-lo - rugiu Rony.

— Não seja ridículo, Rony - advertiu Percy.

— Não percebeu que toda a humilhação que vivemos, tudo foi culpa dele? Esse safado, desgraçado...

— Ronald - foi a vez da Sra. Weasley rugir - Ele pode ter feito tudo isso mas, ainda é seu pai, tenha um pouco de respeito.

— Como podemos ter respeito por uma pessoa que nem estava presente durante nosso crescimento? Que nós nem sequer conhecemos? - gritou Gina, assustando Molly.

— Você não sabia que ele havia sido preso? - perguntou Percy.

— É claro que não. Como eu disse, desde que o vi aparatando na estradinha na noite em que ele fugiu, eu não tinha ideia de seu paradeiro. Imaginava dia e noite onde ele poderia estar. Tentei feitiços localizadores, procuras nas listas de Óbitos, e nada. Percy, você trabalha no Ministério, sabe que eles não relevam informação nenhuma sobre os presos de Azkaban. Ele havia literalmente sumido.

— E acho bom que continue sumido - rosnou Fred.

— Muito bem vocês, me escutem - bradou a Sra. Weasley se levantando e assumindo a sua imagem de mãe ursa que sempre levava consigo - Sei que é difícil para vocês saberem isso, mas também foi difícil para mim. Olhem só para nós, damos a volta por cima. Percy é um membro importante no Ministério, Gina é uma ex jogadora de Quadribol bem sucedida, Fred é dono de uma movimentada loja no Beco Diagonal e Ronald... Ainda não comeu a torta que eu deixei esfriando na janela.

— Temos torta? - perguntou Rony.

— O que eu estou tentando dizer é que apesar de todas as nossas dificuldades, estamos bem. Vinte e Cinco anos se passaram desde que Arthur fugiu e não terá sentido nenhum se algum de vocês forem atrás dele ou guardarem rancor. Não sejamos irracionais.

As palavras de Molly surtiram os efeitos esperados. Todos ficaram em silencio, repensando suas atitudes e sentimentos de raiva e vingança. A chama de raiva que ardia dentro de Gina estava se apagando pelas gotas de água das palavras de sua mãe.

— Me prometam que deixarão isso para lá. É Véspera de Natal. Será que não podemos ter um dia normal? - perguntou a Sra. Weasley suplicante.

— Sim, mãe - responderam eles em uníssono.

— Muito obrigada, meus queridos. Uau, as vezes esqueço no quão grandinhos vocês já estão, meus bebês.

— Mãe, eu tenho quase 40 anos, não me chame mais de bebê - reclamou Percy.

— Muito bem. Fred, Gina e Rony - a Sra. Weasley sacou a varinha e agitou-a. Uma caixa veio flutuando das escadas até os braços deles - Montem a decoração do lado de fora. Gina, vá por um casaco em James porque está frio. Percy, vá buscar Audrey e Angelina para me ajudarem na cozinha. Por que ainda estão parados?

E a rotina retornou. Os gritos da Sra. Weasley encheram a casa, dando ordens a todos que se prontificaram a cumpri-las. Enquanto Fred e Rony iam para fora para montar a decoração, Gina subiu em seu quarto e pegou um casaco de pele de dragão que comprou para James durante a visita ao Beco Diagonal durante a manhã.

No quintal, Fred ensinava James a desgnomizar o jardim enquanto Rony se atrapalhava tentando desembaralhar as luzinhas mágicas de natal. A neve havia parado de cair com seus lençóis brancos, mas ainda sim estava fazendo um tremendo frio, o que fez Gina apertar o casaco em seu corpo.

— Será que nunca irão criar um feitiço para desembaralhar essas porcarias? - resmungou Rony enquanto tentava desfazer um nó nas luzes de natal.

— James - chamou Gina. O garoto lançou um gnomo para longe sob a supervisão de Fred e se virou para encará-la. Os olhos dele brilhavam. Estava se divertindo mais do que nunca nesse tempo em que estava na toca.

— Tia Gina, a senhora viu para onde foi esse gnomo? - perguntou ele frenético.

— Eu vi. Belo arremesso, campeão - respondeu Gina, sorrindo.

— Você não quer tentar arremessar comigo?

— Eu adoraria, porém já arremessei muitos gnomos para uma vida inteira. Irei ajudar Rony antes que ele mesmo se enforque com as luzinhas de natal.

James olhou para o ruivo que acabou de tropeçar na caixa e cair de cara na neve.

— Tudo bem.

— Eu estava esperando lhe dar isso essa noite, mas já que a neve não está dando trégua, achei melhor lhe entregar agora.

Gina entregou o casaco de pele de dragão das Harpias de Holyhead. Era um casaco azul com uma imagem do time inteiro nas costas sorrindo e acenando. No meio do time, segurando uma vassoura com a mão esquerda e acenando com a direita, estava Gina.

— Uau - exclamou James - Ela é incrível. Muito obrigado, tia Gina - e novamente, ele esmagou o coração de Gina dando-lhe um abraço de retribuição.

James vestiu o casaco e continuou a desgnomizar o jardim com Fred enquanto Gina ia ajudar Rony com as luzes de natal. Assim que ela soltou o irmão mais velho, os dois se afastaram um pouco da casa para medir o cumprimento das luzes e do telhado.

Aproveitando que estavam distantes, Gina perguntou sem encara-lo.

— Ainda vai atrás dele, não é?

Rony demorou para responder. Estava ainda desembaralhando as luzes. Sem encara-la também, ele respondeu.

— Claro que sim – grunhiu ele de volta.

— Ótimo.

Gina olhou para James, que acabou de lançar mais um gnomo enquanto caía na gargalhada.

— Aliás, agradeceria muito se no caminho você pegasse uma garota oriental chamada Cho. Me faria um grande favor.