Pov’s Lydia

Chegamos em no Beacon Hills Hospital e o Stiles ainda não tinha dito o motivo de estarmos lá. Quando chegamos a recepção, ele me pediu para esperar um pouco na sala de espera, pois ele iria falar com a recepcionista para liberar a nossa entrada. Ele voltou uns 10 minutos depois com dois papeis adesivos e me deu um para enfim podermos entrar.

Andávamos pelo corredor branco, e quando chegamos no quarto de número 146, ele abriu a porta. Dentro do quarto com o interior branco, e com uma cama plugada a alguns aparelhos, uma garotinha de pele morena e cabelos cacheados, se revirava entre os lenções.

“Stiles!” Ela gritou assim que nos viu. “Você voltou!”

“E como eu poderia deixar uma menina linda dessa sozinha por tanto tempo?” Ele falou enquanto se aproximava da cama.

“Eu não tava sozinha, a tia Mel tava comigo.” Disse dando um abraço em Stiles.

“Eu sei.”

“Quem é essa menina?” falou ela quando finalmente me notou.

“Essa é a Lydia.”

“Oi, Lydia, eu sou a Laila.” Falou estendendo a mãozinha na minha direção.

“Oi Laila, muito prazer!” falei me aproximando e aceitando sua mão. “Tudo bem com você?”

“Tudo sim. A tia Mel disse que eu vou poder sair logo, logo!” falou enquanto eu andava mais para perto, e fiquei ao lado do Stiles.

“Que bom.” Disse Stiles.

“Seu cabelo é tão bonito!” ela disse olhando para mim.

“Obrigada.” Sorri “Mas o seu também é muito bonito, tão bonito que eu queria para mim.”

“Serio?”

“Serio!”

Ouvimos três batidas na porta e viramos a cabeça. Melissa entrou e sorriu instantaneamente quando nos viu.

Ah, Vocês estão aqui, que bom que vocês vieram!”

“Eu tinha que ver como essa princesa estava se sentindo!” disse Stiles “E aproveitei para apresentar elas duas.”

“Foi um grande prazer” falei piscando o olho esquerdo para Laila, e ela sorri.

“Mas, essa mocinha precisa descansar agora!” Melissa falou.

“Ah, sério?” perguntou melancólica.

“Serio sim, mocinha!”

“Tudo bem.” Disse se rendendo.

“Eu vou trazer os remédios dela, vocês podem ficar de olho nela pra mim?”

“Mais é claro!” Falei.

Melissa saiu e a pequena retornou a falar.

“Eu não gosto daqui, é muito chato, eu só fico tomando remédio, e não tem ninguém para brincar!”

“Mas você não disse que a Tia Melissa falou que logo, logo você ia sair?” Falei com uma voz fininha.

“Mas logo, logo não é agora!” protestou. “Eu quero voltar para o orfanato, minhas amigas estão todas lá!”

“Todas elas?” perguntei.

“Bom... quase todas, algumas estão na escola, e a Malia nunca mais eu vi...” Por algum motivo quando ela disse o nome “Malia” o Stiles enrijeceu.

“Quem é Malia?” perguntei curiosa.

“Ela é minha amiga, e namorada do Stiles!”

“O Stiles tem namorada?” Falei olhando para o Stiles que parecia mais pálido que o normal.

“Tem, não é Stiles?” disse Laila, porém quando o Stiles ia responder a porta se abriu, revelando Melissa.

“Você ainda está acordada, mocinha?” falou enquanto segurava uma bandeja nas mãos.

“A gente tava conversando, Tia Mel!”

“Mas acho bom você se despedir do Stiles e da Lydia, por que agora é hora de dormir!”

bom!” falou com uma carinha triste. “Tchau Stiles” falou ficando de pé em cima da cama, e abraçando o Stiles, que pareceu voltar ao normal. “Tchau Lydia!” Falou me dando um beijo na bochecha.

“Tchau.”

Depois que saímos da sala, o Stiles não falou nem mais uma palavra. Ele pareceu muito abalado depois que a Laila citou o nome da suposta namorada dele, “Malia” ela disse.

É claro que eu queria perguntar quem era ela, ou o por que dele nunca ter me contado que tinha uma namorada, mas eu não ia fazer isso, afinal eu sabia que ele tinha os seus fantasmas para lidar sozinho, eu sabia que ele poderia se afastar novamente se eu me intrometesse mais em sua vida.

“Lydia...” falou pela primeira vez depois de termos saído do hospital, e entrarmos em seu jipe. “Sobre a Malia...”

“Você não precisa me contar, eu sei que tem muita coisa que eu não sei sobre você, mas quer saber? Eu não me importo com as suas sombras.” Falei olhando para os seus olhos que revessavam em olhar para mim e para a estrada.

“Obrigado.” Foi a única coisa que ele disse.

“Sem problemas.” Sorri e ele sorriu de volta.

Eu sei que existe um Stiles que eu não conheço, sei que ele não vai aparecer agora, e sei que vai demorar, mas eu não me importo em esperar ele aparecer quando quiser; eu gosto mais desse Stiles que está do meu lado agora, o Stiles que se preocupa com uma garota, o Stiles que me salvou de um maníaco, o Stiles que me protegeu e deixou que eu dormisse entre seus lenções, o Stiles que eu adoro. Esse Stiles aqui.

Mas quando, ou se o outro Stiles, o Stiles vazio, que se esconde nas próprias sombras, que tem os mais profundos segredos e que eu não conheço, um dia quiser falar comigo, eu estarei aqui.

“Você quer que eu te leve em casa?” falou me tirando dos meus pensamentos.

“Pode ser” falei uma coisa tão sem sentido, mas é que eu não consigo pensar direito quando ele me olha daquele jeito.

POV’s Stiles

Eu tinha 12 anos quando a vi fazer aquilo pela primeira vez, eu estava a caminho do banheiro do orfanato e ouvi alguns passos rápidos, eu sabia que eram os passos dela, ninguém tinha os passos iguais aos dela. Ela correu para o banheiro das meninas, eu a segui, mas não entrei no banheiro feminino.

Fiquei do lado de fora, esperando ela sai e me contar o que estava planejando, mas ela estava demorando muito, então encostei o ouvido direito na porta de madeira. Não dava para escutar quase nada, mas eu podia ouvir claramente uma coisa: soluços. A Malia chorava, e eu tinha que ajudá-la.

Bati na porta, mas ela não abriu, então bati de novo e nada aconteceu. Então em um súbito, pus as mãos na maçaneta da porta, e a abri. Foi a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, ela estava ajoelhada no chão, com “bolos” de cabelos dourados entre os dedos, e com os pulsos com enormes cortes ensanguentados, uma faca grande manchada de sangue estava dentro da pia. Foi umas das piores visões que eu já vi dela. Lágrimas caiam sobre o seu rosto e o chão, ela não parecia conseguir respirar.

“O que você está fazendo?” foi a única coisa que conseguir perguntar.

“Sai daqui!” ela murmurou. “SAI DAQUI!” ela começou a gritar desesperadamente. “Sai daqui seu idiota! Me deixa em paz, vai embora, EU TE ODEIO!”

A Malia nunca tinha falado aquelas coisas para mim, eu não sabia o que diabos estava acontecendo, eu não sabia o que fazer.

Ela começou a gritar e a berrar, ela apertava os próprios pulsos. Eu fechei a porta rapidamente.

“Malia! Para com isso!” disse enquanto pegava em seus pulsos, tentado fazer ela parar de machucar a si mesma.

“Você é um perdedor, EU TE ODEIO!” ela gritava e tentava me bater.

“MALIA, OLHA PARA MIM” gritei desesperado. “PARA COM ISSO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?”

Ela olhou para mim com um olhar profundo, que eu nunca vi antes. Ela parecia mergulhada em tristeza, ela não era a Malia que eu conhecia.

O seu sangue jorrava, e a essa altura nós dois já estávamos sujos com ele. Depois de alguns minutos gritando desesperadamente sem dizer uma palavra, ela pareceu se acalmar. Os seus olhos demonstravam um misto de medo e tristeza profunda.

Ela olhou para mim por uns instantes, ela pareceu voltar a si, eu ainda segurava os seus pulsos.

“O que você está fazendo?” falei baixo.

“Eu não sei” respondeu e me abraçou. “Eu não sei!” e chorou em meus ombros.