I Can't Love You

Capítulo 97 — Sim. Não. Vivo. Morto.


CASTLE.

O tempo simplesmente não passa. Não sei se só fazem alguns minutos ou se já fazem horas. Continuo sentado na sala de espera vendo as pessoas passarem por mim. Alguns médicos vieram com boas notícias para as famílias, mas outros com notícias ruins. Eu não sei qual vai ser a minha, apenas espero.

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Papai!— ouço a voz chorosa da minha filha e olho em sua direção. Alexis corre ao meu encontro e eu a recebo em meus braços. Seus olhos estavam molhados de lágrimas assim como os meus.

— Desculpa traze-la, Richard. Mas ela estava realmente impaciente, chorava perguntando por você e nós não tínhamos noticias. – Thereza se adianta.

— Está tudo bem. – me afasto da ruiva e limpo seu rosto.

— Onde está a mamãe? – seus olhos estavam cheio de esperança. Depois de tanto ouvir ela chamando Kate de mãe novamente fez com que tudo parecesse normal por um segundo.

— Ela está sendo examinada. – digo e olho ao meu redor, onde minha mãe e nossos amigos já estavam. Como eles chegaram aqui?— por enquanto eu só sei isso, estou esperando por notícias.

Assim que acabo de falar vejo Érica se aproximar com Demming. Me levanto rapidamente e vou ao encontro deles, antes que eu fale qualquer coisa Érica se adianta.

— Nós estamos fazendo tudo o possível para que Kate e os bebês fiquem bem, ok? – ela diz olhando diretamente para mim. – Mas os bebês estão sofrendo e nós precisamos tirar eles agora.

— Agora? Como assim agora? Ainda faltam duas semanas para o parto...

— Castle... – dessa vez Demming me chama. – nós precisamos fazer o parto agora ou vamos perder os três. Kate está assustada e eu convenci a doutora Davidson a liberar sua entrada na hora do parto para que ela se acalme, não podemos fazer o parto com a pressão alta como está agora.

— Então eu vou poder vê-la. – afirmo mais para mim do que para eles.

— Sim, mas você só pode ficar até os bebês nascerem, depois você vai ter que sair da sala. – Érica fala e meu coração começa a bater mais rápido.

— Castle vai dar tudo certo. Assim que os meninos nascerem eu vou cuidar deles juntamente com minha equipe enquanto Érica cuida de Kate. Você só precisa confiar que vamos fazer de tudo para eles ficarem bem.

— OK, ok. Eu só quero ir vê-la.

— Claro, por aqui.

Olhei para minha mãe e ela puxou Alexis para perto, dei um beijo rápido nela e os dois médicos me encaminharam para uma sala que continha vários uniformes azuis descartáveis. Eles me derem um e pediram para que eu vestisse e colocasse uma máscara. Assim que entrei na sala de cirurgia vi Kate deitada na maca e as lágrimas descendo. Andei com pressa até ela e segurei sua mão. Assim que nossos olhares se cruzaram ela chorou ainda mais.

— Rick... – ela começa chorando. – eles estão tão pequenos... só mais duas semanas.

Seu lamento carta o meu coração, mas eu tinha que ser forte por ela. Por eles.

Seguro sua mão forte.

— Vai dar tudo certo meu amor. Você é forte e nosso filhos puxaram isso de você. Nós já chegamos até aqui, vamos conseguir. Ok? – ela balança a cabeça levemente. – não chora...

Limpo seu rosto e vejo Érica entrar juntamente com outros médicos.

— Prontos? – ela se aproxima da gente enquanto uma enfermeira ajudava a se vestir.

— Érica....

— Shiii... – ela corta Kate. – eu vou salvar os três, nós já discutimos isso.

Ela pisca para Kate que concorda com um balançar de cabeça.

— Você vai ficar com eles, não é? Quando eles nascerem você vai ficar com eles, certo? – Kate me pergunta com a voz um pouco embargada.

— Eu não vou deixá-los um segundo.

Érica se posiciona e Kate me olha. Beijo seu rosto mesmo de máscara e acaricio seus cabelos. Os minutos seguintes passam rápido. Observo atentamente os movimentos os movimentos dela e me levanto assim que vejo um dos bebês saindo, não sei bem que era mas podia apostar que era Reece. Demming o recebe e olha preocupado para ela, então ele o leva para um canto da sala e começa a fazer alguns procedimentos.

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Tento observar tudo e entender o que está acontecendo, mas eu não consigo. Kate estava começando a ficar agitada então eu me voltei para ela e sorri, sussurrando que Reece tinha nascido e arrancando um sorriso lindo de seu rosto. Lembraria desse momento para sempre.

— Demming como está o bebê? – Érica pergunta séria. – Demming.

Ele sussurra algo para sua assistente e logo em seguida respira aliviado.

— Ele está bem.

Solto a respiração aliviado e encaro Kate. Não demora muito para Érica anunciar o nascimento de Jack e nos parabenizar. Somos pais de dois meninos agora. Novamente Demming faz o mesmo procedimento, ele o recebe e leva para um canto da sala. Érica continua fazendo seu trabalho enquanto pergunta a demming como ele estava. Um silencio se fez na sala. Apenas os sons dos aparelhos quebravam aquilo. Era agoniante.

— Demming eu perguntei como os bebês estão! – Érica para e espera uma resposta.

Mais uma vez nós esperamos a resposta. Mais uma vez sinto uma angústia dentro de mim. Dessa vez ele precisa de mais ajuda. Demming pede para administrarem doses de algum medicamento e faz massagem cardíaca.

— Demming, o bebê está respirando? – Érica insiste.

— Começa a fazer a ventilação. – Demming ordena sem responder a pergunta e mais uma vez administra alguns medicamentos. O monitor de Jack começa a apitar indicando que ele tinha pulso e Demming comemora. – Nós temos dois corações batendo.

Ele avisa. Respiro aliviado por dois segundos e então o monitor de Kate começa a apitar sem parar.

— Droga, hemorragia. – Érica resmunga e eu me levanto.

— O que está acontecendo? Kate? – olho para minha mulher quase desacordada na mesa.

— Doutor Mario, anestesia. Agora! – ela fala séria. – Demming tira o Castle daqui. Rápido.

Não sei dizer o momento que Demming chegou perto de mim e conseguiu me arrastar para fora da sala mesmo eu lutando muito para ficar. Eu vi o exato momento em que começaram as massagens cardíacas em Kate. Eu vi o último olhar que Érica me lançou, como se lamentasse por tudo aqui.

KATE.

— Você não vai morrer, está me ouvindo? Você não vai morrer hoje, não comigo aqui! – a voz mandona de Érica se faz presente, mas logo some.

Não sei bem como aconteceu, mas de repente eu podia ver tudo o que acontecia naquela sala. Meus batimentos tinham voltado e Érica lutava para conter minha hemorragia. Eu me sentia fraca e busquei por Castle na sala, mas ele não estava mais ali. Olhei novamente buscando por meus filhos, mas eles também não estavam mais ali.

Senti o desespero tomar conta de mim e procurei algo para me apoiar, mas de repente senti dois braços me amparando. Não liguei para saber que era, apenas senti o contato e me permiti chorar um pouco.

Porque eu estou vendo tudo isso?

Eu morri?

— Você precisa ser forte, Kate. – a voz aveludada conhecida por mim me assusta.

Olho para trás e vejo Meredith sorrindo para mim.

— Meredith? O que...

— O que eu estou fazendo aqui? – ela me corta sorrindo. – eu vim ordenar que você volte. Você precisa sobreviver. O Rick precisa de você. Seus filhos recém-nascidos precisam de você. Eles ainda têm uma batalha muito longa, não sei se sozinho o Rick vai conseguir resistir. – ela diz calma. – mas o mais importante é... a nossa filha precisa de você.

— Nossa filha?

— Sim, nossa filha. Alexis. – ela rir. – eu sei que muitas vezes disse que você não era mãe dela, mas a verdade é que eu senti inveja...

— Inveja? Você é a mãe dela também. Aliás, você é a mãe biológica dela!

— Sim, eu sei. Mas eu nunca fui a metade do que você é para ela. Eu sei que minha filha me amava, mas o que ela sente por você é algo a mais do que amor.

— Meredith o que você quer dizer com isso?

— Eu quero dizer que você precisa reagir. Precisa voltar e cuidar da minha filha como você fez todo esse tempo. Ela é sua filha também! Eu não pude evitar meu acidente, mas você pode escolher voltar lá e lutar.

— Não sei se consigo. Eu não tenho mais forças. – olho para meu corpo deitado naquela maca e não sinto nada. Aquela não sou eu.

— Volte Kate. Ainda não chegou a sua hora. Volte por seus filhos, pelo Rick... sua missão ainda não terminou.

Érica volta a fazer massagem cardíaca em meu peito. Forte, decidida a me ter de volta.

— Volte, Kate. Você precisa voltar. – essas são as últimas palavras que ouço da Meredith antes de tudo escurecer.

***

Minha boca está terrivelmente seca. Tento abrir meus olhos mas parece algo impossível, estavam pesados como nunca antes. Os fecho com o pouco de força que resta em mim e tento novamente, dessa vez com um pouco de sucesso. A claridade do dia logo se faz presente e eu volto a fechar meus olhos, resmungando baixinho. Porque diabos está tão claro aqui?

Quando volto a abri-los novamente vejo Castle em pé, parado em frente à janela do quarto. Onde estou? Olho as paredes todas brancas, os móveis estranhos. Eu não estou em casa! A última coisa que lembro é estar em casa, conversando com Alexis. Sinto uma pontada forte em minha cabeça e faço uma careta levando minha mão até minha testa. Tento chamar por Castle, mas nada sai. Levo minha outra mão a minha barriga, assim como faço sempre ao acordar, mas ela está diferente.

Então eu me lembro dos últimos acontecimentos. Eu caindo. Eu na sala de emergência do hospital. Eu na sala de parto. Meus filhos!

— Meus filhos! – repito, mas dessa vez Castle me escuta.

Ele se vira rapidamente e se apressa em minha direção.

— Kate? Meu amor, calma. Está tudo bem. Hey, está tudo bem. – ele segura meu rosto e fala olhando diretamente em meus olhos. Sinto a calma que o seu azul me transmitia e me permiti acalmar também.

Me acostumo com luz do lugar e mantenho meus olhos bem aberto.

— O que houve? Se eu estou aqui... – meus olhos imediatamente enchem de lágrimas. – Rick nós os perdemos não foi?

Sem deixar que ele ao menos respondesse, eu caio em prantos. Um soluço alto e seco escapa da minha garganta. Eu não lembro muito do que aconteceu na sala de parto, mas lembro dos gritos da Érica para saber se os meninos estavam respirando. Naquele momento tudo o que eu queria era que falassem que sim, que eles estavam bem, mas agora eu já não sei se consigo suportar a respostar.

Sim. Não. Vivo. Morto.

Tudo se resume a isso. Entrei naquela sala convicta de que apenas um sairia vivo dali. Eu ou meus filhos. Se eu sobrevivesse eles não sobreviveriam. Se eles estivessem vivos, eu estaria morta.

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Sinto os braços de Castle em envolver e o seu fungado baixinho. Ele estava chorando também.

— Eu tive tanto medo de te perder, Kate. – sua voz era completamente embargada e baixa. – eu não sei o que faria se te perdesse. Você é a minha vida. Nós somos bons juntos e péssimos separados. – um sorriso sai dele e me faz sorrir também. Castle se afasta o bastante para me encarar. – não suportaria perder você e nossos filhos.

— Os meninos, Rick... – mais uma vez mina voz embarga, mas antes que eu volte a chorar ele me interrompe.

— Eles estão bem. – foi só o que foi preciso parar ganhar toda a minha atenção.

— Estão vivos?

— Sim. – seus olhos e sorriso iluminam ainda mais o quarto. – e eles são lindos, são pequenininhos... Recce nasceu com 1,7 kg e Jack com 1,8. São pequenos mas são guerreiros, fortes igual a mãe.

Abro um sorriso enquanto lagrimas descem por meu rosto.

— Você ficou com eles? Não saiu de perto deles, não é? Você ficou ao lado deles o tempo todo?

— Fiquei, claro que fiquei. Eu tive que sair da sala e não conseguia pensar em fazer outra coisa que não estar com nossos filhos... mas agora eles estão na UTI. Precisam ganhar peso e se fortalecerem mais.

— Eu quero ir até lá. Eu quero vê-los...

— Meu amor você precisa descansar.

— Não, Castle. Eu preciso ver meus filhos, preciso saber que tudo está bem. Preciso...

— Ei... – ele segura meus ombros quando começo a me agitar. – você precisa descansar, Kate. Eu sei que você quer ver os meninos, mas você precisa estar bem para isso. Por favor, acredita em mim, eles estão bem.

Por mais que eu queria muito levantar e ir até meus filhos, me sinto fraca para lutar contra Castle. Apenas balanço a cabeça concordando e volto a me deitar na cama.

— Tudo bem... você tem razão. – solto o pouco de ar que eu prendia e sinto minha boca e garganta secas. – Rick, preciso de água.

— Claro. – ele se inclina até a mesinha ao lado da minha cama e me oferece um copo de água com um canudo dentro. Bebo um pouco e me pergunto a quanto tempo eu não bebo água, estava realmente com cede.

— E a Alexis? – o encaro. – ela deve estar assustada com tudo isso, onde ela está?

Sem dizer nada, Castle apenas indica com a sobrancelha erguida e o olhar para o lado. Eu acompanho seu olhar e só então percebo seu corpo pequeno encolhido no sofá do quarto. Ela parecia com frio, mesmo com o blazer do pai lhe cobrindo.

— Ela não quis ir. Queria ficar e me pediu tanto que não pude negar. Ela realmente estava preocupada e suspeito dizer que estava se sentindo culpada também.

— Culpada porquê? – olho assustada para ele.

— Por tudo. – ele joga os ombros e respira fundo. – já tentei conversar com ela, mas ela não entendeu. Achei que ela ficaria melhor com a gente, então pedi para Demming dar permissão.

— Sonhei com a Meredith. – mudo de assunto de repente.

— O quê?

— Eu não sei bem como foi, só lembro de estar conversando com ela. Nem sei se foi hoje ou antes disso, mas me lembro desse sonho, não é estranho?

— Sobre o que vocês conversavam?

— Eu não sei. – fecho os olhos momentaneamente tentando lembrar, mas não consigo. – eu só consigo lembrar de estar com ela e de conversarmos, mas não era como antes. Não tinha brigas e nem ironias, apenas nós conversando.

— Foi apenas um sonho, amor. – sua mão acaricia meu rosto e fecho meus olhos por instinto. É tão bom receber seu carinho.

— Mãe? – a voz sonolenta de Alexis chama minha atenção. Demoro um pouco a abrir os olhos pensando que aquilo tudo ainda era um sonho. Ela realmente está me chamando de mãe? Senti falta disso.

Abro os olhos devagar e a vejo sentada no sofá. Seus olhos ainda pequenos de sono. Seus cabelos bagunçados. Como ela consegue ser tão linda e tomar meu coração de amor tão facilmente?

— Oi, meu amor. – minha voz sai fraca, mas eu sorrio. – vem cá.

No meio do curto caminho do sofá até minha cama eu pude ver seus olhos se enchendo de lágrimas. Seus braços pequenos e magros me agarram assim que ela sobe na cama. Ouço Castle pedir para que ela tenha cuidado, mas tudo o que eu queria era tê-la ali comigo.

— Mãe, me desculpa. Eu tive medo que a senhora morresse também, eu não quero te perder. – diz entre soluços e me fazendo chorar também. – a culpa foi minha, mãe. Me desculpa?

— Meu amor não me peça desculpas. Você não tem culpa de nada, foi um acidente...

— Mas quero pedir desculpa por tudo... – ela se afasta um pouco de me encara. Seu rosto banhado de lagrimas assim como o meu. – a última coisa que a minha mãe disse era que apenas ela era a minha mãe e eu não queria magoar ela depois que ela morreu...

— Alexis nós já conversamos milhares de vezes sobre você ter duas mães. Meredith sempre vai ser sua mãe, isso não vai mudar nunca amor. – limpo seu rosto, mas é em vão. No segundo seguinte já está banhado por lagrimas novamente.

— Eu sei. Me desculpa? Eu te amo, mãe. – ela me abraça forte deitando a cabeça em meu peito.

— Eu também te amo muito, pequena. Muito, muito, muito.

— E eu amo muito vocês. – Castle se aproxima nos fazendo sorrir.

Definitivamente não pensei que pudesse viver esse momento.

Depois uma gravidez difícil e um parto complicado, eu ainda estou vida. Meus filhos estão vivos, mesmo que tendo que lutar para sobreviver.

Nós estamos vivos.

Isso me faz pensar que realmente podemos ter nosso final feliz.

Licença, posso entrar?— a voz de Érica vem acompanhada de três batidas na porta. Ela tinha um sorriso no rosto, e me sinto feliz em vê-la. Finalmente poderia fazer perguntas nas quais Castle não saberia responder.

— Claro, entra Érica.

Ela se aproxima e cumprimenta Castle e depois Alexis, que vai para os braços do pai enquanto Érica começa a me examinar.

— Como está?

— Só cansada. Fraca, na verdade.

— É normal. Você teve uma hemorragia durante o parto, quase perdemos você, mas conseguiu se recuperar e vejo que está tudo bem. – ela sorrir satisfeita. – eu falei que você podia confiar em mim, Kate.

— Eu sei. E eu confiei, acredite.

— Acredito, querida. E olha, venho da UTI neonatal e os pequenos estão reagindo bem aos medicamentos, passaram as últimas horas bem, sem complicações. Isso é um bom sinal.

— Quando eu vou poder ver meus irmãos? – Alexis pergunta ansiosa. Também me sinto assim.

— Ainda vai demorar um pouco, Alexis. Eles são muito pequenos, estão numa caixinha que os mantém aquecidos e protegidos.

— Mas a barriga da minha mãe era tão grande, como eles são pequenos? – sua pergunta nos faz rir, e é a primeira vez que eu me sinto mais leve em semanas.

— Porque apesar da barriga da sua mãe está grande, eles dividiam o mesmo espaço. Então é normal eles serem pequenos.

— Érica... – a chamo e ela se vira para mim. – e quando eu vou poder vê-los?

— A entrada dos pais na UTI neonatal é liberada duas vezes por dia, mas... – ela para e morde um pouco o lábio, sabia que estava lutando para ter que me dizer algo. – Kate você não pode ir vê-los. Você está se recuperando de uma cirurgia, está fraca, precisa descansar.

Meus olhos se enchem de lágrimas rapidamente.

— Érica por favor. Eu preciso ver meus filhos, eles são pequenos e eu sei que estão lutando para sobreviver ainda, mas eu preciso ver eles... se acontecer algo e...

— Ei, não. – ela me corta. – não vai acontecer nada. Demming tem uma equipe ótima e está dedicando todos os seus esforços para cuidar dos seus filhos, você só precisa confiar, Kate.

— Eu confio! Mas sabe o quanto é torturante estar aqui sabendo que meus filhos estão sozinhos precisando de mim em algum lugar desse hospital? – o choro toma conta de mim.

— Kate é difícil, mas você precisa se recuperar um pouco antes de vê-los.

— Quanto tempo? – dessa vez Castle pergunta.

— Uma semana. – ela é direta, como sempre foi.

— Não. Érica por favor, eu te imploro. Não posso ficar aqui uma semana sem ao menos ver meus filhos. Dez minutos, por favor, é tudo que eu te peço.

— Kate você precisa se acalmar. – ela aperta minha mão. – eu vou conversar com a equipe que está cuidando dos seus bebês e ver o que podemos fazer, ok?

— Por favor, eu só preciso vê-los uma vez... se algo acontecer e eu... – ela me interrompe.

— Nós já conversamos sobre isso e nada vai acontecer. Não quero ver você falando isso outra vez, ok?

— Promete que eu vou vê-los?

— Prometo que eu vou fazer o que for possível. – seu sorriso me acalma, eu confio nela. – agora eu preciso ir, mas você está bem, só precisa repousar mais, ok?

Balanço a cabeça concordando e ela sai do quarto.

A minha cabeça girava apenas na ideia que a qualquer momento meus filhos pequenos e frágeis poderia morrer e eu não os conheceria pessoalmente. Eu nunca os veria com meus próprios olhos e não poderia senti-los.

Eu só queria vê-los apenas uma vez.

Fecho meus olhos sentindo as lagrimas caírem por meu rosto. Não demora muito para sentir Alexis ao meu lado me abraçando e sussurrando que tudo ficaria bem. Sorri e a abracei também.

***

— Kate, acorda. – escuto o sussurrar de Castle, mas me recuso a acordar. – amor, acorda, tem visita para você.

Balanço a cabeça lentamente ainda de olhos fechados. Os remédios que estava tomando me dão um sono absurdo, aposto que passei a maioria do dia dormindo. Me lembro de acordar apenas para almoçar e Martha estava no quarto, ela veio buscar Alexis e me ver. Logo depois voltei a dormir de novo.

— Visita? – minha voz sai rouca e eu limpo minha garganta. Abro os olhos e vejo Castle ao meu lado sorrindo mais que o necessário.

Será que podemos entrar ou a mamãe ainda está dormindo?

A voz de Demming de desperta de vez. Me viro e a ponto de vê-lo entrar no quarto empurrando uma incubadora com meus dois meninos dentro. De longe eu podia ver o quão pequeno e frágil eles eram. O choro escapa da minha garganta e eu não consigo controlar. Demming para a incubadora do meu lado na cama e eu fico observando os dois, cheios de fios.

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— Eles estão reagindo bem ao tratamento, já começaram a respirar sozinhos. – Demming avisa.

— Eles são tão pequenos... eu posso? – pergunto indicando um buraco de colocar as mãos e ele concede. Coloco minha mão para dentro e toco o bracinho de um, no momento não sei qual.

— Esse é o Reece, o mais calmo dos dois. Jack é mais agitado. – ele avisa e eu rio. Era exatamente assim quando estavam em minha barriga. – acho que vocês precisam se preparar, porque esses dois aqui vão dar muito trabalho.

— Já suspeitava. – murmuro. – oi meus amores... a mamãe está aqui, viu? Tratem de ficar fortes pra gente ir para casa... está todo mundo esperando por vocês...

— Kate eles são lindos... todo o hospital está apaixonado por eles. – Demming avisa.

— Se parecem comigo. – Castle diz próximo a mim babando pelos filhos.

— Eu sabia que isso ia acontecer! Você se acha, sabia? – reviro os olhos quando ele dá os ombros sem tirar os olhos dos meninos.

— Nós colocamos os dois no mesmo lugar porque eles estavam agitados, provavelmente sentindo falta um do outro. Mas eu estou otimista que eles saiam logo da UTI.

— Vocês já fizeram todos os exames? Eles estão bem? Não tem nada de errado com ele, né?

— Não, Kate. – Demming sorrir. – eles são dois pequenos guerreiros. A única dificuldade que tinham era de respirar, mas até agora estão reagindo bem e respirando sozinhos, por isso decidi permitir que eles venham te ver. Sei que estava ansiosa.

— Estava mais preocupada que ansiosa, mas mesmo assim é muito bom tê-los perto de mim. Será que eu posso segurar eles? Eu me sinto bem, estou forte...

Demming me olha duvidando se eu realmente estava bem. Estou pronta para argumentar quando Érica entra no quarto.

— Se os meninos estiverem bem, você pode e deve levantar e andar até a poltrona, assim você pode segura-los.

— Bom, se sua médica liberou, eu também libero.

— Sério?

— Sério. – Érica confirma rindo. – mas levanta com cuidado, ok? Castle me ajuda?

— Claro.

Os dois se aproximam e me ajudam a levantar cuidadosamente. Quando finalmente estou de pé, caminho a passos curtos até uma poltrona que tinha no quarto e Castle me ajuda a sentar. Logo vejo Demming passando um dos bebês para Castle que já estava emocionado, e depois entrega o outro. Por mais ansiosa que estivesse para ter meus filhos em meus braços, não pude deixar de contemplar a cena a minha frente. O meu grande amor segurando os nossos filhos nos braços.

Castle me olha com os olhos brilhantes e um sorriso sem jeito. Ele realmente estava nervoso segurando os dois, mas fazia tudo com uma habilidade incrível. Parece até que já tinha segurado dois bebês aos mesmo tempo antes.

— Eles são iguaizinhos, Kate. Como nós vamos diferenciar?

Eu rio pegando o primeiro em meu braço. Jack, estava escrito na pulseirinha. Dentro daqueles segundos eu passei meus olhos por ele e tentei gravar cada detalhe seu. Depois veio Reece e eu fiz a mesma coisa. Finalmente eu tinha os dois em meus braços, e mais uma vez foi impossível conter a emoção.

— Nós vamos aprender a diferencia-los... e você estava certo. – olho rapidamente para Castle. – eles são a sua cara... como eu sempre imaginei.

Mas espero que puxem a mãe.— a vez de Martha enche o quarto. – vim apenas fazer uma visita rápida porque o ingrato do meu filho não me deu notícias... – Castle tenta responder mas é interrompido pela mãe. – sem desculpas, Richard.

— E Alexis?

— Essa serve? – a minha ruivinha surge na porta com um sorriso estampado.

— Bom, nós vamos deixá-los a sós um pouco e eu já volto para pega-los, ok Kate?

— Sim, obrigada.

Érica, Demming e as enfermeiras saem do quarto permitindo que Martha e Alexis entrem. Alexis se aproxima e com o cuidado de sempre, toca na mãozinha de Reece, que agarra seu dedo fazendo a menina rir. Ela faz o mesmo com Jack, que agarra seu dedo com força.

— Eles parecem de brinquedo. – ela diz nos fazendo rir.

— Mas são de verdade meu amor. – Castle se aproxima. – e nós temos que ajudar a mamãe a cuidar deles.

— Eu vou ajudar. – ela abre um sorriso e beija meu rosto.