I Can See Clearly Now

Capítulo 8


I Can See Clearly Now

—CaP 08-

— Hum... pode não parecer, mas isso aqui é realmente bom!

Harry sorriu diante do tom de voz de seu padrinho. Sirius estava se atracando com um senhor cachorro-quente, mais se lambuzando com o excesso de recheio do que outra coisa.

Remus pagou a conta com o dono do carrinho de lanche e se aproximou do grupo sentado na praça. Eles estavam comemorando o novo resultado. A Wiz se classificara novamente. Estavam nas quartas de final. E, apesar da alegria, não conseguia esquecer aquele olhar significativo que Draco lhe lançara ao terminar a canção.

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— Tem que admitir que o jovem Malfoy tem talento.

— Aff – Sirius tentou protestar com a boca cheia e quase se engasgou causando risos nos outros.

— Ele não é ruim – Hermione concordou.

— O gênio daquele desbotado que é péssimo – Ron reclamou antes de morder o cachorro-quente.

— É...

O tom pensativo de Harry fez os outros se entreolharem. Sirius parecia mais indignado do que outra coisa. Aprendera a conhecer bem o rapaz no tempo em que conviviam. E podia identificar todos os sintomas de uma paixonite.

— Harry...

— Vamos sair pra comemorar – Potter cortou o padrinho. Tinha aquele encontro firme em mente como uma oportunidade de tirar alguma coisa do vocalista de sua banda, além de aproveitar a singular companhia.

— Divirta-se – Remus se meteu na conversa querendo evitar que Sirius cometesse alguma imprudência ou dissesse algo que desagradasse Harry – Já pensaram na próxima música?

— Ainda não – Hermione respondeu pegando a deixa de Lupin pra mudar de assunto – A partir de agora as coisas ficam mais difíceis.

— Mione olhou no computador. Só sobraram feras – a preocupação de Ron era nítida. Enfrentariam bandas realmente boas dali pra frente.

— Vocês estão fazendo história – Sirius pareceu mais calmo, um tanto saudoso – São a primeira banda em muitos anos a concorrer por Gryffindor. Estou orgulhoso de você, Harry.

O rapaz ergueu as sobrancelhas feliz com o que ouviu.

— Obrigado, Sirius.

— Continue dando o melhor de si. Remus e eu estaremos na arquibancada torcendo por vocês até o último segundo.

Harry acenou a cabeça e mordeu seu sanduíche. Tinha uma pessoa que não estava dando tudo de si. E ele precisava saber o porquê.

H&D

— Pega aí, Cicatriz.

Draco arremessou as chaves do Omega para Harry. O baterista sorriu e não pensou duas vezes em aceitar a oferta. Dirigir aquele carro era um sonho.

— Deixa comigo.

Os dois rapazes entraram no carro e colocaram o cinto antes que Potter desse a partida e saísse do estádio.

— Para o Três Vassouras outra vez? – o loiro soou desinteressado.

— Não.

O tom misterioso atraiu a atenção de Draco. Ele voltou-se para seu companheiro de banda e observou a face de traços marcantes dominada por um grande sorriso. Seu coração disparou obrigando-o a voltar a atenção para o computador antes que acabasse corando como uma maldita garotinha.

— Você é quem sabe.

O tom mal humorado aumentou a diversão de Harry. Mas acabaram ficando num silêncio confortável, com o vocalista digitando concentrado e o líder da banda apenas dirigindo e tentando fugir do trafego.

— Sua amiguinha também está classificada – Draco revelou depois de um tempo digitando – Se passarmos para a próxima etapa vamos enfrentá-los. Que pena... queria chutá-los na final.

— Hum... então vamos chutá-los mesmo sem ser na final.

— Ei, Potter... seus amiguinhos estão no Ranking do Torneio das Taças.

— O que?

— Tanto Granger quanto o Weasel ganharam três estrelas em cada apresentação. Isso vale pontos pra Gryffindor também.

O moreno ergueu as sobrancelhas.

— E eu?

— Três estrelas também. Não está mal, claro.

A curiosidade de Harry dobrou.

— E você?

— Três estrelas e meia. Durma com essa, Cicatriz.

O líder da banda apenas girou os olhos. Draco voltou-se pensativo para a estrada, observando os carros lá fora. Fez uma careta ao reconhecer o percurso.

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— Aff, Potter. Não me diga que ia me levar à London Eye.

— Ia sim, por que? Tem medo de altura?

Malfoy riu da pergunta. Aquele moreno era mesmo muito desligado da realidade em que vivia.

— Não, Harry. Eu não tenho medo de altura. Mas Londres está lotada de turistas. Você acha que vai conseguir algo além de mofar horas na fila?

— Oh – foi tudo o que o baterista disse. No fundo exultou por Draco tê-lo chamado pelo primeiro nome. Preferiu não comentar o fato que parecia ter ocorrido sem querer – Sinto muito. Tem algum plano B?

O loiro pensou por um segundo.

— Vire a direita no próximo cruzamento. Vamos sair desse tumulto todo.

Harry concordou. Foi obedecendo aos comandos e se afastando do centro de Londres. Atravessaram a periferia e foram além, rumo ao leste. Pouco a pouco a paisagem mudou para algo quase campal.

— Ali – Draco apontou um pequeno desvio na rota.

O moreno continuou até que uma placa indicou o fim da estrada de terra e os limites de uma propriedade particular. Havia uma placa proibindo a entrada.

Malfoy soltou o cinto e virou-se no banco para fuçar algumas coisas no assento de trás, acabou encontrando uma garrafa de Johnny Walker caída no chão do Omega que arrancou-lhe uma expressão autentica de felicidade.

— Vamos – praticamente ordenou ao sair.

— Ei... – Harry hesitou um pouco antes de seguir o vocalista da banda – Essa é uma propriedade particular.

— Sei disso – Draco tentou soar arrogante, mas a imagem do aristocrático loiro pulando a cerca de madeira foi extremamente contraditória – Minha mãe herdou isso dos Black. E passou pro meu nome quando fiz dezoito anos.

— Isso tudo é seu?!

Os olhos verdes se arregalaram ao contemplar a imensa propriedade estilo rural. Um oásis próximo à tumultuada cidade de Londres.

— Pode parar de babar, Potter – Draco acenou – e ande logo antes que a gente perca a melhor parte.

— Espera aí!

Saindo de seu estupor o Gryffindor acompanhou o loiro e saltou a cerca, ainda admirando a beleza daquele cenário.

— Não venho muito aqui – Malfoy falou pensativo – É chato quando se está sozinho.

— É muito bonito.

Harry permitiu que seus olhos exaltassem toda a beleza do descampado coberto por uma grama verde enquanto subiam a colina.

Terminaram a rápida escalada em silêncio. Ao chegar ao fim, Draco sentou-se no chão e tratou de abrir a garrafa com a bebida. Harry sentou-se ao lado dele. Primeiro observou a lua cheia, bem redonda no céu, suficiente para iluminá-los na noite que caia, junto com milhares e milhares de estrelas.

Depois admirou a imagem de Londres recortando o horizonte. As luzes de neon brilhavam como estrelas caídas na Terra, coloridas e pulsantes de vida. Pontinhos minúsculos, os faróis dos carros, cortavam de um lado para o outro tal qual estrelas cadentes.

Porém, o mais bonito de tudo, era a London Eye se erguendo acima de todos os prédios parecia exatamente como o nome, um grande olho mirando-os de volta, com interesse igual ou maior do que os dois jovens.

Por um breve instante Harry se imaginou numa das cabines, sozinho com Draco observando a vista de uma das que já fora considerada a maior Roda Gigante do mundo.

Um toque frio em seu braço o despertou do devaneio. Malfoy encostara a garrafa contra sua pele, querendo chamar a atenção e oferecer bebida ao mesmo tempo. O baterista aceitou, encantado, e deu um longo gole direto no gargalo.

— Você é bem ousado, hein, Potty?

— Hum...? – Harry apenas girou os olhos assistindo Draco reclinar-se e deitar-se na grama com as mãos cruzadas atrás dos fios loiros. Os olhos cinzas fixaram-se nas estrelas altas no céu.

— Não me diga que tem o costume de sair por aí beijando outros homens...? Eu podia ter partido o seu nariz.

O moreno quase engasgou com o whisky. Sorriu torto enquanto lançava um olhar incrédulo para Malfoy. Duvidava firmemente que aquele loiro magrelo pudesse partir o nariz de alguém. No entanto aquele não era o ponto.

— Você não disfarça nada, Draco. Eu não teria te beijado se não acreditasse ter uma chance.

O Slytherin fitou seu companheiro de banda como se considerasse a afirmativa. Talvez tivesse mesmo dado um ou dois sinais de interesse. Bem Gryffindor daquele cara se jogar desse jeito graças a uma conclusão baseada apenas na intuição.

Como se quisesse confirmar o que dissera, Harry moveu-se em sentido contrário ao loiro, e esticou-se na grama descansando a cabeça sobre o peito do outro. Apesar de rolar os olhos Draco não o afastou.

Alias, o suspiro que escapou dos lábios finos foi um pequeno sinal de que ele gostara do contato.

— Amanhã vai ser um dia tenso. Eu estava pensando na música...

Potter deixou a frase reticente no ar. Draco ajeitou-se na grama antes de revelar seu plano.

— Harry, você e seus amiguinhos receberam três estrelas no concurso. Isso quer dizer alguma coisa.

— Como assim?

— Eu queria ganhar esse concurso sozinho – apesar da afirmação a voz não saiu com o tom arrogante de sempre. Cada palavra revelou um grilhão da promessa que acorrentava Draco – Mas não posso. Então lembre-se de que somos uma banda. É hora de vocês garantirem nossa próxima vitória.

— Essa promessa...

— Não é nada que eu possa te dizer.

Harry meneou a cabeça. Não se sentia íntimo o bastante para pressionar o loiro. Na verdade apenas começava a desvendar aquele sentimento que Draco lhe despertava. Era algo forte, novo, intrigante. Não queria fazer nada para afastá-lo, muito menos quando o Slytherin parecia tão receptivo.

— Hum... desconfio que tem algo em mente – Harry mudou um pouco o assunto – para a próxima música.

Malfoy esticou os lábios num sorriso que contagiaria Potter, caso o baterista pudesse vê-lo. Antes de responder Draco esticou o braço e capturou a garrafa de whisky, tomando um gole totalmente desajeitado graças a posição em que estava.

— É, Cicatriz. Eu pensei em uma música sim. Vamos surpreender mais uma vez amanhã – cortou a frase para dar um novo gole na bebida – E veremos se vocês merecem essas três estrelas do Torneio...

Harry jurou a si mesmo mostrar a Draco que merecia cada uma daquelas estrelinhas. Ele virou-se sobre o próprio corpo, ficando de barriga para baixo, apoiando-se nos cotovelos para poder olhar aqueles olhos grises. Draco não disse nada, devolvendo a mirada intensa.

Tomando o silêncio como incentivo, Harry fez algo que desejava desde que colocara os pés dentro do Omega. Reclinou o corpo para frente e tomou os lábios finos, requisitando-os como seus.

Draco não declinou a posse. Pelo contrário, entreabriu os lábios e permitiu que as línguas se enroscassem, deixando-se levar pelas sensações do momento.

E aquele foi apenas o primeiro dos vários e longos beijos trocados até avançadas horas da noite.

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H&D

A excitação de Hermione foi tão contagiante que Harry e Ronald sentiram como se ela estivesse comemorando a vitória antecipada.

— É brilhante! – Mione exclamou pela milésima vez – Devíamos ter pensado nisso antes.

Draco deu de ombros nem um pouco modesto. Na verdade o gesto pareceu tão arrogante quanto realmente fora. O crédito pela escolha da música era todo dele, e o loiro fazia questão que os três lembrassem o fato.

— Potter – o nome saiu mais arrastado que o normal – você vai ser o maior responsável por essa vitória. Se errar uma nota estaremos fora.

Foi a vez de Harry sorrir convencido. Conhecia a canção e gostava dela. Não erraria nada durante a execução. Se dependiam dele para passar pra próxima fase então havia muito que comemorar.

— Acredite em nós, Malfoy. E separa outra garrafa de whisky pra essa noite.

A frase deixou Draco levemente, muito levemente, desconcertado. Ron fez uma careta e Hermione ergueu as sobrancelhas. Parecia que a coisa entre o baterista e o vocalista da Wiz estava ficando séria.

Um dos staffs de Ravenclaw aproximou-se com uma prancheta. Pediu desculpas por ser ele a entrar em contato, e não alguém de Gryffindor. Na verdade a pessoa responsável precisa ser hospitalizada.

O Ravenclaw não deu detalhes. E nem precisava: os músicos pensaram a mesmíssima coisa. As Imperdoáveis.

Indiferente ao desconforto dos quatro, ele queria apenas avisar que os instrumentos estavam checados e a Wiz entraria no palco em seguida.

Draco passou a língua pelos lábios, nervoso e inseguro da vitória pela primeira vez em que tudo começara. Então Harry colocou a mão sobre seu ombro e deu um aperto caloroso. “Confie em mim”, a imensidão do olhar esverdeado pedia tão somente aquilo. Malfoy balançou a cabeça muito de leve. Aceitou o pedido e resolveu deixar rolar, depositando a vitoria nas mãos de Harry Potter, pelo menos daquela vez.