Hurricane

Somebody To You


Pov. Ally

– Sabe, vocês são realmente nojentos. - Trish comentou enquanto pegava o controle da minha televisão em cima da mesinha para trocar de canal.

Eu, Austin, Trish e Dez estávamos na sala da minha casa apenas atirados no sofá, ou no caso de Dez, no chão. Nossas aulas tinham acabado a mais de 1 hora e desde então estávamos ali, sem fazer nada.

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– Não estamos fazendo nada de mais. - Austin disse.

Eu estava sentada no colo dele, com a cabeça apoiada no seu ombro e brincando com nossas mãos entrelaçadas. Isso realmente não era nada de mais.

– Não é isso. - Trish balançou a cabeça, ainda trocando os canais sem parar. - É só ... Vocês. São fofos demais. Dão até nojo.

Nós dois rimos. Dez parecia tão entendiado que apenas pude ver sua boca se curvar num leve sorrisinho.

Levantei minha cabeça. Tinha sol lá fora, estava quente e moramos em uma cidade praiana. E tudo o que estamos fazendo agora é olhar para a televisão sem ao menos parar em um canal fixo.

Passei a mão no cabelo do loiro, brincando com os fios enquanto o olhava, desci minha mão até seu pescoço e fiquei passando os dedos ali. Austin sorriu pra mim e se inclinou para me beijar.

– Agora sim, é algo de mais. - Trish falou, com a voz revoltada.

Ri enquanto Austin colava nossas testas. Ele beijou o canto dos meus lábios e depois minha bochecha. Colei nossas testas de novo, com as mãos entrelaçadas no seu pescoço. Ele mantinha uma das mãos em volta da minha cintura e a outra segurando minhas pernas.

– AH! - Trish gritou de repente pulando do sofá. - Já sei o que podemos fazer!

Arregalei os olhos quando ela deu o grito. Dez, que estava quase dormindo no chão, levantou rápido e assustado.

– O que foi ? A casa tá pegando fogo ? - O ruivo perguntou, parecendo realmente preocupado com sua ideia.

– Não, seu idiota. - Trish disse. - Mas recebi uma mensagem do Robert - ela parou, vendo nossas expressões confusas - , é um colega da aula de espanhol. Ele disse que ele e mais uns amigos estão no parque e nos convidaram.

– Parque de diversões ? - Perguntei.

– Sim! - Trish respondeu, animada.

A última vez que fui a um parque de diversões, foi nas férias, ainda na Austrália. E tinha sido ótimo. Porque Austin estava comigo. Eu até iria com ele de novo, mas parecia ter muitas outras pessoas juntas, e isso não me deixava muito animada.

– Você quer ir ? - Austin perguntou para mim, a voz baixa para que só eu pudesse ouvir e abafada por sua cabeça estar escondida no meu pescoço.

Dez e Trish pareciam animados com a ideia e estavam caminhando pela sala, conversando, gritando e - como sempre - brigando um com o outro.

– Muita gente. - Falei, com a voz manhosa encostando minha cabeça no peito dele.

– A gente pode ficar aqui.

– Não! - Trish gritou, e parecia que agora prestava atenção em nós. - Todos nós vamos ir, tudo bem ? TODOS!

Ela parecia histérica e empolgada. Puxou minha mão com força me fazendo sair do colo do loiro e me arrastou escada acima - na minha própria casa - , dizendo que ia me ajudar a achar uma roupa perfeita para o parque.

– Pra você, deve existir roupa pra tudo, não é ? - Perguntei.

– Claro que existe. - Ela revirou os olhos, me arrancando uma risada. - A partir de hoje, eu serei sua consultora de moda, ok ? Prometo que você vai estar sempre deslumbrante para o seu namorado.

Sorri para ela. Pensei em dizer que aquilo tudo que ela dizia era uma tremenda besteira, mas ela me obrigaria de um jeito ou de outro. Só escolhi ir pelo mais fácil.

( ... )

Alguns minutos depois, eu vestia uma calça jeans meio rasgada, uma blusa preta e uma jaqueta de couro com detalhes brilhantes perto da gola. A combinação estava realmente muito boa, mas achei quente demais para pôr a jaqueta, mas Trish insistiu, falando algo sobre de noite esfriar mais.

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E agora, estávamos no "carro reserva" de Austin. Ele mesmo dirigia, e Dez ia ao seu lado, no banco do carona. Trish e eu estávamos atrás.

– Quem mais vai estar lá ? - Perguntei.

– Não sei direito. Uns amigos do Robert, eu acho. Mas são todos da escola. - Ela disse, enquanto jogava um joguinho estúpido no celular.

Conversamos um pouco mais no caminho, e eu fiquei a maioria do tempo tentando tirar Trish do transe que aquele jogo havia a deixado. Ela parecia hipnotizada pela tela do celular.

– Trish, já chegamos, sabia ? - Falei enquanto tentava tapar a tela do celular.

– Para com isso! - Ela resmungou, mas finalmente pausou aquele jogo. - Tudo bem, tudo bem, se já chegamos, vamos descer logo.

Ela bufou, irritada, e eu ri.

O parque de diversões era praticamente igual ao que eu tinha ido na Austrália. Os mesmos brinquedos, as mesmas pessoas felizes e empolgadas.

Eu não estava exatamente assim, mas sorri para Trish enquanto entrávamos. Austin estava ao meu lado e passou os braços ao redor dos meus ombros, como naquele dia na escola. Eu gostava disso. Gostava mesmo.

Acho que pude reconhecer o tal Robert no meio de um grupo de pessoas, Trish o cumprimentou e também a galera que estava com ele. Não muita gente. Só conheço a maioria de vista. Mas Nick estava ali. Ele me enviou um sorrisinho fraco e quase imperceptível. Sorri de volta pra ele.

– Quer ir na roda gigante ? - Austin me perguntou, com a boca colada no meu ouvido. Sua voz daquele jeito me deixava arrepiada.

– Claro. - Respondi.

Trish e Dez já tinham começado a brigar novamente, o que era tecnicamente normal. E nós dois aproveitamos para escapar deles.

– Você ainda tem aquele urso de pelúcia ? - O loiro me perguntou, se referindo ao urso que ele tinha ganhado pra mim em um daqueles jogos estranhos no parque, quando estávamos na Austrália.

– Tenho. - Disse, e era verdade. Ele apenas riu.

Esperamos pouco tempo na fila, e logo já estávamos dentro de uma das cabines. Gostava da roda gigante, porque quando se chegava bem no alto, podia se enxergar quase tudo ali de cima, e era devagar, diferente dos outros brinquedos loucos e velozes, e a altura nunca me deu medo, era simplesmente lindo.

Dessa vez, não posso dizer que aproveitei para olhar pra fora e admirar a paisagem. Porque Austin e eu ficamos nos beijando a maior parte do tempo. Não que isso me incomodasse.

Depois disso, Trish e Dez nos acharam e minha amiga com os cabelos encaracolados nos fez andar em mais alguns brinquedos com eles e o resto do grupo. Não que não tenha sido legal, mas ainda preferia ficar sozinha com meu namorado.

– Sério, vou ficar bem, você pode ir. - Falei para Austin. Ele e Dez queriam ir num brinquedo que te vira de cabeça pra baixo, e sinceramente, isso não era bem o meu estilo.

– Eu volto logo. - Ele disse, sorrindo e me deu um beijo na bochecha antes de seguir com Dez.

Trish, ao meu lado, murmurou alguma coisa sobre eles serem idiotas, e se voltou pra mim, sorrindo traiçoeira. Percebi que nada do que ela fosse dizer agora seria muito interessante pra mim.

Olhei em volta, e pude ver, um pouco mais distante de nós, Nick. Ele estava jogando tiro ao alvo, com aquelas armas de paintball.

– Hã, eu vou dar uma volta. Depois a gente se encontra, ok ? - Falei para Trish rápido, enquanto já caminhava pra trás, sem dar a ela uma chance de falar alguma coisa.

Chutei uma pedra enquanto caminhava, eu também estava usando um par de botas que Trish disse ser fabuloso. Me aproximando mais da onde Nick estava, pude perceber que o alvo era um palhaço. Estranho. Mas eu achei engraçado.

– Um palhaço. Bem criativo. - Falei, quando já estava quase ao seu lado.

Nick riu, passando a mão no cabelo - que aliás, parecia bem mais escuro hoje - , e se preparou para mirar o alvo. Ele pareceu se concentrar, fixou suas mãos na arma de brinquedo e alguns segundos depois, ele apertou o gatilho. A bola de tinta foi parar bem na cabeça do palhaço, exatamente aonde tinha um pontinho preto, indicando o lugar certo do alvo.

Nick se virou pra mim, sorrindo vitorioso e ergueu as sobrancelhas.

– Quer tentar ? - Perguntou.

– Por que não ?

Me aproximei da bancada aonde estavam posicionados as armas de paintball, e encostei em uma delas com as pontas de meus dedos, confusa, devo admitir, com o que eu deveria fazer exatamente.

– Você está toda errada. - Ele disse, rindo. Mostrei a língua pra ele e voltei a tentar entender aquele negócio. - Tem que fazer assim.

Nick passou um dos braços em volta dos meus ombros e segurou meu antebraço, o erguendo um pouco pra cima. A outra mão ficou em cima da minha no gatilho.

Estremeci com seu toque, mas não demonstrei nada. Ele mesmo apertou o gatilho e meus dedos juntos. Fechei os olhos com o pequeno barulho e quando o abri, vi a bola de tinta do lado do ponto marcado no alvo. Foi quase lá.

Ergui os braços, comemorando, e Nick me abraçou rápido. No bolso da minha calça jeans, meu celular vibrou com uma mensagem.

Austin.

"Aonde você está ? Já tá ficando tarde."

Digitei uma mensagem rápida falando que eu já estava indo e olhei para Nick. Ele me olhava curioso e interessado.

– Tenho que ir. - Falei.

– Ah, tudo bem. - Ele disse, meio cabisbaixo.

– Então até amanhã.

Ele assentiu, sorrindo fraco.

Dei alguns passos, me distanciando, mas não muito. Ele se virou para atirar de novo. Sem ao menos desconfiar que eu continuava o olhando.

– Eu deveria dizer a ela. - Nick resmungou, sozinho. Deu um longo e pesado suspiro. - Eu só queria ser alguém para você.

Ele balançou a cabeça e se inclinou novamente sobre a arma de brinquedo.

Respirei fundo. Era isso que tinha de errado. Como eu sou idiota! Senti meu celular vibrar de novo e fui obrigada a simplesmente me virar e ir embora.