Hurricane

Capítulo 21


Capítulo 21

Lena sentia Augustus já se cansando de trotar desesperadamente pela floresta, mas sabia que não podiam parar. Não quando podiam ouvir gritos de telmarinos logo atrás de si. Lena olhou para trás, vendo que um dos homens já se aproximava. Ao virar-se novamente para frente, deparou-se com outro e soube que aquele talvez seria seu fim. Estava encurralada. Mas a única coisa que sua mente processava naquele momento era que não foi competente o suficiente para cumprir a promessa que fizera a Edmundo. Mesmo ainda tentando correr, Augustus estava encurralado e tendo dificuldades.

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Lena olhou para sua direita, de onde ouvira um barulho estranho e desconhecido. Algo dourado passara por entre as árvores, aproximando-se deles. E então o majestoso leão parou mais à frente, rosnando alto para os telmarinos. Augustus assustou-se, levantando-se as patas traseiras e fazendo Lena cair no chão com um grito assustado. Lena olhou para o leão e viu-o pulando por cima de si, em direção ao telmarino mais próximo e soube, pelo grito que ouvira, que ele estava sendo dilacerado. Augustus não fugira, mas aproximara-se, de forma protetora, de Lena, como garantia para que o outro telmarino não se aproximasse.

Lena levantou-se, após recuperar-se da adrenalina, e se virou para o leão, que olhava-a carinhosamente. Podia nunca ter visto um antes na vida, mas aquele era diferente e ela sabia disso. Não sabia como, mas uma faísca de reconhecimento brilhou em sua mente. Sabia que tinha encontrado aquele que todos os narnianos veneram e adoram, o salvador de toda as terras narnianas e aquele que aparecera em seu sonho compartilhado com Lúcia e que sussurrara em seu ouvido inúmeras vezes.

– Aslam? - ela perguntou, indecisa, apenas para receber uma confirmação mais concreta.

– Isso, querida. - o leão disse em uma voz grave, que foi rapidamente reconhecida. - Pode se aproximar. Não lhe farei mal algum.

E então, como um surto de alívio, Lena correu até o leão e abraçou-lhe fortemente, que com o impacto, caiu sobre as folhas secas da floresta, com o corpo da menina sobre o seu. Aslam riu baixinho, trazendo consciência à mente dela. Com vergonha, Lena soltou-se rapidamente dos pelos dourados e majestosos.

– Lúcia... - ela começou. - Ela sabia o tempo todo. Muitos não acreditaram nela. Ela que deveria tê-lo achado, não eu.

– Nada acontece duas vezes da mesma maneira. - Aslam disse e Lena abaixou a cabeça. - Seu dever e motivo de vir até Nárnia era justamente para me encontrar. Lúcia poderia tê-lo feito, pois ela acreditava em mim, mas seria mais trabalhoso. Você, minha querida, acreditou em mim mesmo sem nunca ter me visto, na sua primeira viagem à Nárnia, além de ter um coração puro e digno de uma rainha narniana. E isso a trouxe até mim. É uma lição valiosa.

– Mas se Lúcia poderia tê-lo achado, eu não era necessária.

– Claro que era. Pois você trouxe aos narnianos e aos Filhos de Adão e Filhas de Eva muito mais do que apenas a mim. Você trouxe amor, fé e esperança. Lúcia poderia ter vindo contigo, mas apenas somente me acharia caso você tivesse lhe dado o voto de confiança cego que a dera quando ela afirmara ter visto um vislumbre meu no desfiladeiro. Caso contrário, ela teria perdido as esperanças juntamente com os irmãos.

– Mas os outros, eu...

– Você, Elena Stryder, ensinou o significado do amor, não apenas a Edmundo, mas a todos que lhe cercavam, pois você exala confiança e amor. Sem você, eles viveriam apenas em questão de trono, poder e reino. Sua vinda não foi apenas uma lição para você, mas para os narnianos que, neste momento, criaram uma fé em uma garota estrangeira e estão lutando para que ela consiga seu objetivo.

Lena sorriu, assimilando o que o leão à sua frente dizia.

– Eu achava que era tão inútil aqui em Nárnia quanto na Inglaterra...

– Você não é inútil em nenhum destes lugares. Caso ainda não acredite, em pouco tempo saberá o quanto sua decisão de acreditar nos Pevensie pode alterar toda a história desta guerra. Além de que você mudou completamente a vida de uma pessoa.

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Aslam sorriu e Lena se sentiu confusa.

– Como assim?

– Em pouco tempo saberá. - Aslam olhou por cima do ombro da menina. - Augustus, pode ir. Lena não precisará de sua montaria, pois outra já está a caminho. - disse ao cavalo, deixando a menina ainda mais confusa.

Augustus nada disse. Apenas abaixou a cabeça em sinal de respeito e se foi.

– Suba, Lena, temos muito o que fazer. - disse o leão, abaixando-se para que ela montasse.

Foi com certa dificuldade, pois se era difícil montar em um cavalo, em leão era pior. Mas ela por fim conseguiu, agarrando-se à juba dourada para evitar um tombo indesejado. Ao se levantar, Aslam rugiu alto; e as árvores se balançaram.

– Então é verdade? - perguntou Lena, maravilhada. - As árvores são vivas?

– É claro, querida. - respondeu o leão, enquanto avançava por meio da floresta. E Lena tinha que admitir, era melhor sensação que andar à cavalo. - Elas apenas dormiram por tempo demais.

– E o que o senhor disse sobre montaria a Augustus? E sobre mudar a vida de uma pessoa? O que quis dizer? - ela não conseguiu se segurar, estava curiosa demais.

– Mantenha os olhos à frente e logo verá. - respondeu Aslam de modo enigmático, mas Lena assim o fez.

Olhou para a frente, por entre as árvores, e ao longe pode ver um ponto vermelho e preto se aproximando. Apertou os olhos, mas ainda assim não conseguiu identificar. Ela sentiu Aslam parar, como se esperasse que o que quer que fosse que estava vindo, e se abaixou, em um pedido silencioso para que a garota pulasse. Ela o fez, ainda extremamente confusa. Lena olhou bem fundo nos olhos de Aslam, que retribuiu o olhar em tamanha intensidade. Quando o leão desviou seu olhar para a frente, ela seguiu seu exemplo. Desmonstando do cavalo, com uma armadura em vermelho com o símbolo de Nárnia. Cabelos negros sem elmo algum, olhos de uma escuridão profunda e pele clara como o luar. Era...

A resposta para suas perguntas.

– Edmundo! - Lena exclamou, surpresa por não ter raciocinado isso antes, e correu ao encontro do moreno.

– Lena! Graças a Aslam você está bem!

Eles se abraçaram fortemente, como se tudo no mundo dependesse apenas disso. Edmundo enterrou o rosto entre os cabelos emaranhado da menina e respirou fundo, sentindo seu perfume cítrico para ter certeza de que ela estava mesmo ali, segura entre seus braços. Não a deixaria nunca mais. Lena, sentindo-se finalmente parte de tudo aquilo, sentindo-se finalmente útil em algo, abraçou-o pelo pescoço, sentindo-se aliviada, segura e submissa ali nos braços do moreno. Quando se separaram, Edmundo beijou-lhe levemente os lábios e sentiu-a sorrir. O menino virou-se para Aslam, com um olhar de respeito, agradecimento e maravilha.

– Aslam. - ele cumprimentou.

– Edmundo. - o leão cumprimentou de volta. - Vejo que finalmente conseguiu, não?!

Edmundo sabia porque o leão dizia isso. Ele falava sobre Lena.

– É o que parece. - disse Edmundo, abraçando Lena pela cintura e dando-lhe um beijo na testa.

Ela enrubesceu.

– Melhor irmos, temos muito o que fazer. - ela disse, tentando não passar muita mais vergonha.

Ela olhou para Aslam e ele assentiu. Lena então sentiu as mãos de Edmundo em sua cintura, para colocá-la sobre cavalo. Logo depois ele pulou à sua frente, sendo logo envolto pelos braços da menina. Enquanto cavalgavam ao lado do majestoso leão, o moreno entrelaçou seus dedos aos da menina, que sorriu e deu-lhe um suave beijo na nuca.