How To Be The Princess of England

How NOT to burn 87 castle lamps


— É tão bom estar aqui com vocês de novo. - digo, enquanto Andy faz minha maquiagem, e Ludymila desfaz minha mala.
Hoje era o desfile. Eu estava assustada. Era o primeiro que era participava. E sabia que tudo podia dar errado num piscar de olhos.
Andy fazia vestidos muito bem. Mas nada comparado aos estilistas franceses.
Era a coisa mais maravilhosa que já vesti.
Ele era tomara que caia, justo, e, na altura dos joelhos, se abria uma calda rodada cheia de babados até o chão. Era branco, e tinha lantejoulas pratas que brilhavam na luz cobrindo quase todo o vestido, e ainda tinha um adorável e apertado cinto prata brilhante.
O salto - tinha que ser salto - era da mesma cor que o cinto, enquanto meu cabelo estava solto, mas algumas pedrinhas brilhantes o fazia destacar a luz. Uma coroa de diamantes repousa bem linda na minha cabeça. Eu era princesa.
A maquiagem era cinza com uma grande quantidade de gliter, e um batom vermelho, mas não passava disso.
Nunca me vi tão... Princesa.
Sorri.
— Você está simplesmente maravilhosa. - As duas disseram juntas.
— Obrigada. - dou uma rodadinha enfrente ao espelho, e ouço uma batida na porta. Deve ser o guarda que me levará para o desfile. - Me desejem sorte.
— Boa sorte. - Elas abrem um sorriso.
Assim que abro, dou de cara com Andrew.
Ele abre a boca num perfeito "O" quando me vê. E fica assim, me encarando como um doente babão. As risadas de Andy e Ludymila o tira de seus desvandeios.
— Ah... Am, Oi, eu pedi ao guarda pra... Am... Você... Está estonteante. - ele abre um sorriso do tamanho do mundo.
— Vamos Andrew. - digo corada, passando rápido por ele. Mas Andrew continua parado de boca aberta encarando o ar, e as risadinhas das minhas duas criadas. Reviro os olhos, e o puxo pela mão. Ele me oferece o braço, e eu aceito, sorrindo.
— Eu já disse que você está estonteante? - disse, olhando pra frente.
— Já.
— Bem, você está estonteante, maravilhosa mesmo. Muito.
— Mais que você?
— Muito mais que eu. Dessa vez você caprichou... Se eu olhar pra você eu vou gaguejar, desculpa. - dou uma gargalhada alta, enquanto ele ri também.
Andrew usa um terno vermelho escuro, como na bandeira da Alemanha. Antes e ele iria usar Amarelo, mas a condição de George não permite que ele vá ao desfile, então ele mudou.
— Você também está lindo.
Você está linda.
— Para de falar isso.
— Não consigo. - ele sorriu, ainda olhando pra frente.
Descemos as escadas, e seguimos pra frente do castelo. Na sala principal, todos já estavam lá, conversando e rindo. Todos maravilhosos.
Até que eles pararam, e olharam todos pra nós. Eu odeio ser o centro das atenções, ainda mais que o olhar de todos gritavam: "Nossa!". Mas quando olhei pra Dakota e Georgia e as vi se mordendo de inveja, tudo valeu a pena.
— Emily, esse vestido é vulgar demais pra você. - Dakota sussurra pra mim.
— E essa cara de invejosa é o que pra você? - continuo andando para encontrar Wanda.
— Você está maravilhosa, amiga! - ela sorri.
— Você também. - Ela usava um vestido de cintura alta azul escuro, cheios de babados e gliter dividido por toda sua extensão.
— Olha, Andrew bonitão também! - ela soca sua barriga, e ele finge que não doeu.
— O-Obrigado. - ele coloca a mão na barriga.
Hlenah se aproxima de nós. O vestido dela era de alças finas, e uma saia baixa rodada até a canela. As cores eram vermelho, e branco - bandeira da Irlanda do Norte - distribuídos por um degradê lindo, e uma coroa prata com pedras verdes enfeitava seu penteado.
— Uau, todos lindos! - Hlenah disse, e Wanda agradeceu. - Esse desfile vai ser lindo. O melhor até agora!
Observei as pessoas.
Kiro usava um terno amarelo, com uma gravata vermelha e uma coroa de príncipe da China.
Eron usava um terno branco com uma gravata da bandeira da França. E a coroa de príncipe.
Georgia usava um vestido tipo noiva branco, com um cinto vermelho e um salto azul, sem contar a coroa dourada.
Dakota usava um vestido idêntico, mas azul. Ela claramente ficou com raiva por não ser princesa e ser uma das únicas pessoas sem coroa, então deu um jeito de conseguir um arquinho de diamantes.
Anne usava um vestido vermelho.
E Jason. Ele estava lindo. Com um terno vermelho parecido com o de Andrew, com uma gravata branca.
Suspirei.
— Por favor, sigam-me. - Um soldado fez uma reverência, chamando a atenção de todos. Nós os seguimos pro lado de fora, onde os carros alegóricos se encontravam.
Eles estavam simplesmente maravilhosos. Achei que o nosso ficaria feio, mas não. Tinha ficado exatamente igual o desenho de Andy.
— Ficou incrível! - Wanda bateu palmas animada.
Observei os outros carros. Estavam incríveis. Esse desfile seria realmente melhor que os anteriores.
Nós éramos os últimos, então eu tinha tempo para controlar mimha ansiedade.
As pessoas começam a subir, enquanto eu estava atônita com toda essa maravilha.
Um guarda pediu para eu subir, a medida que o homem no microfone do outro lado do portão berrava com a multidão animada.
Pelo menos os holofotes faziam meu vestido brilhar.
Aly ficaria cuidando da segurança, e Lyly estava morta aos olhos das terroristas, então nossa programação estava normal.
Me dirigi as escada de ferro que estava fixa na parte de trás de todos os carros.
— Deixe eu te ajudar. - Jason me oferece a mão para subir. Aceitei, ainda relutante. Não conseguiria subir sozinha mesmo.
Continuamos a subir até o último andar do carro alegórico, onde eu ficaria sozinha com Jason. Talvez acontecesse um terrível acidente no qual o príncipe caísse daqui de cima, mistériosamente.
— Você está linda. - ele deu um sorriso de canto, quase imperceptível.
— Você também. - comento.
— Será que podíamos esquecer tudo por um instante? Acho que não é bom brigarmos aqui em cima.
— Ta bem. - concordo com a cabeça. Jason respirou fundo. - Uma pausa.
— Senhoras e senhores damos início ao desfile da paz, com os seguintes países: Alemanha...
O primeiro carro era o de Andrew.
Meu Deus, eu estava surtando, surtando muito...
— Vai ficar tudo bem. - Ele disse ao meu lado. Assenti, e segurei na barra que nos evitava de cair.
— Você já fez isso várias vezes.
— Tem razão. Mas é horrível todas as vezes.
Hlenah acenou do topo de seu carro, e todos fizeram o mesmo. Fui pra ponta, a fim de achar Wanda, que estava no outro andar. Mas ela não prestava atenção. Voltei pro meu lugar, apavorada, e me segurei no ferro.
— Jason, eu não tenho que fazer nada, certo?
— Acenar.
— Ah não. Eu quero descer. Jason, eu não posso fazer isso...
E o carro arrancou, e começou a andar lentamente.
— Não, não, não, Jason...
— Ei, Ei, calma. Vai ficar tudo bem. Depois que os carros ligam, só desligam quando acaba. Vai ficar tudo bem. - Assenti, fechando os olhos. - Você... Você quer... Segurar minha mão?
Uma alegria passageira atinge meu coração.
Mas lembro que sou orgulhosa agora.
Mas não morreria se fizesse isso.
Aceitei. Sentia falta de seu toque. Um arrepio percorreu todo meu corpo, e vi que aconteceu o mesmo que ele. Nos encaramos, apenas sentindo nossas peles de tocarem. Foi um momento bom, em que esqueciamos todos os nossos problemas. Não tinha desfile, não tinha terroristas, não tinha Dakota, não tinha Leila, não tinha Andrew existia mais nada além de nós dois.
Ele passou a mão em meus cabelos bem de leve. Sei o que aconteceria ali,na frente de todo mundo. Ele parecia não se importar, então eu também não me importava.
Ele tinha partido meu coração, tenho que odia-lo.
Mas eu simplesmente não consigo odia-lo.
— Príncipe Jason! - Um homem segurando uma câmera chamou. Olhamos pra ele, que sinalizou pra uma foto. Jason passou o braço pela minha cintura, e o homem capturou a foto. Depois ele partiu para as outras garotas ali em baixo.
— Eu... Já disse que você está muito...
— Linda? Eu não aguento mais ouvir isso.
— Eu ia dizer outra coisa.
— O que?
Ele sorriu, se afastando um pouco de mim.
— Você não vai me falar? - ele negou. - Hã. - Cruzei os braços, e olhei ao redor. Estávamos quase passando pelo portão aberto e mergulhando no mar de gente gritando.
— Tudo bem?
— Vou ficar. - Respirei fundo. Posso fazer isso.
Os holofotes me cegaram por um momento. Mas o grito da multidão me trouxe de volta. Nosso carro andava lentamente pelo caminho, e dava tempo para ver exatamente como a multidão estava feliz por estarmos ali.
Alguns carregavam bandeiras dos outros países, mas a maioria carregava bandeiras do reino unido.
— Acene. - Jason pediu, sem soltar minha mão.
Comecei a sorrir e acenar para as pessoas, que gritavam animadas. Não era tão ruim.
Espera, o que as pessoas iriam pensar se continuássemos de mãos dadas? Que nos amamos. Eu o amo. Mas ele não sente.
Desvencilho nossas mãos, e volto a sorrir para as pessoas. Percebo seu suspiro quando o faço.
O caminho era muito grande, mas era até divertido ouvir as pessoas gritando nossos nomes, aclamando a paz.
Até que gritos incentivadores, viram gritos de terror. Varias Destructives de armaduras pretas começam a surgir no meio da multidão que começava a se dispersar. Elas avançavam, enquanto os guardas tentavam conte-las. As que tinham metralhadoras consigo, começaram a disparar.
— Emily! - Jason me puxou pro chão, de um jeito que ficávamos escondidos atrás do Big Ben. - Você tem o péssimo hábito de ficar parada quando alguém está atirando!
Demorei a perceber, que tremia, sem forças para dar um passo. Estavam nos atacando, estávamos nos atacando... Estamos fora do castelo...
— Jason, o que fazemos?! - perguntei, o acompanhando escada a baixo.
— Vai ficar tudo bem.
Suspirei.
Kiro, Georgia, Anne, Dakota e Hlenah se juntaram a nós atrás do carro alegórico.
— Pra onde?! - Hlenah gritou mais alto que os tiros. Kiro pegou duas armas caídas de um guarda no chão, e deu uma pra Jason.
— Sabe atirar? - ele assentiu.
7 guardas saem de dentro do bosque que cerca o castelo, e sinalizam para seguirmos pra lá.
Mais guardas saem do castelo, fazendo frente com as terroristas, enquanto os gritos iam diminuindo.
— Vamos! - Jason ordena, sem largar mimha mão um instante sequer.
Estávamos correndo o mais rápido que conseguiamos, até o bosque que o guarda indicou, quando um explosivo caiu bem sobre o nosso carro alegórico, e explodiu.
Minha mão se perdeu da de Jason, e acabamos caindo.
Tossi, ainda no chão. Os carros alegóricos pegavam fogo, e os holofotes piscavam, fazendo minha cabeça pular. Soldados gritavam, caiam, gente morta pra todos os lados e os tiros ecoavam altos. Sem falar os explosivos que caiam por todos os lados.
Era uma guerra.
Até que ouvi um grito familiar.
Wanda.
Procurei desesperada por todos os lados, até que a vi. Uma das mulheres a puxava com força pelos braços, tapava sua boca e outra apontava uma arma pra sua cabeça.
— WANDA! - Berrei, me colocando de pé num pulo, e comecei a correr em sua direção.
— Emily, não! - A voz desesperada de Jason invadiu meus ouvidos como um soco.
Mas eu não podia deixar Wanda, simplesmente isso.
Continuei seguindo as duas, até entrarem numa parte afastada do bosque.
— WANDA!
Um gemido abafado por uma mão ecoou.
Segui seu caminho, e vi um jipe parado há distância. Elas quase alcançavam o veículo que as daria a liberdade, quando uma voz veio ao meu lado.
— Ela está seguindo a gente, como o planejado. - Uma delas falou com o radio.
— Cancela isso. Atire. - Respondeu.
Parei, estática sem conseguir me mexer. Jason tinha razão, eu tinha uns problemas.
Ela mirou a arma em mim.
— EMILY! EMILY CORRE!
Fechei os olhos.
E ela disparou umas 7 vezes.
Mas, quando estava preparada para os furos que se abririam em mim, uma luz forte me envolveu.
Era como se uma estrela estivesse em minhas mãos, naquele momento. Só então percebi que era algo parecido com raios, saltitando para serem liberados.
Mal deu tempo de pensar, eu não estava entendendo nada. Então resolvi deixa-los.
Vão.
Uma pressão fez tudo ao meu redor cair.
As balas caíram, a atiradora caiu, árvores caíram ao meu redor e Jason foi ao chão.
Parem.
A luz pulsante sumiu, e algo me deixou fraca instantaneamente.
— Em!
Meus joelhos falharam, e eu caí nos braços de Jason.
— O que foi isso?! - ele perguntou, evidentemente assustado.
— Wanda... Levaram Wanda, WANDA! - tentei me levantar, mas falhei.
— Não, não, tudo bem, descanse. Vamos acha-la, se acalme.
Respirei fundo.
— O ataque foi contido... - seus olhou pararam, assustados. - Emily, seu colar.
Franzi o cenho.
Ele aproximou a mão do meu colar, e o tocou, mas levou um choque.
— Como...?
Toquei o colar, sem problemas. Tirei de meu pescoço, e vi do que ele falava. O rubi do meio brilhava numa luz branca intensa, diminuindo um pouquinho a cada instante.
— Ai meu Deus... Ela disparou... E eu não...
— Foi como um campo de força. - Ele esfregou um dos olhos, com a mão que não envolvia minhas costas. - Vamos para lá.
Me levantei com sua ajuda, e fomos em direção ao campo de guerra destruído.
— Não comenta nada com ninguém, é melhor.
— E Wanda, Jason? Eles a levaram. - Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não tinha conseguido salva-la.
— Nós vamos acha-la. Olhe pra mim. - Obedeci, direcionando meu olhar para seus olhos. - Não importa onde, nós vamos traze-la de volta. Eu prometo. - Assenti, sem parar de olha-lo nenhum segundo.
Onde estava o orgulho que eu fingia ter?
Ele suspirou.
— Eu não iria conseguir te salvar. Eu ia te perder.
— Não seria sua culpa. - disse, colocando a mão sobre seu peito. - Eu tenho problemas em correr em situações de perigo. - ele deu um sorriso, tentando conter um maior. - Em situações de perigo, eu fico parada, pensando como eu posso ajudar as pessoas.
— Em situações de perigo, eu olho pra você, pra ver se você está segura. - dei um sorrisinho muito pequeno. - Mas quando eu pisco, você já está se enfiando num bosque e é salva por um colar elétrico. - ri.
— Depois que ela disparou, você não poderia fazer nada para impedir.
— Eu ia entrar na frente dos tiros. - arregalei os olhos, e perdi completamente o ar. Ele não faria isso. - Quando ela apontou a arma pra você... Eu só pensei nisso. Prefiro morrer do que perder você.
Eu o encarava, completamente assustada.
Ele o que?
Uma lágrima que pesava como um hipopótamo, caiu sobre meu rosto.
— Eu nunca me perdoaria... - disse, num sussurro baixo.
— Príncipe Jason! - Um homem gritou. Vi que era Dominic.
— Já vou! - ele devolve um aceno, e segura minha mão. - Não pensaria duas vezes antes de entrar na frente de todas aquelas balas. - ele piscou, e saiu andando.
Mordi o lábio.
Assim que ele saiu, as outras lágrimas começaram a rolar. Apertei os olhos.
Aquilo tinha parecido com um tiro de verdade. Doía.
— Emmy! - olhei pra trás, e vi Andrew. Me joguei contra seu corpo, e o abracei. Era tudo que eu precisava. - Você...?
— Eles levaram Wanda. - Foi o suficiente para o peso de tudo cair sobre mim, e mais e mais lágrimas começarem a escorrer devagar, levando toda minha alma.
— O que? - ele disse, sem fôlego. Assenti, o apertando mais. Andrew colocou uma das mãos acariciando meus cabelos, enquanto eu soluçava em seus braços.
Eles a levaram, e tudo era minha culpa.
(...)
"- Eu sou Harah, líder das Destructives, como já devem saber..."
— EMILY! CORRE! - A voz de Jason gritando ecoa pela minha mente, martelando minha cabeça.
O grito de Wanda corta o céus no meio da tempestade no barco onde meu pai me arrasta pra fora.
"Morte a Vidente Escarlate e a última Rhondes"
" Você é um covarde, Jason! Um covarde egoísta que só liga pra você!"
Uma granada caí ao lado do barco, que sacode com todas suas estruturas.
"Eu ia entrar na frente dos tiros. Prefiro morrer do que perder você."
Outro grito de Wanda.
Agora estou na água, afundando, e afundando, enquanto Dakota e Georgia riem.
"- A energia pulsa, pulsa viva dentro disso, você tem que liberar. Libere tudo, nos deixe ir. Protegeremos você."
"Harah"
— EMILY!
O colar.
"- Descubra sua história, princesa."
Ilha Rhodes, Aparondes chave.
— EMILY! - Jason grita novamente. - Vamos, acorde!
Abri os olhos, e me sentei num pico de adrenalina.
Minha respiração estava irregular, e eu não consiguia respirar. Meu coração pulava, e eu só quero chorar.
Só aí percebi a eletricidade correndo em minha pele, e as luzes do corredor piscando descontroladamente
— Emily, faça isso parar! - Pediu Jason.
Apertei o colar com força, e fechei os olhos.
Parem.
E o quarto mergulhou na escuridão, assim que os raios brancos se apagaram.
Soltei o ar que segurava, e toquei minha testa.
— Jason...
— Tudo bem agora.- Jason se sentou do meu lado na cama, e segurou minhas mãos tremendo.
— Eu... Estava tendo um pesadelo, ah... Eu não...
— Não fale. - ele pediu, me envolvendo num abraço.
Todo o meu nervosismo e eletricidade extravasaram. Era aquele tipo de abraço desesperado que encosta até na alma. - Todos acordaram com as luzes piscando... Eu só pensei em você. Quer dizer, sabe... A energia vindo do... Ah, eu estava certo. Mas está tudo bem.
Suspirei.
— Eu senti falta disso. - soltei, sem querer. Ele suspirou.
— Ficar longe de mim é o melhor pra você. - Ele sussurra, muito baixo.
Não entendo, e não consigo mais pensar. Todo o esforço que fiz, cai sobre meus ombros, e meus olhos se fecham.
(...)
Acordei, e Jason não estava mais lá.
Suspirei, procurando meu colar em meu pescoço. Ele não estava mais lá também.
Levantei, para ver se tinha algum sinal de arrombamento, ou... Espera. Jason.
Eram 4:56 da manhã. Ninguém ligaria de eu ir bater no quarto dele agora.
Calcei minhas pantufas, e coloquei meu roupão rosa claro, e sai andando por aí.
Soquei a porta dele três vezes. Nada. Mais três vezes. Nada. Escancarei a porta, e entrei no quarto.
Ai senhor. Ele ficava tão fofo dormindo... Sem camisa...
Foco Emily.
Me abaixei do seu lado, e o cutuquei.
— Jason, acorda. Jason. - O sacudi pelo ombro. - Vamos caraca, abre esses olh... - Fui interrompida por ele, que levantou num pulo.
— Onde é o incêndio?!
— Cadê meu colar, alteza?
Ele respirou fundo se deitando de novo na cama.
— Desculpa, ele não pode ficar com você. É perigoso. - ele resmunga.
— Ele me protegeu de 7 tiros.
— Ele queimou 87 lâmpadas do castelo ontem a noite. - Boa resposta.
— Eu não fico sem ele... - Olhei pra sua mão caída pra fora da cama. Tinham curativos de esparadrapos envolvendo seus dedos, e alguns machucados nas mãos.- O que aconteceu com a suas m...
Só aí me toquei. Eu tinha feito isso.
— Eu te... Eu... - perdi o ar.
— Não, Em... Bem, sim, você me eletrocutou um pouquinho... Mas grande parte foi eu tentando pegar o colar...
Olhei pras minhas mãos. Eu não queria machucar ninguém...
— Ah, Emily, não precisa... - ele tocou meu ombro, mas acabou levando um choque. Mesmo sem o colar. O que tinha de errado comigo?
Me levantei, cambaleando, e acabei batendo no criado mudo, derrubando seu abajur, que explodiu em faíscas que se juntaram ao meus braços.
Meus olhos se encheram de água, e eu olhei assustada pra Jason, que se levantou e começou a andar na minha direção.
— NÃO SE APROXIME! NÃO QUERO TE MACHUCAR! - Eu gritei, começando a liberar lágrimas. Ele parou, totalmente imóvel.
— Não vai me machucar... - Ele deu um passo, na minha direção, eu recuei, encostando na parede da porta. Ele continuou andando devagar até mim, enquanto eu tentava me controlar. Eu não podia machuca-lo novamente, eu simplesmente não queria... Um raiozinho branco saiu de meus dedos, me fazendo dar um grito.
Parem, parem, por favor...
Toquei a parede, sentindo os soluços começarem a vir de minha garganta.
Ele continuava vindo na minha direção.
— Não Jason, Jason... Não... Eu não quero...
— Você não vai me machucar. - ele estava a menos de trinta centímetros de mim. - Você não vai me machucar, Emily.
Prendo a respiração.
Eu não vou machuca-lo.
Parem. Agora.
Seus dedos tocam minha bochecha de leve.
Nada acontece.
Fecho os olhos com força, quando sua outra mão toca meus cabelos.
— Tudo bem. Abra os olhos.
Obedeci.
Os raios envolviam minha pele, mas ele não se queimava.
A eletricidade se estendeu a sua pele também. Nós dois estávamos cobertos de raios vivos.
— Está tudo bem. - Jason limpa minhas lágrimas com a mão. Soltei a respiração, e quando ele para de me tocar, a energia chega ao fim.
Assenti. Certo.
Mas então sinto todo o sangue da minha cabeça ir para o pé, e minhas mãos suam frio.
— Jason... - Falei, com os olhos arregalando.
— O que foi?
— Eu... Nós temos que achar a Vidente Escarlate... Ela pode... Dar um jeito em mim.
— O que? Como assim? - ele segura minha mão devagar, e me puxa pra sentar na cama.
— Eu... Eu tive um sonho. Meu pai me levava pra feira, e lá tinha uma tenda roxa com uma placa: "Vidente Escarlate"... Acho que seu nome é Hanala. Aí ela pergunta pro meu pai se eu tinha eletrocutado alguma coisa. Ele responde que sim. E eu não me lembrava de ter entrado naquele lugar... Mas agora faz sentido.
Ele respira fundo, com a mão no queixo, pensando.
— Tudo bem, isso é loucura.
— Eu soltando raios também é loucura.
— Okay. - ele esfrega os olhos. - Vou trocar de roupa, e pensamos nisso no seu quarto. - Ele se levanta, vai pro armário, e pega roupas. - Não saia daqui, não vou demorar.
Assenti, enquanto ele entra no banheiro. Ouço ele ligar o chuveiro, e eu me levanto, indo até sua parede de fotos.
Tem várias fotos novas.
Todas são só minhas.
Perdi o fôlego, observando a cada uma devagar.
Ele não escrevia mais sobre ninguém? Apenas sobre mim?
Numa delas estou conversando com Andrew na piscina. Outra, estou com Wanda. Na próxima estou comendo uma maçã; olhando o céu; sentada na sala de treinamento; conversando com Aly; sentada na cama sozinha.
Eu estava ali mais do que nunca. E a mais recente, era nós dois posando para o fotógrafo.
Suspirei.
Por que ele faria isso tudo?
Me sentei de volta na cama, e dessa vez não queria sorrir. Por que tudo tinha que ser tão complicado?
Ninguém disse que seria fácil. Mas ninguém disse que seria tão difícil também.
— Você não fugiu, que bom. - Ele saiu do banheiro, tentando arrumar a gravata em frente ao espelho. - Eu estava morrendo de medo de você ter fugido e matado alguma lâmpada no caminho... Isso é difícil.
Me levantei e fui até ele.
— Deixa eu te ajudar. - disse, pegando a gravata de suas mãos. A amarrei direitinho, mais rápido do que ele faria. - Pronto...
Olhei pra cima e encontrei seus olhos me encarando.
— Am... Minha mãe faz isso pra mim, geralmente. Mas ainda são 5 horas da manhã.
Me afasto, e vou em direção a porta.
— Tenho certeza que Dakota vai ficar feliz de acordar todo dia pra amarrar isso pra você. - Abro a porta, e escuto seu suspiro alto.
Ele me segue em silêncio pelo corredor. Até encontrar o que dizer.
— Se pra você ser feliz, eu tenho que casar com ela, por mim tudo bem. - ele dá um sorriso pequeno e abre a porta pra mim.
Suspiro, e entro no meu quarto, seguido por ele. Me sento na cama, e ele na minha cadeira da escrivaninha.
— Certo. - digo. - Precisamos de ajuda.
— É arriscado contar pra alguém.
— Andrew. - ele olha pra mim, ainda relutante.
— Tudo bem, acho que ele pode ajudar.
— Eu estou sem o colar. Como eu...?
— Como você virou uma tomada humana? Não sei. Eu acho que seu colar não é só uma relíquia de família.
— Meu pai nunca...
— Disse que você ia virar uma tomada humana?
— Pode parar de me chamar de tomada humana?
— Claro, tomada humana. - Revirei os olhos, tentando conter um sorriso. - Não leve as coisas tão a sério. - Pediu.
— Eu ainda estou assustada. Não quero machucar ninguém...
— Não se preocupe. - ele se abaixou na minha frente. - Vamos resolver isso, achar a Vidente, e resgatar Wanda. E vai ficar tudo bem.
Assenti.
Ele ficou parado na minha frente, pensando, quando a porta foi aberta, e Ludymila e Andy entraram.
— Ela disse que... - Elas pararam de falar, e fizeram uma reverência confusa. - O que...?
— Eu acordei mais cedo. E Jason estava falando sobre... Am, o ataque.
— Perfeitamente. - ele concorda.
— Posso me arrumar sozinha, obrigada.
— Muito bem, se precisar, nos chame senhorita. Com licença. - Elas fizeram outra reverência e saíram.
— Falando sobre o ataque.
— Eu não sabia o que falar! - soquei seu braço de leve.
— Claro que sim. - ele riu. - Bem está na hora do café. Vou descer, pedir para trazerem comida aqui, e vou trazer Andrew. Não toque, não levate, não saia, e não se mexa enquanto eu não estiver aqui.
— Sim senhor. - Concordei.
— Eu já volto. Mande alguém me chamar se acontecer qualquer coisa. Emily, qualquer coisa mesmo.
— Tudo bem, Jason. Eu vou ficar bem. - ele assentiu, se levantando. Jason andou até a porta, e me olhou uma última vez antes de sair.
Coloquei um vestido azul claro que batia na canela e era rodado, junto com um tênis preto.
Depois de um tempo, uma criada trouxe o café pra mim. Não estava com muita vontade de comer, então só mordi a maçã algumas vezes.
Então me lembrei dos machucados nas mãos de Jason. Eu não quis fazer isso. Eu não quero ser uma tomada humana. Eu quero ser normal.
Me levantei, e fui até a janela, com os braços envolvendo meu corpo, e deslizei até o chão.
Por que tudo era tão difícil?
Três batidas ritmadas na porta.
— Pode entrar. - Minha voz sai num sussurro.
Andrew tinha uma cara confusa no rosto, que se desmanchou quando me viu.
— Emmy? O que está acontecendo?
Olhei pra Jason. Ele usava uma luva de borracha, na qual segurava meu colar. Andrew veio até mim, e eu me desesperei. Ele não podia me tocar.
— Não me toca! - Pedi, levantando num salto. Ele recuou, sem entender, e Jason tocou seu braço.
— Mostra pra ele.
Uma lágrima escorreu rápido de meus olhos.
Me aproximei do abajur, e o toquei.
Saiam.
Os raios começaram a sair para todos os lados. Toda a energia do abajur passou pelas minhas veias, me dando uma sensação viva. Era ótimo. Mas minhas lágrimas escorriam sem controle, e tudo aquilo doía.
— Emily, para! - Jason gritou.
Parem.
Nada.
Parem, por favor.
Nada.
Parem. Agora.
Parem.
SUMAM! - Pensei com força.
Os raios pararam, e a lâmpada do abajur estourou.
Solucei, me apoiando na parede.
Subi meu olhar pra Andrew, estático, com a boca aberta.
— Ai meu Deus... O que é isso? - ele se vira pra Jason.
— Eu... Não sei, eu só... - engoli o choro, mesmo sentindo minha cabeça rodar.
— Tudo bem, Emmy. As luzes... Foi você? Ontem de madrugada...?
Assenti.
Ele se sentou na cadeira, absorvendo tudo.
— Vem do colar. - Jason explica, mostrando a ele. Meu colar que antes era um rubi vermelho escarlate intenso, agora era uma pedra luminosa.
— E se destruirmos? - Sugeriu Andrew.
— E se destruir ela? - Jason rebateu.
— Eu acho que já aconteceu antes. E acho que meu pai de um jeito de apagar minha memória. - solto. Ele me olha apavorado.
— Por que?
— Ele escondia muita coisa de mim. - Suspirei. - Agora que ele morreu, tudo está voltando. Temos que achar a Vidente Escarlate do meu sonho, porque eu acho que ela pode resolver isso.
— As Destructives também estão atrás dela. - Jason.
— Chegaremos antes.
— Mas nós vamos voltar pra mansão hoje a noite. - Andrew rebate.
— De lá é mais fácil sair escondido do que aqui. - Jason disse, se sentando na minha cama.
— Aquela mansão fica onde? - perguntei.
— No sul. Area rural um pouco afastada de Brigthon.
— Como sairiamos? Com aquela cerca elétric... - Os dois olharam pra mim.
— Certo, absorver energia de um abajur é uma coisa. Agora uma cerca com eletricidade pra abastecer um país...
— Você estourou 87 lâmpadas. - Jason.
— Certo. E depois? - Andrew perguntou.
— Aly. - Jason disse. - Aly vai pra lá agora. Temos que falar com ela, ela é nossa única chance.
— Tem certeza?
— Ela é minha prima. Tenho.
Jason saiu para procurar Aly, e eu fiquei com Andrew.
— Então... Não dói quando...? - Ele disse, se sentando do meu lado na cama. Me levantei rápido, e me afastei.
— Não. Mas nas pessoas dói. Eu não quero te machucar...
— Não me importo se você vai me machucar. Mas não acho que vá.
— Eu me importo. E eu não consigo controlar, Andrew.
Ele se levantou, e deu um passo até mim.
— Jason te tocou. E você passou energia pra ele, sem ele se machucar.
— Eu não fiz nada. Só fechei os olhos.
— Talvez porque... Não confie em mim.
— Eu confio em você. - Disse. - Eu não estou sob controle no momento, e... Eu só... Não quero te machucar, porque eu me importo com você. Então sossega. - ele riu, antes de tocar meu braço, e levar um choque. - Andrew...! - ele fez de novo. E mais uma vez, sempre levando choques pequenos. - Para Andrew!
— Eu não me importo. - ele colocou a mão no meu rosto, e pude sentir a energia aumentar. Ele fez uma careta, mas não se afastou. Em vez disso, colocou a outra mão no meu rosto, e a corrente elétrica auentava. - ANDREW! Pare!
— Você consegue controlar. Faça o que fez com Jason.
— Eu não consigo! Pare!
— Não vou tirar.
Fechei os olhos com força.
Por favor. Parem. Parem.
Prendi a respiração.
Agora. Já chega. Parem.
Eu não vou machuca-lo.
Eu não vou machuca-lo.
Eu vou machuca-lo.
Não está funcionando.
Ele está se machucando.
— ANDREW! - Um campo de força se formou, o jogando pro outro lado do quarto. As luzes piscaram um pouco, mas pararam. Corri até o outro lado da minha cama.
Ele estava lá, inconsistente.
— Não, Andrew... - eu não podia toca-lo, se o tocasse, ele fritaria de novo. - ANDREW! ACORDA ANDREW!
As lágrimas corriam sem controle, e minha garganta se fechava com um nó.
— Andrew! - me ajoelhei, e fechei os olhos, me concentrando. Eu tinha que chamar Jason de algum jeito. As luzes piscaram, e o chão tremeu levemente.
Parei de fazer força, e desmoronei de joelhos. Me sentia fraca, e cansada.
— Emily! - Jason escancarou a porta.
— Jas... - Minha voz saiu fraca e estranha, por conta das lágrimas. Jason correu até nós, e de ajoelhou do outro lado. Com o dedo, ele chegou os batimentos.
— Andrew. - ele sacudiu, com força. - Vamos Andrew!
Ele franziu o cenho, e checou de novo.
— Não está batendo... - Ele disse, quase sem voz.