Minha sala era perto o suficiente para que eu escutasse o professor de matemática gritar com Melodia, aparentemente por seus modos em classe.

Se eu já não me concentrava na escola, com Melodia ali era ainda mais difícil. Meu cérebro apenas focava em listar as mil e uma maneiras de como ela podia fazer besteira.

No terceiro horário escutei o som de uma porta batendo vindo da sala dela, e em seguida vi ela passar pela minha porta, chorando.

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Ótimo, minha vontade era de rir, mas ainda sim era uma cena triste, ela sempre quis vir para a escola, e quando veio descobriu que não era assim tão bom, é como uma expectativa quebrada.

Tentei fazer o exercício que o professor tinha passado, mas desisti ao ver uma potência, eram meu fraco, se é que havia algum ponto forte.

O horário do intervalo demorou mais do que devia para chegar, a moça que toca o sino devia estar dormindo, assim como assim maioria dos funcionários da escola.

Quando o sinal finalmente tocou eu me levantei rapidamente, buscando Melodia antes que ela tivesse a oportunidade de falar com alguém.

Vi com o canto do olho Maya me chamar, mas acabei ignorando, Melodia era prioridade.

Escutei alguns gritos vindo do pátio e imaginei que Melodia fosse a causa, normalmente o turno da manhã não tinha nem disposição para brigar.

—Seu idiota! O que acha que estava fazendo?! —Melodia espremia um dos garotos do oitavo ano contra a parede. Ele era muito mais alto e forte que ela, mas parecia intimidado do mesmo jeito—Você é um covarde! Meu primeiro dia de aula está sendo um lixo por sua culpa, Imbecil!

O garoto estava sem reação, ele apenas abria e fechava a boca, tentando formular uma frase. Melodia sabia deixar uma pessoa sem palavras.

Ela lhe deu um empurrão final e foi embora, deixando o garoto jogado no chão com uma multidão envolta, o enchendo de perguntas.

Melodia foi até o limite da escola, e se encostou na grade, cantarolando como se nada tivesse acontecido. Assustador.

Me aproximei e ela sorriu para mim.

—Oi, Leo!—Ela deu um gole no suco e voltou a olhar para frente.

—O que foi aquilo com aquele garoto? —Ela olhou para mim ainda sorrindo.

—Ele me infernizou, eu apenas fui repreendê-lo, normal.

—Melodia, você traumatizou o garoto! O que ele fez afinal? —Me encostei na grade ao lado dela.

—Ah, ele ficou me cutucando e depois disse para o velho que dá aula que eu estava atrapalhando todos...E no final eu me irritei e acabei dando um tapa nele, aí fui colocada para fora da sala —Ela deu de ombros—Ele mereceu.

—Ele não vai irritar alguém por um bom tempo. —Eu ri.

—Duvido muito, esse tipinho já deve ter esquecido.—Ela levei lá sorriu para mim —Mas fora isso estou gostando da escola, a matéria é ridícula de fácil.

—Faz a prova por mim então, ajudaria bastante.

—Eu até poderia, mas não te farei esse favor. —Ela começou a andar, me deixando sozinho novamente.

—Você devia pelo menos se despedir. —Eu a segurei pelo braço e ela sorriu.

—Desculpa, é que eu combinei de lanchar com a Maya.

—Quer dizer que você fez uma amiga?

—Eu não diria isso, mas a garota é uma boa companhia.

A soltei e fiz sinal para que ela fosse procurar Maya, talvez ela desistisse de ficar na minha casa e fosse para a dela, me devolvendo a minha paz.

Vi ela correr e se agarrar no pescoço de Maya, que caiu para trás rindo igual idiota.

Depois de um pouco de conversa Melodia repentinamente pulou nas costas de Maya que a segurou pelas coxas e lá se foram elas, caminhando pelo pátio.

—Elas são loucas...—Murmurei rindo, pareciam duas crianças, bem...Não que Melodia estivesse muito longe disso.

—Não tanto quanto você. —Me virei e vi meu professor de biologia parado atrás de mim, o que me causou um mini ataque cardíaco, pois o velho era tão feio que achei que fosse um zumbi devido às pelancas e rugas deformes.

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—Bom dia, Sr.Marcos.—Cumprimentei com um falso.

—Bom dia, Leonardo.—Ele se manteve sem expressão—Aquela garota é sua prima, não é?

Ele apontou para Melodia que agora ia contra as leias da força e gravidade e carregava Maya nas costas com uma incrível facilidade.

—Sim, senhor, por quê? —Ele ajeitou os enormes óculos que escorregaram pelo nariz quando ele olhou para baixo.

—Ela causou um imenso tumulto hoje, e pude perceber que ela não é daqui—Meu coração acelerou —Então se puder por favor ajudá-la a se adaptar eu agradeceria, ou ela não poderá seguir aqui.

Suspirei aliviado e sorri.

—Claro! Vou cuidar dela, desculpe!—O professor abriu a pasta e me entregou uma folha que estava lá.

—Achei que seria humilhação te entregar na frente da classe. —Ele saiu e eu desdobrei o papel, encontrando minha última prova de biologia.

—Jesus amado, que fracasso. —Aquela devia ser minha pior nota naquele ano, 0,1 era realmente uma tristeza, e o décimo foi de consideração, eu havia afundado na prova.

O sinal tocou na hora dessa vez, nenhum minuto de atraso, claro, na hora de voltar para a sala eles não iriam errar.

Entrei na sala e sentei no meu lugar. Metade da sala ainda não havia voltado, e a outra metade que estava na sala cochichava sobre Melodia.

Falando dela, a mesma apareceu na porta ainda com Maya nas costas, chamando a atenção de todos na sala.

As duas se despediram e Maya foi para o seu lugar cumprimentando todos que a encaravam, não que isso fosse muita novidade.

O resto da aula passou normalmente, tirando os gritos de Melodia que podiam ser escutados com uma imensa facilidade.

A aula terminou e eu me levantei rapidamente, indo até a sala de Melodia para levá-la para casa.

A garota ainda estava sentada olhando para o quadro é anotando tudo no caderno, na última folha.

Me aproximei devagar e ela me encarou.

—Que foi? Perdeu alguma coisa aqui? —Ela disse irônica e voltou a escrever no caderno.

—Você é bipolar? Hoje me mesmo me tratou tão bem

—Eu devia estar fora de mim. —Ela fechou o caderno com força—Vamos embora.

Ela se levantou e foi na frente, levando os materiais na mão.

A alcancei, o que já havia se tornado rotina, ela era muito rápida.

Quando estávamos na saída da escola eu senti uma mão sobre meu ombro, era Maya.

—Que bom que eu encontrei vocês!—Ela sorriu —Querem ir almoçar na minha casa?

—Claro! —Melodia respondeu e elas deram as mãos e começaram a pular dando risinhos.

—Tenho como dizer não?—Suspirei.

—Não. —Elas responderam em uníssono.

Nós três começamos a caminhar juntos até a casa da Maya.

As duas estavam distraídas demais conversando, mas quando passávamos pelo porto eu senti alguma coisa ruim e acabei ficando mais alerta.

Quando passávamos perto da minha casa algo começou a sair da água e Melodia deu um grito agudo.

Uma mulher com os cabelos vermelhos, vermelhos mesmo, saiu da água vestindo um vestido prateado extremamente chamativo, e caminhava em nossa direção.

—Ariel?! É você?! —Eu gritei e dei dois passos para trás.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.