Holbrook

Capítulo 6 - Uma tortura exemplar


Eu estava sentada no meu jardim quando escutei um carro parando na frente da minha casa. Era Holbrook. Já se faziam dois dias que andávamos juntos, então eu decidi que era a hora de por os planos em ação. Tomei cuidado para escolher o figurino certo, típico de uma garota fútil, daquelas que entravam em completo contraste com ele por simplesmente não ter nada a ver com Derek. Eu me levantei, ele saiu do carro tirando seu óculos escuro, e com certeza estava mais lindo do que nunca, dificultando os meus planos.

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— Está atrasado!

Soltei a frase o entregando minha bolsa, a joguei por cima dele. Pude notar que ele olhou o seu relógio de pulso.

— Dois minutos.

Senti o tom de indignação em sua voz e então continuei.

— Já é um atraso, Derek. Se o meu sequestrador estivesse aqui a dois minutos atrás ele me sequestraria.

Ele ficou exatamente cinco segundos parado olhando para o carro, incrédulo, mas acabou por suspirar como se aquilo tivesse o atingido em cheio, e eu sorri vitoriosa.

Ele entrou dentro do carro e não disse uma só palavra todo o trajeto, até que finalmente paramos em frente a um SPA. Eu abri a porta e andei até a dele, me debrucei em sua janela o encarando.

— Você gosta de massagens? Espero que sim.

Bati a mão na porta e sai andando, rebolando e certa de que Holbrook não aguentaria aquele tédio todo por tanto tempo. Ele logo em seguida veio atrás de mim e nós entramos. Pedi todo o procedimento e ele se sentou em uma cadeira da sala de massagens. Não deu dez minutos e ele estava impaciente, se mexendo na cadeira e olhando em volta do quarto.

— Deveria ler alguma coisa.

Eu falei enquanto olhava a revista em minha mão, com o rosto cheio de massas verdes. Ele nem se quer respondeu, apenas pegou uma revista qualquer de fofocas e começou a ler. Ficou em silêncio por uns vinte minutos e então falou.

— Essas garotas não tem mais nada pra fazer da vida do que compras e se maquiar? Só tem isso nesta revista.

Ele folhou o bloquinho de folhas em sua mão e me olhou enquanto o fechava.

— Fulana comprou uma jóia milionária e ciclana apareceu com a maquiagem do ano.

Ele disse imitando uma voz feminina que me deu vontade de rir, mas permaneci firme.

— Maquiagem é importante, Derek. E se você se casar um dia - Dei ênfase no "SE", e ele levantou a sobrancelha esquerda pela crítica. - Deveria dar jóias a sua esposa.

Voltei minha atenção para a revista em minhas mãos e a massagista entrou no quarto.

— Olá! Tudo bem?

Ela deu um cumprimento geral, respondemos e logo ela se voltou para mim.

— Está na hora da massagem!

Ela bateu palmas empolgada e Derek apenas observava tudo. Eu me deitei e a massagista colocou uma música que qualquer garota amaria, mas Derek... Bom, o Derek suspirou e afundou a cabeça na poltrona. Eu mais uma vez segurei o riso. Ele não podia saber que era de propósito, ou nunca sairia do caso. Eu conhecia um pouco do Derek, ele era audacioso, de certo ficaria só pra me provar que conseguia, e eu sabia que sim.

Quarenta minutos de tortura e então somos para um salão, onde esperávamos para tomar um banho especial. Não demorou muito e eu encontrei uma amiga, que por sinal, fez um escândalo ao me ver. Nos sentamos uma ao lado da outra em espreguiçadeiras, enquanto Holbrook sentava em uma mesa, obviamente, distante de nós duas.

— Quem é o cara?

Ela perguntou curiosa e de certa forma interessada.

— Ele tá cuidando de mim. É um agente da CIA.

— O QUE?

Ela falou um pouco alto demais me fazendo levantar e fazer um "shhhh" à altura do seu grito.

— Me sequestraram, lembra? E agora ele fica atrás de mim. Mas já to cuidando disso.

— O que tá fazendo?

Olhei para ela com um sorriso debochado e mostrei o meu corpo gesticulando com as mãos, a fazendo se lembrar da situação.

— Trazendo ele pra coisas de mulher? Ele aguenta, vai!

— Eu duvido. Olha pra ele...

Olhamos Derek e eu completei a frase.

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— Aposto que tá acostumado com ação, lutas, socos e a matar alguém. Não dou dois dias.

— Você é má e ele lindo.

Revirei meus olhos e a ignorei, mas confesso que senti ciumes.

Depois de todo aquele inferno para Derek, fomos para o shopping. O fiz ficar ali por uma hora e meia me esperando experimentar roupas e ainda pedia sua opinião. Depois, para arrematar, festa do pijama. No final de tudo ele estava sentado em uma cadeira da sala com a mão esquerda apoiada no rosto e o cotovelo na perna, sua cara de tédio era incomparável e a minha satisfação também.

***

(POV DEREK)

Eu cheguei na casa de Lexie e ela já estava me esperando do lado de fora. Suas roupas eram diferentes do que eu estava costumado a ver nela. Mas sei lá, talvez ela tenha estilos alternativos. Sai do carro e ela já começou com as críticas, nem se quer me deixando respirar ou desejar um bom dia. Confesso que ultimamente eu estava entusiasmado com o nosso novo relacionamento que poderia sim dar certo, mas quando ela abriu a boca percebi que a chata arrogante havia voltado.

Ela reclamou e reclamou do meu atraso de dois minutos e ainda supôs que poderia ter sido sequestrada. Um absurdo! Ninguém sequestra ninguém em seu próprio jardim em dois minutos. Preferi ignorar e entrar no carro permanecendo em silêncio todo tempo. Fomos para um SPA, que foi o maior tédio da minha vida, e como se não bastasse só a massagem, ela ainda tomou um banho especial. Ah, e encontrou uma amiga escandalosa também, que gritava tanto que a recepcionista a pediu para manter o silêncio. Mas ai elas foram para longe e eu já não entendia mais nada que falavam, apenas notei que me olharam e eu sorri irônico para elas voltando minha atenção ao livro de auto-ajuda, que encontrei na mesinha do SPA. Fomos para casa de uma de suas amigas, e finalmente, oito horas depois fomos pra casa. Como eu disse, finalmente. Eu estava querendo matá-la.

***

Cheguei no prédio da CIA e andei até o elevador. Apertei o botão umas dez vezes até que ele chegou. Subi aos escritórios, logo entrando na sala da Brooke.

— Tá se vingando né?

Ataquei a loira que estava na mesa em minha frente. Era Brooke, minha chefe. Nós namoramos um tempo e depois eu terminei.

— O que?

— Tá se vingando porque te dei um fora.

Ela riu e ficou em silêncio, me olhou com tanto ódio que com certeza eu estava certo.

— Estamos sendo bem pagos para manter Lexie viva, e você é um dos meus melhores homens.

— Você sabe o que é ficar com a Lexie todo o tempo? É..

Eu gesticulei com as mãos sem achar palavras e então usei uma bem comum.

— É horrível.

Eu a olhei e ela pareceu até sentir pena. O que eu nem tava ligando muito desde que ela me tirasse do caso da Lexie.

— Tá vai, senta ai. Eu também tava mesmo me vingando, além de você ser mesmo um dos meus melhores homens. Mas acho que um dia com aquela garota já é o bastante. Sabe?! Eu a conheci.

Ela pegou inúmeros casos e jogou na minha frente.

— Escolhe um e eu mando outro pra Lexie.

Folheei os casos e escolhi o de uma mulher que seduzia os homens e depois os matava. Com a Lexie, quem ficou foi a Chloe, que devia estar me odiando. Eu tava feliz porque voltaria a casos de verdade. Caminhei até o elevador e o esperei abrir, quando entrei tinha uma mulher dentro dele, entrei sorrindo enquanto a olhava, ela sorriu por educação e logo quando chegamos ao térreo a porta se abriu. Mas a seriedade tomou conta da minha expressão quando vi o meu carro completamente destruído na garagem. Enquanto eu andava lentamente em direção ao mesmo, uma mensagem chegou em meu celular.


"Na próxima vez vai ser com você dentro."

Aquilo não me deu medo, aliás eu não gostava de pessoas me ameaçando, então retribui a mensagem para o número desconhecido.

"É mesmo? Estou ansioso."

Desliguei o celular ciente de que ele não desistiria, mas sinceramente, eu também não.