Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1
Capítulo 57 — Prof. Lukar Insensato... Outra Vez!
♦ Louisa Northrop ♦
Tudo aconteceu muito rápido.
Antes que Louisa pudesse ao menos gritar, seus olhos voltaram-se para uma cena impressionante que acontecia à sua frente:
Anne Crystal, num gesto automático e desesperado, lançou alguma coisa do bolso para cima, que logo revelou ser pequenas sementes pretas. Quando estas atingiram a altura máxima, enormes e grossas heras desabrocharam das sementes, suas pontas pregando-se sobre paredes opostas, formando uma espécie de "muralha" que incapacitaria o choque do lustre contra eles.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!E foi o que aconteceu.
Aparentemente, as heras tinham força suficiente para suportar a pressão do lustre, e logo diminuíram sua velocidade até que este ficasse imóvel, ainda suspenso por uma única corrente.
Estavam salvos.
O salão encontrava-se no mais completo silêncio, dando-se apenas para cada um escutar as batidas desenfreadas dos próprios corações; os olharem perplexos ainda pregados no lustre e nas heras.
— Por Merlim! — Victor Black foi quem cortou o silêncio, boquiaberto. Aparentemente, ele estava para levar uma colherada de omelete à boca quando todo o incidente aconteceu. Encarava os cinco grifinórios como se, ao todo, tivessem cinquenta cabeças. — Foi incrível! Vocês quase morreram! — exclamou, desacreditado.
Louisa continuava ofegante. Ao olhar ao redor, viu que eles realmente eram os únicos que estavam bem na mira do trajeto que o lustre tomava.
"Teríamos morrido instantaneamente...", pensou, assombrada.
— Oh, ora, vejam só! Mas que esplêndido! Nunca pensei que presenciaria tal cena de tamanha magnitude diante de meus humildes olhos!!
... Foi então que o prof. Beery surgiu do nada.
Louisa notou que ele olhava completamente fascinado para as heras enquanto se aproximava.
— Pela majestosa unha do dedo mindinho de Merlim: onde foi que você arrumou essas magníficas sementes, srta. Crystal?
Louisa esperava que Anne fosse se gabar como sempre, mas ficou surpresa em ver que o rosto da menina continuava pálido e sem reação. A situação anterior devia tê-la baqueado em cheio.
— Foi... Em uma viagem à África... — ela respondeu com voz fraca, o olhar assustado. — Fui com meu pai...
— Mas são esplêndidas! — o professor analisou as heras, passando as mãos cuidadosamente como se acariciasse um grindylow (Louisa já tivera experiências aterrorizantes com os pequenos demônios d’águas). Voltou-se para Anne. — Você tem mais delas aí com você? — Anne assentiu, engolindo em seco. — Pois bem! Precisa me mostrar já essas pérolas!
Com isso, o prof. Beery encaminhou uma Anne ainda paralisada para fora do Salão. Nem mesmo parecia ter visto a gravidade da situação que ocorrera no local...
Mas outra pessoa sim.
O prof. Dumbledore entrara no mesmo instante, seus olhos azuis arregalando-se ao irem de encontro ao ponto do emaranhado de heras e do lustre a centímetros do chão.
— Mas como...? O que houve aqui?
— O lustre se soltou do nada. — o prof. Lukar se erguia do chão com esforço; aparentemente, ninguém havia reparado em sua doída queda da vassoura, provavelmente ocasionada pelo susto. — Não sei como aconteceu...
— Mas... Você não estava mexendo nele, Lukar?... — o prof. Marshall, que Louisa nem notara estar no local, carregava uma expressão preocupada. — Será que não acabou soltando algo sem querer?...
De repente, todos os olhares caíram sobre o professor de Voo, que engoliu em seco.
— Mas... — balbuciou tenso e constrangido. — E-Eu juro que não mexi em nada, eu...
— Lukar. — com o chamado do prof. Dumbledore, o homem se calou na mesma hora. Contudo, não havia censura e nem mesmo reprovação na voz e estatura do professor de Transfiguração. — Venha comigo.
Louisa jurou que, não fosse por estarem na presença de Dumbledore — que além de professor também era vice-diretor — todos os alunos teriam soltado um sonoro "Oooohh", lamentando pela situação do prof. Lukar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O prof. Lukar foi na frente (esquecendo-se até mesmo de apanhar sua tão amada Tinderblast), saindo preocupadamente do local. Já o prof. Dumbledore, antes de segui-lo, virou-se ao prof. Marshall, que ainda mostrava-se bastante nervoso.
— Ajeite as coisas por aqui, Marshall. — pediu.
O outro, buscando aderir uma aparência mais profissional diante da imagem centrada de Dumbledore, ajeitou a postura, concordando.
— Claro, agora mesmo. — acenou, respeitoso.
Com a saída do prof. Dumbledore, o som ambiente pareceu ter se ligado novamente na audição de Louisa.
Os quatro grifinórios se encararam, estáticos.
Billy foi o primeiro a conseguir a proeza de pronunciar uma palavra que fosse:
— Mi Díos...
— Por minha santíssima senhora... — Iris resfolegou, sua voz, outrora firme e resoluta, agora baixa e baqueada. A ruiva tinha levado as mãos instantaneamente ao rosto no momento do susto, e continuava a mantê-las ali.
Louisa via no rosto de seus colegas as mais diversas sensações que rodeavam o interior dela própria: medo por ter quase morrido esmagada por um lustre; espanto por ter sido salva por ninguém mais ninguém menos que Anne Crystal; e incredulidade com a atitude excêntrica do prof. Beery, que pareceu mais interessado nas sementes do que no bem estar de seus alunos.
— ... A Crystal... ela... — Louisa balbuciou, desorientada, engolindo em seco. — ... nos... salvou. — suas palavras soaram ainda mais surreais ditas em voz alta.
Matt esfregou a nuca.
— É... não iria acreditar que algo assim aconteceria no dia de hoje nem que me pagassem mil galeões... nem mesmo se o próprio Mopso¹ tivesse visto essa cena em suas folhas de chá. Na época dele, pelo menos. — acrescentou.
Iris foi a primeira a apresentar sinais de que estava vagarosamente saindo do estado de choque. Ela piscou algumas vezes, como para organizar os pensamentos.
— Bem... admito que foi uma situação inusitada e altamente questionadora... — ela fez uma ligeira careta. — Por Deus, ela nem mesmo se gabou por ter sido a salvadora da pátria! — balançou a cabeça, incrédula.
— Acho que ela ficou tão paralisada quanto nós. — Billy opinou. — Afinal, a srta. "Dedo-Duro" quase teve sua tão preciosa vida ceifada, ou melhor, esmagada por um lustre de cinco toneladas!
Iris pigarreou.
— Acho que está exagerando, Sánchez. — ela olhou para o lustre logo ao lado, que continuava a ser segurado pelas heras de Anne, com nítido interesse. — Esse lustre deve ter três toneladas... ou nem isso... duas e meia, talvez?
— Nem de longe, muchacha, com certeza deve ter cinco, olha a espessura desse metal! — o garoto insistiu.
— Três, e não se fala mais nisso. — a ruiva cruzou os braços.
— Cinco.
— Três.
— Cin...
— Ah, por Merlim! — Matt os interrompeu, parecendo não acreditar na discussão que havia se formado inesperadamente. Deu um doloroso tapa na cabeça do Sánchez. — É sério isso? Todos nós quase morremos e vocês estão discutindo sobre o peso de um lustre?
Louisa quase o agradeceu por ter freado logo aquele debate descabido que Iris e Billy inventaram de travar — se os conhecia bem, a teimosia de Iris, juntamente com a terrível mania que o Sánchez tinha em querer estar certo em tudo, os levaria a ficar ali discutindo o dia todo.
Tratou de voltar ao assunto imediato que requeria prioridades:
— A Crystal disse que não está com o amuleto. — alterou um pouco a voz, para que seus colegas prestassem atenção. — O que faremos agora?
Matt estalou os dedos de repente, os olhos fixos nas portas do Salão Principal. Um sorriso pilantra surgiu, então, em seus lábios.
— Vocês eu não sei — piscou para as garotas, pegando Billy pelo braço em seguida. —, mas eu e Billy temos algo a tratar. Até daqui á pouco! — falou acima do ombro, já pondo-se a sair rapidamente do local, puxando um Billy confuso atrás dele; as sempre fiéis moscas que circundavam a cabeça do Sánchez esforçando-se para acompanhá-los.
Iris tinha a boca entreaberta, vendo que sua chance de pedir para que eles esperassem e revelassem o que iriam fazer fora totalmente por água abaixo. Ela suspirou, revirando os olhos azul-gelo e voltando-os para Louisa.
— Bem... mesmo depois de tudo isso — ela fez um gesto amplo com a mão, indicando os falatórios escandalizados dos alunos que presenciaram a tão "ilustre" cena, e o prof. Marshall que, agora, se punha a fazer o lustre levitar de volta para sua posição original. —, ainda acredito que a Crystal esteja mentindo. — Iris pareceu obrigar a si mesma a acreditar nessa afirmação.
— Então... vamos atrás dela novamente? — Louisa perguntou um tanto incerta.
Compartilhava o mesmo sentimento de Iris: a atitude de Anne em salvá-las havia sido uma grande bomba de contradições em suas intenções de acusá-la de roubo.
Iris mordeu o lábio, enrolando uma mecha de cabelo entre os dedos. Louisa reparou que a garota sempre fazia isso quando estava nervosa, encucada ou pensativa.
De repente, o olhar dela repousou sobre as portas do salão, exatamente como fizera Matt minutos antes; contudo, sua frase foi outra:
— Emily Parker! — o chamado de Iris foi tão alto e tão estridente que Louisa saltou no mesmo lugar. — Parada aí! — ela logo se pôs a correr na direção da pequena garota.
Louisa foi atrás, um tanto quanto confusa.
Emily pareceu paralisar no lugar, os olhos assustados e lábios trêmulos, como se tivesse sido pega em flagrante cometendo algum delito.
Observou Louisa e Iris se aproximarem como se fossem verdadeiras megeras da antiguidade, indo devorá-la.
— O-o que qu-querem de m-mim?... — ela gaguejou, falando com uma voz tão fina e tão baixa que Louisa compadeceu-se do estado da frágil garota em questão de segundos.
... O que não foi o caso de Iris.
— Queremos ter uma conversinha com você. — ela frisou. — Mais especificamente sobre sua “querida” amiga — ela fez aspas com os indicadores —, mais conhecida como "Dedo-Duro", julgo Anne Crystal. — Iris olhou-a atentamente, e Emily estremeceu.
Não demorou para Louisa compreender que Iris estava finalmente realizando seu sonho de dar uma de "detetive", dada a sua altíssima performance em parecer intimidadora.
A Parker piscou várias vezes, entre duvidosa e temente.
— Qu-querem falar sobre a Anne? — franziu as sobrancelhas pequenas (igualmente como todo o resto de sua aparência física). — E-eu não...
— Escute, Parker. — Louisa decidiu interferir, soando mais gentil que sua colega temperamental. — Precisamos que você responda algumas perguntas. Podemos nos sentar em algum lugar, se quiser. — sugeriu, como forma de acalmá-la.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Fosse por suas pernas bambas ou por querer adiar a conversa por um tempo, Emily assentiu. Enquanto as três seguiam para um banco próximo ao Arco de Ouro, Iris lançou um olhar censurador a Louisa, falando sem emitir som: "Você é muito mole".
Sentaram-se. Iris mantivera-se em pé, frente à Parker, como para deixar evidente que estava ali para impedi-la de sair caso quisesse. Louisa, por outro lado, esperou pacientemente Emily se acalmar um pouco. Imaginou que ela talvez estivesse no Salão Principal no momento da queda do lustre e que isso explicava sua estatura assustada (bem... mais que o normal).
Nunca tinha conversado com Emily Parker até então.
Ela era a típica "garota invisível", e quando era de alguma forma colocada à mostra (ocasiões em que algum professor a chamava para responder uma pergunta, por exemplo), ficava tão tímida e introvertida, falando tão baixinho, que mal dava para guardá-la na memória.
— Então... — Iris pigarreou, cruzando os braços; o jeito tímido de Emily pareceu deixá-la um pouco desconfortável. — Queremos saber sobre um... objeto que acreditamos que a Crystal tenha pego recentemente. Um objeto que nos pertence.
Emily levantou os olhos para Iris, um pouco trêmula. Louisa viu duas opções de interpretação nesse gesto: a primeira lhe dizia que Emily sabia exatamente sobre o que estavam falando; e a segunda era que, simplesmente, a garota tivesse um pouco de medo do jeito energético de Iris, considerando que era, bem, o completo oposto da ruiva.
— Um... objeto? — a pequena garota pareceu ficar sinceramente confusa, como se na verdade tivesse esperado outro tipo de assunto. Balançou a cabeça vagarosamente. — Eu... não sei de objeto nenhum. Que tipo? — ela perguntou com receio.
— Um colar, pode-se dizer assim. — Louisa falou rapidamente. Não pôde deixar de notar que Emily parecia ficar menos à vontade quando se dirigia à ela. Ignorando a desagradável sensação de que a Parker também deveria partilhar das mesmas opiniões de todos a seu respeito, Louisa continuou: — Sumiu noite passada, e temos motivos suficientes para acreditarmos que Anne foi a responsável.
— Hum... — a garota fez cara duvidosa. Era um pouco desconfortável o fato de Emily não as encarar nos olhos, e sim, sempre num ponto acima de seus ombros. Ela com certeza possuía um nível de timidez altíssimo. — Eu não lembro de Anne ter dito algo sobre isso...
Iris ergueu uma sobrancelha.
— Certeza?
O tom da ruiva foi do tipo: "Se estiver mentindo, nós saberemos...", o que, definitivamente, fez com que Emily desatasse a falar:
— O-olhe, eu não faço ideia se Anne pegou algum pertence de vocês. Ela entrou no seus quartos no outro dia, mas ela disse que você — olhou insegura para Iris. — expulsou ela de lá. Anne ficou bem irritada com aquilo, por não ter tido tempo de ver nada direito, mas não voltou a entrar no dormitório de vocês. Eu juro! — falou com intensidade.
Iris trocou um olhar questionador com Louisa.
— Como você pode garantir isso? O que a Crystal está fuxicando, afinal? Por que ela está com essa obsessão com a gente? — a ruiva perguntou.
Emily comprimiu os lábios, parecendo estar extremamente infeliz, como se já esperasse que passaria por algo assim mais cedo ou mais tarde.
Ela olhou para o chão, amuada.
— Olhem... Anne é uma pessoa difícil. Ela tem muitas opiniões... divergentes demais. Ela acabou pegando um tipo de cisma com a Northrop desde uma aula do prof. Marshall, que ela tirou nota baixa... — olhou furtivamente para Louisa. — E quando você começou a se aproximar dela, Legraund, consequentemente levou Anne a não gostar de você também.
— Mas que tristeza... — Iris ironizou, revirando os olhos.
Emily continuou, agora em tom mais baixo:
— Ela... acabou criando uma fixação por vocês duas. Sempre querendo saber o que estão armando. Ela acha que vocês irão desonrar o nome da Grifinória, ou algo assim. — ela encolheu os ombros. — Bem... o caso é que Anne me diz tudo o que faz ou que pretende fazer... e com certeza saberia se ela tivesse pegado esse... colar que vocês falaram. É só o que tenho a dizer, juro. E-Eu sinto muito... — disse num fio de voz, encolhendo-se no banco.
Louisa viu que insistir seria tempo perdido.
Emily realmente não parecia saber nada sobre o amuleto. Sua estatura de bicho ameaçado era evidente, e não achou que ela conseguiria mentir nem se quisesse.
Aparentemente, Iris deu-se conta da mesma coisa. A ruiva baixou os ombros, frustrada, sentando-se ao lado de Emily. Toda sua aura de "detetive" havia desaparecido.
— Ah, que droga. — disse. — Desculpe pela falta de empatia, Parker. — olhou para a pequena. — Normalmente não chego nas pessoas como se fosse matá-las... bem, tirando a Crystal. E a Hevensmith. — acrescentou.
Emily apenas acenou timidamente.
— Não tem problema... — olhou de Iris para Louisa. — Só... tomem cuidado. Aquele lustre quase matou-as. — ela tremeu. — Tenho que ir agora... — ela foi se levantando, talvez aliviada por seu interrogatório ter chegado ao fim.
Louisa e Iris levantaram-se também.
Louisa olhou atentamente para a Parker.
Ela era tão... sozinha. Nunca havia se dado conta disso, pois ela normalmente passava bastante tempo com Anne; contudo, agora que a olhava bem, dava para ver que ela tinha uma aura de solidão instalada ao seu redor.
Por muito tempo achou que era a única pessoa excluída dos demais colegas do castelo...
Mas viu que não era bem assim. Sentiu-se culpada de certa forma.
Tentou dizer qualquer coisa que fosse:
— Hum... obrigado pela preocupação. É gentil de sua parte. — optou por utilizar palavras educadas, como sua mãe sempre lhe dizia para fazer caso não tivesse outra coisa em mente.
— É. Não sei por que você anda com a Crystal... — Iris balançou a cabeça. — Ela é uma chata de galocha.
"Chata de galocha...", Louisa estranhou; quantas mais expressões estranhas os trouxas inventavam?
Emily encolheu os ombros, sem graça.
— B-Bem... sei que Anne é difícil... mas ela é boa comigo. — explicou. — Ela me ajuda nas lições e... bem, quando não está arrumando maneiras de acabar com os planos das pessoas, ela é legal. De verdade. — falou ao ver as expressões reticentes nos rostos de Iris e Louisa.
— Na minha opinião, você devia arrumar outros amigos, Parker, porque aquela lá, definitivamente, se enquadra na pior versão de amizade. — Iris não fez questão de esconder a clara sinceridade em sua voz.
Emily apenas torceu o pequeno rosto, mas não disse nada. Em seguida, deu-lhes as costas e saiu em passos lamuriosos em direção às escadarias.
Iris soltou o ar.
— Mas que garota esquisita.
Louisa deu de ombros.
— Um pouco. — começaram a andar de volta ao Salão Principal. — Acho que ela possui problemas dos quais não temos conhecimento.
— Bem, se ela tem, duvido que dividiria com quem quer que seja. — Iris comentou.
Pareceu que ela iria dizer mais alguma coisa, porém, foram surpreendidas ao ver Billy e Matt surgirem na curva do corredor. Louisa foi rápida e deu um passo para trás, evitando uma colisão — Iris, entretanto, não teve essa mesma sorte por estar um pouco mais adiante: chocou-se fortemente com o Ryman, só não caindo pelo motivo de o garoto ter lhe segurado no último instante.
Matt massageou o ombro dolorosamente quando a garota desvencilhou-se dele.
— Ai, ai... sempre posso contar com você para me proporcionar um "belo encontro", Legraund.
— Você quem não enxerga por onde anda, Ryman. — Iris retrucou, ajeitando a capa. Voltou-se para os garotos em seguida. — Onde vocês se meteram?
Billy fez um rápido meneio com a cabeça, fazendo as moscas se dispersarem por alguns segundos.
— Nada relevante. Matt queria bisbilhotar a conversa do prof. Dumbledore com o prof. Lukar, mas não foi nada tão extraordinário. Apenas uma sucessão de "Não tive culpa", "Não sei o que deu naquele lustre" e "Onde está minha maravilhosa Tinderblast perfeitamente polida?". — o garoto imitou perfeitamente a voz do professor de Voo.
Louisa franziu o cenho.
— Mas o que essa conversa teria de importante? — indagou, confusa.
Matt encolheu os ombros, como se não fosse nada demais.
— Apenas uma coisa que tinha me passado pela cabeça... mas acho que estava errado. E vocês, falaram com a Crystal de novo?
Iris negou.
— Não. Conversamos com Emily Parker... — ao ver que as expressões dos meninos foi do tipo "quem é essa?", Iris se impacientou. — Emily Parker, sabem, a garota pequena, tímida e que vive triste pelos corredores. — insistiu. — Está na nossa turma.
Levou alguns segundos até que os garotos se recordassem.
— Ah!... — o semblante de Billy clareou-se. Voltou-se para o amigo. — É aquela garota que colocamos besouros na capa por engano, recuerda? Numa aula de Voo no começo do trimestre...
— É mesmo... — Matt acenou, pensativo.
— Mas que maldade! — Iris reprovou.
— Não era para ser na dela, e sim, na de Suzanne Roowar. — Billy defendeu-se. — Setrus estava oferecendo dois galeões para quem conseguisse o êxito...
Louisa lembrava-se vagamente de uma aula de Voo em que Emily saíra correndo para o castelo nos primeiros dez minutos de aula. Fazia calor e a maioria tinha retirado as capas… Todos pensaram que ela simplesmente tivera medo de montar numa vassoura pela primeira vez e por isso acabou fugindo.
— Pois bem, sobre o que trataram com essa garota? — Matt indagou.
Iris resumiu rapidamente a conversa que tiveram, enaltecendo as partes em que Emily insistira que Anne não estava em posse de amuleto nenhum.
Billy soltou um praguejo, impaciente.
— Maldita sea... pessoal, chega de tentar ir atrás desse amuleto idiota. Não vamos encontrá-lo, isso é fato. Já disse e repito: podemos muito bem encontrar o pedaço do Cristal Maldito sem esse amuleto. Além disso, agora sabemos pelo menos onde o Cristal está.
Louisa inclinou o rosto.
— Mas pode ser que o amuleto esteja realmente com a Crystal e ela simplesmente não tenha mencionado para a Parker.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Billy, achei que já tínhamos terminado essa discussão. — Matt falou, cansado. — É decididamente mais seguro termos o amuleto em mãos.
— Mas o Cristal Maldito pode mudar de lugar mais cedo ou mais tarde! — o garoto argumentou, irritado. — Assim perderemos a única chance que temos de encontrá-lo!
— Olhe, Sánchez... — Iris começou, calmamente. — Podemos abordar a Anne novamente, e pode ser que ela confesse e devolva o amuleto. Só precisamos de um plan...
— Maldicíon, ustedes están completamente locos! — Billy jogou as mãos para o alto. — Ficam falando desse amuleto vinte quatro horas por dia, e estamos perdendo cada vez mais tempo!
Matt trincou o maxilar.
— Olhe aqui, Billy. — falou em tom duro. — Se quer ser a próxima vítima do Cristal, o problema é terminantemente seu. Não quero estar à mercê de atitudes impulsivas de um completo tolo.
Billy cerrou os dentes.
— "Tolo"?
"Essa não...", Louisa, vendo que a atmosfera estava ficando tensa entre eles, afastou-se alguns passos.
— É isso aí, pois é exatamente o que você está sendo. — Matt replicou. Dava para ver a raiva crescendo em seus olhos verdes.
O rosto moreno de Billy assumiu uma coloração enegrecida, seus olhos escuros soltando faíscas na direção do amigo.
Louisa começou a se preocupar com a chance de ocorrer uma guerra ali e agora.
Iris, numa demonstração de coragem — ou estupidez, na opinião de Louisa, pois poderia acabar sendo pega no fogo-cruzado —, colocou-se entre os dois garotos.
— Hey, hey, acalmem-se! Vocês são amigos! Pra quê isso? — olhou de um para o outro.
O silêncio pairou pelo corredor. Billy e Matt desfizeram as estaturas de intimidação. Louisa respirou aliviada.
Billy, então, deu-lhes as costas, pisando duro, entre frustrado e zangado.
— Querem saber? Eu mesmo poderia investigar sozinho! — bradou, virando então o corredor e desaparecendo de vista.
Outro silêncio, agora constrangedor, pairou sobre os outros três.
Iris olhou para Matt.
— Ele fala sério? — perguntou com suavidade.
O garoto bufou.
— Nem sonhando... — balançou a cabeça, colérico. — Depois tento falar com ele. — e saiu, deixando as duas sozinhas.
Iris e Louisa se entreolharam. A ruiva, então, levantou as sobrancelhas.
— Depois dizem que as garotas quem são sensíveis...
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