POV - Ethan MacMillian

As festas de fim de ano passa de forma tranquila na medida do possível. Sophie passava mais tempo no hospital do que em casa. E mesmo quando estava em casa as conversas entre nós eram simples e curtas. Porém ainda nessas poucas conversar sentia como se Sophie soubesse da verdade, por mais que ela jamais tenha dito algo, a forma como ela me olhava era… não sei explicar, simplesmente parecia que ela sabia, não só que não era a verdadeira Heloise na sua frente, mas que era, eu Ethan, que estava. Eu não sei se vocês entenderam bem o que quero dizer, mas tenham em mente que era uma sensação ruim. Muito ruim.

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Mas, enfim graças a Merlin, o natal e o ano novo passaram e eu pude voltar para a escola, onde havia uma poção com altos riscos de explodir, mas que parecia mais seguro do que ficar um dia ao lado de Sophie.

Heloise não melhorou nem uma pouquinho nesse tempo, mas pelos menos durante o recesso a fiz comer alguma coisa além de Varinha de Alcaçuz.

Assim que cheguei perto castelo com Heloise agarrada as minhas costas percebi que o clima estava tenso e pesado. Heloise também pareceu percebe pois se apertou ainda mais a mim. Fiz um leve carinho em seu braço e continuei a caminhada.

Logo na entrada era possível ver 4 aurores parados em posição de guarda com varinhas em punho. Dei um leve impulso em Heloise para reajustá-la as minhas costas e ia passando pelo grande portão fingindo não ter reparado nas figuras imponentes.

– Alto! - escutei uma voz grave diz e parei de súbito. Um dos aurores, um homem alto, vestido com grossas botas de couro de dragão e um sobretudo que parecia de pele se aproximou de nós. - Nomes. - ele disse me analisando de cima a baixo.

– Ethan MacMillian e Heloise Bennett - respondi olhando-o nos olhos.

– MacMillian… - ele falou calmamente - Como Margô e Valentim MacMillian? - ele questionou com algo em sua voz que parecia deboche.

– Meus avós - respondi também firme - Algum problema?

– Seus avós eram comensais pelo que me lembro. Ficaram presos por anos.

– E isso agora faz do garoto um Comensal, Stefan? - perguntou uma outra voz vinda da minha frente. Olhei naquela direção e vi o Professor Suggar, de estudos dos trouxas e diretor da casa de Heloise.

Ele era um cara baixinho e gordo, o que fazia ele parecer uma bola com pernas, tinha a pele rosada e estava vestido com as cores da sua casa, preto e amarelo.

– De forma alguma, professor - falou Stefan ainda com o sorriso cínico no rosto. A maioria das pessoas não respeitavam Suggar por dois motivos. Primeiro por ele dar uma matéria que a grande maioria, infelizmente, ainda achava chata e desnecessária e o segundo motivo era o fato dele parecer um grande bebê leão-marinho. - Só estava me perguntando o por quê dele estar levando essa menina nas costas.

– Essa menina, caso o senhor ainda não a tenha reconhecimente, é filha de Arthuro e Sophie Bennett.

– Eu sei que ela é professor. A pergunta foi por quê ela está nas costas do Sr. MacMillian?

Suggar sorriu como se já tivesse se feito essa mesma pergunta milhares de vezes. Fiz menção de responder, mas o professor me silenciou com o olhar.

– Acredito Stefan, que deva constar em seus relatórios, que Heloise foi uma das vitimas dos ataques ocorridos em Hogwarts. E apesar de ter ficado numa condição melhor que a maioria ela ainda assim deve sequelas e o Sr. MacMillian tem a ajudando no período de recuperação. Agora creio que os meninos estão cansados da viagem e que queriam rever seus amigos, além do mais aqui fora esta congelante então se nos dá licença.

Suggar deu um passo para o lado e eu passei por ele. Assim que passei o professor se virou e entrou comigo e Heloise.

– Obrigado professor. - falei verdadeiramente grato, enquanto caminhavamos - Sempre que esbarro com um auror passo por essa perseguição por causa dos meus avós.

– Ninguém deve ser condenado por atitudes tomadas por outras pessoas. Os seus avós sabiam o que estavam fazendo e você não deve nada a ver com isso, na verdade nem mesmo era nascido naquela época não é mesmo. - ele deu um sorriso e eu sorri de volta - mas devo pedir que tome cuidado ao andar pelos corredores da escola. Os tempos estão difíceis, um novo ataque ocorreu durante o recesso. A escola está cheia de aurores, mas eles são os menores dos problemas. A desconfiança e a duvida são problemas mais graves, ninguém confia mais em ninguém os alunos estão se isolando em grupos e até os professores estão com os nervos a flor da pele.

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A cada palavra Suggar parecia ainda mais cansado, velho e abatido. Ele me lançou um olhar melancólico.

– Me perdoe pelo desabafo. Eu nem mesmo deveria falar essas coisas com o senhor. Tento em vista que é apenas um aluno.

– Tudo bem professor - disse lhe dando um sorriso discreto e mais uma vez reajustando Heloise em minhas costas. - Sei que as coisas estão difíceis, mas tenho fé que em breve essas situação se resolva. - fiz um leve carinho na cabeça de Heloise.

– Que Deus lhe ouça meu jovem. Bom agora vá, já tomei muito de seu tempo.

– Mais uma vez obrigado. Saiba que se quiser pode contar comigo - falei antes de me conter. Suggar riu e entrou por um dos corredores laterais.

– Triste? - perguntou Heloise olhando para o homem que se afastava a passos lentos e cansados.

– Todos estão meu bem - falei baixo e continuei minha caminhada pensando no qual sábio era o Sr. Suggar, um dos homens menos respeitados na escola.

Depois de algum tempo de caminhada finalmente cheguei a sala precisa. Fui direto para lá pois sabia que era onde Bryan estaria e como só teríamos aula na manhã seguinte não teria problemas.

Nem preciso dizer que acertei na mosca. Lá estava ele, parecia um bicho-pau pré-historico, magro e cabeludo. Vestido com a calça do uniforme e uma blusa do Puddlemere United, seu time de quadribol favorito, que eu havia lhe dado de natal. Havia profundas olheiras em seu rosto mostrando que ele não dormia a dias.

Suspirei e coloquei Heloise sentada na cama. Ela brincava com o pingente da pulseira de ouro que eu havia lhe dado de natal, a pulseira fora feita por duendes. O duende que me vendeu disse que ela tinha como propriedade magica afastar doenças. “Sei” pensei olhando o estado de Heloise.

Reparei que Bryan ainda não tinha notado nossa presença então resolvi nos anunciar e deu um pigarro. Depois de um leve sobressalto ele se virou brevemente.

– Ethan… ahn… Feliz Natal. Obrigado pelo presente - ele disse me olhando por cima do ombro - não pude comprar o de vocês por enquanto, mas prometo fazê-lo assim que possível - completou se voltando para a poção.

– Não se preocupe com isso. - me aproximei dele cautelosamente - Como anda? - perguntei me referindo a poção.

– Quase pronta. Esses dois são os últimos ingredientes - ele apontou para um frasco com um liquido transparente e para uma vasilha com algum tipo de erva picada.

– E o que você está esperando?

Ele hesitou - foi nesse ponto que ela explodiu da outra vez - falou baixo.

– Hey, dessa vez vai dá certo cara - falei tentando passar confiança a ele.

– Eu sei que vai - Bryan pegou um fraco minusculo dentro do bolso da calça. Dentro do frasco havia um liquido dourado que parecia ouro liquido.

– O que é isso?

– Felix Felicis. Sorte Liquida - ele explicou vendo minha cara de duvida.

– Legal, onde você arrumou isso?

– Eu fiz.

– E você vai tomar?

– Sim, para acrescentar os últimos ingredientes. Essa quantidade deve me fazer ter sorte por uma ou duas horas.

– Será o suficiente?

– Sim - Bryan falou e bebeu todo o conteúdo do frasco de uma só vez.

Fiquei esperando para ver a reação de Bryan. E ele começou a sorrir como um alucinado.

– Bryan? Tudo bem? - perguntei preocupado.

– Excelente! Excelente! - ele respondeu eufórico - Vou até a estufa!

– Vai onde? Não! Bryan você tem que terminar a poção! - falei nervoso com aquela sandice.

– Ah sim, claro. A poção - suspirei aliviado - A terminarei assim que voltar da estufa.

E assim com todo a simplicidade do mundo saiu da sala precisa. Pensei em ir atrás dele, mas não podia deixar Heloise sozinha.

– Bryan feliz! - ela disse rindo como uma criancinha quando sentei ao lado dela na cama.

– Bryan maluco! - murmurei.

Umas meia hora depois de ter saído da sala, Bryan voltou cantarolando uma musicas dos The No Future, a banda bruxa favorita de Helô.

– E ai, como foi o passeio? - perguntei sem disfarçar o deboche na minha voz.

– Excelente! - ele falou sorrindo e se aproximou da bancada onde trabalhava. Reparei que ele alguns tipos de flores na mão.

Assim que chegou a bancada ele começou a arrancar as pétalas das flores e colocar no pote de ervas.

– O que você está fazendo? - perguntei me levantando com um salto e indo até lá para tentar impedi-lo.

– Não sei ao certo - ele respondeu com sinceridade ainda sorrindo e colocando as pétalas.

– It - chamou Heloise. Olhei na direção dela e vi que elas nos observava sorrindo - Vem!

Voltei para a cama e deixe Bryan trabalhando em paz. Ele ficou mais alguns minutos colocando pétalas na vasilha. Depois colocou o conteúdo da vasilha e do frasco no grande caldeirão que contia a poção. A mesma começou a chiar e borbulhar, um forte cheio se instalou no ar.

– Vai explodir - pensei alto reprimindo a vontade de correr.

Sinceramente só não sai correndo naquele momento por causa de Heloise e porque Bryan ainda estava ao lado do caldeirão sorrindo como se nada demais estivesse acontecendo. Eu não podia abandonar os dois ali.

A temperatura aumentou drasticamente, os chiados que vinham da poção aumentar também. Instintivamente joguei Helô de costas na cama e fiquei por cima dela como se fosse um iglu humano e esperei o impacto da explosão nas minhas costas. Entretanto nada aconteceu. Tão rápido quanto começaram os chiados pararam assim como o som de borbulha. Olhei para o caldeirão e vi que Bryan tinha desligado o pico de fogo que aquecia o caldeirão. A temperatura começou a diminuir. Sai de cima de Heloise um pouco constrangido. Ela me encarava com a face rosada e sorrindo timidamente.

– Pronto! - falou Bryan. Sua euforia era a cada minuto menor e menos artificial.

– Vai funcionar?

– Tenho 98% de certeza que sim.

– Ótimo então vamos dá-la a Helô - falei sorrindo.

A euforia de Bryan foi toda embora de uma única vez, seu rosto murchou como se ele tivesse escutado, repentimente, a pior noticia de sua vida.

– O que houve? - perguntei assustado com a repentina mudança em seu semblante.

Bryan não respondeu. Pegou um copo dentro de um armário, o encheu com suco de abobora e colocou mais alguma coisa dentro. Se aproximou da cama e deu o copo a Helô.

– Bebe Heloise, é suco de abobora - ele sorria, mas era possível ver uma certa melancolia em seus olhos.

Heloise se sentou na cama e pegou o copo sem pestanejar. A única coisa que havia melhorado nela desde o ataque fora o fato de ter cada dia menos “medo” de Bryan. Ela deu um sorriso tímido e bebeu todo o conteúdo do copo rapidamente. Entregou o copo a Bryan, deitou em uma posição confortável na cama e logo caiu em um sono profundo. Foi quando entendi que Bryan a havia dado poção do sono e de alguma forma Heloise sabia o que estava tomando.

– Por que? - perguntei confuso com a situação.

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– Ela vai dormi por doze horas.

– Mas por que fez isso? Por que não deu a poção para ela? - perguntei me sentindo cada vez mais nervoso.

– Ethan venha aqui - Chamou Bryan indo até um canto afastado da sala. O segui ainda confuso com tudo.

Chegando lá parei a alguns passos dele. Bryan sacou sua varinha e a apontou para mim, ou melhor para trás de mim, por cima do meu ombro.

Abaffiado! – ele ordenou criando uma barreia de som entre nós e o resto da sala - Está com a sua varinha Ethan? - ele perguntou e eu peguei minha varinha dentro do casaco - Otimo , agora escute, não temos tempo para rodeios, a poção precisa ser testa antes que possamos dá-la a Heloise.

– Testada? - murmurei confuso e nervoso.

– Sim, ela é uma poção muito perigoso e se algo der errado pode causar a morte de quem a tomou.

– Mas, como vamos testar isso? Como vamos fazer isso? - a cada palavra me sentia desesperançado e sem chão. Foi tanto trabalho, principalmente de Bryan, em vão. Não era possível.

– Precisamos de um voluntário!

– E onde vamos conseguir a merda de um voluntario que tenha sido torturado até a loucura para isso? - falei com uma fúria repentina.

– Já temos esse voluntario. Eu! - ele falou e pude sentir o seu pesar, mas nem mesmo isso foi maior do que o bague que eu senti quando minha ficha caiu.

Por isso ele tinha apagado Heloise e feito a barreira de som. Ele queira que eu o torturasse.

– Não! Não! Nem pensar! Não posso fazer isso! - falei agitado e cerrando as mãos em punho com tal força que logo senti o sangue molhando as pontas dos meus dedos.

– Você pode e vai! - falou Bryan com firmeza.

– Não vou! - rebati serio.

– Ou faz isso ou morre.

– Está me ameaçando Taylor?

– Não, mas você esqueceu do Voto?

Foi como se eu tivesse sido atingido por facas. Era verdade eu havia jurado fazer o que Bryan mandasse até que Heloise estivesse boa, não importando o quão louco ou incabível fosse o pedido.

– Você me traiu - o acusei.

– Eu fiz o que era necessário.

– Necessário? Você abusou da minha vontade de salva Helô, abusou da minha confiança em você e me apunhalou pelas costas.

– Eu apenas quero fazer todo o possível para salvar Heloise.

– VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO COMIGO! VOCÊ ME CONDENOU A AZKABAN! - eu sentia meu sangue ferver incontrolavelmente. Minha varinha soltava fechos de luz involuntários.

– Ninguém nunca vai saber de nada!

– Ah, não? Mas e se der errado e você morrer?

– Se isso acontecer, você deve pegar isso - ele tirou um outro frasco do bolso - acrescentar a poção, ligar o fogo e sair da Sala Precisa o mais rápido o possível, com Heloise. Deve encaminha-la ao St. Mungus alegando que ela piorou. - a calma com que ele falava era o que estava me irritando ainda mais do que qualquer outra coisa. Como ele podia agir e falar como se fosse a coisa mais fácil e normal do mundo - Quando você colocar isso na poção ela vai superaquecer até explodir. Vão pensar que eu estava tentando reproduzir a poção e deu errado de novo ou vão atribuir minha morte aos ataques que tem ocorrido.

– Você é louco. Completamente insano. Isso vai explodir metade da escola.

– Não vai. Essa sala ela é mágica. O que quer que aconteça aqui só afetará a sala.

– Como você sabe disso?

– Eu testei enquanto vocês estiveram fora! Vi o quão resistente ela era e como afetava o resto do colégio - mesmo com toda aquela explicação eu ainda estava incrédulo com a situação e relutante em fazê-lo. Bryan notou isso, pois falou - É nossa única chance de salvar Heloise. Se você não o fizer, vai morrer. Acha que Heloise aguentaria lhe dar com isso agora.

Aquele foi o xeque-mate, não havia como eu fazer aquilo com Helô, eu já nem ligava mais se iria ou não morre, podia até mesmo aceitar a morte, mas imaginar a dor que isso causaria em Heloise era mais devastadora do que a própria ideia de morrer.

Me aproximei de Bryan e o segurei pela gola da camisa.

– Eu farei isso - eu falava baixo deixando toda a minha raiva transpassar em minha voz - Mas saiba que jamais confiarei em você novamente e nunca mais espere nada de mim seu fantasma manipulador e egoísta.

O soltei e me afastei dele ficando no limite da barreira.

– Quando acabar me de um copo cheio com a poção. Me obrigue a beber tudo mesmo que eu não queira. Me faça tomar até a ultima gota. Depois espere o mais longe o possível.

Assenti em silêncio; Bryan tirou o blusão que usava e ficou somente com uma fina camisa de algodão branca.

– Quando estiver pronto - ele disse, mais uma vez assenti, apontei a varinha para ele e lancei a maldição.

Assim que o jato saiu da minha varinha senti uma repulsa por mim mesmo invadir meu peito, senti uma horrível vontade de vomitar e meu olhos se encheram d’água.

Bryan recebeu o feitiço de braços apertos, ele caiu de joelhos no chão gritando.

– Você tem que querer Ethan! - falou com os dentes cerrados - Ou então ficaremos aqui a noite inteira.

Fechei os olhos com força e tentei pensar em todos os momentos que quis amaldiçoar alguém. Quando vi meu pai e minha mãe brigando, quando vi alguns meninos mais velhos implicando com Heloise e Bianca, quando descobri que o pai de Helô havia morrido em serviços. Foquei nesses momentos com todas as minhas forças e ainda de olhos fechados lancei novamente a maldição. Bryan gritou de novo. Coloquei um punho na boca para reprimir um grito.

– Vamos MacMillian - ele provocou entredente.

Crucius! – ordenei novamente. A cada vez que lançava a maldição mais horrível eu me sentia e mesmo assim continuei. Lancei maldições em Bryan até ele cair no chão se contorcendo de dor, até ele começar a chorar, até ele começar a implorar para que eu parasse, até perder as contas de quantas vezes aquela palavra horrível tinha saído da minha boca, até me perde em mim mesmo e passar a não reconhecer mais o que sentia. E em algum determinado momento desse período horrível comecei a chorar copiosamente, chorei por estar causando dor em alguém, que até então, eu considerei um amigo, chorei por ver o monstro que eu podia ser se fosse preciso e chorei porque, por mais que me doa quase que fisicamente admitir, bem no fundo da minha mente de alguma forma eu sentia prazer naquilo.

Por fim, depois de não sei quanto tempo Bryan desmaiou de exaustão e dor. E isso me arrancou dos meus devaneios.

Não pude mais evitar, vomitei no chão sujando a frente das minhas vestes, nada muito exagerado já que fazia um tempo que eu não comia.

Depois disso limpei tudo com a varinha, fui até a bancada e peguei um copo, o enchi até a borda com poção, caminhei até Bryan e fiz um feitiço revigorante nele.

Bryan abriu os olhos devagar. Notei que havia algumas marcas roxas em seu braço por causas das convulsões e espasmos. Suas olheiras haviam se aprofundado mais ainda e seu olhar era de puro medo.

– Não… por favor… - ele pediu quando fui me aproximando.

– Hey, calma amigão. Olha você tem que beber isso - falei oferecendo o copo a ele.

– Não quero - ele respondeu tremendo.

– Mas você tem que tomar

– Não por favor não quero

Supirei. O que eu iria fazer?

Saquei a varinha mais uma vez e Bryan se encolhei com medo de mim.

– Beba agora! Ou farei você sentir dor de novo! - ameacei me sentindo ainda mais sujo do que antes.

Bryan se sentou no chão encolhido contra a parede, ele estendeu a mão cauteloso para o copo, coloquei o mesmo em sua mão tremula e o ajudei a mantê-lo firme, Bryan me olhava com medo, como se eu fosse um bichão-papão. O ajudei a beber toda a poção, peguei o copo de sua mão e me afastei um pouco.

– E ai como se sente? - perguntei esperançoso.

Bryan havia parado de tremer mais ainda me encarava com pavor. De repente ele caiu no chão. Fui até ele rapidamente e o segurei pelos ombros sua temperatura corporal está muito alta.

– Merda! - xingue alto imaginando que tinha dado errado. - Não faz isso comigo! Não faz isso comigo! - pedia sacudindo o garoto - Bryan seu grandissímo babaca não ouse morrer tá me ouvindo. Não ouse! - gritei e ele continuou sem reagir - BRYAN SEU MERDA ACORDA AGORA! - mais uma vez eu estava chorando, agora um choro que misturava raiva, dor e frustração. Tinha dado errado. Tudo tinha ido em vão. E agora Bryan estava morto.

Sentei no chão e puxei o corpo de Bryan para o meu colo.

– Como você pode fazer isso comigo cara? Primeiro me obriga a te torturar e agora morre? Você não pode fazer um coisa dessas cara. Como eu vou explicar isso para a Helô? Foi egoísmo meu brigar com você. Foi horrível te torturar, mas deve ter sido ainda mais horrível ter sido torturado, me perdoa cara. - por estar falando e chorando demorou um pouco para eu perceber que finalmente a temperatura de Bryan estava diminuindo, seu coração estava batendo rápido e forte e sua respiração era quase normal.

– Seu fantasma maldito! Você tá vivo! - um sorri de alivio involuntário se abriu em meu rosto.

– Eu te perdôo cara - falou Bryan com uma voz fraquinha e com um sorriso pequeno nos lábios.

– Seu babaca - disse o ajudando a levantar - como você está?

– Isso não importa! Temos que medicar Heloise.

E assim fomos até a cama de Heloise, deixei Bryan deitado ao seu lado e peguei mais um copo com a poção. Acordei Helô com um feitiço revigorante e a fiz beber a poção. O mesmo que aconteceu com Bryan se repetiu com ela.

Heloise acordou sorrindo e estava preste a pular da cama quando vimos ao mesmo tempo que o intervalo que levou para a poção fazer efeito foi o suficiente para Bryan dormi com a cabeça em seu colo.

Helô sorriu sonolenta também.

– O que houve? - perguntou meio perdida.

– Muita coisa princesa. Mas depois eu te conto. Agora dorme tá bom? - e sem questionar mais ela se ajeitou devagar para não acordar o Bryan e dormiu.

Dei um beijo na testa de Heloise e sai da sala precisa deixando os dois dormirem em paz. Afinal eles mereciam.