Lilith Saphire Noble - POV's

O sol já atravessava o vasto seu levemente nublado de outono, passava-se do meio dia e o jogo de quadribol da temporada aconteceria em alguns minutos.

Já estávamos no primeiro sábado de dezembro e durante todo o mês de novembro por vezes parecia que alguns alunos estavam mais próximos e o Salão Principal ou a biblioteca pareciam mais vazios. Principalmente em se tratando dos alunos da Gryffindor, cheguei à pensei que eles estivessem passa-nos mais tempo dentro da Comunal. Porém até mesmo Joey, a garota estranha e que sempre me ignorou, não estava por perto. Normalmente, ele passava a maior parte do tempo sentada em uma das poltronas verdes da comunal ou em seu dormitório das quartanistas, mas no último mês, eu não a encontrei tantas vezes. Achei estranho, mas não me importei, eu nunca havia me importei com aquela garota e cm o que ela faz ou deixa de fazer.

Me dediquei a treinar bastante minha equipe para o grande jogo de hoje contra a Ravenclaw. Depois do meu espetáculo no baile, todos passaram a me reverenciar mais. Eles viram o quanto era poderosa e não olhavam mais para mim como a garota que perdeu um duelo para a esquisita Joanne Jordan. Conseguira provar o meu valor. Jack continuou a me seguir por toda a parte, embora eu tentasse não aparecer ao lado dele em público, ainda mais que já realizara o plano da noite de Halloween.

Eu não estava me sentindo realmente bem perto dele porque insistia em me deixar vulnerável e era uma sensação horrível, preferia manipular a todos e até mesmo a mim, aos meus sentimentos e emoções. Perto dele era mais difícil. Eu me surpreendia com frequência e parecia ser novidade para mim, tudo que acontecia. Eu desejava poder dominar aqueles momentos e como eu reagiria mas ele sempre me pegava de surpresa.

Realçando minha farsa de namorar o garoto mais popular de Hogwarts, passei a me encontrar mais vezes com Parker Monterey. Costumávamos nos vermos apenas em lugares mais movimentados, assim como Hogsmead ou o Salão Principal, todavia nesse último mês me forcei a ser vista com ele mais vezes. Era como se quisesse fazer com que meu corpo tomasse o controle novamente e que pudesse me acostumar ainda mais com Parker, se isso de fato acontecesse eu não precisaria mais me sentir vulnerável perto de Jack e seria realmente declarada a garota de Parker e poderia considerá-lo meu. Isso valia ouro. Nosso namoro "contrato" era mesmo uma preciosidade. Uma Rainha e um Rei, era isso que Hogwarts precisava e para isso que estávamos aqui. Eu governava e ele me acompanhava. Éramos um símbolo.

~*~

As arquibancadas estavam realmente muito movimentadas e repletas de estudantes, professores e membros do conselho estudantil. Acabara de sair do vestiário da Slytherin e vestia o uniforme verde reluzente da equipe da minha casa, enquanto caminhava em direção do centro do campo. Toda a minha equipe me seguia de perto, incluindo o novo artilheiro desse ano, Jack.

Me forcei a não virar e encará-lo, ao invés, reforcei meus cabelos em um rabo de cavalo alto e fixei meus olhos em outro artilheiro. Um garoto de cabelos dourados caminhando até mim. Ele mantinha um sorriso encantador dentre os lábios e usava o uniforme azul brilhante da Ravenclaw. Sorri de volta para ele, quando nos encontramos frente a frente. A professora de Vôo é juíza de Quadribol estava ao nosso lado e se preparava para soltar as bolas.

—Muito bem - Ela usou o feitiço de alto falante na voz - Primeiramente, os nossos capitães vão se cumprimentar para darmos início ao jogo da Slytherin contra a Ravenclaw!

As arquibancadas explodiram em vivas e entusiasmo, especialmente as que continham alunos vestidos de verde e prata ou de azul e bronze. Parker estendeu a mão para tocar a minha, uma vez que era o capitão do outro time. Ambos capitães. Ambos monitores-chefe. Ambos governantes. Ambos poderosos. Ambos desejados. Ambos invejados. O casal perfeito.

—Boa sorte, Lily - Ele desejou cordialmente e me aproximei para tocar sua mão.

Entretanto, meus olhos foram forçados a encarar de relance o moreno a cerca de um metro ao meu lado. Meu coração deu um salto e a insegurança se apoderou de mim. Fechei os olhos com força e me forcei a tomar total controle do meu corpo. Ao invés de apertar a mão de Parker, deu um longo passo à frente e apoiei minhas mãos em seus ombros, com um impulso toquei nossos lábios e levantei levemente a perna direita enquanto nos beijávamos. Surpreso, o loiro demorou a reagir, mas assim que o fez, segurou meu rosto entre suas mãos. Aplausos e gritos dominaram todo o campo. Todos os nossos admiradores estavam eufóricos. Nunca antes eu havia beijado Parker, todas as vezes anteriores eu o havia deixado me beijar como parte de nosso "contrato". E nunca havíamos nos beijado como capitães de Quadribol quando a Ravenclaw competia contra a Slytherin, sempre demos as mãos e desejamos sorte um ao outro, às vezes Parker piscava para mim sedutoramente. Essa foi a primeira vez e, felizmente, como eu desejava comecei a conseguir me controlar e me esqueci momentaneamente de Jack e de toda a minha insegurança.

—Srta. Noble, Sr. Monterey... Isso é lugar de namorar? - A professora nos interrompeu. Me afastei do loiro e sorri para ele - Agora vamos dar inicio ao jogo. Todos postos em suas vassouras.

Me segurei em minha vassoura igualmente a todos os demais e, quando escutamos o apto da Prof. Vanessa Wakaliki, dessa forma pros alçamos vôo sobre o campo e, logo, ela jogou a Goles para o alto e, em seguida, soltou o Pomo de Ouro e os dois Balaços.

Felizmente, Jack foi rápido o bastante para segurar a Goles e estávamos na liderança. Me segurei firmemente na vassoura enquanto observava em todos os lugares do jogo à procura do reflexo dourado de luz das assas Pomo. Kleber, o demais apanhador, também estava atento a todos os lugares.

E Jack da Slytherin se aproxima dos aros da Ravenclaw! — A voz do garoto Maxon, o comentarista do jogo, ecoava pelo campo. Agradeci mentalmente por ele estar citando o que ocorria, assim podia procurar o Pomo e prestar atenção no restante - Ele jogo a Goles e... Por pouco, Klaus segura a bola e arremessa em direção ao novo artilheiro de seu time, Cayle. O garoto sai em disparada para o outro lado do campo, mas é interceptado pela artilheira ruiva da outra equipe, que o impede de prosseguir. Ele se livra da Goles e quem apanha a bola é o capitão Monterey, que avança até o goleiro da Slytherin e... É GOL! Os primeiros pontos estão marcados! 0x10 para a Ravenclaw!

Bufei quando escutei que começamos perdendo. Jack poderia ter feito um gol se não tivesse deixado Klaus pegar a bola. Senti vontade de xingá-lo e impedir que fizesse algo assim novamente, mas me contive e continuei procurando pelo Pomo, sem me virar para observá-lo.

~*~

A primeira hora de jogo já se passou e parece que a Slytherin conseguiu recuperar-se do primeiro erro. Os artilheiros da equipe verde conseguiram acertar mais 7 gols, apesar da excelente devesa de Klaus que impediu outros 3, enquanto a Ravenclaw fez apenas mais 3, todos sendo mérito capitão Parker. O placar é 70 X 40!

Suspirei e abri os lábios em um sorriso. Estávamos conseguindo nos superar e, esse era o momento ideal para encontrar a bolinha dourada e garantir a vitória para o nosso time. Havia pensado nisso apenas poucos minutos quando avistei um reflexo no ar. Fixei meu olhar firme. Tinha de ser o Pomo. Olhei para o lado e notei que Kleber ainda não avistara o que eu fizera.

Me inclinei para frente na vassoura e tratei e deslizar pelo campo em direção ao brilho de luz. Quando estava próxima dele pude enxergar as assas velozes da bola. Ela estava a esquerda do terceiro aro da Ravenclaw e eu estava a uns 5 metros à frente do outro apanhador, o que me favorecia.

De repente, escutei um grito masculino. Algo acabara de acontecer no jogo. Continuei voando em direção ao gol do time adversário quando escutei ambas conhecidas vozes. Jack estava discutindo com Parker. Tentei desviar minha total atenção do jogo, porém algo foi mais forte que eu quando escutei Maxon.

Parece que está havendo uma infração. O artilheiro da Slytherin acaba de fazer a famosa Mutreta. Ele estava tentando retirar a Goles do capitão da Ravenclaw, embora parecesse que seria impossível, por isso Jack segurou na calda da vassoura de Parker e acabou por descontrolá-lo e fazer com que o sextanista perdesse a bola.

Movi meu corpo em direção a confusão. Parker estava indignado. A Goles agora estava na mão da juíza e a professora voava a toda velocidade na direção deles. Jack parecia surpreso enquanto o loiro quase estava prestes a ataca-lo.

—Acalmem-se meninos! - Eles encararam Vanessa - Foi claramente uma falta... Portanto, Sr. Monterey tem a chance de fazer um gol - Ela lhe entregou a Goles.

Cerrei os punhos e por mais que soubesse ser um erro, voei até estar ao lado de Jack. Puxei-o pela manhã da blusa. Estava enfurecida. Ele estava nos causando um prejuízo, porque decidiu de repente quebrar as regras? Como esse garoto podia me deixar com os nervos à flor da pele daquela maneira?

—O que estava pensando?

—Eu fiz sem perceber... Eu estava...

—Não quero desculpas! Você foi irresponsável e está causando um gol a nossa equipe!

Estava prestes a me virar e deixa-lo sozinho enquanto voltava para o Pomo, quando escutei outro grito. Dessa vez, mais agudo e seguido de vivas e palmas de todos das arquibancadas, exceto os Slytherin. Meu coração pulou até a boca. Kleber levantou a mão em direção ao céu e meus olhos quase me enganaram, porém em meus dedos firmes estava o ágil Pomo de Ouro com suas assas descontroladas.

A professora Wakaliki saiu em sua direção e apitou, indicando assim o fim do jogo. Parker não precisou realizar sua falta. Jack não foi literalmente punido, apesar de ter me deixado vulnerável mais uma vez e assim causado a minha distração e nos feito entregar o jogo para eles. Entreabri os lábios surpresa. Estivera a poucos metros de alcançar a vitória e agora a estava vendo presa nas mãos de outro.

Todos pousaram no gramado enquanto, Parker ajudava a guardar a Goles, a professora prendia o Pomo e os dois batedores da Slytherin levavam os balanços para serem guardados. Jack estava um pouco isolado dos demais. Joguei minha vassoura no chão e me aproximei dele o mais rápido que pude. Agarrei-o pelo colarinho.

—I-isso... É tudo culpa sua! - Não consegui me controlar. As palavras tremiam através dos mês lábios e meus olhos estavam brilhando com a força com que lágrimas começaram a surgir.

Desde que me tornara a apanhadora e, logo, capitão no meu primeiro ano, havíamos perdido a Taça apenas em meu terceiro ano, por conta de que ouve uma gripe que atingiu a maioria dos alunos e a Slytherin foi a que mais ficou sem jogadores, então, tivemos que improvisar e infelizmente ficamos em segundo, mas estávamos ótimos esse ano. Esse tem que ser o segundo ano consecutivos que ganhamos desde a epidemia. Estamos mais fortes e nossa equipe está completa... Ao menos era o que eu pensava. Não sei como tive coragem de gritar com o Jack. Eu sentia que meu coração iria explodir quando as palavras o atingiram como uma navalha afiada. Meus olhos estavam marejados, todavia eu não iria chorar. Eu nunca chorava. Era controlado o bastante para isso. Mordi o lábio com tanta força, que cheguei a sentir o gosto ferroso do sangue em minha boca, então, as lágrimas não chegaram a cair, elas se mantiveram apenas em meus olhos azuis. Brilhavam como um cristal quando a luz do sol atingia meu olhar. Jack estava me encarando sem saber o que dizer. Meus punhos estavam cerrados, mas eu apenas relaxei as mãos e dei um passo atrás. Engoli em seco antes de finalizar com a voz firme, porém serena de sempre.

—Devia tomar mais cuidado quando estivermos em um jogo. Esse deve ser o nosso ano e você tem sorte de fazer parte da equipe - Deu as costas e me encaminhei em direção a minha vassoura Skybolt 3000, a última lançada da marca mais famosa e mais veloz, no ano anterior; que jazia jogada na grama.

Eu estava errada. Esse ano não estávamos mais forte... Eu estava mais fraca. Jack me deixara fraca e era difícil admitir a minha vulnerabilidade.

Vicent Klaus Malfoy - POV's

No momento em que atingi o chão vários alunos, principalmente, da Ravenclaw correram pelo campo para nos parabenizar e comemorar a nossa vitória de hoje. Nosso capitão dissera que fizemos um ótimo trabalho. Frederich que estivera assistindo ao jogo apenas porque eu estava competindo veio rápido em minha direção e me abraçou apertado.

—Você foi ótimo, cara!

—Brilhante! - Violet apareceu, logo, atrás. Obviamente eles estiveram na arquibancada juntos.

—Valeu, pessoal - Fiz um Hi-5 com a garota e me permite sorrir ainda mais.

Havíamos ganhado da Slytherin, vencido a tão temida equipe da Lilith. Estávamos um passo a frente da Taça de Quadribol e isso era o máximo, uma vez que há 7 anos a Ravenclaw não vencia um sequer ano, pois antes da chegada da Rainha de Hogwarts, a Hufflepuff havia ganhado 2 anos seguidos, depois a Gryffindor, então, foram sempre virótias da Slytherin, a não ser no ano da epidemia que a Gryffindor vencera novamente. Ou seja, nos seis anos em que eu estudara na escola nunca vira minha equipe sair vencedora no ano e pretendia fazer com que o meu último fosse diferente. Queria carregar boas lembranças dele.

—Klaus! - Um grito feminino e familiar chegou aos meus ouvidos. Me virei em direção da garota Potter - Muito bem!

Ela me parabenizou e sorri fraco. Me senti um pouco mal em não ver as outras irmãs... Especialmente depois do que acontecera na noite de Halloween com Hazel. Não estávamos nos falando quase nunca desde aquele dia. Ela sempre estava junto de Júlia e o novo namorado da irmã, que como ele era um Slytherin, obviamente a ruiva estava torcendo para o outro time e por isso não ficara tão contente com a nossa vitória. Nos encontrávamos algumas vezes no Salão Principal, mas como sempre ela se sentava com Jess na mesa da Gryffindor e não falava comigo. Também estávamos participando da mesma Armada, era certo, porém nos dedicávamos a treinar e estudar magia e como defender Hogwarts junto com todos os demais, apenas, além de que sua parceira de duelo era Jessie e eu me contentava com Brendan.

—Obrigado, Jessie. Foi um ótimo jogo!

—Com certeza, cara - Brendan apareceu e deu uma batidinha em meu ombro direito - Parece que a Gryffindor e a Ravenclaw começaram campeãs esse ano.

—Pois é... Realmente uma pena o que aconteceu com o Maxwell... Ele ficaria doido se soubesse que a Ravenclaw conseguiu vencer da Slytherin... - Suspirei e encarei de relance Freddie.

Meu irmão havia tido dificuldades desde que presenciara o ataque do melhor amigo. Ele estava meio distante e toda semana ia visitar o moreno no hospital junto de Violet, que também desejava rever suas melhores amigas. Agora quatro alunos estavam em um suspeito coma e ainda trabalhávamos em uma maneira de conseguirmos ajudá-los a sair dessa. Os professores e a minha mãe, diretora Rose, continuavam trabalhando coma ajuda do Ministério para descobrirem o que estava acontecendo com a escola, porém não estavam tendo muito sucesso e, parecia ao nosso ver, que tentavam ignorar a Profecia de Marie, provavelmente levando em conta que se centrava em crianças.

—Ele vai ficar bem... - Vi colocou a mão no ombro do namorado - Igual as meninas. Todos vamos.

—Ela está certa. Vamos conseguir salvá-los - Tranquilizei-o e Brendan e Jessie se entreolharam por um segundo e depois concordaram conosco - Bem, o mais importante agora é que estamos à caminho da Taça de Quadribol - Levantei a mão para o alto e todos explodiram em palmas ao meu redor.

Joanne Jordan - POV's

Um mês depois do último jogo de quadribol havia se passado. Nenhum outro aluno fora atacado, mas nem tão pouco a Madame Betsy conseguira uma maneira de fazê-los reagir. Há duas semanas atrás um grupo de medibruxos do St. Mungus apareceu no castelo com o objetivo de testar alguma forma de podê-los acordar, infelizmente mesmo o mais forte dos antídotos que eles conheciam não foi o bastante. Tentaram até mesmo utilizar Mandrágoras como quando a escola fora atacada por um Basilisco há mais de 50 anos. Depois de passarem várias horas, finalmente eles tiveram de ir embora, contudo levaram algumas amostras de sangue dentre outras de cada um dos quatro alunos acamados para poderem fazer alguns testes.

Todas as semanas fazíamos o possível para nos encontrarmos na Sala Precisa e estudarmos um pouco de magia e duelos com toda a Armada de Hogwarts. Claramente, ainda tínhamos muito a aprender, todavia estávamos indo bem e, apesar, de os demais integrantes ainda não se comunicarem comigo, eu estava lá apenas para salvar a minha escola e meu verdadeiro lar, não para fazer amizades, justamente o contrário. Não esperava me aproximar de ninguém mais do que para lutarmos pelo mesmo objetivos. Leny era a única, ela treinava comigo e tentava parecer gentil sempre quando o restante me ignorava. Seu esforço era apreciável, uma vez que ela não precisava ter me convidado e imaginado que eu fosse forte e uma boa ajudante no plano, mas havia feito, o que me deixava surpresa.

A última semana foi recheada de preparativos para as férias de natal, que durariam como sempre cerca de duas semanas. Começaria um dia antes da véspera de Natal e terminaria um dia depois do ano novo. Ou seja, hoje era o último dia dos alunos em Hogwarts. Todos partiriam amanhã cedo, a não ser aqueles que preferissem passar o feriado todo vagando pelos corredores quase vazios da escola. Obviamente, menos de 10% da escola fazia isso, apenas aqueles que estavam com problemas e não poderiam ir para casa ou os órfãos ou os rebeldes, ou seja, a grande monitoria. E eu era uma pequena parte significante dela.

Era obrigada a passar todas as férias de verão em casa e me encontrando com parentes e amigos da família que não me faziam sentir à vontade, especialmente, na véspera da volta às aulas que tínhamos que nos aturar todos juntos n'A Toca durante todo o dia e noite. Não me sentia nem um pouco confortável naquelas reuniões e jantares, portanto, durante o meio do ano escolar preferia participar das festas de Natal e ano novo de Hogwarts, o lugar que verdadeiramente podia chamar de lar. O lugar onde não era a esquisita, onde podia me revelar mais forte, onde podia usufruir da magia que percorria minhas veias, onde podia ser eu mesma e não era obrigada a me relacionar com ninguém, apenas aprender mais e a me controlar e superar, mesmo que na maior parte, estivesse sozinha.

A noite já irradiava do céu escuro do lado de fora do castelo, apesar de que eu não podia vê-lo. Me encontrava sentada em uma das janelas cobertas de almofadas e colchas verde e prata - eu estava jogada sobre elas, sem me dar ao trabalho de retirar minhas botas de cano baixo - e inclusive apertava uma almofada felpuda verde esmeralda contra meu colo. Felizmente, não precisava usar as vestes de Hogwarts e poderia ser eu mesma durante as férias, ainda mais que estava dentro da minha comunal, nas masmorras. Dessa forma, estava usando uma blusa branca com alguns desenhos de flores vermelhas berrante, que pareciam ser feitas e gotejar como uma espécie de água quase sangue; e uma caveira cinza no centro. A blusa continha mangas pretas até os punhos. Completei com meus shorts pretos repleto de strass metálicos e minha meia calça negra rasgada. Prendera minha franja atrás da cabeça com uma piranha transparente, diferentemente da maior parte do tempo, para retirar os meus fios rebeldes de frente dos meus cintilantes olhos azuis, embora mantesse as mechas coloridas de sempre, dessa vez, estando verdes exatamente como a cor símbolo da minha casa.

Meu olhar estava perdido e concentrado no mundo escuro, bizarro e fantástico, ao mesmo tempo, que jazia em baixo do Lago Negro, que era visto das janelas da comunal da Slytherin, quando senti uma mão em meu ombro e dei um leve salto, antes de perceber um reflexo no vidro da janela que me separava das águas traiçoeiras. Um garoto, ainda vestido com as vestes de Hogwarts, e de cabelos castanhos e levemente espetados estava à minha espera. Me virei para encará-lo mais de perto enquanto imaginava o porque de alguém estar falando comigo, uma vez que sempre estava sozinha e isolada desde que meu único companheiro me deixara para perseguir a Rainha de Hogwarts pelos corredores do seu Palácio. Assim que o fiz pude perceber que se tratava de um sextanista que antes eu raramente reparava, porém que agora eu via grande parte da semana, pois ele era o namorado da Potter do meio e frequentava a Armada de Hogwarts exatamente como eu.

—Hey... - Ele sorriu fraco. Mesmo sendo um Slytherin parecia apreensivo de falar comigo - Tem uma garota querendo falar com você no corredor.

—Ahn... Quem? - Questionei. A essa altura já conseguira perceber que não se tratava de uma serpente, ela deveria ser de outra das demais casas porque não havia entrado na comunal e me procurado por si mesma, mandara um dos meus fazer isso por ela.

—Ah, é a Leny.

Assim que ele me respondeu seguro, minhas especulações foram comprovadas. Era uma das águias quem me esperava do lado de fora da comunal, obviamente a garota que agora parecia ser a única que trocava mais do que duas palavras comigo quando não fosse obrigada. Me levantei de um salto e rapidamente cruzei o cômodo em direção a porta, de perto, Raimond me seguia. Logo, atravessei para o corredor escuro, levemente úmido e quase vazio se não fosse por duas garotas usando vestes vermelhas e douradas. Percebi que fora provavelmente uma sorte que Leny tivesse se encontrado com o Slytherin porque ele estava ali fora apenas se despedindo da namorada. A Gryffindor que se encontrava no mesmo corredor que nós era a ruiva de cabelos berrantes. Ela me lançou apenas um olhar como cumprimento e fiz o mesmo, em seguida, se virou para o garoto e ambos seguraram um nas mãos do outro enquanto mergulhavam nos olhos alheios. Pareciam mesmo muito apaixonados, senti o ácido na boca do estômago, essa cena era típica para me fazer querer vomitar, então, resolvi me concentrar na outra garota de loiros claros que me esperava.

—Olá... - Ela me cumprimentou com um sorrisinho. Apenas levantei os lábios levemente em resposta - Bem, primeiramente, boas festas. E... eu sei que você costuma ficar por aqui durante o meio do ano, certo?

—Isso. Eu não vou para casa como todo mundo.

—Eu não lembro mesmo de te encontrar n'A Toca - Mais uma das pessoas que dividiam aquela velha e sufocante casa, já que era neta de Luna Scamander. A garota olhou ao redor antes de continuar e se certificar de que a porta estava trancada e não tinha ninguém a vista - Eu só gostaria de deixar a AH nas suas mãos quando estivermos todos fora, porque nenhum de nós 19 ficaremos aqui nas férias. Incluindo Maxwell... - Ela engoliu em seco quando mencionou seu nome - Ele vai ser transferido junto dos outros alunos para o St. Mungus amanhã de manhã, pelo que os irmãos dele nos disseram. Bom, se você descobrir alguma coisa ou algo acontecer nos contate que faremos o possível para entrar em contato.

—Ah... Okay. Estarei aqui.

Me senti ainda mais surpresa. Nunca imaginaria que confiariam em mim para ser a pessoa que se responsabilizaria pela Armada. Aposto que todos haviam cedido por eu ser a única em Hogwarts, porém dessa vez meu raciocínio estivera engano.

—Você provou que é uma bruxa poderosa, Joey - Júlia comentou enquanto se aproximava ainda de mãos dadas com o namorado - Estamos confiando em você.

—Ah, antes que esqueçamos... - Raimond enfiou as mãos dentro das vestes e, logo, estendeu-as a nossas frente - Esse é um caderno enfeitiçado. Bastante eficiente e a Marie acabou de encomendar vinte para o avó dela, porque é a mais nova invenção das Gemialidades Weasley e nem entrou no mercado ainda. Com ele você poderá se comunicar conosco sem ter que usar de corujas que possam ser interceptadas ou arriscar que nos descubram, nem mesmo que seja por nossos pais. Toda vez que escrever em uma de suas páginas o caderno absorverá a tinta e mandará as mensagens para todos nós, mas apenas se utilizar desta pena especial e também enfeitiçada, assim mensagens apareceram sempre que as enviarmos a você. E para que não corra o risco de ninguém ler as mensagens que você receber e também para não enviar para outros que por ventura possuam cadernos assim, a nossa frase chave para esconder as mensagens e também para enviá-las apenas aos integrantes da AH é "apenas aqueles corajosos o suficiente para se sacrificar pelos demais são os que possuem a verdadeira nobreza".

Apanhei um caderno e uma pena, enquanto as meninas apanharam outras. Me senti honrada por ser considerada uma integrante da Armada, não esperava essa espécie de confiança e não diria que me aproximaria de todos, uma vez que sempre desejei estar mais sozinha, porém agora eu realmente sabia que fazia parte de algo maior e não só pelo meu lar como por mim mesma e a todos. Eles estavam contando comigo e de maneira alguma iria desapontá-los. Apertei com força os objetos dentre minhas mãos, antes de o casal ter de se despedir com um breve selinho, pois seriam punidos se fossem pegos namorando pelos corredor pelo zelador. Me despedi das meninas e me voltei para a comunal junto de Raimond. Carregava duas armas sustentadas pelos meus dedos pálidos de unhas pretas descascadas