Hitler e a escova ignoraram os apelos do pedaço de plástico maconheiro e saíram conversando enquanto desciam a grande escadaria. Ela escalou seu ombro e escorregou até seu bolso. Nunca se sentira tão reluzente e preciosa antes porque estava nas mãos de seu amor e cada toque fazia seu corpo incendiar.

– Por onde você esteve? Eu senti sua falta feito louco – disse, disfarçando sua gesticulação do maxilar porque haviam muitos convidados com as atenções viradas à ele.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Ah, sabe, resolvi seguir em frente e viver minha própria vida – a escova respondeu, sorrindo docemente enquanto o olhava de baixo. Havia restado um pouco de barba falhada debaixo de seu queixo.

Atravessando as mesas e acenando para os filhos adolescentes dos membros do partido, ele a respondeu nitidamente deprimido. – Você está certa, eu nunca pude te oferecer muito.

– Fala assim porque acha que foi fácil.

Seu olhar verde se acendeu. – Também não foi fácil para mim, meu docinho.

– Percebe-se! Você e aquela cafetina cabeçuda estão esperando outro desafortunado gerado abaixo do teto do ódio, no meio do anúncio de uma guerra!

Hitler riu e caminhou na direção do corredor dos banheiros que ficava paralelo ao salão. Ao entrar no sanitário masculino, ele penteou seu cabelo lambido e aguardou até que um rapaz parasse de usar o mictório e saísse do local para que a escova prosseguisse com seus argumentos; o que não demorou muito, porém o desconhecido havia deixado de presente um fedor de urina quase insuportável. Malditos diabéticos.

– Onde paramos?! – ele ousou.

A escova e o líder nazista entraram num dos sanitários e ficaram quietos por alguns segundos, apreciando o calor um do outro.

– Aquele filho não é meu, é de um norte-americano amante de Eva. Já dei um jeito neles, isso não se repetirá, eu juro – Hitler prometeu, acariciando-a.

Hesitante, a escova replicou. – Você deveria estar lá fora comemorando seu aniversário com seus amigos do governo.

– Só se o presidente estivesse na festa... – ele pigarreou, se corrigindo. – Quero dizer, preciso aproveitar meu melhor presente primeiro.

– E que presente seria esse? – ela perguntou já certa da resposta.

– Você.

Ela se rendeu e se enfiou entre suas pernas. – Eu te amo – sussurrou enquanto abaixar seu zíper.

Hitler mordeu o punho, fervendo de prazer e expectativa. Entretanto, o alarme de incêndio soou e eles escutaram gritos externos. Ao saírem rapidamente do banheiro, se depararam com um enorme tumulto dos convidados rumando para a porta dos fundos e se pisoteando. O líder nazista sabia que havia sido um atentado judeu.

– Fiquem calmos e saiam um por vez! – um segurança fardado com símbolos nazistas nos mangas ordenou.

Mas não adiantou ou resolveu o desespero que os abrangia. Alguns até saltaram pelas janelas no instante em que a fumaça escura invadiu o corredor. A escova apresentou preocupação com seu marido.

– Precisamos ir salvá-lo!

– Que ele morra. Por que devemos ajudá-lo? – Hitler assumiu uma pose frígida.

– Porque foi ele que me acolheu quando você não pôde. Graças à ele eu ainda estou viva. Pense nisso.

Ele foi com ciúmes. – Você aprendeu a amá-lo, não é?!

– Não. Você foi o meu primeiro amor e o ultimo. Eu só quero retribuir um favor.

Após isso, Hitler a protegeu em seu bolso e tapou o nariz com o paletó. Desviando dos seguranças para alcançar o salão em chamas, ele teve dificuldade de driblar as decorações que despencavam do teto como se um dragão estivesse arrotando. Subiu com a escova para o segundo andar e ao chegar lá o corpo do escova já estava completamente derretido pelas labaredas e sinceramente, cheirava um pouco à maconha. Seu marido estava morto.

– Não! – a escova gritava aos prantos enquanto Hitler passava os braços à sua volta.

Quando os bombeiros os resgataram, ele retornou à casa do partido ao lado de sua amada. Não se importava de sua festa de aniversário ter sido arruinada por um atentado à sua vida, estava tão feliz e completo por tê-la reencontrado que qualquer coisa material era dispensável. Todos o saudaram, lamentando que não havia dado tempo de comer seu bolo e alegando de que o presidente ligara preocupado. O resto da noite foi tranquila até que ele tentou ir ao seu dormitório e Eva estava apontando a mira da arma de dois canos direto para sua face mundialmente conhecida.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Vou te matar, Hitler – ela ameaçou entre os dentes cerrados.