Harry no momento em que a viu acordada segurou-se ao máximo para não lhe dar um abraço bem apertado, mas a pobre moça estava fraca devido ao tempo em que esteve dormindo, então, apenas depositou um beijo em sua testa e sorriu com os olhos marejados.

Iria se retirar, pois estava um pouco abalado pela emoção forte que o tomou naquele momento, mas a garota segurou-lhe a mão e com os olhos suplicantes pedia para que ele ficasse. O médico se inclinou sobre a cama debruçando-se de leve sobre a garota, colocando a cabeça sobre o peito de Charlotte, que com uma das mãos ainda trêmulas, deslizava os dedos pelos cabelos do jovem. Harry que não pode conter as lágrimas deixou-as caírem silenciosamente, enquanto seus pensamentos voltavam no tempo.

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Flashback

Ao abrir os olhos demorei para me acostumar com a escuridão, ao meu redor pude ver coisas caídas e quebradas, embora não tenha conseguido identificar direito, chamei por Charlotte, mas não obtive resposta, ao longe pude ver uma luzinha, era a lanterna. Ainda meio tonto conseguiu alcançá-la e ao iluminar o local pude ver Charlotte deitada no chão, me aproximei rápido, a chamava e a sacudia, mas ela nada dizia. Podia ver que estava viva ao verificar seu pulso, de imediato sabia que precisava levá-la em um hospital. Depois desse dia, o hospital começou a fazer parte de minha rotina, ia todos os dias visitá-la e todas as vezes escutava a mesma coisa, não há nada que possamos fazer, ela ficou muito tempo desacordada, continua viva apenas por causa dos aparelhos.

A velha casa em que Charlotte estava morando ficou praticamente abandonada, íamos apenas uma vez por mês, não gostava muito de ir naquele lugar, haviam muitas lembranças. Os cavalos deixei aos cuidados de um dos vizinhos, que todos os dias dispunha de seu tempo para cuidar dos bichanos.

Acabamos nos mudando para um apartamento mais próximo do hospital, minha vida se resumia em ir ao hospital e cuidar de Oliver. Minha vó nos seis primeiros meses nada disse, no entanto ao passar dos seis meses ela foi bem franca comigo:

— Harry, – sentou-se ao meu lado no sofá. – meu filho, você precisa sair um pouco de casa, não pode ficar assim...

— Mas eu saio de casa vovó – revidei.

Ela apenas suspirou, acariciou meu cabelos e saiu. Não disse nada, mas não precisava, pois eu sabia muito bem o que ela quis dizer ...

Depois dessa conversa, pensei em tudo que havia acontecido, crescer sem pai, a morte da minha mãe, ter que desistir da faculdade, a responsabilidade de cuidar de uma criança, olhei para Oliver que brincava com alguns carrinhos, e agora Charlotte... Mas eu preciso continuar a viver!

— Leuli, – Oliver me chama, enquanto sobe no sofá e para em pé ao meu lado. – ti amu. – diz e se joga nos meu braços.

Ali, estava o meu consolo, o meu apego, a minha motivação... Oliver, meu pequeno garoto!

Fim do Flashback

A enfermeira chefe que acompanhara desde que viu aquele rapaz com a garota em seus braços, aparentemente sem vida, não conseguiu segurar as lágrimas ao olhar aquela cena. Saiu para o corredor, indo direto ao banheiro, onde pode chorar em paz e solitária. Estava feliz, tão emocionada, pois havia se apegado ao rapaz, o via todos os dias afundar carreiro* para visitar a garota, por mais que os médicos dissessem que não tinha mais jeito, ele se fazia de surdo. A persistência do garoto em nutrir esperanças era grande e contagiante. Até os pais da garota que quando a mesma estava em sua plena saúde, deixaram de aproveitar os momentos que tinham por causa do dinheiro, sucesso e vaidade, vinham com frequência visitá-la e compartilhavam o sentimento de esperança com o rapaz.

Foi esplêndido vê-lo, mesmo em meio a tantas dificuldades e responsabilidades dar a volta por cima. Harry retornou aos estudos, já faz cerca de um ano que está formado, é um excelente médico, além de ser irmão, é pai e mãe de Oliver.