Hirena
Lie
Dominique andava com os pés arrastando pelo chão, evitando pisar em algum estilhaço, estava tudo quebrado, tudo parecia poeira agora, e ela não se sentia segura naquele lugar, não como se sentiu quando quis ver o apartamento pela primeira vez, ela observou o quanto era tudo lindo ali, e o quanto combinava com ela, tinha sua cara, seu jeitinho, agora no mínimo estava em pedaços.
Ela tinha escolhido passar na casa de Roxy, e pedir que a prima fosse com ela até o local, Roxy não relutou muito, e pelo desespero aparente da prima ela foi junto. Louis estava nesse momento no outro lado da cidade, informando a Percy e Audrey, que Lucy viajara no dia anterior, de última hora e que escolhera não contar a ninguém, era uma mentira, mas somente eles sabiam disso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— O que aconteceu aqui, Nick? – A voz da prima quebrou o silêncio que fazia Dominique mergulhar dentro de sua própria mente.
— Eu acho que alguém tentou me matar, não sei porquê alguém faria isso – Dominique pigarreou, outra mentira.
— Por isso me pediu para vir até aqui? Ah, Nick – Roxy suspirou pesadamente – Seus pais já sabem disso?
— Não, e nem saberão, eles surtariam e tentariam me prender em casa, seria um absurdo – A loira revirou os olhos.
— E a polícia? Você avisou a polícia?
— Ainda não, mas estava prestes a fazer isso – ela soava atordoada agora.
— Você não faz ideia de quem seja?
Dominique deu de ombros e balançou a cabeça levemente em sinal de negação.
— De qualquer forma, você não pode mais ficar aqui, Nick – A morena cruzou os braços como se estivesse pedindo um ultimato a loira.
— Tudo está uma bagunça, Roxy, papai e mamãe estão viajando, Louis não tem condições de ficar sozinho agora e...
— Você pode vir para minha casa, você sabe, não é? Você e o Louis – Ela interrompeu se aproximando da prima.
— Talvez seja melhor que eu vá passar uns dias com Victoire – A menina agora baixou seus olhos, ela sabia que Victoire cuidaria melhor de Louis.
— O que houve, Nick? Está me rejeitando? – Roxy soltou uma risadinha abafada.
Dominique fitou a menina, ela não poderia mentir muito mais, mesmo que Roxy estivesse no jogo ou não, ela não sabia, nem queria arriscar a vida da prima daquela forma, era melhor deixar quieto. Por outro lado, Victoire faria perguntas, e iria bater o pé até que a mesma respondesse.
— Vai ser melhor para o Louis, você sabe disso, Tory o protege com dentes e unhas – Suspirou se desvencilhando das perguntas da menina.
— Você sabe que não tem problema, não vai incomodar nada – Roxy insistiu, e encarou a loira que não parecia mudar de ideia por nada – Tudo bem, Nick, mas se precisar, pode me ligar.
A menina deu de ombros e Dominique a abraçou, ela era uma das poucas amigas que a lembrava que ela ainda tinha uma vida fora de tudo isso, que ela ainda tinha vestidos, blusas e calças para desenhar, a lembrava do que ela lutou sua vida inteira para ser, que um jogo idiota a tirou de tudo isso em tão pouco tempo, ela se esquecera das chamadas perdidas, de que o celular não tocava somente para aquele jogo idiota, ela precisava acordar, acordar de tudo isso que a deixava dormente, quando de repente uma ideia se acendeu na sua cabeça, Dominique precisava acordar.
[...]
— Você está atrasado tipo umas vinte e quatro horas – A menina bateu o pé quando viu o jovem descer a janela do carro e a olhar com um sorriso debochado.
James abriu a porta do carro e a morena entrou, ela se inclinou para beijar o moreno e ele nem sequer virou para olhar a menina.
— Além de ter sumido, mudou também? – Ela riu debochada beijando a bochecha do jovem enquanto ele dava partida no carro.
— Foi um dia ruim, Sam – Ele murmurou com os olhos vidrados na estrada.
Ela perdurou por alguns minutos antes de começar a fazer perguntas.
— Por que não atendeu o telefone?
— Estava ocupado - Ele deu de ombros.
— Ocupado com quem? – Ela finalmente fizera o menino olhar para ela, mesmo que de relance, agora ele exibiu um sorriso irônico no rosto.
— Você está com ciúmes, Samantha? Desde quando eu lhe devo tantas satisfações?
Ela enrubesceu com o que parecia uma fúria interna.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Você não tem jeito mesmo, James! – Ela ralhou revirando os olhos – Mas o que era mais importante do que eu?
— Muitas coisas – Ele riu descaradamente sabendo que a menina ficaria com raiva, antes que ela pudesse abrir a boca e soltar xingamentos ele continuou – Estava com Lily, emergência de família.
— O que aconteceu? Está tudo bem? – Ela pareceu mudar da água para o vinho ao ouvir o nome da Potter mais nova.
— Está sim, só uma prima nossa que precisou de ajuda – Ele disfarçou dando de ombros mais uma vez.
— Eu conheço sua família inteira, James, sem enrolação, por favor! – Sam bufou já irritada novamente – Está me traindo, James?
— Solteiro não trai – Ele respondeu debochado.
— Então me conte, por favor, Jay – A morena ignorou e insistiu.
— Meu Deus, menina! – Ele revirou os olhos – Foi a irmã de Hugo, ela voltou ontem para Londres e agora está com Lily na casa da vovó.
— Irmã de Hugo? – Agora ela parecia bem confusa – Não ouvi Lily comentar sobre.
— Ai está o porquê precisávamos ajudar ela, acabaram as dúvidas agora?
James entrou no estacionamento do seu prédio um tanto desconfiado, estacionou o carro olhando para todos os lados, enquanto a menina pensava ao seu lado.
— Você nunca me apresentou a sua família como sua... Você sabe, “namorada" – Ela levantou os dedos sinalizando as aspas no ar, agora James lhe olhava assustado.
— Nós não estamos namorando – Ele parecia ofendido agora.
— E por que estamos indo para a sua casa agora? – Um sorriso malicioso pintou os lábios da menina.
— Pegar umas coisas para Lily, ela vai ficar com Rose na casa da vovó – Ele apressadamente já saíra do carro fugindo das perguntas da menina.
— Rose, que nome bonito, por que nunca falaram dela? – Ela o acompanhou, saindo do carro vagarosamente.
— Porque... Porque não ué, ela foi embora, não manteve contato, nós não...
— E por que ela foi embora? – A morena o interrompeu novamente.
— Não sei – James já perdera a paciência e começara a andar a passos largos para dentro do prédio, ela o seguiu.
— Você é próximo de praticamente todos os seus primos, James, é impossível que você não sai...
Ele se virou sem paciência alguma e encarou a menina, respirou fundo quando percebeu que ela não mudara nem um pouco a expressão de curiosidade.
— São assuntos dela, pergunte a ela – ele suspirava se segurando para não xingar a mesma.
— Desculpe, é importante para mim – Ela se aproximou encostando as mãos no peito do moreno, que respirava rapidamente, pela explosão recente de raiva.
— Vá catar coquinhos – Ele exclamou sorrindo debochado para a menina.
— Você sabe que eu am...
— Não, não diga – Ele a parou segurando em sua mão com certa determinação – Não quero que se arrependa também, então não diga isso.
James mais uma vez deu as costas para ela e se retirou, ela passou um tempo pensando antes de seguir ele, se perguntando quantas vezes James já tinha escutado aquelas três palavrinhas das meninas, ela sabia que não o amava, ela não poderia amar alguém que a trocava tão rápido por um outro pedaço de carne mais suculento, e ela não podia julga-lo, ela cometia o mesmo erro a anos.
[...]
Seus olhos arderam incomodados com a luz, parecia que ela não via o sol a muito tempo, estava anestesiada. Ela piscou algumas vezes para que conseguisse enxergar, em poucos segundos, ela se perguntou se não estava sonhando.
Lucy estava deitada em uma cama imensa, a menina se perguntou que pessoa tão grande assim dormia ali. Era um quarto espaçoso também, ela percebeu, haviam grandes janelas, contou três, do chão até o teto, ela estava muito surpresa agora. A morena empurrou os cobertores que estavam estranhamente pesados, ou talvez seu estado de saúde não a tivesse deixado com muita força, força alguma, ela percebeu quando saiu da cama e suas pernas fraquejaram ao ficar em pé, ela se apoiou na cama.
Sobre seus pés estava um tapete, de cor creme, tão macio quanto a cama, era felpudo e seus pés agradeceram. Ela reparou que havia algo como um grande sofá no lado esquerdo, uma porta entreaberta na direita, que ela reparou ser algo como um closet, a porta de saída era a da esquerda, perto do sofá, ela pensou.
A menina caminhou vagarosamente até uma das janelas, agora ela sabia que a janela era alta o suficiente para caber no mínimo quatro dela mesma ali em pé, uma em cima da outra, ela riu com o pensamento.
Ela perdeu o fôlego quando chegou à frente da janela, além de estonteante, era alto demais, ela podia ver toda uma... Não, não uma cidade, todo um reino, com casinhas lá embaixo, pessoas que pareciam formigas dali, e o mar, ah, o mar... Então, Lucy se recordou do que tinha acontecido com ela mesma. Mas ela deveria estar morta...
— Eu sugiro que descanse um pouco mais – A voz quebrou o silêncio do local assustando a menina.
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