As masmorras são silenciosas e, a não ser pelos risos dos alunos da Sonserina tudo além era escuridão. Outras duas meninas estavam no meu quarto de primeiranista, Alana Stronghorn e Louisa Georgenston. Minha primeira noite nesse lugar foi no minimo incomoda, tive poucos cochilos e muitos sonhos malucos.

Na manhã seguinte observei-me no espelho, era quase surreal estar usando um uniforme da Sonserina, depois de tudo que minha mãe me contou sobre esta casa. Saí do dormitório e no salão comunal avistei sentado em uma poltrona um Alvo completamente irritado com o rosto enterrado atrás de um livro enquanto um grupo de alunos tentava lhe fazer perguntas.

— Bom dia Thalia. - Disse um garoto mais velho que estava sentado em uma poltrona no canto oposto ao que Alvo estava na sala.

— Bom dia. - Respondi e encarei novamente o garoto que bateu seu livro e caminhou em minha direção.

— Vamos? - Chamou e assenti apressando-me para acompanhá-lo.

Nós saímos do salão comunal e subimos as escadas indo em direção ao salão principal, então Alvo parou de subir os degraus e me encarou.

— Desculpe. - Pediu.

— Desculpar o que?

— Estou usando você para fugir dos outros estudantes... - Revirei os olhos.

— Alvo, nós somos amigos desde que consigo me lembrar, não se preocupe com isso. Vamos logo.

— Eu estou cheio disto. - O observei esperando que esclarecesse. Ele manteve o olhar baixo. - Estou cheio de todos me fazendo perguntas sobre o meu pai, não quero ser reconhecido como o filho de Harry Potter. Não estou dizendo que não gosto dele, mas as pessoas me fazendo essas perguntas dão a entender que meu pai é um mito, quando ele é só um bruxo.

— Eu te entendo. - Afirmei e ele finalmente me encarou. - Sei como é, ter pessoas me perguntando sobre meu pai e também sobre minha mãe. Viktor Krum o apanhador da Bulgária e Hermione Granger a nascida trouxa que ajudou Harry Potter a derrotar Lorde Voldemort.

— E como você faz para te deixarem em paz?

— Não faço. - Sorri. - Uma hora eles cansam, somos novidade, por isso todo o interesse. Tenho certeza que quando Thiago veio para cá ano passado pela primeira vez foi a mesma coisa e quando Lilliam vier ano que vem vai ser o mesmo. Então eu só respondo as perguntas e deixo o tempo passar.

— Entendi.

Continuamos a caminhada para o salão principal até estarmos na mesa da Sonserina. Alguns dos outros alunos passaram por nós e acenaram ou apertaram as mãos de Alvo, os alunos da Grifinória pareciam decepcionados por Alvo não estar em sua casa.

E quando o correio chegou apanhei minhas cartas e paguei a coruja que trouxe o jornal. Olhei para Alvo enquanto a coruja levantava voo, ele segurava uma carta do pai nas mãos e parecia com medo de abrir.

— Ele não vai te culpar por estar na Sonserina. - Afirmei.

Rasgando o envelope com pouco cuidado ele pigarreou e começou a ler a carta, baixo o suficiente para que apenas eu o ouvisse.

— Alvo, fico feliz que esteja na Sonserina, mencionei a você sobre o homem cujo nome colocamos em você, Severo Snape, foi professor de poções durante boa parte dos meus anos em Hogwarts, eu só me arrependo de tê-lo julgado mal por todo o tempo. Depois da morte dele, vi suas lembranças, ele foi um homem que teve um sentimento muito forte por sua avó e também por este amor, Severo foi espião de Dumbledore por muitos anos. Espionava os planos de Voldemort e os passava a Ordem da Fênix, mas sua vida teve um fim trágico, ele morreu para manter tudo em segredo. Ele foi também o diretor da Sonserina, por isso Alvo, orgulhe-se de estar na casa que foi por muitos anos dirigida por um homem como Severo Snape.

Após a leitura da carta Alvo e eu ficamos em silêncio, por muitos anos as histórias da batalha contra Voldemort foram contadas e recontadas, então as lendas misturaram-se a realidade e muitos heróis como esse acabaram por ser deixados de lado.

Folheei meus envelopes até encontrar uma carta de William, o que achei imediatamente estranho, já que o meu irmão quase nunca me escreve. Rasguei o envelope e li as palavras para Alvo.

— Thalia, estou escrevendo apenas por ser caso de estrema importância, fique atenta nos próximos tempos. Se você abrir os jornais desta manhã vai ver as fotos dos muitos jovens desaparecidos, de muitas escolas de magia ao redor do mundo foram levados estudantes durante a noite. Dizem que eles eram os melhores de suas escolas. Beauxbatons já teve alunos levados, aqui em Durmstrang (e tenho certeza que em Hogwarts também) as defesas da escola foram reforçadas. Você tem muito potencial Thalia, usava magia com mais facilidade do que eu quando mais novo, então tome cuidado.

Alvo não comentou nada apenas abriu o jornal e vimos o incrível numero de fotos de crianças e adolescentes, sob as quais, estava a palavra desaparecido. Muitas das paginas seguintes do jornal tinham dos familiares a respeito dos filhos que foram levados.

Alguns dos alunos que continuavam na escola apenas diziam ter visto uma estranha fumaça prateada se espalhar pela escola a noite antes dos desaparecimentos.

— Será que este é o motivo de toda a inquietação na mesa dos professores? - Alvo perguntou.

— Com certeza. - Respondeu o garoto chamado Scorpion que estava sentado a nossa frente. - Aposto que vão nos ditar mais regras hoje sobre não sair de nossos quartos a noite.

O observei, encará-lo já não me deixava com calafrios, o garoto sorriu.

— Sim, eu estava ouvindo sua conversa, mas vocês não são os únicos que leem jornais. - Ele apontou para a mesa da Corvinal onde alguns estudantes estavam amontoados ao redor de Ame que tinha um jornal aberto sobre a mesa.

— Bem vindos a Hogwarts. - Falei lembrando-me das histórias de minha mãe sobre como cada ano da vida acadêmica dela nessa escola tinha sido perigoso.