Heaven

And I don't ever want to feel, like I did that day


O dia chegou, nós havíamos dormido em minha casa, cada um em um quarto diferente, sem constrangimentos. As malas já estavam prontas, e então era só colocar alguma coisa na barriga e ir para a tão famosa casa em que se tratam drogados.

Desci as escadas e Kate já estava lá, pronta, arrumada e estava sentada no sofá vendo algum programa, no qual eu não me interessava. Eu a olhei, e fiquei analisando-a durante um bom tempo, até que ela se levantou do sofá:

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- Nossa você já esta ai?

- Sim, estou.

- Já comeu alguma coisa? – Ela falou indo em direção a cozinha e abrindo a geladeira, pegando a caixa de leite e ovos.

- Não, acabei de acordar. – Eu disse, me aproximando da bancada, aonde ela preparava a massa para algumas panquecas.

- Ah sim... Gosta de panquecas?

- Claro.

- Perfeito, então vá se arrumar desça com as suas malas aqui para baixo enquanto preparo-as, ok?

- Você que manda Sra. Winsted!

Levantei-me da cadeira, subi as escadas, tomei um banho não muito longo, coloquei uma camisa, uma calça, calcei o tênis, e desci com as duas malas até a parte de baixo da casa. Coloquei-as em um canto, e sentei-me de novo sobre a bancada que separava a cozinha da sala.

- Aqui estão elas, coma! Vou subir pra pegar as minhas coisas...

Enquanto ela se retirava da cozinha, eu a via de cabeça baixa, quando ela passou para o outro lado da bancada levantei-me, pegando em seus braços, e olhando em seus olhos, seus lindos olhos:

- Obrigada Kate, mesmo... – Beijei sua testa, ela só assistiu, não disse nenhuma palavra sequer, e subiu deixando-me sozinho na parte de baixo da casa.

Quando ela desceu novamente, eu já havia comido, e estava definitivamente pronto para podermos partir, para a minha recuperação. Bom, esses dois dias em que eu havia ficado sem ao menos fumar, foi um sacrifício, porém uma pequena vitoria para um drogado como eu.

Ela pegou as chaves do carro, e então eu coloquei as duas pequenas malas no porta malas do carro, e então seguimos para sudoeste de Los Angeles, onde se localizava o local pelo qual eu ficaria durante alguns dias, ou talvez anos.

O lugar era lindo, e trazia certa paz de espírito às pessoas. Tinha palmeiras, um jardim imenso, com vários tipos flores, mas precisamente havia muitas rosas, vermelhas e brancas. Era lindo! Entramos na recepção, e então Kate foi ao balcão dar entrada em algumas coisas, eu estava sentado em uma poltrona, bem confortável por sinal, enquanto isso, até que ela me chama:

- John, venha aqui, ande! – Levantei-me e fui até o seu encontro.

- Bom, você vai ter que passar com um medico primeiro, mas a sua entrada já esta garantida, eu já havia falado com eles antes, e então guardaram a sua vaga. – Ela me deu uma espécie de papel com três números impressos nele. – Esta é a sua senha, espere aqui até que chamem pelo seu numero, e enquanto isso eu vou ao banheiro.

- Ah ta... Tudo bem irei esperar, ali, naquele canto sentado. – Durante alguns bons minutos, fiquei esperando chamarem pela minha senha. Finalmente me chamam, e Kate já havia voltado, ela me acompanhou até a porta e disse-me:

- Não poderei entrar com você, este momento é seu... Conte tudo, sem esconder nada para ele, e se sentir acanhado lembre-se de que isso é para o seu bem, ele não contará a ninguém. Eu estarei aqui fora te esperando. – Ela colocou suas mãos sobre minha face, e os seus lábios tocaram os meus. Beijei a sua testa e entrei naquela humilde sala, com uma poltrona relativamente comprida, sentei-me nela e o médico, Michael, começou a questionar o porquê da minha presença.

Eu contei tudo a ele, todas as experiências que havia tido com vários tipos de droga, mas a heroína, a maconha, o cigarro e a cocaína me marcaram, me chamaram a atenção de alguma maneira, contei isso a ele, e quando eu ficava meio travado, lembrava de Kate, lembrava de como ela havia feito sacrifícios imensos por mim, e assim continuava a minha historia para ele. O meu caso não era um dos mais graves, mas era grave, se me entende.

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Ele recomendou que eu ficasse durante dois anos e meio dentro daquela clinica, submetido a varias sessões, e outros tipos de coisas que ocupassem minha mente de alguma forma para que eu não pensasse nas drogas e nos meus vícios, conhecendo assim o Yoga, que futuramente se tornaria uma forma de vida.

Aquela conversa pra mim havia sido ótima, um desabafo que eu não conseguiria contar para ninguém além de Kate e claro Michael, meu médico. A despedida, a dura despedida foi muito dolorosa, pensar em ficar, dois anos sem ver Kate, e só vê-la nos finais de semana era muito pra mim, eu gostaria de tê-la ao meu lado, todos os dias, mas infelizmente isso não pode acontecer devido a minha internação. Abracei-a com todo o amor que havia dentro de mim, e ficamos ali durante uns 5 minutos, cinco preciosos e mágicos minutos, como se houvesse só nos dois naquele imenso jardim. Beijamo-nos e mais uma vez a abracei, depois beijei sua mão direita, e logo após disso o que me restava era assistir a sua partida. Ela entrou no carro de cabeça baixa, quando a levantou, sorriu e emitiu um pequeno aceno, eu correspondi. Kate ligou o veiculo deu uma pequena ré, e partiu. Definitivamente.

Michael acompanhou-me até o meu quarto, onde havia uma cama de casal, dois criados mudos, um em cada extremidade da cama, com um abajur em cada. Havia também um guarda roupas, e uma pequena porta, onde se encontrava o banheiro. Naquela noite, eu não consegui dormi, e fiquei apenas tocando a minha guitarra, pensando em como estariam os rapazes, minha família, e claro... Kate.

Durante os dias, as semanas que se passei eu fui melhorando relativamente, Kate vinha me visitar todos os finais de semana, sem exceção, descobri varias técnicas de como me divertir sem precisar das drogas, de como escrever musica sem algum cigarro ou coisa do tipo por perto. Foi assim que me apaixonei pelo Yoga, não perdia uma sessão se quer aquilo me completava de alguma forma, e eu amava praticar meditação também fazia parte disso. Finalmente nada mais parecia perdido, tudo havia se encaixado em sua perfeita forma, tudo estava fluindo muito bem.

Quando saí da clinica, foi um alivio, apesar de ter me curado lá, ficar dois anos sem ter contato algum com outras pessoas a não ser aquelas que estavam ali todos os dias, era cansativo, e felizmente Michael me liberou.

Não queria que Kate soubesse, eu queria fazer uma pequena surpresa para ela, e quando cheguei em casa, eu bati de leve na porta.

- John! Você voltou! – Ela pulou em meus braços e eu a abracei beijei-a, aquela alegria não tinha preço.

- Bom Kate... Agora posso dizer que estou limpo! – Seu olhar encheu-se de lagrimas. – Não chore, por favor.

- Mas, elas nada são alem de lagrimas de alegria. Finalmente John! Por um momento eu realmente achei que você fosse morrer.

- Felizmente não, felizmente você chegou a tempo, felizmente eu estou aqui. E com você!

Beijamos-nos novamente, desta vez subimos para o quarto, onde a noite foi comprida, e maravilhosa ao lado de Kate.