Hatsukoi

O Primeiro encontro


Inojin o encarava com tranquilidade.

— Vamos logo, pois eu acho que vai chover. — Shikadai falou, mas não usaram a velocidade shinobi para tal, eles andaram um pouco rápido até uma rua próxima e então começou a chover forte. Pararam então para se protegerem embaixo do alpendre de uma casa.

— Se quiser, podemos ir outro dia. — Inojin comentou, após alguns minutos em silêncio aguardando a chuva passar.

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— Eu não queria estragar a flor. — Revelou Shikadai, protegendo o cravo. — Então tudo bem esperar mais um pouco. Se você quiser, é claro.

— Tudo bem para mim. — Respondeu e deu alguns passos para o lado pois a chuva vinha com bastante força e, francamente, havia tomado um longo banho, se arrumado por quase uma hora para ficar todo molhado de chuva? Suas sandálias estavam em perfeito estado, não queria parecer desleixado para Shikadai, essa era a verdade. Mesmo que o colega já tivesse visto ele em situações bem piores, como quando perseguiram os leitões que haviam fugido, uma de suas primeiras missões. Sikadai ainda não dominava por completo o jutsu das sombras, e Inojin se atrapalhou com ChoCho, o trio ainda trabalhava a conexão Ino-Shika-Cho.

— Cuidado. — O Nara falou, passando a mão na cintura de Inojin e o puxando para trás para que ele não se molhasse. Estavam tão perto um do outro que o Yamanaka sentia o calor que emanava do corpo do amigo. Poderia jurar que também sentia um perfume diferente e agradável vindo dele.

Virou-se para Shikadai, a mão subiu e pousou sobre a camisa dele na altura do peito, assim que uma corrente de ar frio os pegou desprevenidos. Foi um movimento sem pensar, automático, e Inojin não esperava que fosse acolhido, mas foi.

— Ninguém esperava essa chuva. — Afirmou, com uma voz desanimada.

— Minha mãe ainda me mandou trazer um casaco. — Shikadai deu um leve sorriso.

— Nossos pais iam ao cemitério hoje, acho que vão acabar no bar novamente. — Inojin não tirou a mão sobre o peito de Shikadai e ficou agradecido por não ter sido repelido, segurava a caixa de chocolates com cuidado com a outra mão.

— Sim, com certeza, todos os anos eles bebem até cair no aniversário do sensei.

Mais alguns minutos de silêncio se passou, enquanto apreciavam a chuva. Algumas pessoas passavam correndo pela rua, com ou sem guarda chuva. Mas ninguém de fato estava preocupado em olhar para eles. Inojin pensava em todos os tipos de assunto que poderia tratar, mas sabia as respostas de Shikadai. Ele não gostava de dias nublados e chuvoso, a não ser que fosse ficar em casa para dormir. Preferia missões mais simples, gostava de tranquilidade, comer bem e jogar. Apesar de aprontar com Boruto, não era do tipo que causava constrangimento nas pessoas e nem aceitava que maltratassem alguém na sua frente. Tornou-se chunin aos treze anos e não agia com arrogância como outros ninjas.

As qualidades e defeitos de Nara Shikadai eram diversas, e bastante controversas as vezes. Embora ele preferisse ficar observando as nuvens, não abria mão de uma missão com os companheiros. Além do mais, ele era bonito, e Inojin poderia comprovar com seus desenhos. Passava horas desenhando-o e reproduzindo sua fisionomia com detalhes. Ele possuía traços admiráveis, o contorno dos olhos assemelhava-se ao da família de Suna, enquanto a estrutura corporal dos Nara, assim com os cabelos.

Possuíam quase o mesmo tamanho, talvez um ou dois centímetros de diferença?

— Eu estou feliz de aqui com você. — Finalmente disse, sem desviar o olhar, estava seguro de suas palavras, assim como da aproximação de Shikadai. Foi um pouco lento, mas os lábios deles se encontraram num beijo singelo.

Shikadai o abraçou com uma das mãos em volta de sua cintura, trazendo-o para mais perto de seu corpo, enquanto segurava o cravo com a outra mão. Inojin abriu a boca levemente, quando a língua dele se mostrou curiosa para explorar os contornos dos lábios, até buscar passagem para dentro. Era quente, úmida e excitante. Ele também queria experimentar a sensação e tentou acompanhar o ritmo de Shikadai. O beijo ia se desenrolando conforme eles moviam as cabeças de um lado ao outro, buscando uma posição mais confortável para satisfazer o desejo que florescia.

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Inojin tocou com a ponta dos dedos o queixo de Shikadai, resvalando os lábios no do outro, puxando o ar para os pulmões e voltando a aprofundar o beijo com a boca mais aberta e a urgência das línguas. Também aumentou a força da mão no abraço mais apertado, atrapalhando-se um pouco enquanto segurava a caixa de chocolates.

O beijo foi diminuindo a intensidade, até que eles apenas afastaram um pouco para conseguirem se olhar. Não tinha como não sorrir diante da expressão constrangida de Shikadai.

— Eu não estava esperando por isso. — O Nara comentou, fazendo Inojin refletir sobre o que ele esperava para aquele encontro.

— Acho que eu também não esperava. — Inojin ainda possuía a mão sobre o ombro dele, assim como a de Shikadai estava em sua cintura. — Mas foi bom.

— Sim. — Shikadai respondeu rapidamente. — Eu pensei nisso por diferentes ângulos, nenhum deles chegou perto da realidade.

— Oh! Isso foi...

— Brega?

— Não! — O rapaz apertou os lábios, eles tinham uma ótima interação devido ao trabalho em time, mas também possuíam afinidade longe de assuntos ninjas. — Foi bonito, você pensar em mim, digo, em nós dois nos beijando. — Ele poderia jurar que estava corando naquele instante, pois recordou-se das vezes que pensou em Shikadai, nos momentos de bastante intimidade em seu quarto.

— Eu venho pensando em você já tem algum tempo. Não vou mentir que não imaginei essa cena na minha cabeça e o que eu poderia fazer para não estragar tudo.

— Eu também! — Então ele sentiu que havia se entregado muito rápido. — Li alguns livros, meu pai me ajudou nisso, mas ficou estranho muito rápido.

Shikadai riu.

— Acho que não vamos poder depender muito dos nossos pais nesse assunto. — Com uma caricia no rosto de Inojin, o Nara beijou-o novamente nos lábios.

A chuva foi dando uma trégua, até que diminuiu o suficiente para que pudessem correr até a próxima viela para entrar no restaurante. Eles foram bem recepcionados e levados até uma mesa. A comida era realmente boa e os dois passaram um bom tempo conversando sobre assuntos diversos e dividindo os pratos que iam chegando. Para Inojin, um encontro acabou se mostrando algo comum, não era um bicho de sete cabeças quando você possuía uma boa química com a outra pessoa.

— Meu tio me enviou o último jogo. — Shikadai possuía uma expressão animada, falavam sobre o lançamento do game que eles mais gostavam. — Eu ainda não joguei, se quiser podemos ir lá para casa.

Eles terminaram de beber o chá ao final da refeição e pagaram, dividindo a conta. Depois foram direto para a casa de Shikadai, ainda falando sobre o jogo, entraram e tiraram os sapatos, avisando que havia chego em casa, mas logo se fecharam no quarto, antes mesmo de ouvir a mãe dele responder.

Inojin sentou na cadeira em frente a escrivaninha, aguardando Shikadai ligar o aparelho para que pudessem jogar, logo depois de buscar um copo de água para deixar a flor dentro. Sentaram no futon, diante da televisão e até que prestaram atenção no jogo nos primeiros minutos. Só que não levou muito tempo para que a aproximação e os olhares fossem substituídos por uma troca de beijo.

O beijo se aprofundou e Inojin sentiu uma corrente de calor pelo seu corpo, a mão de Shikadai envolvia-o com o toque em seus cabelos. As carícias não puderam ir além da troca de beijos, já que a porta se abriu e Temari entrou com uma bandeja na mão. Ela costumava levar um lanche sempre que estavam jogando, não era uma novidade. Mas a situação pareceu completamente errada e Inojin sentiu o corpo rijo e o rosto fervendo com o embaraço estampado em sua expressão pálida.

— O que vocês... — A voz dela tornou-se dura a princípio, mas depois de deixar a bandeja em cima da mesa, Temari caminhou até a porta. — Desculpe, eu não queria incomodar. Comam, os bolinhos acabaram de sair do forno.

Ela fechou a porta e então Inojin sentiu que poderia respirar tranquilamente.

— Acho melhor eu ir embora. — Ele disse, passando a mão nos cabelos, ajeitando os fios bagunçados.

— Me desculpe por isso, eu não achei que ela fosse entrar. — Shikadai também ajeitou os cabelos para trás, antes de colocar a camisa que vestia no lugar.

— Pelo jeito chegou a hora daquela conversa que seu pai disse. — O Yamanaka deu um leve sorriso, ficando de pé.

Shikadai também ficou em pé, e antes que Inojin abrisse a porta, ele o segurou na cintura, abraçando-o pelas costas e apoiando a cabeça nos cabelos macios. Inojin sentiu o coração bater mais forte naquele momento.

— Eu passei alguns meses pensando muito nisso. — Shikadai falou, alisando os cabelos loiros com uma das mãos, ainda o segurando pela cintura com a outra. — Não posso deixar você sair daqui sem saber que meus sentimentos são verdadeiros.

— Eu jamais duvidaria das suas palavras. — Inojin virou-se e segurou o rosto de Shikadai com as mãos. — Muito menos das suas atitudes. — Ele o beijou levemente. — Boa sorte.

— Nada disso, você vai ficar aqui comigo. — A expressão preguiçosa natural do Nara parecia ter desaparecido naquele instante. — Seria muito precipitado eu pedir você em namoro agora?

— Que?!

— Claro, se você não quiser...

— Quero, digo... acho que sim.

Shikadai deu uma piscada de olho e abriu a porta, segurando a mão de Inojin. Os dois chegaram na sala, encontrando Temari sentada no tatame diante da mesa e com uma garrafa de porcelana e um copinho de saquê. Ela não disse nada, apenas continuou bebendo, até que Shikadai decidiu falar.

— Eu não queria que a senhora soubesse desse jeito. — Shikadai falou, enquanto entrelaçava os dedos com os de Inojin, como se buscasse coragem para falar.

Inojin achava que Temari era uma das mulheres mais fortes que conhecia, também intimidava com seu olhar. Ela era durona, mas sempre foi habilidosa e amorosa quando o assunto era cuidar deles três, se for contar com Chocho.

— Você acha mesmo que eu não sabia? — A voz dela era pacífica, fazendo os jovens se entreolharem, enquanto ela servia mais saquê no corpo.

— Papai falou?

— Não, seu pai não me disse nada. — Ela se levantou. — Embora você não converse mais comigo como antigamente, eu sou sua mãe e ainda te conheço muito bem.

— Está brava?

— Nem um pouco, só queria ser incluída na sua vida mais vezes. Sabe, vocês cresceram e estão descobrindo várias coisas juntos, queria também fazer parte disso. Sei que posso ser um pouco rígida, mas jamais ficaria contra meu próprio filho. — Ela caminhou até os dois e os abraçou ao mesmo tempo, pousando as mãos sobre seus ombros. Depois deu um beijo no rosto de cada um.

— Obrigado, mãe. — Shikadai falou.

— Obrigado, Temari-sama. — Inojin também disse.

— Muito bem, agora eu vou preparar o jantar. Vai ficar com a gente, Inojin?

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Inojin pensou um pouco, não poderia negar o convite, não depois daquela conversa.

— Claro.

— Muito bem, vocês podem ir... sabe, jogar. Eu vou estar na cozinha. Tenho certeza de que seu pai vai chegar tarde hoje, então nem vamos espera-lo. — Temari virou-se, pegando a garrafa de saquê, bebendo o restante do conteúdo antes de deixar a sala.

— Você está bem? — Shikadai apertou mais o enlace das mãos.

— Sim, eu só estou pensando na minha mãe agora. — As coisas pareciam estar andando rápido demais, uma euforia tomava conta dele e ainda nem era o final da tarde.

— Eu posso te levar mais tarde para casa, e conversamos com ela, os dois juntos. Tudo bem? — A pergunta veio acompanhado de um beijo no rosto.

— Eu ia adorar, acho que meu pai também, ele tem muitas perguntas.

A expressão complexa de Shikadai dizia muito sobre aquele momento. Inojin riu e eles decidiram realmente jogar naquele momento.

O jantar foi tranquilo e mesmo que estivesse nervoso, quando chegou na sobremesa, Inojin já estava mais a vontade. Após o jantar, ajudou Shikadai a lavar a louça, Temari estava na varanda quando se despediu, recebendo um convite para retornar logo.

Shikadai fez como prometeu e o levou até a porta de casa, caminharam pela vila um ao lado do outro, falando sobre o jogo que haviam conseguido passar algumas fases enquanto aguardavam o jantar.

A Floricultura Yamanaka já havia fechado, era provável que o pai estivesse vendo televisão naquele momento. Os dois rapazes ficaram parados em frente ao portão de madeira, ao lado da loja. Não havia ninguém na rua, senão um cachorro mexendo em uma lata de lixo.

— Você quer entrar um pouco?

— Acho que é melhor eu voltar para casa, logo meu pai vai chegar. Hoje é um dia complicado para ele. — Shikadai estava com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, afastado alguns passos de Inojin.

— Claro, eu vou até preparar um chá reforçado e algo para mamãe comer. — Inojin disse, olhando para as sandálias e depois erguendo a cabeça para ver o olhar do outro. — Então, nós somos mesmo namorados?

— Você aceitou, não foi?

— Sim. — Ele passou a mão no cabelo loiro, sentindo-se um tanto embaraçado. — O que vamos fazer agora?

— Hmm... — Shikadai levou a mão ao queixo, pensativo enquanto Inojin ria da expressão dele.

— Olha, podemos sair no final de semana, o que acha?

— Pode ser. — O Nara confirmou.

— Certo, então a gente se vê depois?

— Claro...

E com alguns passos, encurtando a distância, Inojin o beijou, sendo abraçado por Shikadai. O beijo não durou muito e nem foi tão profundo como fizeram naquela tarde. Havia ali um pouco de exposição e poderia dizer que algum constrangimento pela despedida.

Logo se separaram e então Inojin entrou, acenando para o outro rapaz.

Assim que entrou em casa, ele sorriu e escorou as costas na porta fechada, pensando nas coisas que aconteceram naquele dia. Saiu para um encontro e voltou para casa namorando o melhor amigo.

— Como foi o encontro? — Era seu pai, entrando na sala com um livro na mão.

— Foi legal. — Inojin desencostou-se da parede e olhou o pai. — Digo, foi muito bom.

— Que ótimo. — Sai sentou-se no sofá. — Sua mãe ainda não retornou, devo me preocupar? Da última vez ela ficou brava porque eu não fui busca-la no bar.

— A mamãe estava bêbada naquela noite, releve o que ela disse, afinal já faz um ano.

— Tem certeza? Pois as vezes ela me culpa de coisas que aconteceram antes mesmo de você nascer. — O olhar do pai parecia preocupado, talvez se ele se esforçasse mais um pouco ficaria completamente transtornado. — Então, você e Shikadai se entenderam bem?

— Sim, eu diria que muito bem. — O sorriso abobalhado ainda não havia saído dos lábios, e sabia que se a mãe estivesse ali, já teria notado que algo havia acontecido. Conversar com o pai exigia o máximo de Inojin, justamente porque não poderia contar com a compreensão dele para coisas expressivas como um olhar ou uma ironia. — Ele quer namorar comigo.

— E você também quer?

— Sim, eu quero muito. — Ele se sentou no sofá, ao lado do pai, relaxando os ombros e desabafando. — Estava preocupado se o que eu sentia era realmente algo forte. Mas quando ele me beijou, foi como se fosse o momento certo, sabe?

— Acho que sim.

— Vou deitar, quando a mamãe chegar, prepare um chá para ela, sim?

— Aquele da lata em cima do armário? — Sai tirou um caderninho do bolso. — Eu comprei errado da última vez, ela ficou brava.

— Não esquece dos 2 cubos de açúcar, também prepare um banho para ela. — Inojin esticou o pescoço e beijou o pai no rosto. — E, pai, não esquece de dizer que a ama, ela vai precisar ouvir isso hoje.

Sai concordou e sorriu seu sorriso típico. Inojin foi para o quarto, possuía a mente cheia de ideias, ele abriu o caderno de desenho e começou a rabiscar alguns traços, algumas horas depois havia uma quantidade de desenhos de Shikadai espalhados pelo chão do quarto, enquanto Inojin estava deitado na cama, com o caderno nas mãos. Os olhos fechados, ouvindo os pais conversarem no corredor. Conversavam sobre ele.

— Acho melhor ir para o quarto, querida, Inojin já deve ter ido dormir.

— Shiiii, Inojin tá dormindo. — Estava claro o tom de voz embriagado de sua mãe. — Eu quero saber como foi o encontro com Shikadai.

— Foi bom, eles estão namorando. — Nenhum dos dois fazia questão de falar baixo, Inojin girou os olhos e enfiou a cabeça no travesseiro. Os pais continuaram falando por mais alguns minutos no corredor, até que partiram.

Mesmo envergonhado, ele sentia o amor e o apoio dos pais. Com isso, livre para amar Shikadai parecia ainda mais irresistível, sentindo-se bobo por já estar com saudades dele. Levaria alguns dias até o próximo final de semana, mas... ora essa, eles poderiam se ver quantas vezes quisessem antes disso.

Com um leve sorriso, e um coração tranquilo, Inojin dormiu muito bem aquela noite e sonhou com o seu primeiro amor.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.