Aquele era realmente um anel muito bonito. Ainda mais porque era um presente dele. Talvez mais do que um presente, uma promessa. Gina achou muito estranho essa tradição trouxa de dar anéis de noivado ao invés de presentes mais tradicionais às famílias bruxas, mas ela tinha que admitir que aquele anel a fazia se sentir pelo menos um pouco mais perto dele. Por mais que ninguém tivesse ideia de onde ele pudesse estar, apesar de todos os esforços de Charlotte, Ron e Mione.

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Um patrono informando o desaparecimento de Harry foi mandado para Charlotte e o Ministro Shacklebolt praticamente no mesmo minuto em que a fumaça negra que envolveu Harry desapareceu, não deixando nenhuma pista do que poderia ter acontecido com ele. Até agora, depois de tanto tempo, Gina não tinha uma lembrança clara dos dias que se seguiram, apenas lembranças vagas de interrogatórios a sua família, flashes de quando Charlotte e Bono Silver, o chefe dos Aurores, vasculharam cada detalhe do flat de Harry em Londres e de sua mãe forçando-a a tomar uma boa dose de poção para dormir sem sonhos depois que ela havia passado sua quarta noite em claro.

Por motivo de segurança da população, foi decidido que o desaparecimento de Harry Potter seria um segredo conhecido apenas por aqueles que estavam no local, o chefe dos Aurores e Charlotte além do Ministro em pessoa. Quanto menos pessoas soubessem disso, mais facilmente eles conseguiriam seguir em suas investigações, que até agora não tiveram nenhum resultado.

Faltavam poucos dias para que o desaparecimento d’O Menino que Sobreviveu completasse quatro meses, por mais que a população bruxa só tenha começado a falar sobre isso há pouco mais de uma semana, e desde então, esse parecia ser o único assunto do qual os jornais e revistas tratavam. Embora estivesse mais por dentro dos fatos que envolvia o mistério do que qualquer jornalista ou comentarista que publicavam teorias todos os dias na última semana, Gina simplesmente não conseguia deixar de ler cada um dos artigos, ainda mais agora que a temporada de Quadribol havia terminado e ela não tinha mais o trabalho para ajudá-la a esquecer os problemas.

Ao lado da cama confortável, onde ela estava encolhida, examinando a beleza da joia em seu dedo, uma pilha de aproximadamente meio metro de altura de jornais e revistas se acumulavam, desde a primeira manchete – uma pequena nota dizendo que Harry Potter não havia confirmado ainda sua presença à quarta comemoração da Batalha de Hogwarts – até uma reportagem exagerada que garantiu à Rita Skeeter sua volta à boca do povo, que estava em cima da pilha, e lia-se:

Harry Potter: Desaparecido ou em Fuga?

O povo bruxo ainda continua sem respostas concretas sobre o atual paradeiro de um de seus maiores heróis, Harry Potter, conhecido como O Menino que Sobreviveu, ou O Eleito, e que recentemente derrotou Vocês-Sabem-Quem, o maior bruxo das trevas de todos os tempos.

“Não tenho nada a declarar, deixem-nos em paz!” Essa tem sido a resposta que essa repórter que vos fala, e outros amigos de profissão um pouco menos talentosos, têm ouvido sempre que o assunto do provável desaparecimento do então Auror Standard é mencionado com seus amigos e pessoas próximas a ele. O Chefe dos Aurores, Bono Silver, Auror Sênior Nível III, depois de muita insistência, deu uma declaração rápida, brusca e implausível de que o herói do mundo estaria em uma missão que exigiu que ele ficasse fora do país por um tempo, impedindo o senhor Potter de comparecer à festa de comemoração do quarto ano de aniversário da Batalha de Hogwarts, mas ainda assim, fontes confiáveis afirmam que esse não seria o caso.

Procurando saber o que, afinal, impediria o maior homenageado a não comparecer ao banquete anual oferecido pelo Ministério, essa repórter procurou Ginevra Weasley, em busca de uma palavra de calma para a população bruxa, tão temerosa que o desaparecimento de seu grande herói pudesse significar o pior. Infelizmente, a senhorita Weasley, atualmente noiva do senhor Potter não encontrou um segundo em sua agenda lotada para uma pequena declaração, deliberadamente deixando todos nós com um grande aperto no coração e uma grande nuvem escura pairando sobre nós.

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Muitos especulam que o senhor Potter finalmente enlouqueceu devido a tudo que sofreu desde a infância, e virou um nômade, abdicando de toda magia. Outros acreditam apenas que ele está querendo chamar atenção, visto que seu nome não tem aparecido com tanta frequência nos jornais, e ele não tem aceitado bem a fama escapar pelos seus dedos. Entretanto, uma parcela cada vez maior dos bruxos e bruxas do mundo têm sido infectados pelo medo de que esse desaparecimento tenha a ver com uma possível volta d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, afinal, se ele retornou uma vez, nada mais sensato que o medo de sua volta, embora (cont. p.5, coluna 7)

Gina se revirou na cama pela décima vez na última hora, inquieta demais em seus pensamentos. Os esforços do Ministro de manter o desaparecimento de Harry em segredo foram por água abaixo e desde então ela e os outros foram aconselhados a permanecer em casa para sua própria proteção. Mas mesmo que Gina quisesse sair de casa, ela não estava nem um pouco com vontade de enfrentar a horda de jornalistas plantados na extremidade da propriedade d’A Toca, ávidos para gritar-lhes perguntas que ela mesmo não possuía respostas.

— Gina? – a voz de Ron veio do corredor, antes do irmão aparecer no beiral da porta – Mamãe pediu pra te chamar. Andrômeda deve estar chegando com o Teddy a qualquer minuto.

— Todos os outros já chegaram? – a jovem perguntou, levantando-se da cama prontamente.

— Gui e Fleur ainda não chegaram, mas não devem demorar – disse Ron – Mione chegou há algumas horas, mas ainda está afundada nos livros que trouxe da Biblioteca de Alexandria. Ela não tem feito nada além de pesquisas desde que Shacklebolt conseguiu aquele visto para ela visitar a Biblioteca dois meses atrás.

— Pelo menos ela está fazendo alguma coisa – Gina resmungou sob a respiração – Eu só posso ficar em casa esperando... Não sou Auror para ajudar na investigação e nem tenho acesso a Bibliotecas misteriosas que apenas poucos bruxos podem ir. E agora nem distrair a cabeça treinando eu consigo, por causa da multidão no nosso quintal. Me sinto inútil.

— Não se sinta assim – Ron colocou a mão no ombro da irmã, obrigando-a a olhar para ele – Por mais que as Harpias tenham perdido o campeonato, eu sei que se não fossem por todas as horas extras treinando você não teria sido nomeada jogadora do ano... De novo. Você é tudo menos inútil.

— Em uma vassoura, talvez – ela suspirou novamente, as orelhas vermelhas, antes de se dirigir à cozinha para ajudar a mãe na preparação do almoço.

Aquele seria o quarto aniversário de Teddy, e seria comemorado n’A Toca. Gina insistiu com a avó do garoto por várias semanas para que houvesse uma festa, mas devido às circunstâncias, seria apenas uma pequena reunião para que a data não passasse em branco, agora que o menino já tinha idade o suficiente para entender o que significa “fazer anos”. Isso sem contar que era uma oportunidade perfeita de se concentrarem em alguma coisa que não fosse o desaparecimento de Harry e nas centenas de jornalistas que os seguiam onde fosse, buscando um furo ou uma fofoca que pudessem publicar.

A Senhora Weasley estava particularmente feliz de se ocupar com os detalhes da pequena comemoração. Gina poucas vezes havia visto a casa tão arrumada e limpa, não só pela festinha que aconteceria em alguns minutos, mas porque isso parecia acalmar a mulher, que se transformou em uma pilha de nervos ambulante, nervosa que as suspeitas de Rita Skeeter que a volta de Voldemort fosse provável, e que o desaparecimento de Harry tivesse algo a ver com isso.

— Mãe – Gina se aproximou, retirando uma grande travessa de sanduíches das mãos gorduchas da mulher – Já tem comida suficiente para alimentar a todos nós por quatro dias. Ou o Ron por dois. Descanse, vá trocar de roupa. Eu aviso quando eles chegarem.

Contrafeita, a senhora Weasley concordou com a filha e deixou ser guiada pelo marido até o quarto para trocar as vestes sujas de molho de tomate por algo mais apresentável, a tempo de recepcionar Gui, Fleur e Victoire, que chegaram apenas alguns minutos antes de Andrômeda e Teddy, que parecia muito animado com a perspectiva de bolo presentes.

Teddy tinha crescido bastante nos últimos meses, e estava alto para a idade, mas o tempo não diminui seu fascínio por Victoire, e ainda a seguia para onde fosse. A presença das duas crianças naquela tarde de abril foi um alívio para a grande tensão que se estendia silencioso, mas Gina não conseguia deixar de sentir um pequeno aperto em sua garganta todas as vezes que dirigia o olhar ao menino, que havia decidido deixar os cabelos negros e espetados como o do seu padrinho, já que ele estava “fora lutando contra os caras maus”, segundo ele mesmo.

O dia se estendeu em volta de brincadeiras e pequenos feitiços para distrair as crianças, e Gina se sentiu extremamente satisfeita em finalmente ter algo para ocupar a mente desde que a temporada de Quadribol acabou, e quando o sol começou a dar sinais que iria se por todos os presentes se reuniram em volta da mesa de jantar para cantar os parabéns e assoprar a pequena vela – que Teddy deixou Victoire soprar em seu lugar – e até Mione encontrou um tempo para comer uma fatia de bolo, depois das ameaças de Ron de desparecer com os livros que ela havia trazido consigo do Egito se ela não descansasse por pelo menos meia hora.

— Você está com o nariz enterrado nesses livros de séculos atrás há meses! – ele chiou, cada vez mais enfurecido que a namorada não o olhasse nos olhos enquanto ele falava – Você não come, não dorme, não descansa um minuto que seja! Se não fosse pelas cartas que o Ministro manda periodicamente ao seu chefe, estaria desempregada. Vamos, um pedaço de bolo, ou eu juro que vou tacar fogo em cada um desses livros.

A ameaça foi altamente eficiente para tirar a garota de trás das páginas amareladas, mas a poltrona confortável e o calor emanado pelo corpo do namorado sentado ao seu lado foram um pretexto mais convincente para que ela se permitisse ficar mais um pouco na companhia de todos, e observasse feliz Teddy abrir os presentes que ganhara.

— Oh, esse é meu! – Mione disse com um sorriso, assim que Teddy pegou um grande embrulho retangular depois de ter aberto todos os seus outros presentes, que incluíram um equipamento infantil completo de Quadribol dado por Gina e uma enorme caixa com produtos da Gemialidades Weasley, dado por George sob um olhar de profunda preocupação tanto de Andrômeda quanto da Senhora Weasley. – É um livro de histórias. São trezentas e sessenta e cinco no total, uma para cada dia do ano.

— Ora, mas isso sim é um presente apropriado! – Andrômeda agradeceu Mione calorosamente, depois de ter lançado um olhar penetrante para George.

— Podemos ler uma agora? – a melodiosa e fina voz de Victoire perguntou, esperançosa.

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— Sim, vovó, podemos? – Teddy fez coro, encarando a avó com os enormes olhos dourados.

— Bem, eu não vejo porque não – um sorriso cândido surgiu nos lábios maduros de Andrômeda assim que ela começou a folhear o livro, procurando uma boa história que pudesse capturar a atenção das duas crianças, e quem sabe, relaxá-las o suficiente para dormirem – Ah, eu adorava essa quando era criança! Minha mãe a conhecia de cabeça. Não é muito conhecida em geral, mas era muito contada entre as famílias mais antigas. – As duas crianças, sentadas no carpete ao lado de Gina, se acomodaram melhor onde estavam, ansiosas enquanto Andrômeda limpava a garganta e apoiava o grande volume entre os joelhos, de frente para os dois, para que pudessem ver claramente as figuras. – Essa é a história de Merlim e Morgana.

“Há muitos séculos atrás, quando o mundo era jovem e a magia era conhecida por todos os seres que andavam sobre ele, a terra era sombria e traiçoeira. Os povos, mágicos e não-mágicos batalhavam pela sua sobrevivência, devido a uma grande sombra maligna que escureceu o mundo por muitos anos.

Toda essa maldade era causada por um bruxo terrível, Gargamel. Esse bruxo das trevas usava a magia apenas para seu próprio bem, e divertia-se em espalhar o pavor e o mal por onde passasse, tanto por suas mágicas quanto pelas feras que ele se divertia em criar, apenas para vê-las atormentar bruxos que entrassem em seu caminho. Por muitas décadas, reinou o caos na terra.

Mas então, um jovem bruxo se cansou de ver seu povo sofrer, e decidiu-se que não se curvaria perante tal terror. Mas ele era apenas um jovem, recém-formado e ainda inexperiente na arte da magia, e não tinha nenhuma chance de enfrentar o Tirano Gargamel. Mas os outros seres mágicos, que também não aguentavam mais sofrer nas garras do bruxo sombrio, viram um grande poder e potencial no jovem bruxo, e o tomaram como aprendiz, ensinando-lhe tudo o que sabiam. O nome do jovem era Merlim.

Merlim foi treinado por bruxos, elfos, druidas, centauros, sereianos, esfinges e muitos outros seres e criaturas em mágicas conhecidas e ainda estudadas e mágicas há muito desaprendidas. Ele passou vinte anos estudando, escondido do mundo em uma ilha mágica, cuja localização só é conhecida por seus nativos, Avalon. Foi nessa ilha que Merlim conheceu a bela moça Morgana, uma feiticeira de grande poder, por quem Merlim criou uma grande afeição. O talento da moça em magia era vasto, e ela o ajudou a treinar todos os dias, fazendo crescer não somente o poder do jovem, mas também o laço entre eles, transformando, ano após ano, a mútua admiração em um casto e puro amor, que prometeram consumar assim que a Guerra acabasse.

O jovem bruxo excedeu em tudo que lhe foi ensinado, e no fim de seu treinamento, já não era mais um rapazote, e sim um homem maduro e ciente de seu dever para com o mundo. Morgana também já não era a inocente criança que um dia fora, mas uma jovem mulher forte e talentosa, que tomou como dever ajudar seu grande amigo a cumprir seu destino.

A batalha entre Merlim e Gargamel durou sete dias e sete noites, nos quais toda a terra tremeu. O céu escureceu em todos os reinos, e terremotos e vulcões mostravam que uma grande batalha acontecia. A magia invocada pelos dois bruxos desequilibrou a natureza e separou a terra, antes una, em cinco continentes. O contar dos dias só pode ser feito pelas estrelas, porque o sol já não mais nascia, e as plantações mais delicadas padeceram, pois os céus estavam secos como a terra abaixo. Era um duelo de titãs, como nunca visto, e como nunca mais o será.

Mas Gargamel, apesar de velho, ainda era forte e muito poderoso, mas principalmente muito astuto. Percebendo o cuidado que Merlim tinha em proteger Morgana, que assistia a tudo algumas léguas distante, o bruxo mandou um feitiço em direção da jovem, poderoso demais para que ela pudesse se defender. Merlim, desesperado para proteger a amada, lançou um contrafeitiço que a salvou, mas por essa ação apaixonada, abriu sua guarda e Gargamel o atingiu no coração, e Merlim caiu, semimorto.

Há quem diga que o grito de Morgana ainda pode ser ouvido no centro da Terra, e que suas lágrimas formaram o Mar Vermelho. Devido à sua ira, todas as flores murcharam, e o mundo entrou em um inverno como nunca se viu antes, mas quando ela viu a fraca respiração que saia dos pulmões de Merlim, Morgana sabia o que devia fazer. Em um último beijo, feito de amor e magia, a jovem transferiu sua força vital para o amado, devolvendo-lhe a vida e morrendo logo em seguida.

Nada, em toda a história das histórias, se equiparou, ou um dia se equiparará ao luto de Merlim, ao ver sua amada morta em seus braços. Munido de uma ira que ele nunca pensou que um dia poderia conhecer, ele reuniu todas as suas forças em um único feitiço no fim do sétimo dia, que não somente matou Gargamel, mas também aprisionou sua alma em uma árvore, para que o bruxo das trevas nunca pudesse ascender ao reino dos mortos.

E assim, o nosso mundo foi salvo de sua maior ameaça, entretanto, o nosso salvador não poderia estar mais infeliz sem o seu verdadeiro amor ao seu lado.

Anos se passaram desde aquela batalha, mas Merlim nunca saiu de seu luto, até que um dia ele desapareceu, envolto por uma pesada e misteriosa nuvem de fumaça negra como o ônix. Por inteiros três anos o mundo entrou em um estado constante de medo, temeroso que um outro bruxo maligno ascendesse, agora que seu maior bem-feitor estava desaparecido, mas no aniversário do terceiro ano de seu desaparecimento, Merlim ressurgiu, trazendo consigo apenas as roupas do corpo e um pesado orbe, negro como a fumaça que um dia o levou.

Sua volta resultou em uma festa de cinco dias e cinco noites, mas embora Merlim não trouxesse mais em seus olhos o luto que estavam presentes desde a morte da amada, seu rosto carregava uma nova melancolia que não passou despercebida pelo seu amigo de longa data, Arthur, atual monarca de Avalon.

Para o jovem rei, Merlim confessou que seu desaparecimento foi ligado a uma poderosa mágica que o levou para um outro mundo, onde ele enfrentou e derrotou as trevas outra vez, e onde ele reencontrou o amor, mas que teve que deixá-lo, visto que seu lugar não era lá. Mas a cada dia que passava, menos Merlim acreditava em suas palavras, e depois de cinco anos miseráveis em sua dor e saudade, ele decidiu retornar ao mundo novo, onde seu amor ainda estava vivo. Mas, para garantir que o mundo nunca mais caísse nas mãos das trevas novamente, ele criou um Conselho dos Maiores Bruxos da época, responsáveis em manter a paz e a segurança de todos.

E somente então, depois de se assegurar que ele havia feito tudo o que estava em seu alcance para assegurar o futuro de seu mundo, Merlim dedicou-se a criar um ornamento poderoso o suficiente para ligar os dois mundos, para que pudesse se reunir novamente com o único amor de sua vida.”

Andrômeda fechou o livro com delicadeza, com medo de acordar as duas crianças adormecidas no chão. Apesar da sala estar lotada, assim que ela parou de ler, o único barulho que se ouvia era o mecânico som das escovas lavando a louça na cozinha.

— Mione, você está bem? – Ron sussurrou para a namorada, que estava sentada tensa como um barbante ao seu lado, respirando pesadamente e com os olhos muito abertos e assustados – Mi? O que foi?

Sem dizer nada, Mione livrou-se dos braços do namorado e correu até o canto mais afastado da sala de jantar como uma flecha, onde cerca de doze livrões muito pesados e de aparência antiga estavam empilhados, e se jogou na frente deles, folheando-os febrilmente.

— Ah, Mione qual é! – Ron reclamou assim que viu onde a namorada foi parar, sendo seguido por todos os outros, com exceção de Andrômeda e das crianças – Nós estávamos tendo uma tarde ótima, você finalmente pareceu relaxar... – Ele reclamava, embora a menina não parecesse ouvi-lo, repetindo freneticamente “está aqui, em algum lugar... está aqui” – Mione, eu quero encontrar o Harry tanto quanto você, mas se você continuar assim vai acabar morrendo!

Vendo que suas palavras não surtiram efeito nenhum na garota, Ron deu os últimos dois passos que os separaram, apesar do pedido de Gina para se acalmar, e pegou o pesado livro das mãos da namorada com uma força desnecessária.

— Mione, eu te amo, e eu amo o Harry tanto quanto você, mas isso é ridículo! Você não come, você não dorme, você não fala mais comigo direito! – Ele jogou o livro, ainda aberto, na mesa ao seu lado – Me diz um, apenas um motivo bom o suficiente para você ter fugido de mim desse jeito?!

— Eu sei o que aconteceu com o Harry. – ela respondeu, calando qualquer outro som na casa, até mesmo as panelas na cozinha se silenciaram.

A garota levantou-se trêmula e apontou para a página do livro aberta sob a mão do namorado, onde lia-se: “O Ritual de Viagem Entre Mundos de Morgana”.