— Rony, afinal o que aconteceu?? – Harry fitava o amigo surpreso, a capa de viagem ainda nas mãos, logo após sair da lareira na casa de Rony. O amigo o cumprimentou rapidamente e foi até o pé da escada chamar pela mulher.
— Já te explico tudo Harry...Viv, não tenho hora pra voltar, minha mãe entrará em contato com você pela manhã – a mulher abraçou o marido e disse baixinho – cuidado Rony, dê notícias... – e beijou-o demoradamente. Harry virou o rosto para preservar a intimidade do casal, ou por inveja, ele não saberia dizer.
Vivian subiu as escadas, após um rápido adeus a Harry. Ele começou a falar com o amigo mas o ruivo simplesmente lhe deu um breve aceno, indicando que só falaria quando chegasse ao lugar, seja qual ele fosse.
— Vamos até o Ministério da Magia. Mais precisamente até a sala do meu pai. Por favor Harry, esse encontro é meio secreto, aparate só na sala dele.
E dizendo isso sumiu no ar. Odiando esse repentino ar enigmático de Rony, Harry aparatou, seguindo o amigo até o Ministério da Magia, mais precisamente a sala do Sr. Weasley.
Após a grande guerra, quando o Sr. Weasley quase perdeu a vida, mas fatalmente uma perna, ele se tornara um funcionário de Relações Externas do Ministério, uma espécie de “chanceler” que faz a ligação entre trouxas e bruxos. O velho e agora careca Sr. Weasley trabalhava incessantemente durante anos para melhorar essas relações e agora estava a poucos meses de sua aposentadoria. Sua sala – ampla e barulhenta, uma espécie de museu trouxa no 3º andar – vivia cheia, repleta de funcionários curiosos e trouxas confusos. Ele era grande amigo do ministro Moonzer, e recusava-se a parar de trabalhar, o que enlouquecia a velha Sr.ª Weasley.
Mas Harry estranhou muito o silêncio e a escuridão da sala, contrastando com toda a alegria que normalmente a sala exalava. Virou-se para o amigo, que sentou-se numa cadeira de praia laranja, apreensivo.
— Mas o q... – E parou ao olhar para o Sr. Weasley. Ele reparou que o homem estava caminhando lentamente, o barulho de sua perna mágica ecoando no chão de madeira escovada. Ele acendeu várias velas e ao ver a claridade iluminando seu rosto pôde perceber que estava chorando. O velho bruxo percebeu e, enxugando as lágrimas, lhe deu um abraço paternal.
— É Percy...Eles o mataram... – O Sr. Weasley disse quase num sussurro. Percy Weasley, após lutar bravamente junto da Ordem da Fênix voltara para seu cargo de assistente júnior e, mais tarde, eleito vice-ministro. Continuava com seu jeito pomposo e irritante, mas sempre tivera uma boa índole. Harry afastou-se do homem, amparando um Rony perplexo, que abraçara emocionado o pai e agora se acomodava em uma cadeira.
— Mas...quem...? – Foi a primeira pergunta que Harry fez. Sabia que não era algo muito educado de se dizer, mas do jeito que o Sr. Weasley havia dito era com certeza um assassinato.
— E mamãe? – a voz de Rony saiu baixa em algum lugar ao seu lado.
— Ela já sabe Rony...Todos os outros já estão na Toca com ela, ela está amparada...Mas Agora escutem, não chamei vocês aqui apenas para dar a notícia – o Sr. Weasley começo, sua expressão tornando-se mais dura e forte – isso é uma reunião da Ordem.
Nesse exato momento dois vultos aparataram perto da porta. Tonks, de cabelos ruivos escuros presos num coque discreto, o barrigão de 7 meses aparente, caminhou até o Sr. Weasley, ainda de mãos dadas com o marido. Remo Lupin parecia aflito. Após dar os pêsames ao Sr. Weasley e a Rony ele encarou Harry.
— Acho que vocês precisam saber de alguns detalhes mais intrigantes. Vou lhes adiantar antes que o resto chegue.
— Pode falar Lupin – Harry já estava se irritando com todo aquele clima de mistério. Na verdade estava com um mal pressentimento. A Ordem não era convocada fazia anos. Na verdade não havia mais motivos para ela existir. Ou será que ele estava enganado?
— Percy foi morto por um Avada Kedavra, isso é fato. Mas junto do corpo havia um bilhete. Este bilhete.
Lupin passou o bilhete paraHarry, e mesmo antes de pegá-lo em suas mãos seu corpo foi tomado de um tremor involuntário. O pergaminho era púrpura.

“O que ficou inacabado no passado será finalizado no presente. Procurem por Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley. Mortes agora serão necessárias. Cada um deles será responsável por cada morte que acontecerá a partir de agora até tudo ser resolvido.

S.T.

Obs: Cuidado com plantas.”

— Ei, isso quer dizer o que hein? Que matei meu irmão ou algo assim...?? – Rony começou, mas foi interrompido por uma voz enérgica e um tanto autoritária.
— Como sempre você não prestou realmente atenção na carta não é Rony?! Quer dizer que tudo isso tem a ver com nós 3, a pessoa que está fazendo isso nos conhece, mesmo que nós não a conhecemos.
Harry virou-se devagar, seu corpo endurecendo como se tivesse tomado um choque elétrico. Deparou-se com uma mulher bonita, de cabelos castanhos brilhantes presos num penteado clássico, vestes cor ameixa de viagem, tinha uma pequena valise em uma das mãos e na outra segurava um livro grosso. Era sem dúvida Hermione. Ele esboçou um sorriso, afinal não a via a vários anos, mas ela sequer o olhou. Cumprimentou rapidamente os presentes e sentou-se próxima de Tonks, que a olhava curiosa.
— Vejo que, como sempre, Hermione leu nas entrelinhas – Lupin continuou, e ao olhar os três juntos novamente fez uma pausa, saudoso – Pois eu, como o último líder da Ordem da Fênix, declaro ela novamente na ativa. Essa primeira reunião será para nos reagruparmos.
— Ou seja, nos metemos em confusão de novo hein cara?! – Rony cochichou secretamente no ouvido de Harry, e ele teve, involuntariamente, uma sensação gostosa, de que estaria entrando numa aventura, o que era um pensamento muito infantil e inadequado diante dos acontecimentos. Ele olhou para Hermione, que lia e relia absorta o bilhete púrpura. Ia ser bom tê-la perto, mesmo em circunstâncias como aquelas. Sabia que depois que a amiga tivera a filha tinham ido morar no campo. Ela se recusou lecionar em Hogwarts, muito menos trabalhar no Ministério e tornara-se uma pacata dona de casa, para espanto de todos. Embora soubera que a garota ajudava o Departamento de Aurores anonimamente, sendo uma espécie de “consultora” do Ministério, e era muito bem remunerada para isso.
Logo outras pessoas apareceram e a reunião durou cerca de 1 hora, e foi praticamente para sugerir e contatar novos nomes para a Ordem. Lupin pareceu não querer comentar muito sobre a carta, mas ao final da reunião chamou Harry, Rony e Hermione reservadamente.
— Só peço uma coisa a vocês três: esqueçam as desavenças, pelo menos por agora – Hermione fez um gesto para interromper, mas Lupin a deteve – sem reclamações Hermione, eu só os chamei porque você foram citados nominalmente naquele bilhete. Preciso que cada um de vocês esteja em alerta, por motivos óbvios. Além do mais, ele faz parte do inquérito aberto pela morte de Percy Weasley e com certeza vocês terão muita dor de cabeça. Cuidado, é só o que peço.
Um a um a maioria dos presentes restantes aparatou até a Toca. Harry percebeu que Hermione estava juntando suas coisas para aparatar e deteve-se.
— Já vou. – E com a cabeça indicou a amiga. O ruivo sorriu, amedrontado.
— Boa sorte, você vai precisar. – E aparatou. Displicente, Harry aproximou-se dela, fingindo que estava juntando alguns papéis.
—Hermione... – Ele começou e percebeu que ela se assustou. Harry se aproximou timidamente, e ela desviou, vestindo apressadamente sua capa de viagem.
— Isso tudo não muda nada Harry Potter...
— Mas...Mas...Mione não podemos deixar as coisas assim.
— Claro que podemos. E vamos! Agora com licença, preciso ir até a Toca.
— Senti sua falta...
Ela parou, segundos antes de aparatar. O olhou e Harry pode perceber que os olhos castanhos dela brilharam intensamente. Parecia que ia dizer algo mas no instante seguinte sumiu, deixando um agradável cheiro de margaridas no ar. Resignado, Harry aparatou até a Toca.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!