Péssimo era o humor de Hermione durante o café no dia seguinte. Passou mais de uma semana para que ela começasse a ficar mais gentil.

Hagrid e Madame Maxime estavam fora em lua-de-mel. Ela deixou Beauxbatons nas mãos de Dumbledore. De acordo com as fofocas ele tentou negar, mas ao final de muita persuasão ele resolveu aceitar. Quanto às aulas de Hagrid, Carlinhos as assumiu como o normal.

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Harry não tinha muito tempo para se preocupar com o mau humor de Hermione. Duas semanas após o casamento de Hagrid se realizaria a última partida programada da Copa Escolar de Quadribol. Por mais que já se soubesse quem iria jogar a final, Harry encarava esta partida como eliminatória. E tentou passar este sentimento para todo o time.

— Encarem isto como a primeira final. Estamos tendo esta oportunidade de jogar contra Durmstrang sem correr o risco da desclassificação — todo o time ouvia com atenção o que Harry dizia no dia seguinte ao casamento.

Hogwarts e Durmstrang ganharam o direito de treinos diários, revezando entre o campo oficial. Como Durmstrang estava dez pontos a frente de Hogwarts, eles começariam treinando no campo oficial, deixando Harry com o campo de Beauxbatons.

— Então é tudo. Vamos.

* * *

— Harry, você está com uma cara horrível.
Uma semana inteira de treinos diários e enormes já havia passado. Harry estava com as piores olheiras que já vira (isso também incluía as da professora Umbridge) e seu humor estava ficando pior do que o de Hermione, que por sinal estava ficando melhor.

Era certo que todo este treino estava atrapalhando Harry nas aulas. Na sexta-feira quase não encontrou energia para levantar do banco na hora do almoço e ele acabou chegando quase vinte minutos atrasado para o Curso de Formação.

— Que isso não se repita, Potter — disse Moody num tom mais áspero que o normal. — Vou tirar quinze pontos da Grifinória e te dar uma noite de detenção. Mas serei um pouco legal. Vou esperar a partida passar. Na primeira lua cheia após a partida você vai me apresentar um gráfico da influência lunar sobre as poções. Quero que seja completo. Você terá quarenta minutos para fazê-lo ou então vou te obrigar a destripar salamandras.

Harry olhou para a sala e viu Rony em frente ao seu caldeirão com os cabelos bem despenteados e preocupados em fazer sua poção. Quando Harry conjurou um caldeirão, Moody disse:

— Potter, para a aula de hoje, quero a Poção Camaleão que é o melhor jeito de disfarce para aqueles que não nascem com o dom da auto-transfiguração.

Moody acenou a varinha e um livro bastante velho e surrado, com as páginas manchadas e algumas ainda queimadas apareceu na frente de Harry. No rodapé, estava escrito:

Ministério da Magia

Curso de Formação de Aurores

Módulo XVIII

Poções

Página 372

Nesta página e nas duas próximas estavam as instruções para a poção que Moody pedira. Harry viu que isso demoraria mais ou menos um mês, embora o começo fosse bastante complicado.

— Professor — disse Harry. — Eu não sabia que faríamos uma poção e…

— O seu material foi trazido por um elfo doméstico há treze minutos, Potter. Nada o impede de fazer a sua tarefa.

Era verdade, ao pé de Rony estava todo o material fechado que Harry usava nas aulas de poções.

— Obrigado, professor.

Ao término da aula, Harry se dirigiu para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. O professor Davi estava num humor muito estranho ultimamente. Numa hora era o mais simpático dos homens, em outra, fazia do professor Snape o mais simpático dos homens.

— O que está acontecendo com ele?

— Você já perguntou isso antes.

— Eu nem falei nada.

— Não hoje. Antes. Há alguns meses ele estava agindo da mesma forma.

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E sem voltar a tocar no assunto os três estavam indo em direção à aula de feitiços. Mas antes que pudessem atingir a porta, a voz do professor Dumbledore ecoou pelo trem. Harry nunca antes ouvira o diretor tão preocupado.

— Todos os alunos voltem imediatamente aos dormitórios e aguardem instruções. Imediatamente.

— E agora, quem mais foi atacado? — perguntou Rony fechando a porta do dormitório.

— Boa pergunta.

* * *

Quatro horas e meia depois, Harry, Rony e Hermione ouviram batidas na porta. Rony que roncava violentamente na sua cama deu um pulo e gritou a favor das bruxas famintas da África. Harry viu que Hermione riu um segundo antes de virar sua atenção para a porta.

Mas antes que eles pudessem perguntar quem era, a porta se abriu. Um elfo entrou e disse:

— Com os cumprimentos do senhor Alvo Dumbledore, requer imediatamente um encontro neste local.

Harry engoliu seco e concordou com a cabeça. O elfo saiu e menos de três minutos depois Alvo Dumbledore apareceu no quarto.

— Tenho notícias realmente desagradáveis. Fílio Flitwick sofreu um ataque e faleceu há uma hora. Venho pessoalmente informar que foi obra de um Comensal da Morte e que a partir de agora vocês voltarão a ter aulas de Oclumência diárias. Duas horas ao dia, sem discussão. Não adianta eu estar de olho em vocês. Azkaban foi tomada semana passada e não se pode aparatar lá também. Voldemort pode arrastá-los para um lugar onde eu não possa alcançar. Vocês vão, a partir de amanhã, retomar as aulas. Harry comigo, senhorita Hermione com o professor Davi e o senhor Weasley com o professor Snape.

Dumbledore virou-se e saiu do quarto. Rony parecia incrivelmente desapontado por ter aulas com Snape. Hermione parecia chocada. Mas se fez parecer um pouco desapontada ao dizer:

— Azkaban foi tomada? Mas como? Não saiu nada no jornal.

Mas as preocupações de Hermione se confirmaram no café do dia seguinte. A primeira página do Profeta foi tomada por uma foto da prisão (uma grande torre solitária em cima de um rochedo, com uma única janela sem grades no alto) com uma Marca Negra sobre ela.

você-sabe-quem toma a maior fortaleza da comunidade bruxa

Na noite da última segunda-feira o Ministério da Magia foi informado que a tão protegida e inviolável prisão dos bruxos, Azkaban, foi tomada por Lord Voldemort e seus seguidores, os Comensais da Morte.

“É com grande pesar que venho informar que perdemos totalmente o controle sobre o local” disse em entrevista oficial o chefe da Seção de Controle e Proteção da Prisão de Azkaban.

Os prisioneiros, na sua maioria Comensais da Morte, uniram-se mais uma vez ao seu líder e aqueles que estavam com o processo de inocência perto da conclusão estão também a comando do Lord devido à Maldição Imperius.

O Ministro da Magia, Alvo Dumbledore, ainda não fez nenhum esclarecimento, mas mandou à redação do Profeta Diário uma nota pedindo ainda mais cautela da população bruxa.

As razões para o não pronunciamento do ministro são desconhecidas embora boatos de que o professor Fílio Flitwick fora assassinado com a Maldição Avada Kedavra ontem ainda não foram confirmados.

A Prisão de Azkaban tornou-se imapeável e boatos dizem que ela está protegida pelo Feitiço Fidelius.

Toda a Seção de Controle da Prisão de Azkaban está trabalhando há dias para tentar reverter a situação, embora pouco progresso tenha sido feito.

As famílias dos prisioneiros que estão sob a Maldição Imperius puderam ser vistas ontem no Ministério da Magia fazendo um grande protesto e o Ministro da Magia em exercício, Arthur Weasley, foi motivo de piadas quando disse que prenderia quem permanecesse protestando.

A graça, porém, acabou quando o Sr. Weasley convocou dois guardas da prisão e quinze pessoas foram presas nas antigas salas de julgamento no décimo andar do Ministério.

O Profeta Diário traz mais uma edição do Guia Pessoal de Proteção nas páginas 53 – 61.

Entrevista completa com o chefe da Seção de Controle da Prisão de Azkaban, páginas 15 – 17.

Nota na íntegra enviada ao Profeta Diário pelo Ministro da Magia, Alvo Dumbledore, página 17.

Pronunciamento feito pelo Ministro da Magia em exercício, Arthur Weasley, páginas 17 – 19.

Então era verdade. Azkaban realmente fora tomada por Voldemort. Hermione parecia incrédula. Então Harry se lembrou do que ela disse há algum tempo e ficou preocupado também, se possível até mais do que Hermione.

Azkaban era grande o suficiente para comportar todos os bruxos. Do mundo inteiro. Voldemort provavelmente deve ter triplicado o seu número de Comensais.

* * *

Meia hora depois do término do último encontro da AD do dia, Harry nem podia acreditar que estava voltando a ter aulas de Oclumência. Ele estava tão preocupado com a partida que se aproximava que nem se esforçava em fechar a sua mente.

Dumbledore ainda insistiu com Harry por quase três horas, mas desistiu, o que custou a Harry um longo sermão.

Harry conseguiu se sentir ainda pior na hora do jantar, quando Rony e Hermione contavam os progressos que haviam feito. Não queria ouvir de Hermione nem um terço do que Dumbledore falara e tinha certeza de que ouviria ainda mais dela do que do diretor. Quando Hermione perguntou ansiosa como tinha sido a aula de Harry, ele escapou com um chocho “nada de mais”.

* * *

Harry, Rony, Hermione, Vítor Krum e Ângela Thornton (que começou a namorar Krum desde o encontro deles no ano novo) fizeram uma pequena festa de comemoração que o final da Copa se aproximava, embora Rony lembrasse algumas vezes que ainda faltavam duas partidas.

Harry percebeu um detalhe que não o fez nada bem. Sempre que Krum se reunia a eles, Harry estava sem a companhia de Emily. Mas ninguém deixou Harry ir muito dentro desta memória. A comida que Dobby e outros cinco elfos domésticos providenciaram estava ótima, a decoração estava perfeita (os elfos conseguiram fazer desaparecer a cama e as mesinhas e colocaram uma mesa comprida encostada à janela e o resto do quarto estava coberto por almofadas e pufes). Ângela se fez perceber ser uma pessoa maravilhosa e tudo o que Krum precisava. Krum e Rony pareciam ficar cada vez mais amigos.

No meio da noite, Krum virou para Rony.

— Aquela aposta ainda está de pé?

— Claro. O que me desanima é que só uma pessoa já perdeu. O Harry. Ele apostou em Beauxbatons e eles já foram desclassificados. A Emily foi embora e, é obvio, saiu da aposta. Mas a Hermione e você ainda têm chances de ganhar e eu também. Mas por outro lado, uma parte da aposta eu já ganhei: Beauxbatons não vai disputar a final.

— Isso é bom — disse Krum. — Com você, a Hermion-nee e o Harry, eu ganho trinta galeões adicionais ao prêmio oficial.

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— Prêmio oficial? —Perguntaram Harry, Rony e Hermione juntos.

— Vocês querem me dizer que não sabiam? — Perguntou Krum. Quando os três confirmaram com a cabeça ele se acomodou num pufe, passou um braço por trás do pescoço de Ângela e continuou.

— Os três Ministérios da Magia e as três escolas se juntaram e resolveram abrir a mão. São três mil e cem galeões, sem contar a taça. Cada jogador titular recebe trezentos galeões e cada jogador reserva cento e cinquenta galeões. O capitão do time titular ainda recebe cinquenta galeões a mais.

Rony sussurrou um xingamento.

— Isso é muito bom — disse Harry.

Harry, no fundo, estava grato a Krum e pelo olhar de Hermione, ela também. Rony tocara ao mesmo tempo em dois assuntos que muito chateavam Harry: o fato dele não ter apostado na própria vitória, assim como todos os outros haviam feito e o fato de Emily não estar mais ali com eles. Harry sentiu que começava a mergulhar num mar de mágoas e não havia nada que ninguém pudesse dizer que iria melhorar seu humor. Mas antes que isso acontecesse, Hermione levantou uma garrafa de cerveja amanteigada e disse:

— Um brinde. À vitória de Hogwarts. Que nós esmaguemos Durmstrang.

Logicamente, Krum foi o único a não participar deste brinde e se levantou e disse rindo:

— Eu vou ficar de fora desse. Mas vou fazer outro. À Durmstrang, que vai pisotear, destroçar e estraçalhar Hogwarts.

Krum foi o único a levantar a garrafa e Hermione disse, rindo de leve, após um gole da cerveja do brinde anterior:

— Foi forte.

Krum fez uma engraçada cara de nojo e se sentou dizendo:

— Eu sei.

— Mas não importa — disse Rony. — Cada um está torcendo pela sua escola e treinando bastante. Se é que alguém pode fazer um time treinar mais do que o Harry faz.

— Tudo bem — disse Harry. — Mesmo tendo perdido dez galeões por culpa da aposta, ainda vão me sobrar trezentos e quarenta galeões. Afinal, sou o capitão do time titular.

— O que não quer dizer que é você quem vai ganhar a taça — disse Krum.

— Tem que ser ele — disse Ângela. — Hogwarts tem que ganhar essa Copa. — E se você estiver perto do pomo, Vito, é bom deixar o Harry pegar o pomo.

Krum olhou para Ângela, a segurou pelo queixo e disse:

— Eu te amo. Mas há limites.

— Sei disso — respondeu ela. — Estava só brincando. Quem vencer irá fazê-lo com mérito, pois é o melhor. Não importa se for você ou o Harry. Se for o Harry vou ficar feliz por Hogwarts, se for você, vou ficar feliz por você, não por Durmstrang. Eles são uns otários. Sem ofensas.

— São mesmo — disse Krum. — Nenhum deles é meu amigo e eu não me importo com o que dizem sobre eles. Sempre honrei com garra a minha escola, coisas que os alunos de hoje não fazem.

* * *

Harry não foi muito inteligente ao marcar este encontro. Já eram altas horas da madrugada de quinta para sexta e todos ainda estavam conversando e rindo. Não haveria treino naquela sexta, pois o campo estava sendo preparado para a partida de Sábado. Harry não estava feliz com isso, mas não teve nem como reclamar, o resto do time estava bastante feliz de tirar um dia de folga.

Krum e Ângela saíram do quarto de Harry depois das três da manhã e já eram quase quatro quando o quarto estava com a decoração original. E quando Harry finalmente pegou no sono, os primeiros raios dourados de sol já começavam a pintar o azul infinito de laranja bem longe no horizonte.

E foi com raios de sol bem fortes no rosto que Harry acordou. Rony e Hermione não estavam. Já deveriam ter ido tomar café da manhã. Ainda sem vestir as vestes da escola, Harry saiu do quarto em direção ao Salão de Jantar. Ele já estava subindo o primeiro lance de escadas quando percebeu algo. Ele era o único que ainda não usava as vestes de Hogwarts. O que era estranho, pois vários alunos só trocavam os pijamas pelas vestes depois de tomar café.

— Finalmente. Achamos que você não iria acordar.

Hermione e Rony estavam sentados juntos à mesa da Grifinória. Harry se sentou ao lado de Rony e percebeu que eles comiam algo muito pesado para o café da manhã: arroz à grega com purê de batatas e frango ao molho pardo. Harry resolveu comentar isso com os dois e Rony começou a rir. Até que levou um beliscão de Hermione.

— O que foi? — Perguntou Harry. Então ele começou a entender. Não era a hora do café da manhã, mas sim a hora do almoço. Ele perguntou um pouco desapontado o motivo dos dois não o terem acordado.

— Nós o chamamos, mas você ameaçou que colocaria um azaração na gente então desistimos.

Harry resolveu ir correndo ao dormitório para trocar de roupa, mas algo imprevisto aconteceu:

Harry não havia amarrado os tênis antes de ir tomar café e, na pressa, acabou pisando num dos cadarços quando estava descendo o primeiro degrau e caiu. Ele não sentia nada a não ser a dor de ter cada pedaço do seu corpo batendo nos duros degraus de pedra.

* * *

Harry se sentia dolorido. Com muito esforço conseguiu abrir os olhos. Sentiu os mesmos raios de sol que o haviam acordado. Ele ainda devia estar no pé da escada. Mas quando viu que alguém lhe entregava os óculos, ele percebeu estar na Ala Hospitalar. Mesmo assim. Deve ter passado apenas uma hora. Ou duas. Ele viu que quem lhe entregara os óculos fora Hermione e viu que Rony estava do lado dela. Harry tentou se sentar, mas não conseguiu. Viu que estava quase todo enfaixado, parecendo uma múmia, então perguntou:

— Há quanto tempo estou aqui?

Hermione e Rony hesitaram bastante e trocaram olhares bastante apreensivos. Hermione foi quem disse qualquer coisa.

— Você vai ter que prometer que não vai ficar chateado.

— Prometo. Só vou ficar chateado se não conseguir sair daqui pra jogar contra Durmstrang.

Hermione tentou impedir, mas Rony disse logo:

— A partida começou há uma hora. Cho está jogando no seu lugar.

A única coisa que impediu Harry de gritar foi a sua falta de forças. Não estava jogando a partida mais importante da Copa. Ainda não conseguira uma vitória em cima de Krum. Harry se sentia horrível. E assim ficou até o fim do Domingo, que foi quando Madame Pomfrey o liberou. Ele havia dito à enfermeira que não queria receber visitas a não ser de Rony e Hermione então ninguém o viu saindo. Mas quando ele achou que poderia ir para o quarto e se esconder de todos, Hermione o disse que ele teria que ir para as suas lições de Oclumência com Dumbledore.

— Harry — disse Dumbledore quando o garoto entrou no escritório do diretor. — Vamos mudar um pouco as suas aulas. Vamos dividi-las. Na primeira hora, terei o prazer em lhe ensinar o máximo que sei de Almenídeo. Na segunda hora, vamos continuar com a Oclumência. A propósito, lamento o que aconteceu. Mas sei que você estará bem para a final.

* * *

Almenídeo se revelou um idioma bastante fácil para Harry, embora Dumbledore dissesse que Harry era um dos primeiros que ele via com essa opinião.

O Almenídeo chegava a ser engraçado. Correspondia muito mais às idéias que Harry tinha de bruxos quando ele era criança. E então ele entendeu a razão dos trouxas para a realização da caça às bruxas. Se um trouxa os ouvisse falando Almenídeo com certeza pensaria que eles estavam fazendo algo demoníaco, por mais que não dissessem mais do que “oi, tudo bom?”

— O Almenídeo é diferente da Língua das Cobras, Harry, embora a sua pronúncia seja igualmente estranha — disse Dumbledore antes mesmo de eles começarem.

Infelizmente o que é bom dura pouco e logo a primeira hora terminou e eles começaram a rever a Oclumência.

Harry não estava com a menor disposição para fechar a sua mente, tudo o que ele queria era voltar para o quarto e ficar à toa. Talvez fizesse a redação que o professor Snape passara exclusivamente para Harry na sexta-feira para adicionar aos vinte pontos que a Grifinória perdeu por Harry não ter ido à aula. Ou talvez estudasse um pouco mais de Almenídeo. Realmente estava gostando do idioma. A melhor alternativa, porém, era a de ficar à toa.

Mas então Harry se lembrou do último sermão de Dumbledore e resolveu tentar. Ele já fracassara demais no último fim de semana para querer fracassar novamente.

* * *

Harry estava bastante cansado quando terminou a aula de Oclumência. Dissessem o que quisessem, fizessem o que fizessem, Harry nunca gostaria da Oclumência. Embora o garoto estivesse ficando cada vez melhor.

— Posso usar a velhice como desculpa ou posso engolir o orgulho humano e assumir que você conseguiu me cansar. Parabéns, Harry. E, como uma lição de casa, para amanhã será mais apropriado, mas posso tolerar até quarta-feira no máximo — Dumbledore apontou para uma grande pilha de papel velho que Harry já conhecia muito bem. Eram todos os papéis que continham informações sobre o quarto secreto da Família Black. — Você vai ler isso tudo e vai me entregar, num rolo de pergaminho, as traduções para o inglês de cada encantamento escrito. Não são muitos. De trinta a quarenta.

— Mas senhor. Traduzir? Como?

— Se eu bem me lembro — disse Dumbledore passando a mão no bigode. — A senhorita Granger comprou na Floreios e Borrões um dicionário de peso considerável que será tudo o que você precisa para esta tarefa. Para o bem das nossas aulas, proíbo-lhe de usar um feitiço dicionário, mas usar magia para encontrar algumas palavras será bastante útil e se mostrará tudo o que você precisa. Agora pode ir.

Harry apontou para os papéis e, dentro da sua mente, disse o feitiço Vingardium Leviosa e imediatamente os papéis começaram a levitar, embora Harry não tivesse dito uma única palavra.

Algumas pessoas cruzaram com Harry e outras chegavam a encostar-se à parede para se esquivar da enorme pilha que Harry carregava. Quando o garoto chegou ao quarto, depositou a pilha ao lado da sua cama e foi até o armário de Hermione, sabia que ela guardava aquele dicionário na gaveta embutida. Mas a maçaneta, naturalmente, começou a queimá-lo e ele foi obrigado a esperar que Hermione voltasse da sua aula de Oclumência.

— Eu desconfiava que isso fosse Almenídeo — disse Hermione uns quinze minutos depois, retirando o dicionário de dentro da gaveta e o entregando a Harry. — Mas não tinha certeza. Quando comprei isso não lembrava mais se os papéis eram assim e não sabia se Dumbledore os tinha guardado, então não podia conferir. Mas de qualquer forma, não vou ajudá-lo com essa tarefa. O Dumbledore não quer que você fale Almenídeo só por que é bonito. Deve se tornar bastante importante em alguma hora. Mesmo assim, peça ao Dumble-dore que nós tenhamos aulas de Almenídeo também.

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* * *

Harry achou que o Almenídeo caiu na sua mão como uma luva. Tinha plena consciência de que estava se escondendo atrás das tarefas de Dumbledore para fugir do momento em que teria que encarar o time.

Ele decidira que não havia mais como escapar. Teria que ser hoje. Era terça-feira e eles já haviam perdido a noite de segunda para treinar.

Se escondendo ou não, Harry estava cada vez melhor em Almenídeo. Terminara a tarefa um dia antes do prazo máximo estipulado por Dumbledore e se orgulhava por isso. Aqueles papéis se revelaram uma leitura interessante e Harry ficou debatendo o conteúdo durante quase toda a hora que eles tinham para o Almenídeo.

— Ah, professor. Quase que esqueço. Hermione pediu para perguntar se ela poderia aprender Almenídeo.

— Acho que mal não fará — respondeu Dumbledore olhando para o céu que começava a ficar totalmente salpicado de estrelas. Harry pôde ouvir um muxoxo de “nada se compara a Hogwarts” e foi obrigado a dizer que concordava plenamente com o professor.

— É verdade, Harry. Acho que mesmo com todos os perigos que nos assombram e com toda a proteção, o próximo ano será muito melhor do que este.

“Mas, voltando ao que nos interessa. Acho que mal não fará que a senhorita Granger e o senhor Weasley aprendam Almenídeo. Acho que o horário deles pode ser o mesmo que o seu. Os dois, a partir de amanhã, virão ao meu escritório e terão uma hora de Almenídeo, após voltarão para a Oclumência com os seus respectivos professores. Você pode ficar no seu dormitório nos três primeiros dias para que possam continuar igualmente. Para passar o tempo, leia isso, vai ser agradável. Agora, à Oclumência.”

Dumbledore entregou a Harry um livro muito velho a julgar pelas folhas, embora em perfeito estado. O livro estava todo escrito em Almenídeo e se chamava “Feitiços, Encantamentos e Magias Secretas da Atual Era Bruxa”. Harry virou a capa. O livro tinha mais de setecentos anos.

— Professor…?

— Eu receio que Voldemort, depois de sofrer nas mãos da proteção de sua mãe, está recorrendo fortemente à magia antiga. Então, o quanto mais você souber dela, melhor. Vamos à Oclumência?

* * *

Harry saiu uma hora depois da sala de Dumbledore e imediatamente pediu a Dobby para convocar todo o time, tanto os reservas quanto os titulares, dali a meia hora no Saguão Central. Sem desculpas nem atrasos.

Harry foi correndo ao seu quarto e pela primeira vez prestou atenção à tabela de pontos das partidas de Quadribol. Hogwarts ganhara o jogo de sábado. Quatrocentos e dez a trezentos e noventa. Eles somavam mil quatrocentos e quarenta pontos, contra mil quatrocentos e trinta de Durmstrang e os humilhantes novecentos e vinte pontos de Beauxbatons. Sentiu-se animado pelos números e o mais rápido que pôde foi para o Saguão Central.