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– Bom, eu estou no mundo dos mortos... Não sei bem o que falar.

Estava ali conversando com Ana e Judah fazia um tempo. Meu relógio de pulso havia sumido então eu não sabia que horas eram agora. Minhas roupas casuais – uniforme da grifinória e o resto dos acessórios – haviam sumido também, e eu só usava uma camisa e calça brancas, apenas isso. Estava até descalço.

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– Fale sobre a batalha. A situação lá está ruim? – Perguntou Judah.

– Na verdade, sim. E eu pensei que vocês conseguissem, sei lá, ver o que fazíamos daqui.

– Na verdade, não. E isso deixa a estadia nesse lugar bem entediante – Disse Ana.

– E como estão todos lá? - Disse Judah.

– Horrível também, eu não quero nem me lembrar. Tantos corpos, destruição... Vamos mudar de assunto. Esse lugar... Onde estamos afinal?

– Bom Nico, pelo que eu e Judah percebemos cada um de nós visualiza o lugar onde mais temos boas lembranças. Eu por exemplo, vejo o pátio de transfiguração, onde beijei Sebastian pela primeira vez.

– E eu o meu quarto no orfanato, onde conheci meus pais. – Se pronunciou Judah.

Olhei para todos os lados. Eu não conseguia ver nada que demonstrasse que era o lugar onde eu tivesse tido o melhor momento da minha vida. Mas eu sabia de um lugar...

– Se concentra no seu lugar. É fácil, só tenta visualizar ele na tua mente.

E foi o que eu fiz. Fechei meus olhos e pensei na sala onde meus melhores momentos haviam acontecido, e em alguns momentos senti um grande vento passar pelo meu corpo.

Abri meus olhos novamente e bem o que eu esperava estava acontecendo. Um tipo de pó branco estava sendo levado pela brisa e aos poucos reconstruindo os móveis da minha casa, como o sofá, tapetes, a TV... Porém tudo estava branco, como se houvessem pintado tudo ali.

– E então, conseguiu? – Perguntou Ana.

– Na verdade, sim.

– E o que você vê? – Agora quem falou foi Judah.

– A sala onde tudo aconteceu. Onde eu estou é a casa da minha tia Frida, onde eu recebi minha carta da escola. Era uma festa de família, então todos estavam ali e viram o que eu havia recebido. Tive que contar a todos que eu e minha falecida mãe éramos bruxos, e bem... Eles adoraram a novidade.

– Que incrível! – Disse Ana.

– Eu sei. E na verdade, não foi só isso que aconteceu. Nessa mesma sala foi onde eu conheci minha primeira amiga bruxa, a Lisiel. Ela era uma grande amiga de uma das minhas primas, e por muita coincidência também era uma... OH MEU DEUS, LISIEL, COMO PUDE ESQUECER!

– Tá tudo bem Nico... - Disse Judah.

– TUDO BEM? NÃO, NÃO TÁ TUDO BEM! Onde está Lisiel? Se eu morri e fui parar aqui, porque ela também não está aqui? - Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro.

– "Morri" Nico? E quem disse que você morreu?

Parei de andar e olhei para Judah e Ana. Não havia entendido o que meu amigo havia dito.

– Como assim? Não é meio óbvio que estou morto? Vocês morreram e nesse momento eu estou aqui com vocês, não estou?

– Isso não quer dizer que você morreu. E você realmente não morreu, eu sinto isso. Nós sabemos disso. - Falou Ana.

Fiquei mais confuso ainda.

– Então eu estou nesse "mundo espiritual" - Fiz aspas com os dedos - mas vocês estão falando que eu não estou morto?

– Basicamente, é. - Disse Judah.

De um jeito, me aliviei após ouvir aquilo, como se uma grande pedra tivesse sido tirada de cima de mim. Mas ainda não podia acreditar que aquilo era verdade.

– Mas é impossível... Não tem relatos que eu saiba de pessoas que vão para cá, sei lá onde estamos, sem ter morrido!

– Você chegou muito perto da morte, Nico - Falou Judah - Faltou menos de um metro para que você e Lisiel não se impactassem contra o chão.

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– Mas o que fez nós não cairmos? E onde está Lisiel? Se eu estou aqui, porque ela não?


– Não sei o que salvou vocês. E Lisiel não está aqui porque ela não viu que estava próxima a morte. Você viu então você teve esta visão. - Disse Ana.

– Visão? Eu não entendo.

– É algo que acontece raramente com bruxos... Quando eles chegam perto da morte, da real morte, já desistindo de viver. Aceitando o que vai acontecer. E então morreu de certa forma. Seu espírito morreu. - Falou Ana novamente.

– Se meu espírito morreu “de certa forma” – Fiz aspas com os dedos novamente - Eu não vou poder voltar?

– Talvez, se você quiser. – Judah olhou para outro lugar, mais atrás de mim.

Segui seu olhar, virando-me, e em uma das paredes branca formou-se uma porta marrom, ainda fechada.

– Se eu ir por ali, onde deveria ser à entrada da cozinha da minha tia, mas aposto mil galeões que não é mais, eu voltarei para lá?

Ana e Judah sorriram. Um tipo de vento forte passou pela sala, e todos os móveis dali viraram pó, sumindo. Meus amigos começaram a sumir também, mas ainda precisava deles.

– Esperem Ana e Judah! – Pedi, mas a metade de seus corpos já havia se transformado em pó – Isso está acontecendo na minha mente, então é real?

– Claro que está acontecendo em sua mente, Nico, mas por que isso significa que não é real? – Perguntou Ana.

Os dois começavam a sumir totalmente agora. Pescoço, cabeça, tudo virara pó. Eu estava sozinho naquela sala vazia.

Caminhei até a porta, que era a única coisa além de mim que restava naquela sala. Sem eu ao menos tocar nela, ela se abriu. Espiei por ela para ver o que havia lá fora, mas havia apenas mais uma imensidão branca. Não sabia se aquilo me levaria para Hogwarts novamente, mas era o único lugar para onde poderia ir, então joguei-me naquele abismo.

Era loucura, eu sabia, mas era minha única esperança. Para reencontrar as pessoas que ama você faz até o impossível. Senti que estava chegando ao meu destino, então minha visão mergulhou em escuridão.

Abri meus olhos, mas não sabia onde estava. A dor em meu peito era horrível. A primeira coisa que escutei não foi muito feliz: Um grito terrível de dor de Lisiel.