Leah Veltt

Eu odeio esse meu trabalho no Picker’s Coffee, eu odeio Sr. e Sra. Picker, eu odeio o Thomas, eu odeio todos nessa Cafetaria porque é óbvio: eu não nasci pra servir café para idosos ou donuts para policiais! Eu nasci pra ser artista! Sou cantora e faço cover da Amy Winehouse.

Apesar de não ter o mesmo rosto que ela, minha performance não fica pra trás. Assim como muitas outras pessoas em NY, vim servir café com o objetivo de ser conhecida, de fazer amizades, elos, parcerias e conseguir sair dessa miséria de vida.

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Já conheci empresários, donos de gravadoras, gente importante… deixei meu cartão com eles. Também deixei disponível vídeos meus interpretando Amy na internet, o que chamava a atenção do público.

Nos últimos meses, dividi meu apartamento com Harmony, que chegou aqui com uma barriga enorme e conquistou todos em pouco tempo. Antes, eu acreditava que eu tinha azar na vida, agora sei que tem gente pior. Apesar de todos problemas que ela mesmo provocou, Harmony é uma boa pessoa e me ajuda bastante, já que não tenho coordenação para segurar uma bandeja com um mão e servir café com a outra. Eu que não sabia ajudá-la, sempre fui péssima com conselhos e nunca cuidei de uma criança. Pra uma mãe de primeira viagem, ela agiu de forma muito responsável, conversando muito com Sra. Picker e com o tempo vimos Omaha sair daquela barriga e entrar nesse apartamento.

As noites sem dormir foram um insuportáveis, eu não tinha paciência mesmo! Mas as vezes ficava difícil aceitar que ela e Harmony estavam se mudando… Morar com alguém era mais que dividir um apartamento, era dividir vidas.

Quantas histórias compartilhamos? Eu sabia tudo da vida da Harmony e isso inclui todo aquele relacionamento doido que ela teve com o Adam Noah. Não sei se ela mantinha segredos meus, então quase não compartilhava com ela coisas da minha vida. Não que era egoísmo ou desconfiança, apenas não me sentia confortável e queria protegê-la de uma situação que aconteceu comigo.

Era Natal e eu tinha recebido uma proposta para cantar numa ceia com pessoas ricas. Ela do Charles Campbell, o empresário de música que mais descobria talentos e de alguma forma, ele conseguiu meu contato e me enviou um email. Quando Charles me convidou eu nem pensei duas vezes e fui. Só quando cheguei na festa que reconheci o rosto do Adam através das fotos que Harmony me mostrava.

Na hora, pensei em ligar para minha companheira de quarto e contar que eu estava ali, mas era Natal. Ela estava na casa da Sra. Picker, eu não iria estragar a festa dela, ainda mais quando vi uma menina linda que estava grudada nele. A garçonete me disse que ela se chamava Marie Ann e a decoração de porta-retratos da casa indicava que ali era a casa da menina que tinha várias fotos em viagens com o Adam.

Me senti mal pela Harmony e por ele, que não sabia que era pai de uma linda menina, por isso não contei nada a ela. Eu queria poupá-la de um conflito e ao mesmo tempo não sabia se a atitude que ela estava tomando era a mais correta.